O fantasma do Paquetá - Cemiteriosp
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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - FANTASMA<br />
O <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong><br />
Verídica ou não, a notícia tomou conta da cidade de Santos, causan<strong>do</strong> rebuliço<br />
sobretu<strong>do</strong> à gente que morava nos bairros <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> e Vila Nova. Conta Olao<br />
Rodrigues, em sua Cartilha da História de Santos (1980):<br />
Imagem: desenho de Araújo, publica<strong>do</strong> com o texto<br />
Julho de 1900. Afirmava-se que havia<br />
um <strong>fantasma</strong> no portão <strong>do</strong> Cemitério <strong>do</strong><br />
<strong>Paquetá</strong>, na Rua Dr. Cócrane. Surgia à<br />
meia-noite, rondava o local por espaço<br />
de meia hora e retirava-se a passos<br />
lentos pela Rua Bittencourt. Era mulher,<br />
ora trajada de preto, ora de branco.<br />
Vinha pelos la<strong>do</strong>s da Rua S. Francisco,<br />
quedava-se diante <strong>do</strong> portão <strong>do</strong> campo<br />
santo, acenava com lenço branco para<br />
seu interior e colocava a peça retangular<br />
de teci<strong>do</strong> aos olhos por baixo <strong>do</strong> véu que<br />
lhe cobria a cabeça, como a enxugar<br />
uma lágrima.<br />
Foi o grande assunto. Boa parte <strong>do</strong>s que<br />
haviam afluí<strong>do</strong> às imediações <strong>do</strong><br />
Cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> jurava de pés<br />
juntos haver visto o <strong>fantasma</strong>, enquanto<br />
outras pessoas atribuíam o fato à imaginação, cisma ou superstição. Certo é que<br />
as queixas aumentavam na repartição policial, cujo chefe, major Evangelista de<br />
Almeida, decidiu dar caça ao <strong>fantasma</strong>, ordenan<strong>do</strong> que um pelotão de praças da<br />
Cavalaria permanecesse durante toda a noite diante <strong>do</strong> portão <strong>do</strong> Cemitério,<br />
onde o povo acorreu com curiosidade para apreciar o inusita<strong>do</strong> espetáculo de a<br />
Polícia prender uma alma-<strong>do</strong>-outro-mun<strong>do</strong>. Nessa noite, porém, o <strong>fantasma</strong> não<br />
se dignou a aparecer.<br />
Em compensação, os cavalarianos deram show à parte, dispersan<strong>do</strong> brutalmente<br />
o povo, agredin<strong>do</strong>-o a chicote e a espada. O jornal A Tribuna, em sua edição de<br />
28 de julho de 1900, ou no dia imediato, lançou enérgica nota de protesto contra<br />
tal ato de selvageria da Polícia. Ninguém mais quis ir às imediações <strong>do</strong> Cemitério<br />
<strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>, temen<strong>do</strong> novos golpes de violência <strong>do</strong>s cavalarianos.<br />
E o <strong>fantasma</strong> também deu o sumiço...<br />
A história de um <strong>fantasma</strong> junto ao Cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> foi tema de comentários<br />
no jornal Cidade de Santos (terceiro com esse nome, que circulou de 29/9/1898 a<br />
cerca de 1911), na primeira página da edição de sába<strong>do</strong>, 28 de julho de 1900<br />
(grafia atualizada nesta transcrição - exemplar conserva<strong>do</strong> na Hemeroteca<br />
Municipal de Santos):<br />
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Respigan<strong>do</strong><br />
Imagem: reprodução parcial <strong>do</strong> jornal Cidade de Santos de 28 de julho de 1900<br />
Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos<br />
Não sou daqueles que negam absolutamente certas aparições e nem é possível<br />
negar, porque quem acredita na existência de outra vida, naturalmente, sanciona<br />
a possibilidade <strong>do</strong> aparecimento de visões, ou melhor, de espíritos que vêm ao<br />
mun<strong>do</strong>, em suas formas mais puras.<br />
Entretanto, não serei eu quem vá acreditar no aparecimento <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong><br />
cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> e acho mesmo que é grave tolice afirmar a sua existência.<br />
Os espíritos atrasa<strong>do</strong>s que se deixam emocionar por notícias adrede preparadas,<br />
são sujeitos a desvarios, a falsas visões que, em da<strong>do</strong>s momentos psicológicos,<br />
podem determinar desarranjos mentais de gravidade.<br />
O <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> não passa de uma brincadeira de mau gosto<br />
que tem determina<strong>do</strong> muita gente sair fora de horas <strong>do</strong>s seus lençóis para<br />
verificar a sua veracidade.<br />
Ora, não é justo que a imprensa assim incomode a população e dê trabalho à<br />
polícia para manter a ordem a horas mortas da noite.<br />
A missão <strong>do</strong> jornal é, às vezes, bem diversa <strong>do</strong> que deveria ser e não se<br />
compreende como em uma cidade civilizada se deixem embalar por fantasias<br />
dessa ordem.<br />
O que se está dan<strong>do</strong> durante as noites, nos arre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> cemitério, necessário se<br />
torna coibir para evitar fatos de maior gravidade, porque licitamente a polícia<br />
não pode permitir a aglomeração de povo, fora de horas, quanto mais que os<br />
imprudentes não faltam nessas ocasiões.<br />
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Acertada anda a polícia pon<strong>do</strong> cobro a semelhantes arruaças à meia noite e bem<br />
andará a imprensa aconselhan<strong>do</strong> ao povo que fique em casa, porque os<br />
<strong>fantasma</strong>s dificilmente podem aparecer às multidões.<br />
Se realmente houvesse alguma coisa fora <strong>do</strong> natural, para quem conhece as<br />
condições necessárias às revelações de além túmulo, facilmente verificaria que,<br />
se o <strong>fantasma</strong> aparecesse para uma ou duas pessoas, só excepcionalmente se<br />
revelaria a um grande número de pessoas, com crenças indefinidas.<br />
Os aparecimentos de qualquer visão às multidões são casos pouco conheci<strong>do</strong>s, o<br />
que não dá com aparecimentos de entes queri<strong>do</strong>s às pessoas queridas, mas,<br />
isoladamente, ou em reuniões revestidas de caráter íntimo, onde a concentração<br />
determina o estabelecimento das correntes fluídicas que põem em contato as<br />
forças psicológicas, que mal começam a ser estudadas e conhecidas.<br />
O simples caráter de curiosidade que pre<strong>do</strong>mina nas pessoas que concorrem a<br />
uma reunião, como a que ontem vimos no cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>, era uma força<br />
mais que necessária para repelir qualquer comunicação entre as forças astrais<br />
que vagam nos espaço nas proximidades da terra. Explica<strong>do</strong>s os fatos por esse<br />
prisma, que é hoje uma ciência experimental como o têm demonstra<strong>do</strong> os sábios<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro que se têm dedica<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> das forças ocultas, fácil é<br />
verificar-se que no cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> não tem apareci<strong>do</strong> <strong>fantasma</strong> algum e a<br />
insistência em se propalar semelhante tolice só traz prejuízos à sociedade e deve<br />
ser coibida pela polícia.<br />
Aqueles que, escuda<strong>do</strong>s nas opiniões de Allan Kardec, Crooks, Rochat, Assakoff e<br />
tantas outras notabilidades científicas, acreditam em uma relação íntima,<br />
presidida por força incontestável, entre a humanidade terrestre e a espiritual,<br />
não podem sancionar o sacrílego princípio que preside a divulgação dessa<br />
enorme mentira <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>.<br />
As pessoas bem intencionadas que se não deixem embalar pela fantasia <strong>do</strong>s<br />
noticiaristas e fiquem em suas casas, na cama que é lugar quente.<br />
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Rizote.
