Chico Xavier - Nosso Lar Campinas
Chico Xavier - Nosso Lar Campinas
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Sumário<br />
4 chico<br />
oRIgINAIS do LIvRo - o MANdATo<br />
MEdIúNICo<br />
Zeloso guardião desse tesouro<br />
espiritual<br />
6 eStudo<br />
CoMo é MoRRER?<br />
Inseguranças em relação ao futuro<br />
10 conFiança<br />
o SoCoRRo dE bEzERRA<br />
Cura espiritual<br />
12 mediunidade<br />
dIRETRIzES dE SEgURANçA<br />
Questões sobre mediunidade<br />
14 capa<br />
dUAS hoRAS CoM ChICo xAvIER<br />
16 inStrução<br />
bREvE RECoRdAção dA MEdIUNIdAdE<br />
Recuperação de uma suicída<br />
19 enSinamento<br />
CARToMANTE<br />
Dramas de um obsessor<br />
20 menSagem<br />
A Fé E o AMoR<br />
A fé que salvou<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
21 hiStória<br />
oS dozE APóSToLoS<br />
Pregadores da doutrina cristã<br />
22 eSclarecimento<br />
INCREdULIdAdE<br />
Dúvidas sobre a vida espiritual<br />
24 homenagem<br />
hoMENAgEM A CAIRbAR SChUTEL<br />
Um Espírita convicto<br />
26 com todaS aS letraS<br />
ASSISTA SEMPRE Ao jogo<br />
Importantes dicas da nossa língua<br />
portuguesa<br />
edição<br />
Centro de Estudos Espíritas<br />
“<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – depto. Editorial<br />
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artigos publicados nesta revista.
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA editorial<br />
Há 50 anos, por meio da inesquecível médium<br />
Yvonne A. Pereira, o espírito de Inácio Bittencourt<br />
oferece à humanidade poderosa advertência que, apesar<br />
do tempo, continua grave e atualíssima.<br />
Transcrita pelo querido confrade Augusto Marques de<br />
Freitas em seu estupendo livro Yvonne do Amaral Pereira:<br />
O Voo de uma Alma pág. 125 - 127; convidamos você,<br />
amigo leitor, para conosco apreciar, refletir e meditar<br />
sobre a preocupação dos bons espíritos com a Doutrina<br />
Consoladora no mundo...<br />
- 0 -<br />
(...) Inácio Bittencourt, num desabafo doloroso, ele,<br />
que se tornava um tanto quanto “azedo, quando em jogo<br />
o bom nome do Espiritismo”, encontrou em Yvonne<br />
Pereira o médium ideal para confessar (e protestar) sua<br />
enorme decepção ante os espetáculos de arremedo teatral,<br />
pantomimas, etc.<br />
Anotemos, aqui, algumas das valiosas linhas<br />
registradas pelo cérebro e lápis da médium de Rio das<br />
Flores, provindas do espírito de Inácio Bittencourt, em<br />
sua Resposta à consulta de um amigo, amigo esse que<br />
se tornara Orientador de Mocidade, e que agora lhe<br />
indagava se seria lícito fazer-se de uma Casa Espírita um<br />
auditório de teatro ou sala de concerto, etc.:<br />
O que, porém, eu, como Espírito desencarnado hoje, e<br />
ontem como espírita que dedicou toda a sua vida a serviço<br />
da Causa, não creio seja lícito é consentires que quem quer<br />
que seja leve para o Centro que diriges a profanação das<br />
festas mundanas, dele fazendo não mais um receptáculo das<br />
inspirações divinas, como devem ser os Centros Espíritas bem<br />
orientados, mas uma platéia heterogênea onde a mediocridade<br />
de arte apresentada fará atrair os pândegos e paspalhos do<br />
invisível, em vez dos abnegados obreiros de Jesus, os quais, assim<br />
sendo, de forma alguma poderão descer das suas sublimes tarefas<br />
a prol da salvação da humanidade, para bater palmas aos<br />
desvirtuamentos de solenidades sérias, cuja abertura tem sempre<br />
como chave máxima o nome sacratíssimo do Todo-Poderoso e<br />
de <strong>Nosso</strong> Senhor Jesus Cristo!<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
PodERoSA AdvERTÊNCIA FAz 50 ANoS<br />
O que, outrossim, não me parece ainda lícito é tu, que te<br />
confessas orientador de “Mocidades”, permitires futilidades<br />
no seio da Doutrina, a jovens inexperientes que deverão antes<br />
desejar a luz do saber e a sublimação do espírito!<br />
O que não posso aplaudir em ti, meu filho, é consentires<br />
que os teus jovens, abastardando a Doutrina com festividades<br />
de mau gosto, abastardem também as Artes, pois que (perdoame<br />
a aspereza da expressão) não vejo artistas entre os teus<br />
pupilos, e sim, Espíritos que, ao reencarnarem, prometeram ao<br />
Divino Mestre Zelar pelo Consolador e engrandecê-lo com o<br />
devotamento inspirado no Evangelho.<br />
Não, meu amigo, não faças do teu Centro Espírita um<br />
palco, uma ribalta, um ambiente confuso, onde se abrem<br />
trabalhos em nome de Deus e de Jesus, para depois se permitirem<br />
festanças e teatralices que nos entristecem, a nós outros,<br />
trabalhadores do lado de cá, pois que, ainda que apresentasses<br />
NOTURNOS do melodioso Chopin, SONATAS do erudito<br />
Beethoven e CONCERTOS do incomparável Mozart, ainda<br />
assim não te poderíamos aplaudir, porque a Humanidade<br />
precisa mais do amor do Cristo e da ciência de si mesma do que<br />
das peças de qualquer desses três gênios... e, em seguida, porque...<br />
a música, o teatro, as festas que o invisível nos proporciona, a<br />
nós desencarnados, são de tal ordem que até mesmo Chopin,<br />
Beethoven e Mozart pareceriam insípidos diante delas... e ainda<br />
porque, meu querido amigo, não será através dos já citados<br />
forrobodós, das “soirrés” e noitadas “artísticas” dentro dos<br />
