19.04.2013 Views

Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

Mário Ferreira dos Santos - O problema social - iPhi

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

28<br />

MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS<br />

substituí-la; quiseram marchar pelo caminho da liberdade,<br />

acreditando só poder tornar prática a liberdade pela<br />

prática da própria liberdade.<br />

Dessa forma, libertarismo é uma opinião universal,<br />

de to<strong>dos</strong> os oprimi<strong>dos</strong> ou revolta<strong>dos</strong> contra a opressão,<br />

e que desejam destruí-la e não substituí-la, e que não<br />

acreditam gere a liberdade outra coisa senão liberdade,<br />

e não crêem seja a opressão a mãe da liberdade."<br />

Examinemos este ponto: pode a liberdade gerar a<br />

opressão? Não!, respondem os libertários.<br />

Por quê? Por uma razão muito simples: a liberdade<br />

é liberdade, e onde há liberdade, não pode haver<br />

opressão. Se a opressão se instala, onde há liberdade, é<br />

porque ela sobrevêm de forças, que não são libertárias,<br />

mas opressivas.<br />

Imaginemos uma sociedade humana, livre, libertária,<br />

isto é, onde não se instituiu a autoridade política, a autoridade<br />

investida pela força. Como nasceria a opressão?<br />

Só poderia nascer se alguém resolvesse não manter a liberdade<br />

e, para tanto, tivesse força para atentar contra<br />

ela. Por si, a liberdade não é geradora da opressão, mas<br />

só esta pode gerar o seu semelhante. E como, agora,<br />

conceber-se que ela gere a liberdade? Só esta pode gerar<br />

a si mesma.<br />

Estamos aqui, por enquanto, num terreno apenas de<br />

conceitos, mas a análise da História nos provará que a<br />

opressão só gera opressão; e a liberdade, liberdade.<br />

Mas, voltando ao tema do início: o <strong>social</strong>ismo libertário<br />

nasceu nas lutas <strong>dos</strong> escravos, que não quiseram ser,<br />

escravos, que anelavam ser homens livres e não pretendiam<br />

escravizar outros.<br />

O PROBLEMA SOCIAL 29<br />

No decorrer do tempo, segundo as condições históricas,<br />

tomou os diversos aspectos que conhecemos, através<br />

das doutrinas libertárias e anárquicas.<br />

Mas, concluir daí que o libertarismo não tenha quaisquer<br />

fundamentos na Filosofia e na Ciência, é uma palmar<br />

ignorância <strong>dos</strong> factos. E como argumento final, os<br />

libertários acrescentam:<br />

O <strong>social</strong>ismo libertário, impregnado de sua indignação<br />

moral, de sua revolta contra a opressão, nasceu como<br />

movimento espontâneo de anseio de justiça, mas o desenvolvimento<br />

da cultura humana, permitiu que a contribuição<br />

de todas as ciências viesse corroborar aquilo que foi<br />

producto de um desejo de liberdade. Com o <strong>social</strong>ismo<br />

libertário a prática precedeu, em tudo, à teoria. Essa só<br />

posteriormente podia ser construída e, cada dia que pas<br />

sa, cada uma das novas conquistas do conhecimento só<br />

tem servido para corroborar as suas teses.<br />

* * *<br />

Sem nos colocarmos na posição <strong>dos</strong> <strong>social</strong>istas democráticos,<br />

— que por sua vez desejam alcançar ao Capitalista<br />

único, o Estado, por meios eleitoralistas, no campo<br />

político, e por nacionalizações e encampações estatais (a<br />

multiplicação de autarquias), no campo económico, — temos<br />

que dizer que o anarquismo merece a sua crítica.<br />

Na época actual, os raros e dispersos grupos anarquistas<br />

têm os olhos volta<strong>dos</strong> para o século XIX, e vêem a actualidade<br />

com os esquemas daquele século. Para eles, ainda<br />

apenas estamos na paleotécnica, e dela não saímos<br />

nem sairemos. Não procurando buscar o verdadeiro<br />

conteúdo de suas ideias, permanecem no conteúdo histórico<br />

do século dezenove. Por isso, muitas das suas palavras<br />

soam ocas aos ouvi<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> homens de hoje. Ademais,<br />

é preciso reconhecer que o aspecto utópico, que se

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!