Imagem: reprodução parcial <strong>do</strong> jornal Cidade de Santos de 28 de julho de 1900<br />
Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos<br />
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O Fantasma<br />
Natural curiosidade tem conduzi<strong>do</strong> muitos habitantes desta cidade aos arre<strong>do</strong>res<br />
<strong>do</strong> cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>, desejan<strong>do</strong> ver o <strong>fantasma</strong> que dizem ali aparecer.<br />
Da curiosidade, porém, passaram ao abuso e ontem algumas pessoas<br />
pretenderam escalar os muros e penetrar no cemitério.<br />
A força de cavalaria ali postada, para prevenir qualquer acontecimento,<br />
conseguiu dispersá-las, ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> instruções para não consentir<br />
agrupamento nas imediações.<br />
Ilustração publicada com essa coluna, em<br />
28/7/1900<br />
Badaladas<br />
[...]<br />
* * *<br />
- Vamos ver o <strong>fantasma</strong>?<br />
- O quê? Já não bastam os que eu<br />
vejo de dia.<br />
- Julgava-os somente noturnos.<br />
- Não preciso ir ao <strong>Paquetá</strong>. Estão<br />
ali um, <strong>do</strong>is, três...<br />
- Quem?<br />
- Os meus cadáveres.<br />
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[...]<br />
* * *<br />
Padilha
Imagem: reprodução parcial <strong>do</strong> jornal Cidade de Santos de 28 de julho de 1900<br />
Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos<br />
No dia seguinte, <strong>do</strong>mingo, 29 de julho de 1900, o tema continuava em destaque na<br />
edição 534 <strong>do</strong> mesmo jornal Cidade de Santos (grafia atualizada nesta transcrição -<br />
exemplar conserva<strong>do</strong> na Hemeroteca Municipal de Santos):<br />
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Foto: reprodução parcial <strong>do</strong> jornal Cidade de Santos de 29 de julho de 1900<br />
Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos<br />
Através da semana<br />
Um fato notável, apenas.<br />
Apenas um fato envolto no sudário <strong>do</strong> incognoscível, singular, misterioso,<br />
preocupou a atenção <strong>do</strong>s nossos habitantes, quebran<strong>do</strong> a monotonia soturna das<br />
nossas ruas, enchen<strong>do</strong> de pavor os espíritos tími<strong>do</strong>s e dan<strong>do</strong> asas à fantasia <strong>do</strong>s<br />
cronistas.<br />
Nota <strong>do</strong>minante, única, no perspassar <strong>do</strong>s dias da semana, ela relembra as<br />
histórias de duendes, que ternas mães sabem contar, fitan<strong>do</strong> amorosamente o<br />
seu í<strong>do</strong>lo que a<strong>do</strong>rmece ao balançar isócrono de ideal bercinho.<br />
Bordar uma crônica, procurar festões de gala e recorrer ao assunto predileto e de<br />
atualidade - o Fantasma! - exclama o espectro da obrigação, em frases bifrontes<br />
a ambíguas, como o oráculo de Delfos.<br />
* * *<br />
Confesso, e não ria, leitor amigo, da minha pueril fraqueza, não resisti ao fluí<strong>do</strong><br />
magnético da curiosidade e me deixei levar para as proximidades <strong>do</strong> campo<br />
santo, anteven<strong>do</strong> quadrilhas macabras de esqueletos e quejandas imbecilidades.<br />
À plangência lúgubre <strong>do</strong> sino, indican<strong>do</strong> a hora mística e tétrica da meia noite, já<br />
lá me achava, irritadiço, praguejan<strong>do</strong> à luz amortecida da City, distribuída com a<br />
prodigalidade avara de inglês, e sem experimentar o menor resquício de<br />
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comoção ou de pavor.<br />
Brotou de uma campa, como a fonte cristalina da rocha alvadia - ele - o<br />
Fantasma, envolto na mortalha que levara para ali.<br />
Moço ainda, cabelos anela<strong>do</strong>s, olhos grandes e pretos como o ébano, onde se<br />
espraiam indiscretas lágrimas, lágrimas talvez, cruciantes, de uma saudade<br />
infinda.<br />
Num andar compassa<strong>do</strong> e lento, lento e contínuo, passou por mim, deixou cair,<br />
não sei se propositalmente, alguma coisa, e desapareceu.<br />
Aguçou-se a minha curiosidade: apanhei o objeto fantástico, abri o receptáculo e<br />
encontrei um bilhete misteriosamente escrito, numa caligrafia divinamente<br />
talhada:<br />
"Mentiu o genial poeta: Amor não é a vida. Acertou o divino Dante: O amor<br />
conduz a uma morte".<br />