Centros Espíritas que tu e todos os demais espíritas alcançarão<br />
um local feliz no Além-túmulo, mas com o verdadeiro Amor,<br />
o verdadeiro Trabalho e o verdadeiro Conhecimento em favor<br />
uns dos outros e pelo amor da Verdade!<br />
Espera meu amigo... Lembrei-me de uma coisa:<br />
- Não tarda a volta do esposo... Relê, estudando, a parábola<br />
das Virgens Loucas e das Virgens prudentes... Esse ensinamento<br />
é de muita atualidade... e vejo que tu precisas dele para<br />
ensinares os teus pupilos a obter o azeite para que tenham<br />
a candeia bem acesa...<br />
Do teu velho amigo,<br />
Inácio Bittencourt<br />
(Mensagem recebida pela médium Yvonne A. Pereira,<br />
em 28/05/1959)<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
3
chico<br />
originais do livro -<br />
o Mandato Mediúnico<br />
por Suely Caldas Schubert<br />
7-12-1943<br />
(Wantuil estava há pouco na<br />
Presidência, à qual ascendera em<br />
vista da sua escolha após a desencarnação,<br />
a 26-10-1943, do Dr. Luiz<br />
Olímpio Guilion Ribeiro. Wantuil<br />
era o Gerente do “Reformador”.<br />
<strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong> dirige-lhe palavras de<br />
estímulo, referindo-se ao apoio que<br />
está dando o novo Presidente ao<br />
programa do Esperanto, a cargo de<br />
Ismael Gomes Braga, que, por isso,<br />
sente-se muito feliz. <strong>Chico</strong> agradece,<br />
outrossim, o envio do primeiro<br />
número de “Reformador” da edição<br />
já sob a responsabilidade do novo<br />
Presidente e que contém palavras<br />
referentes à desencarnação de seu<br />
antecessor, cujo retrato foi estampado<br />
na primeira página. As referências<br />
de <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong> a Guillon<br />
são muito carinhosas: “generoso<br />
orientador que nos antecedeu na<br />
grande jornada.”)<br />
“(...) Relativamente aos originais dos<br />
nossos humildes trabalhos mediúnicos,<br />
para mim será muito mais interessante<br />
que a Federação os guarde nos arquivos<br />
da Casa. Fico muito grato ao seu carinho.<br />
Havia pedido a restituiçdo dos<br />
mesmos, porque tendo tido necessidade<br />
em 1942 de rever algumas páginas de<br />
“Paulo e Estêvão”, pedi à Livraria me<br />
emprestasse o original do livro, crendo<br />
que estivessem sendo arquivados, mas<br />
fui informado de que os originais, após a<br />
publicação, eram inutilizados. Felizmente,<br />
ainda tínhamos aqui uma cópia que<br />
descobri, depois, por ter sido guardada<br />
por um companheiro de doutrina, que<br />
muito me ajuda no serviço de datilografia<br />
e pude, assim, fazer a consulta. Desde<br />
então, pedi ao nosso amigo ,Sr. Carvalho<br />
que me enviasse os originais de que não<br />
precisasse, porque ficariam guardados<br />
conosco. Tenho aqui apenas o original<br />
de “Renúncia”, porque os anteriores a<br />
esse livro não foram arquivados. O meu<br />
amigo daqui, porém, ao qual já me referi<br />
linhas acima, tem cópias a carbono e isso<br />
me alegra porque tinha receio de não<br />
ficarmos com cópia alguma dos trabalhos<br />
senão as publicações. Já que Você, porém,<br />
quer fazer o grande obséquio de arquivar<br />
aí os originais, creia, meu bom Wantuil,<br />
que isto me conforta e alegra muitíssimo.<br />
Não digo isto por mim, pois bem sei que<br />
de nada valho, mas é que a obra de<br />
Emmanuel costuma ser atacada, de vez<br />
em quando, pela ignorância de algumas<br />
criaturas sem a claridade do Evangelho<br />
e será sempre útil que tenhamos esses<br />
originais em mão para qualquer exame,<br />
não acha Você? (...)“<br />
4 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
<strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong> não é apenas o médium,<br />
o meio para a comunicação<br />
dos Benfeitores Espirituais, mas,<br />
também, o zeloso guardião desse<br />
tesouro espiritual, atento e vigilante<br />
em todos os instantes, para que a<br />
obra não seja atingida.<br />
O mandato mediúnico e, no caso<br />
de <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong>, o mediumato, é<br />
muito mais abrangente do que se<br />
poderia supor. O mediumato confere<br />
ao médium a responsabilidade<br />
de ser co-partícipe de toda uma<br />
planificação do Mundo Maior. Ele<br />
não será somente o instrumento,<br />
mas parte integrante de um programa<br />
que a Espiritualidade Superior<br />
traçou, portanto, plenamente identificado<br />
com os objetivos a serem<br />
alcançados e pelos quais labora de<br />
comum acordo e sintonia com os<br />
que, na esfera espiritual, também<br />
sejam partes dessa programação, O<br />
médium torna-se o representante<br />
dos Espíritos Benfeitores no plano<br />
terrestre. Assim, desde o instante<br />
em que os ensinamentos vertem do<br />
Mais Alto e pelos canais mediúnicos<br />
se expressem nas dimensões terrenas,<br />
ele — o médium — torna-se-lhe<br />
o guardião, o depositário, que terá,<br />
a partir desse momento, de cuidar<br />
para que a obra projetada tenha o<br />
curso esperado.<br />
Para que isto se dê, evidentemente,<br />
outros companheiros são<br />
convocados à colaboração entre<br />
os encarnados, cada um deles com<br />
tarefas definidas e que somarão seus<br />
esforços para que o programa seja<br />
executado.<br />
Essa é a primeira carta, sob nosso<br />
exame, da correspondência mantida<br />
