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Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

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30 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

revela no anarquismo, não é um defeito dessa posição,<br />

que é mais uma atitude revolucionária que uma filosofia<br />

ou uma doutrina. O utópico é o que lhe dá um calor e<br />

uma vida, que o tornam permanente e perdurável, e sob<br />

esse aspecto, pode dizer-se que o anarquismo é, em seu<br />

conteúdo, um invariante na História, e não um mero<br />

accidente histórico, como muitos pensam.<br />

O não compreender que o utópico é um ideal, uma<br />

meta de perfeição a guiar e a exigir sempre mais <strong>dos</strong> homens,<br />

enquanto a realidade actualizada deve ser vista como<br />

tal, leva a muitos anarquistas (façamos uma excepção<br />

a Malatesta, a Proudhon, a Fabbri, pelo menos) a julgarem<br />

que a utopia possa deixar de ser o que é — um<br />

ideal inalcançável a desafiar o homem eternamente para<br />

que conheça superações — e possa tornar-se numa imediata<br />

realidade.<br />

Por outro lado, é preciso reconhecer que os anarquistas<br />

são, no movimento <strong>social</strong>ista, os mais seguros e coerentes,<br />

pois abominam todo e qualquer oportunismo e,<br />

pelo carácter acentuadamente ético de sua doutrina, são<br />

de uma rara nobreza e dignidade que os toma admiráveis.<br />

Faremos, no entanto, uma anotação, que seria para<br />

muitos dispensáveis: não se deve julgar o anarquismo<br />

pela caricatura. Na verdade, os <strong>social</strong>istas de outras escolas<br />

pouco ou nada sabem de anarquismo. E ainda<br />

acrescentaremos que o terrorismo empregado em algumas<br />

ocasiões, é mais uma excrescência do movimento,<br />

pois em suas linhas e atitudes, o anarquismo é contra o<br />

emprego da violência. Se alguns de seus seguidores a<br />

usaram, em certos momentos, deve-se mais ao desespero<br />

que propriamente a uma decorrência lógica <strong>dos</strong> postula<strong>dos</strong><br />

fundamentais.<br />

Em suma, o <strong>social</strong>ismo está em crise, imerso na crise<br />

do mundo moderno.<br />

ANALISE DECADIALÉCTICA DO MARXISMO<br />

Na análise decadialéctica do marxismo, que procederemos<br />

a seguir, prescindiremos do estudo da dialéctica<br />

marxista, que já realizamos em nosso livro "Lógica e<br />

Dialéctica", já publicado.<br />

Tem sido o marxismo, como doutrina, exposto em milhares<br />

de livros, com maior ou menor proficiência, e a<br />

exposição sucinta que dele temos feito é suficiente para<br />

se conhecer suas bases. Como prática, os factos, que se<br />

desenrolam no mundo, desde seu surgimento até os dias<br />

de hoje, são um manancial de proveitosas lições. Como<br />

o marxismo se considera uma doutrina de acção e não a<br />

separa de sua parte teórica, é claro que não deve ser estudado<br />

apenas teoricamente, o que não resistiria a uma<br />

rigorosa análise filosófica, mas como teoria e prática, indissoluvelmente<br />

unidas. Desta maneira, como esta doutrina<br />

vincula-se à acção, deve esta justificá-la ou refutá-la.<br />

A acção do marxismo, sob to<strong>dos</strong> os aspectos, é um<br />

categórico desmentido à teoria. Os factos são eloquentes<br />

e, por maiores malabarismos teóricos, e por todo o<br />

bizantinismo de suas justificativas, não conseguem seus<br />

partidários dissipar a realidade que atesta decisivamente<br />

contra ela.<br />

Mas, trata-se agora de analisar esta doutrina decadialècticamente,<br />

e o faremos seguindo as seis providências,<br />

cujas normas tivemos ocasião de estudar em nosso<br />

trabalho acima citado.

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