Eis, portanto, amáveis leitores, decifra<strong>do</strong> o misterioso enigma, descoberto o<br />
segre<strong>do</strong> da alma penada <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>.<br />
É a saudade <strong>do</strong> ente ama<strong>do</strong> que a faz vagar. Deixai em paz, portanto, a<br />
assusta<strong>do</strong>ra visão e repeti comigo:<br />
"Lasciate ogni speranza, ó voí que entrate." (N.E.: SIC: mistura de italiano e<br />
latim. Em italiano: "Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate". Em latim: "Lachiáte<br />
ônhi speránza, vói qu'entráte". Significa<strong>do</strong>: "Deixai aqui toda a esperança, vós<br />
que entrais" - inscrição na porta <strong>do</strong> inferno, segun<strong>do</strong> a obra Divina Comédia, de<br />
Dante Aliguieri).<br />
[...]<br />
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* * *<br />
Ximenes Júnior
Imagem: reprodução parcial <strong>do</strong> jornal Cidade de Santos de 29 de julho de 1900<br />
Acervo: Hemeroteca Municipal de Santos<br />
popular, pois só existirão histórias de <strong>fantasma</strong>s e lendas onde existirem seres<br />
humanos bem vivos.<br />
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Durante os preparativos para a teatralização da história de "Maria a Maracajá", em 2007,<br />
verificou-se coincidentemente que, na área destinada à Ordem Terceira de Nossa Senhora <strong>do</strong><br />
Carmo, à direita de quem entra no cemitério, existe de fato um jazigo da família Maracajá<br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
Casario é testemunho de uma época<br />
Segun<strong>do</strong> o professor Francisco Carballa, provavelmente durante a<br />
segunda década <strong>do</strong> século XX o Largo <strong>do</strong> Cemitério desapareceu, sen<strong>do</strong><br />
lotea<strong>do</strong>, como se pode ver nas datas das construções que resistiram ao<br />
tempo, como a da Floricultura Imperial (de 1915), situada na Rua Dr.<br />
Cochrane, em terreno antes ocupa<strong>do</strong> por aquele Largo:<br />
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Parte superior da fachada da Floricultura Imperial, ven<strong>do</strong>-se a data de construção, 1915<br />
(o que indica que já nesse ano o Largo <strong>do</strong> Cemitério não mais existia nesse local)<br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
Ainda segun<strong>do</strong> o professor Carballa, o gradil e o grande portão encima<strong>do</strong><br />
por uma cruz, que se dividia ao meio quan<strong>do</strong> era aberto, cedeu lugar a<br />
um portal majestoso, onde se pode ler a inscrição em Latim, idêntica à<br />
das catacumbas de Calixto de Roma, que foi retirada <strong>do</strong> Salmo nº 4,<br />
versículo nº 9: "In pace in idipsum <strong>do</strong>rmiam et requiescan".<br />
Na tradução, lemos: "Apenas me deito, logo a<strong>do</strong>rmeço em paz,..." - como<br />
se fosse uma afirmação <strong>do</strong> sono eterno <strong>do</strong>s mortos e para pôr termo as<br />
histórias de <strong>fantasma</strong>s no <strong>Paquetá</strong>...<br />
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Inscrição latina no moderno órtico <strong>do</strong> Cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong><br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
Esta casa, situada na confluência da Rua Dr. Cochrane com a Avenida<br />
São Francisco, é de 1900, mesmo ano das aparições <strong>fantasma</strong>góricas:<br />
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No frontispício, a data: 1900:<br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
Defronte, na mesma esquina, outro conjunto de casas, algumas delas<br />
contemporâneas dessa história. Em uma delas viveu Elvira Lopez, na<br />
época das aparições <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>:<br />
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Fotos: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
Vários quadros representam a figura <strong>do</strong> Fantasma <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>. O primeiro deles<br />
foi perdi<strong>do</strong> no incêndio da capela <strong>do</strong> Cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>, no final <strong>do</strong> século XX.<br />
Em 1995 foi recria<strong>do</strong> esse quadro, pelo mesmo professor de História e pesquisa<strong>do</strong>r<br />
Francisco Carballa, que pintou o primeiro e agora em 2007 finalizou uma terceira<br />