entre <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong> e Wantuil de<br />
Freitas, no decorrer dos anos em<br />
que este ocupou o cargo de Presiden-<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
te da Federação Espírita Brasileira.<br />
Quando <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong> endereçou-a<br />
a Wantuil de Freitas, este<br />
acabara de assumir a Presidência,<br />
Dirige-lhe então palavras de estímulo.<br />
Na realidade, <strong>Chico</strong> está saudando<br />
em Wantuil de Freitas o companheiro<br />
que assumira, juntamente<br />
com ele, a grandiosa tarefa de difundir<br />
o livro espírita em nosso país. A<br />
nobre tarefa do livro — a qual ambos<br />
se comprometeram, ainda no Plano<br />
Espiritual Maior, a desenvolver na<br />
Pátria do Evangelho.<br />
O médium<br />
torna-se o<br />
representante<br />
dos Espíritos<br />
Benfeitores no<br />
plano terrestre<br />
Wantuil de Freitas chega na hora<br />
certa à Presidência da Casa de Ismael.<br />
O trabalho mediúnico de <strong>Chico</strong><br />
<strong>Xavier</strong> se ampliava. A partir daquela<br />
data, livros e mais livros sairiam de<br />
suas mãos abençoadas, transmitidos<br />
pelos Espíritos de Luz, para que a<br />
missão do Consolador Prometido<br />
por Jesus se estendesse e, sobretudo,<br />
se tornasse mais acessível a todas as<br />
criaturas.<br />
O programa está traçado. Todos<br />
seriam atendidos e consolados,<br />
independentemente de seu nível<br />
sócio-econômico e cultural. Haveria<br />
consolo para todos os corações, farse-ia<br />
luz para todas as consciências<br />
Fonte:<br />
chico<br />
e a palavra de Jesus prosseguiria<br />
ecoando em todos os quadrantes<br />
da Terra.<br />
Para isto, a figura de Wantuil<br />
de Freitas é peça essencial nessa<br />
grandiosa programação. É o homem<br />
talhado para abrir o caminho e<br />
implantar definitivamente a estrutura<br />
que os Altos Planos Espirituais<br />
requeriam.<br />
É o programa de Ismael — o Guia<br />
Espiritual do Brasil — a se ampliar.<br />
Atendendo ao seu chamado,<br />
vários obreiros disseram “presente”<br />
e colocaram mãos à charrua para<br />
a edificante tarefa da sementeira<br />
de luz.<br />
Por certo que <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong> se<br />
sente feliz e sossegado quando reconhece<br />
em Wantuil aquele coração<br />
amigo e companheiro do seu, ao<br />
qual poderia entregar o imensurável<br />
tesouro que Ismael lhe confiara.<br />
Sabe ele, <strong>Chico</strong>, que há agora uma<br />
equipe a postos, unindo esforços nos<br />
dois planos da vida, sob a tutela de<br />
Emmanuel, garantindo assim o êxito<br />
da tarefa do livro espírita no Brasil.<br />
<strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong> fica profundamente<br />
feliz, pois entende que Wantuil<br />
de Freitas, ao pretender a guarda<br />
na Federação dos originais dos<br />
livros o está auxiliando a zelar por<br />
toda a obra. Em sua característica<br />
humildade diz ao final: “Não digo<br />
isto por mim, pois bem sei que de<br />
nada valho, mas é que a obra de<br />
Emmanuel costuma ser atacada, de<br />
vez em quando, pela ignorância de<br />
algumas criaturas sem a claridade do<br />
Evangelho (...)”.<br />
SCHUBERT. Suely Caldas. Testemunhos de<br />
<strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong>. Págs. 23 – 26. Feb. 1998.<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
5
eStudo<br />
Como é Morrer?<br />
por Allan Kardec<br />
o PASSAMENTo<br />
A<br />
certeza da vida futura<br />
não exclui as apreensões<br />
quanto à passagem desta<br />
para a outra vida. Há muita gente<br />
que teme não a morte, em si, mas<br />
o momento da transição.<br />
Sofremos ou não nessa passagem?<br />
Por isso se inquietam, e com<br />
razão, visto que ninguém foge à lei<br />
fatal dessa transição.<br />
Podemos dispensar-nos de uma<br />
viagem neste mundo, menos essa.<br />
Ricos e pobres, devem todos fazê-la,<br />
e, por dolorosa que seja a franquia,<br />
nem posição nem fortuna poderiam<br />
suavizá-la.<br />
2. Vendo-se a calma de alguns moribundos<br />
e as convulsões terríveis de<br />
outros, pode-se previamente julgar<br />
que as sensações experimentadas<br />
nem sempre são as mesmas. Quem<br />
poderá no entanto esclarecer-nos a<br />
tal respeito? Quem nos descreverá o<br />
fenômeno fisiológico da separação<br />
entre a alma e o corpo? Quem nos<br />
contará as impressões desse instante<br />
supremo quando a Ciência e a Religião<br />
se calam? E calam-se porque<br />
lhes falta o conhecimento das leis<br />
que regem as relações do Espírito<br />
e da matéria, parando uma nos<br />
umbrais da vida espiritual e a outra<br />
nos da vida material. O Espiritismo<br />
é o traço de união entre as duas, e<br />
só ele pode dizer-nos como se opera<br />
a transição, quer pelas noções mais<br />
positivas da natureza da alma, quer<br />
pela descrição dos que deixaram<br />
este mundo. O conhecimento do<br />
laço fluídico que une a alma ao<br />
corpo é a chave desse e de muitos<br />
outros fenômenos.<br />
3. A insensibilidade da matéria<br />
inerte é um fato, e só a alma experimenta<br />
sensações de dor e de prazer.<br />
A alma tem<br />
sensações<br />
próprias cuja<br />
fonte não reside<br />
na matéria<br />