versão, também a ser <strong>do</strong>ada à administração daquele cemitério, em substituição ao<br />
anterior:<br />
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Quadro pinta<strong>do</strong> por Francisco Carballa em 1995,<br />
exposto na sala da administração <strong>do</strong> Cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong><br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
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Quadro que está sen<strong>do</strong> pinta<strong>do</strong> por Francisco Carballa em 2007, ainda não finaliza<strong>do</strong><br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 14/7/2007<br />
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O professor e o quadro, ainda incompleto, durante a teatralização da história em 2007<br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
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A "<strong>fantasma</strong>" Mirella e o quadro, em pose especial para o fotógrafo <strong>do</strong> Jornal da Orla<br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
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O quadro, completa<strong>do</strong> em 26/7/2007 por Francisco Carballa, pronto para a entrega ao <strong>Paquetá</strong><br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 26/7/2007<br />
Existe uma nomenclatura específica para classificar os diferentes tipos de<br />
aparições, e uma forma específica de tratar cada uma delas, segun<strong>do</strong> a mitologia<br />
popular, como explica o professor e pesquisa<strong>do</strong>r santista Francisco Carballa:<br />
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Fantasmas e mitos populares<br />
Não existe lugar no mun<strong>do</strong> que, por mais culta que seja sua população ou<br />
instruída em determinada religião, entre os milhares que foram cria<strong>do</strong>s pelo ser<br />
humano, que não se conte uma história sobrenatural de aparições <strong>do</strong> além,<br />
geralmente de pessoas mortas ou animais liga<strong>do</strong>s a elas.<br />
Preferin<strong>do</strong> lugares ermos onde a sugestão da mente age, ocorrem as aparições,<br />
com várias explicações populares para os tipos das mesmas ou ações para<br />
afastá-las. Existe até a famosa frase de mau gosto, quan<strong>do</strong> se ouve um sino ou<br />
relógio soar <strong>do</strong>ze badaladas da noite: "Meia noite, <strong>do</strong>ze badaladas, hora das<br />
almas penadas..."<br />
Fantasma é um espírito que se apresenta sob uma forma agradável de ser<br />
vista, mas está preso em um lugar e precisa ser ajuda<strong>do</strong> a seguir seu caminho<br />
depois de resolver algo que foi incumbi<strong>do</strong> ou deixou de fazer e se soltar nos<br />
cosmos (seria o caso <strong>do</strong> Fantasma <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>).<br />
Fantasmas também seriam guardiões de uma responsabilidade que já não lhes<br />
pertence. Para afastá-los, basta fechar a tampa de um baú com força; não o<br />
ten<strong>do</strong>, poderá ser a porta <strong>do</strong> guarda-roupa, que surtirá o mesmo efeito, o<br />
senti<strong>do</strong> talvez seja <strong>do</strong> barulho que provocará a sensação <strong>do</strong> momento em que é<br />
lacrada a caixa funerária e isso representa a realidade que o espírito não quer<br />
enfrentar.<br />
Espectros, com forma horrível, são <strong>fantasma</strong>s que estão sofren<strong>do</strong><br />
psicologicamente após a morte, sen<strong>do</strong> assim apega<strong>do</strong>s ao que restou de seu<br />
corpo, daí a forma decadente com que se apresentam (como o exemplo de Plínio<br />
o Novo no século I).<br />
Às vezes, só vão embora quan<strong>do</strong> descobrimos o que querem mostrar, desde um<br />
objeto importante até o lugar onde está o seu corpo - motivo pelo qual estão<br />
presos aqui ou paralelamente viven<strong>do</strong> entre o umbral (local escuro) em que<br />
estão presos e a terra. Quan<strong>do</strong> migram para este la<strong>do</strong>, em busca de libertação<br />
ou condenação, quan<strong>do</strong> são obriga<strong>do</strong>s a fazer sexo sem sentir o prazer, presos<br />
ao corpo de <strong>do</strong>is amantes, beber sem sentir o gosto quan<strong>do</strong> estão liga<strong>do</strong>s ao<br />
corpo <strong>do</strong> alcoólatra ou fumante; em alguns casos, queren<strong>do</strong> reparar um erro,<br />