tangível<br />
Durante a vida, toda a desagregação<br />
material repercute na alma, que por<br />
este motivo recebe uma impressão<br />
mais ou menos dolorosa.<br />
É a alma e não o corpo quem<br />
sofre, pois este não é mais que<br />
instrumento da dor: — aquela é o<br />
paciente. Após a morte, separada a<br />
6 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
alma, o corpo pode ser impunemente<br />
mutilado que nada sentirá; aquela,<br />
por insulada, nada experimenta<br />
da destruição orgânica. A alma<br />
tem sensações próprias cuja fonte<br />
não reside na matéria tangível. O<br />
perispírito é o envoltório da alma e<br />
não se separa dela nem antes nem<br />
depois da morte. Ele não forma<br />
com ela mais que uma só entidade,<br />
e nem mesmo se pode conceber<br />
uma sem outro.<br />
Durante a vida o fluido perispirítico<br />
penetra o corpo em todas<br />
as suas partes e serve de veículo às<br />
sensações físicas da alma, do mesmo<br />
modo como esta, por seu intermédio,<br />
atua sobre o corpo e dirige-lhe<br />
os movimentos.<br />
4. A extinção da vida orgânica<br />
acarreta a separação da alma em conseqüência<br />
do rompimento do laço<br />
fluídico que a une ao corpo, mas<br />
essa separação nunca é brusca.<br />
O fluido perispiritual só pouco<br />
a pouco se desprende de todos os<br />
órgãos, de sorte que a separação só<br />
é completa e absoluta quando não<br />
mais reste um átomo do perispírito<br />
ligado a uma molécula do corpo.<br />
“A sensação dolorosa da alma, por<br />
ocasião da morte, está na razão direta<br />
da soma dos pontos de contacto<br />
existentes entre o corpo e o peris-<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA eStudo<br />
pírito, e, por conseguinte, também<br />
da maior ou menor dificuldade que<br />
apresenta o rompimento.” Não é<br />
preciso portanto dizer que, conforme<br />
as circunstâncias, a morte pode<br />
ser mais ou menos penosa. Estas<br />
circunstâncias é que nos cumpre<br />
examinar.<br />
5. Estabeleçamos em primeiro<br />
lugar, e como princípio, os quatro<br />
seguintes casos, que podemos reputar<br />
situações extremas dentro de<br />
cujos limites há uma infinidade de<br />
variantes:<br />
1º Se no momento em que se<br />
extingue a vida orgânica o desprendimento<br />
do perispírito fosse<br />
completo, a alma nada sentiria<br />
absolutamente.<br />
2º Se nesse momento a coesão<br />
dos dois elementos estiver no<br />
auge de sua força, produz-se uma<br />
espécie de ruptura que reage dolorosamente<br />
sobre a alma.<br />
3º Se a coesão for fraca, a separação<br />
torna-se fácil e opera-se<br />
sem abalo.<br />
4º Se após a cessação completa<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
da vida orgânica existirem ainda<br />
numerosos pontos de contacto entre<br />
o corpo e o perispírito, a alma<br />
poderá ressentir-se dos efeitos da<br />
decomposição do corpo, até que o<br />
laço inteiramente se desfaça.<br />
Daí resulta que o sofrimento,<br />
que acompanha a morte, está subordinado<br />
à força adesiva que une o<br />
corpo ao perispírito; que tudo o que<br />
puder atenuar essa força, e acelerar<br />
a rapidez do desprendimento, torna<br />
a passagem menos penosa; e, finalmente,<br />
que, se o desprendimento<br />
se operar sem dificuldade, a alma<br />
deixará de experimentar qualquer<br />
sentimento desagradável.<br />
6. Na transição da vida corporal<br />
para a espiritual, produz-se ainda um<br />
outro fenômeno de importância capital<br />
— a perturbação. Nesse instante<br />
a alma experimenta um torpor que<br />
paralisa momentaneamente as suas<br />
faculdades, neutralizando, ao menos<br />
em parte, as sensações. É como se<br />
disséssemos um estado de catalepsia,<br />
de modo que a alma quase nunca<br />
testemunha conscientemente o<br />
derradeiro suspiro. Dizemos quase<br />
nunca, porque há casos em que a<br />
alma pode contemplar conscientemente<br />
o desprendimento, como<br />
em breve veremos. A perturbação<br />
pode, pois, ser considerada o estado<br />
normal no instante da morte e<br />
perdurar por tempo indeterminado,<br />
variando de algumas horas a alguns<br />
anos. À proporção que se liberta,<br />
a alma encontra-se numa situação<br />
comparável à de um homem que<br />
desperta de profundo sono; as idéias<br />
são confusas, vagas, incertas; a vista<br />
apenas distingue como que através<br />
de um nevoeiro, mas pouco a pouco<br />
se aclara, desperta-se-lhe a memória<br />
e o conhecimento de si mesma. Bem<br />
diverso é, contudo, esse despertar;<br />
calmo, para uns, acorda-lhes sensações<br />
deliciosas; tétrico, aterrador e<br />
ansioso, para outros, é qual horrendo<br />
pesadelo.<br />
7. O último alento quase nunca<br />
é doloroso, uma vez que ordinariamente<br />
ocorre em momento de inconsciência,<br />
mas a alma sofre antes<br />
dele a desagregação da matéria, nos<br />
estertores da agonia, e, depois, as<br />
angústias da perturbação.<br />
Demo-nos pressa em afirmar que<br />
esse estado não é geral, porquanto a<br />
intensidade e duração do sofrimento<br />
estão na razão direta da afinidade<br />
existente entre corpo e perispírito.<br />
Assim, quanto maior for essa<br />
afinidade, tanto mais penosos e prolongados<br />
serão os esforços da alma<br />
para desprender-se. Há pessoas nas<br />