libertan<strong>do</strong> a pessoa da possibilidade de cair no mesmo, o que seria justamente<br />
seu preço para se libertar no cosmos.<br />
Poltergeisters são energias fortes emanan<strong>do</strong> de um ponto em comum, que<br />
poderá ser um a<strong>do</strong>lescente na fase de maturação sexual ou pessoa que está<br />
passan<strong>do</strong> por uma emoção muito forte, principalmente uma obsessão amorosa,<br />
mesmo que seja de idade já adiantada. O subconsciente dessa pessoa liberará<br />
energia que causará projeções e coisas estranhas, inclusive a queima de<br />
eletro<strong>do</strong>mésticos, como é comum nas casas, principalmente naquelas em que<br />
residem a<strong>do</strong>lescentes que estão acordan<strong>do</strong> para o sexo.<br />
Devemos tomar cuida<strong>do</strong> com objetos impregna<strong>do</strong>s de energia, que devem ser<br />
lava<strong>do</strong>s ou retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> lugar, pedras de sal grosso nos cantos <strong>do</strong>s cômo<strong>do</strong>s<br />
ajudam a neutralizar essas energias, mas o certo é eliminá-las, e um mo<strong>do</strong> mais<br />
eficaz é evitar a entrada de pessoas que estejam causan<strong>do</strong> esses fenômenos que<br />
deixarão o ambiente impregna<strong>do</strong>.<br />
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Ocorre o risco <strong>do</strong> efeito Poltergeister causar a autocombustão. Por isso, quan<strong>do</strong><br />
se trata de mulheres, nas quais a incidência desse tipo de mal é mais comum,<br />
elas devem ser tratadas e as emoções fortes trabalhadas para neutralizar esse<br />
perigo, a que serão expostos to<strong>do</strong>s os bens da casa. Inclusive, uma forma de<br />
condução dessa energia é o próprio telefone, salvo que não transporá jamais a<br />
linha <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r. Também pode viajar pelas ligações de cobre, elétricas ou<br />
objetos que estão imanta<strong>do</strong>s e energiza<strong>do</strong>s pela pessoa, que poderão ser desde<br />
jóias até ornamentos e roupas.<br />
Corpos etéreos são apenas projeções de algum móvel, imóvel e criatura,<br />
geralmente demoram em se diluir no tempo, mas continuam ocupan<strong>do</strong> um<br />
espaço estático através <strong>do</strong>s séculos. Por isso, muitas cenas são vistas e na<br />
verdade não são assistidas pelos protagonistas das mesmas (caso <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong><br />
da fidalga <strong>do</strong> Castelo de Pambre, no caminho de Compostela).<br />
Por isso, o suposto <strong>fantasma</strong> fala, mas não se dirige a você e sim ao seu tempo<br />
perdi<strong>do</strong> no cosmos; nós podemos até entender o que diz, mas não é para nós e<br />
sim para o tempo em que ocorreu o ato. Por esse motivo, um navio naufraga<strong>do</strong><br />
ocupará o espaço por milênios com seus cadáveres, mas já estará diluí<strong>do</strong> e<br />
transforma<strong>do</strong> no material que irá gerar a nova vida.<br />
Na Idade Média ocorria uma aparição bem diferente de <strong>fantasma</strong>s, liga<strong>do</strong>s ao<br />
desejo sexual reprimi<strong>do</strong> pela sociedade. Eram aparições estranhas de entidades<br />
ligadas ao sexo, ou seres humanos aproveitan<strong>do</strong>-se dessa história.<br />
Súcubo, espírito de forma feminina muito formosa e que atende às fantasias de<br />
um homem, fará sexo com ele recolhen<strong>do</strong> seu esperma e tornan<strong>do</strong> à sua forma<br />
masculina. Íncubo, espírito de homem geralmente formoso e bem <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> que<br />
atenda aos desejos de uma mulher, fará sexo com ela usan<strong>do</strong> o esperma<br />
recolhi<strong>do</strong> de um homem por não poder produzi-lo. Ambos são espíritos presos ao<br />
sexo.<br />
A aparição <strong>do</strong> Fantasma <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> foi teatralizada na manhã de 19 de julho de<br />
2007, especialmente para Novo Milênio e a reportagem <strong>do</strong> Jornal da Orla. Os atores<br />
Mirella Jimenes Martello e José Marques de Oliveira Neto, junto com o figurante<br />
Francisco Carballa, recriaram a cena com base nos antigos depoimentos, com a<br />
única diferença importante de a encenação ter si<strong>do</strong> feita à luz <strong>do</strong> dia.<br />