quais a coesão é tão fraca que o desprendimento<br />
se opera por si mesmo,<br />
como que naturalmente; é como se<br />
um fruto maduro se desprendesse<br />
do seu caule, e é o caso das mortes<br />
calmas, de pacífico despertar. <br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
7
eStudo<br />
8. A causa principal da maior<br />
ou menor facilidade de desprendimento<br />
é o estado moral da alma.<br />
A afinidade entre o corpo e o perispírito<br />
é proporcional ao apego à<br />
matéria, que atinge o seu máximo<br />
no homem cujas preocupações dizem<br />
respeito exclusiva e unicamente<br />
à vida e gozos materiais.<br />
Ao contrário, nas almas puras,<br />
que antecipadamente se identificam<br />
com a vida espiritual, o apego é<br />
quase nulo. E desde que a lentidão<br />
e a dificuldade do desprendimento<br />
estão na razão do grau de pureza e<br />
desmaterialização da alma, de nós<br />
somente depende o tornar fácil ou<br />
penoso, agradável ou doloroso, esse<br />
desprendimento.<br />
Posto isto, quer como teoria,<br />
quer como resultado de observações,<br />
resta-nos examinar a influência<br />
do gênero de morte sobre<br />
as sensações da alma nos últimos<br />
transes.<br />
9. Em se tratando de morte<br />
natural resultante da extinção das<br />
forças vitais por velhice ou doença,<br />
o desprendimento opera-se<br />
gradualmente; para o homem cuja<br />
alma se desmaterializou e cujos<br />
pensamentos se destacam das coisas<br />
terrenas, o desprendimento quase<br />
se completa antes da morte real, isto<br />
é, ao passo que o corpo ainda tem<br />
vida orgânica, já o Espírito penetra<br />
a vida espiritual, apenas ligado por<br />
elo tão frágil que se rompe com a<br />
última pancada do coração. Nesta<br />
contingência o Espírito pode ter já<br />
recuperado a sua lucidez, de molde<br />
a tornar-se testemunha consciente<br />
da extinção da vida do corpo, considerando-se<br />
feliz por tê-lo deixado.<br />
Para esse a perturbação é quase<br />
nula, ou antes, não passa de ligeiro<br />
sono calmo, do qual desperta com<br />
indizível impressão de esperança e<br />
ventura.<br />
No homem materializado e sensual,<br />
que mais viveu do corpo que<br />
do Espírito, e para o qual a vida espiritual<br />
nada significa, nem sequer<br />
lhe toca o pensamento, tudo contribui<br />
para estreitar os laços materiais,<br />
e, quando a morte se aproxima, o<br />
desprendimento, conquanto se opere<br />
gradualmente também, demanda<br />
contínuos esforços. As convulsões<br />
da agonia são indícios da luta do<br />
A causa<br />
principal da<br />
maior ou menor<br />
facilidade de<br />
desprendimento<br />
é o estado moral<br />
da alma<br />
Espírito, que às vezes procura romper<br />
os elos resistentes, e outras se<br />
agarra ao corpo do qual uma força<br />
irresistível o arrebata com violência,<br />
molécula por molécula.<br />
10. Quanto menos vê o Espírito<br />
além da vida corporal, tanto mais<br />
se lhe apega, e, assim, sente que ela<br />
lhe foge e quer retê-la; em vez de se<br />
abandonar ao movimento que o<br />
empolga, resiste com todas as forças<br />
e pode mesmo prolongar a luta por<br />
dias, semanas e meses inteiros.<br />
Certo, nesse momento o Espíri-<br />
8 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
to não possui toda a lucidez, visto<br />
como a perturbação de muito se antecipou<br />
à morte; mas nem por isso<br />
sofre menos, e o vácuo em que se<br />
acha, e a incerteza do que lhe sucederá,<br />
agravam-lhe as angústias. Dáse<br />
por fim a morte, e nem por isso<br />
está tudo terminado; a perturbação<br />
continua, ele sente que vive, mas<br />
não define se material, se espiritualmente,<br />
luta, e luta ainda, até que<br />
as últimas ligações do perispírito se<br />
tenham de todo rompido. A morte<br />
pôs termo à moléstia efetiva, porém,<br />
não lhe sustou as conseqüências, e,<br />
enquanto existirem pontos de contacto<br />
do perispírito com o corpo, o<br />
Espírito ressente-se e sofre com as<br />
suas impressões.<br />
11. Quão diversa é a situação<br />
do Espírito desmaterializado, mesmo<br />
nas enfermidades mais cruéis!<br />
Sendo frágeis os laços fluídicos que<br />
o prendem ao corpo, rompem-se<br />
suavemente; depois, a confiança do<br />
futuro entrevisto em pensamento<br />
ou na realidade, como sucede algumas<br />
vezes, fá-lo encarar a morte qual<br />
redenção e as suas conseqüências<br />
como prova, advindo-lhe daí uma<br />
calma resignada, que lhe ameniza<br />
o sofrimento.<br />
Após a morte, rotos os laços,<br />
nem uma só reação dolorosa que o<br />
afete; o despertar é lépido, desembaraçado;<br />
por sensações únicas: o<br />
alívio, a alegria!<br />
12. Na morte violenta as sensações<br />
não são precisamente as<br />
mesmas. Nenhuma desagregação<br />
inicial há começado previamente<br />
a separação do perispírito; a vida<br />
orgânica em plena exuberância de<br />
força é subitamente aniquilada.<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
Nestas condições, o desprendimento<br />
só começa depois da morte e não<br />
pode completar-se rapidamente. O<br />
Espírito, colhido de improviso, fica<br />
como que aturdido e sente, e pensa,<br />
e acredita-se vivo, prolongando-se<br />
esta ilusão até que compreenda o<br />
seu estado. Este estado intermediário<br />