Na busca de locações para as cenas, foi descoberto existir naquele cemitério o<br />
jazigo da família Maracajá, mesmo sobrenome cita<strong>do</strong> pelos antigos mora<strong>do</strong>res da<br />
região como sen<strong>do</strong> o <strong>do</strong> "<strong>fantasma</strong>" de 1900:<br />
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Fotos: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
A aparição <strong>do</strong> Fantasma <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> foi teatralizada na manhã de 19 de julho de<br />
2007, especialmente para Novo Milênio e a reportagem <strong>do</strong> Jornal da Orla. Os atores<br />
Mirella Jimenes Martello e José Marques de Oliveira Neto, e o ator coadjuvante<br />
Francisco Carballa, recriaram a cena com base nos antigos depoimentos, com a<br />
única diferença importante de a encenação ter si<strong>do</strong> feita à luz <strong>do</strong> dia.<br />
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Exatos 107 anos da última aparição registrada <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong>, o vídeo com a<br />
teatralização da história estréia na Internet:<br />
Títulos <strong>do</strong> vídeo cria<strong>do</strong> em 26/7/2007 por Novo Milênio.<br />
Clique na imagem acima ou >>aqui
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José Marques de Oliveira Neto, Francisco Carballa e Mirella Jimenes Martello,<br />
com os trajes de época, para a teatralização da história<br />
Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 19/7/2007<br />
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A aparição <strong>do</strong> Fantasma <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> e sua teatralização foram assim registra<strong>do</strong>s<br />
pelo semanário Jornal da Orla, na edição de 28 e 29 de julho de 2007:<br />
Foto: Luiz Fernan<strong>do</strong> Menezes, publicada com a matéria<br />
A volta <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong><br />
Vitor Gomes de Andrade Silva<br />
Após exatos 107 anos sem dar as caras, o <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> "reaparece" no<br />
mais nobre cemitério da cidade. Trata-se de um curta-metragem, simulan<strong>do</strong> uma<br />
suposta manifestação <strong>do</strong> ser evanescente que assombrava as imediações <strong>do</strong><br />
cemitério <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> no início <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>.<br />
Suas supostas aparições já renderam diversos comentários na Cidade, o que lhe<br />
deu grande fama. E esta popularidade lhe garantiu textos no Almanaque de<br />
Santos (1970), na Cartilha da História de Santos (1980) e, até mesmo, em<br />
várias matérias de jornais locais. No entanto, de acor<strong>do</strong> com o historia<strong>do</strong>r e<br />
pesquisa<strong>do</strong>r santista Francisco Vazquez Carballa, a verdadeira história de vida <strong>do</strong><br />
<strong>fantasma</strong> nunca foi apresentada, e ele diz conhecê-la.<br />
Há cerca de dez anos, Vazquez Carballa iniciou um trabalho de registro de<br />
dezenas de histórias e lendas relacionadas aos <strong>fantasma</strong>s santistas, todas<br />
baseadas em <strong>do</strong>cumentos e entrevistas de pessoas que presenciaram e viveram<br />
na época <strong>do</strong>s acontecimentos. Mas, de todas elas, a que mais lhe chama a<br />
atenção é a <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong> que vagava no mais nobre cemitério da Cidade. "Tenho<br />
um carinho muito especial pela narrativa de vida e de morte de Maria M.,<br />
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popularmente conhecida como o <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong>. Ela é fantástica, pois<br />
envolve um amor proibi<strong>do</strong>, muitos mistérios e tabus sociais", conta o historia<strong>do</strong>r.<br />
O historia<strong>do</strong>r Francisco Vazquez Carballa pesquisa a sina <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong> <strong>do</strong> <strong>Paquetá</strong> há dez anos:<br />
narrativa envolve amor proibi<strong>do</strong>, mistérios e tabus sociais<br />
Foto: Luiz Fernan<strong>do</strong> Menezes, publicada com a matéria<br />
Conforme Vazquez Carballa, o corpo áureo, que, na época de suas aparições<br />
provocou grande alvoroço, foi da jovem beata Maria M., que viveu em Santos, no<br />