entre a vida corporal e a espiritual<br />
é dos mais interessantes para<br />
ser estudado, porque apresenta o<br />
espetáculo singular de um Espírito<br />
que julga material o seu corpo fluídico,<br />
experimentando ao mesmo<br />
tempo todas as sensações da vida<br />
orgânica.<br />
Há, além disso, dentro desse<br />
caso, uma série infinita de modalidades<br />
que variam segundo os conhecimentos<br />
e progressos morais do<br />
Espírito. Para aqueles cuja alma está<br />
purificada, a situação pouco dura,<br />
porque já possuem em si como que<br />
um desprendimento antecipado,<br />
cujo termo a morte mais súbita não<br />
faz senão apressar. Outros há, para<br />
os quais a situação se prolonga por<br />
anos inteiros. É uma situação essa<br />
muito freqüente até nos casos de<br />
morte comum, que nada tendo de<br />
penosa para Espíritos adiantados,<br />
se torna horrível para os atrasados.<br />
No suicida, principalmente, excede<br />
a toda expectativa. Preso ao corpo<br />
por todas as suas fibras, o perispírito<br />
faz repercutir na alma todas as<br />
sensações daquele, com sofrimentos<br />
cruciantes.<br />
13. O estado do Espírito por<br />
ocasião da morte pode ser assim<br />
resumido: Tanto maior é o sofrimento,<br />
quanto mais lento for o<br />
desprendimento do perispírito; a<br />
presteza deste desprendimento está<br />
na razão direta do adiantamento<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
moral do Espírito; para o Espírito<br />
desmaterializado, de consciência<br />
pura, a morte é qual um sono breve,<br />
isento de agonia, e cujo despertar é<br />
suavíssimo.<br />
14. Para que cada qual trabalhe<br />
na sua purificação, reprima as más<br />
tendências e domine as paixões,<br />
preciso se faz que abdique das vantagens<br />
imediatas em prol do futuro,<br />
visto como, para identificar-se com<br />
a vida espiritual, encaminhando<br />
para ela todas as aspirações e preferindo-a<br />
à vida terrena, não basta<br />
crer, mas compreender. Devemos<br />
considerar essa vida debaixo de<br />
um ponto de vista que satisfaça ao<br />
mesmo tempo à razão, à lógica, ao<br />
bom-senso e ao conceito em que<br />
temos a grandeza, a bondade e a<br />
justiça de Deus. Considerado deste<br />
ponto de vista, o Espiritismo, pela<br />
fé inabalável que proporciona, é,<br />
de quantas doutrinas filosóficas<br />
que conhecemos, a que exerce mais<br />
poderosa influência.<br />
O espírita sério não se limita<br />
a crer, porque compreende, e<br />
compreende, porque raciocina; a<br />
vida futura é uma realidade que<br />
se desenrola incessantemente a<br />
seus olhos; uma realidade que ele<br />
toca e vê, por assim dizer, a cada<br />
passo e de modo que a dúvida não<br />
pode empolgá-lo, ou ter guarida<br />
em sua alma. A vida corporal, tão<br />
limitada, amesquinha-se diante da<br />
vida espiritual, da verdadeira vida.<br />
Que lhe importam os incidentes da<br />
jornada se ele compreende a causa e<br />
utilidade das vicissitudes humanas,<br />
quando suportadas com resignação?<br />
A alma eleva-se-lhe nas relações com<br />
o mundo visível; os laços fluídicos<br />
que o ligam à matéria enfraquecem-<br />
Fonte:<br />
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Págs. 166<br />
– 174. Feb. 1992.<br />
eStudo<br />
se, operando-se por antecipação um<br />
desprendimento parcial que facilita<br />
a passagem para a outra vida. A<br />
perturbação conseqüente à transição<br />
pouco perdura, porque, uma<br />
vez franqueado o passo, para logo<br />
se reconhece, nada estranhando,<br />
antes compreendendo, a sua nova<br />
situação.<br />
15. Com certeza não é só o<br />
Espiritismo que nos assegurarão<br />
auspicioso resultado, nem ele tem<br />
a pretensão de ser o meio exclusivo,<br />
a garantia única de salvação para<br />
as almas.<br />
Força é confessar, porém, que<br />
pelos conhecimentos que fornece,<br />
pelos sentimentos que inspira,<br />
como pelas disposições em que<br />
coloca o Espírito, fazendo-lhe<br />
compreender a necessidade de<br />
melhorar-se, facilita enormemente<br />
a salvação. Ele dá a mais, e a<br />
cada um, os meios de auxiliar o<br />
desprendimento doutros Espíritos<br />
ao deixarem o invólucro material,<br />
abreviando-lhes a perturbação pela<br />
evocação e pela prece. Pela prece<br />
sincera, que é uma magnetização<br />
espiritual, provoca-se a desagregação<br />
mais rápida do fluido perispiritual;<br />
pela evocação conduzida com sabedoria<br />
e prudência, com palavras de<br />
benevolência e conforto, combatese<br />
o entorpecimento do Espírito,<br />
ajudando-o a reconhecer-se mais<br />
cedo, e, se é sofredor, incute-se-lhe<br />
o arrependimento — único meio de<br />
abreviar seus sofrimentos. <br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
9
conFiança<br />
o Socorro de<br />
bezerra<br />
por Ramiro gama<br />
Lembrando a lenda do coelho<br />
que voltou à toca...<br />
Não há ninguém que<br />
não tenha, em sua vida, um Caso<br />
Espírita, revelando um ato de misericórdia<br />
de Deus.<br />
Poucos, todavia, são aqueles<br />
que têm o desassombro de os revelar<br />
ou permitir que corram mundo<br />
nas asas da publicidade...<br />
De muitos conhecidos nossos,<br />
que se dizem crentes e obsequiados<br />
pelo Espiritismo, ouvimos:<br />
- Contamos-lhe isto, aqui, entre<br />
vós, em segredo... Mas não vá<br />
publicá-lo...<br />
Temem, ainda, perder amigos,<br />
afrontar os preconceitos, contrariar<br />
os parentes...<br />
Querem ser servidos mas não<br />
querem Servir, testemunhar a<br />
Verdade e dar de si um exemplo<br />
de gratidão e humildade...<br />
Também, agraciados, melhorados<br />
no físico, não se dão pressa<br />
de lutar pela sua melhoria espiritual...<br />
E quando menos esperam, visto<br />
que não entenderam a advertência<br />
amorosa do Aguilhão Bendito,<br />
no dizer de Humberto<br />
de Campos, a enfermidade<br />
volta maior e mais grave<br />
para que traduzam a palavra de<br />
Vida do Divino Mestre, quando<br />
recomendava ao beneficiado pela<br />
sua Bondade:<br />
— Vai e não peques mais...<br />
É por isto que sem o aguilhão<br />
bendito seria impossível, ainda no<br />
dizer do inspirado e querido Irmão<br />
X., tanger o rebanho humano das<br />
lamas da Terra para as culminâncias<br />
do Céu.<br />
Uma melindrosa<br />
operação<br />
evitada pelo<br />
Espírito de<br />
Bezerra<br />
10 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
***<br />
O nosso Irmão M., residente<br />
no Rio, há tempos que vinha recebendo<br />
graças preciosas através<br />
do Espiritismo.<br />
Fazia-se mau entendedor para<br />
não extremar nas dádivas recebidas<br />
o chamado ao Bom Combate, ao<br />
caminho estreito e íngreme, à necessidade<br />
de sua reforma moral...<br />
E isto era dificílimo...<br />
Em 1943, num domingo de<br />
maio, sua esposa adoece gravemente.<br />
Tratava-se de uma inflamação<br />
nos ovários, que se agravara e<br />
se complicara com outras enfermidades<br />
antigas e que, no dizer<br />
dos Médicos, pedia intervenção<br />
cirúrgica imedita, urgentíssima, se<br />
bem que considerada melindrosíssima<br />
e com poucas esperanças de<br />
êxito...<br />
Dois dias correram.<br />
E na terça-feira, à tarde, depois<br />
de tudo preparado para a operação<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
inevitável no dia seguinte e visto<br />
que a doente piorava, sofrendo<br />
dores alucinantes, o nosso Irmão<br />
M., em estado de desespero, sai de<br />
casa, deixando todos os familiares<br />
inquietos. E bate às portas da Casa<br />
de Ismael.<br />
Eram 20 horas. A Sessão doutrinária<br />
e pública havia começado.<br />
M. Quintão prelecionava sobre o<br />
tema da noite:<br />
Doentes e Doenças à luz do<br />
Espiritismo, mostrando, com clareza<br />
e erudição e a uma assistência<br />
numerosa e homogênea, a Causa<br />
e os efeitos de nossas mazelas físicas<br />
e Espirituais.<br />
<strong>Nosso</strong> Irmão M. é tocado no<br />
imo da alma.<br />
Minha filha,<br />
tenha fé em<br />
Jesus. Em seu<br />
nome e por<br />
intercessão da<br />
Virgem, vamos<br />
medicá-la<br />
Ajoelha, ali mesmo, o Espírito<br />
enfermo, aflito, desgovernado. E<br />
pede com fé, entre o pranto sincero,<br />
que caroávei Bezerra, o Médico<br />
dos pobres, o Amigo dos desesperados<br />
e condenados pela Medicina<br />
da Terra, por misericórdia de<br />
Jesus, por intercessão da Virgem,<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
fosse ao seu lar e medicasse sua<br />
mulher e, se possível, que lhe<br />
evitasse a operação premeditada<br />
para a madrugada seguinte...<br />
E assim fica, em Prece, até o<br />
fim da Sessão.<br />
Somente sai de seu estado de<br />
profunda concentração e súplica,<br />
quando alguém lhe toca no<br />
ombro.<br />
Era M. Quintão, médium sensível,<br />
que lhe captou o pedido,<br />
que lhe sente o caso doloroso e<br />
lhe diz:<br />
— Vá, meu Irmão, em Paz e<br />
agradeça a Jesus que, pelo Espírito<br />
de Bezerra de Menezes, como pediu,<br />
acaba de medicar sua esposa<br />
e evitar-lhe a operação melindrosa...<br />
Procure ser digno da Graça<br />
recebida...<br />
<strong>Nosso</strong> Irmão M., coração aos<br />
pulos, com o rosto banhado de<br />
lágrimas, agradece a M. Quintão<br />
e desce a escadaria da Federação<br />
e, daí a uma hora, chega ao lar.<br />
Encontra-o em silêncio profundo..<br />
Surpreende-se amedronta-se. Pensa<br />
no desencarne da companheira. E<br />
entra, pé ante pé, suando, assustado.<br />
E, uma de suas cunhadas, vemlhe<br />
ao encontro e sussurra-lhe:<br />
— Silêncio, está dormindo desde<br />
as 20 horas, depois que você<br />
saiu. Parece que houve algum milagre<br />
porque deixou de gemer...<br />
Horas depois a enferma acorda,<br />
já melhorada, e diz:<br />
— Depois que meu marido<br />
saiu, momentos após, vi chegar<br />
à minha frente um velhinho<br />
simpático, vestido de branco com<br />
barbas grisalhas. Colocou as mãos<br />
à minha testa e diz: Minha filha,<br />
Fonte:<br />
conFiança<br />
tenha fé em Jesus. Em seu nome e<br />
por intercessão da Virgem, vamos<br />
medicá-la. Fui como que anestesiada<br />
e não vi mais nada. E a verdade<br />
é que dormi e agora não sinto mais<br />
dores. Acho-me melhor. Graças a<br />
Deus!<br />
No dia seguinte bem cedo, a<br />
ambulância e os Médicos do Gafree<br />
chegam à casa do Irmão M.<br />
Os facultativos examinam a<br />
doente e surpreendem-se, entreolham-se,<br />
admirados, constatando<br />
sua melhora e a desnecessidade<br />
da operação.<br />
E um, dentre eles, indaga ao<br />
Chefe da casa:<br />
— Que houve em nossa ausência,<br />