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final <strong>do</strong> século 19. "A moça teve um filho com um clérigo liga<strong>do</strong> à Velha Igreja<br />
Matriz de Santos. Pouco tempo depois de seu nascimento, a criança faleceu (na<br />
época havia alto índice de mortalidade infantil). E, por vergonha <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como<br />
foi gerada, ela foi discretamente enterrada", revela Vazquez Carballa.<br />
"Algumas pessoas que viveram nas imediações <strong>do</strong> cemitério (como a centenária<br />
Matilde das Neves, que morou na Rua Dr. Cócrane, 179; Maria <strong>do</strong> Rosário e<br />
Clovis Benedito de Almeida), disseram que, naquela época, como se fosse um<br />
ritual, a mulher religiosa ia, diariamente, ao cemitério chorar a morte da criança,<br />
sempre por volta da meia-noite. Este momento era o mais apropria<strong>do</strong>, já que,<br />
neste horário, a maioria das pessoas estava <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> no aposento de suas<br />
casas", explica o historia<strong>do</strong>r.<br />
Conforme Carballa, a devota mulher vinha da esquina da Rua São Francisco de<br />
Paula, seguia vagarosamente pelo gradil <strong>do</strong> cemitério, na Rua Dr. Cócrane,<br />
dirigia-se até o portão principal. Lá, ajoelhava-se, trajan<strong>do</strong> seu típico vesti<strong>do</strong> da<br />
época. Lentamente, ela levantava o seu grande véu (semelhante ao de Verônica,<br />
da Semana Santa), com um lenço enxugava as lágrimas e acenava para dentro<br />
<strong>do</strong> cemitério, em direção à capela. E era exatamente ali que ficava a quadra <strong>do</strong>s<br />
túmulos de crianças.<br />
Ele diz, ainda, que na época não havia velório na capela <strong>do</strong> cemitério. Desta<br />
forma, a beata, assim que acabava sua manifestação de <strong>do</strong>r, retirava-se<br />
rapidamente para a Rua Bittencourt e, logo, desaparecia. "Pouco tempo depois<br />
da morte de seu filho, a pobre mulher faleceu de tristeza e solidão", conta.<br />
No entanto, mesmo após o sigiloso enterro às pressas de Maria M., muitas<br />
pessoas ainda viam a beata no cemitério. E foi nas frias e escuras noites de julho<br />
de 1900 que a população local notou estranhas e macabras características na<br />
mulher, típicas de um espírito evanescente. "A partir deste momento, o que as<br />
pessoas viam não era a mulher, mas sim as aparições de seu <strong>fantasma</strong>", explica<br />
Carballa.<br />
Para conferir o curta, acesse o site Novo Milênio<br />
(http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0014.htm).<br />
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Episódio virou caso de polícia<br />
Foto: Luiz Fernan<strong>do</strong> Menezes, publicada com a matéria<br />
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De acor<strong>do</strong> com os relatos <strong>do</strong> jornalista Olao Rodrigues, na Cartilha da História de<br />
Santos (1980), em mea<strong>do</strong>s de 1900, um <strong>fantasma</strong> de uma mulher de longos<br />
cabelos negros, que caíam sobre as costas, fazia o mesmo trajeto realiza<strong>do</strong> por<br />
Maria M., quan<strong>do</strong>, em vida, visitava o <strong>Paquetá</strong>. O assunto foi tão comenta<strong>do</strong> que<br />
as queixas na repartição policial aumentavam a cada dia.<br />
Com a intenção de pôr fim àquelas histórias de aparições, o então chefe da<br />
repartição policial, o major Evangelista de Almeida, ordenou que um pelotão de<br />
praças da cavalaria fizesse plantão durante a fria noite de 27 de julho de 1900,<br />
em frente ao portão <strong>do</strong> cemitério.<br />
Naquela madrugada, não houve aparições <strong>fantasma</strong>góricas. No entanto, uma<br />
platéia de munícipes curiosos, que desejava presenciar a captura <strong>do</strong> <strong>fantasma</strong>,<br />
acabou sen<strong>do</strong> expulsa <strong>do</strong> local a chicotadas, porretadas e, até mesmo, golpes de<br />
espadas <strong>do</strong>s cavalarianos. No dia seguinte (28 de julho de 1900), os jornais A<br />
Tribuna e Cidade de Santos publicaram textos sobre o fato.<br />
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Imagem: reprodução da primeira página <strong>do</strong> Jornal da Orla de 28 e 29/7/2007<br />
Link http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0014a.htm<br />
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