de ontem para cá?<br />
<strong>Nosso</strong> Irmão sorri e silenciase.<br />
Teme afrontar preconceitos,<br />
contar a graça recebida...<br />
Como o coelho da lenda, contada<br />
por Viriato Correia, depois<br />
do benefício recebido e chamado a<br />
um testemunho, entrou, de novo,<br />
na toca..., no clima das sombras,<br />
na vida sem Roteiro salvacionista,<br />
sem deveres libertadores e com a<br />
mente obnubilada pelas trevas do<br />
orgulho, à espera de outro toque,<br />
de uma outra chamada, de um<br />
outro empurrão maior, na pessoa<br />
do Aguilhão Bendito...<br />
E quantos, por esse Mundo de<br />
Deus ainda assim procedem!... <br />
GAMA, Ramiro. Lindos Casos de Bezerra de<br />
Menezes. Págs. 111 – 114. LAKE. 1983.<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
11
mediunidade<br />
diretrizes de Segurança<br />
por divaldo Franco e Raul Teixeira<br />
64. pode-se dizer que a responsabilidade do<br />
doutrinador é do mesmo nível da dos demais<br />
médiuns participantes da sessão?<br />
raul – é quase o mesmo que se indagar se a responsabilidade<br />
do timoneiro é a mesma da tripulação<br />
de um navio.<br />
o Livro dos Médiuns, no seu item 331 (capítulo<br />
29º), na palavra esclarecida de Allan Kardec, assevera<br />
que “a reunião é um ser coletivo”. Em sendo assim,<br />
não poremos dúvida de que todos são grandemente<br />
importantes no desenrolar da sessão.<br />
Sem laivos de dúvida, as responsabilidades se<br />
equiparam, sendo que cada qual estará atendendo<br />
as suas funções, mas todas são do mesmo modo<br />
importantes.<br />
Se o timão estiver bem conduzido e a casa de<br />
máquinas mal cuidada ou relaxada, poderão decorrer<br />
12 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
graves acidentes. o Contrário também ensejaria sérias<br />
conseqüências. Assim, médiuns, doutrinadores,<br />
aplicadores de passes precisarão estudar e renovarse,<br />
para melhor atender aos seus deveres.<br />
65. haverá necessidade de que, no início<br />
das sessões mediúnicas, todos os médiuns<br />
recebam seus mentores particulares, para<br />
garantirem suas presenças ou para deixar<br />
cada qual sua mensagem?<br />
raul - Não, não há. As leituras e meditações feitas<br />
na abertura da sessão, seguidas pela oração contrita<br />
e objetiva, assim como a predisposição positiva dos<br />
participantes dão-nos a garantia da presença e da<br />
conseqüente assistência dos Espíritos-guias, sem<br />
necessidade de que cada médium receba o seu<br />
mentor em particular.<br />
há circunstâncias em que o espírito responsável<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA mediunidade<br />
pelo labor a desenrolar-se comunica-se, após a abertura<br />
da sessão, para alguma mensagem orientadora,<br />
comumente versando sobre as lides a se processarem,<br />
concitando à atenção, ao aproveitamento, etc.<br />
doutras vezes, vem ao final das tarefas para alguma<br />
explicação, conclamação ao encorajamento e à perseverança,<br />
desfazendo quaisquer temores em função<br />
de alguma comunicação mais preocupante. Contudo,<br />
a comunicação de todos os guias, no mínimo, é desnecessária<br />
e sem propósito.<br />
66. o que pensar do médium que espera<br />
tudo do seu guia e do guia que faz tudo para<br />
o seu médium?<br />
divaldo - Que esse médium não está informado<br />
pela doutrina Espírita. A mediunidade não é uma<br />
faculdade de que o Espiritismo se fez proprietário.<br />
A mediunidade, sendo uma faculdade do espírito,<br />
expressa na organização somática do homem, é uma<br />
função fisiopsicológica.<br />
o Espiritismo possui a metodologia da boa<br />
condução da mediunidade. Por isso, há médiuns<br />
não-espíritas e espíritas não-médiuns.<br />
o fato de alguém dizer-se médium não significa<br />
que esse alguém seja espírita. Quando se espera que<br />
os guias assumam as nossas responsabilidades, nós<br />
nos omitimos do processo de crescimento, de evo-<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
lução. Porque se os Espíritos Superiores devessem<br />
eqüacionar os nossos problemas, seria desnecessária<br />
a nossa reencarnação. Isto facultaria a esses espíritos<br />
o progresso e não a nós. Se o professor solucionar<br />
todos os problemas dos alunos, estes não adquirirão<br />
experiência nem conhecimento para um dia serem<br />
livres e lúcidos. A tarefa dos benfeitores é a de inspirar,<br />
guiar, de apontar os caminhos. E a do homem<br />
é a de reconquistar a Terra, vencer os empeços,<br />
discernir e de aprimorar-se cada vez mais.<br />
Quando alguém diz que o seu guia lhe resolve os<br />
problemas, esses são guias que necessitam ser guiados.<br />
São entidades terra-a-terra, mais preocupadas<br />
com as soluções materiais, em detrimento das questões<br />
relevantes, que são as questões do espírito.<br />
Referiu-se Raul às lágrimas diárias de <strong>Chico</strong><br />
xavier, demonstrando que os benfeitores não lhe<br />
resolvem os problemas. Ensinam-no a solucioná-los<br />
mediante sua autodoação, que lhe exige o patrimônio<br />
das lágrimas.<br />
o médium que não haja chorado por amor, por<br />
solidariedade, que não haja padecido o escárnio da<br />
incompreensão e ainda não tenha sido crucificado<br />
no madeiro da infâmia é apenas candidato, ainda não<br />
tem as condecorações do Cristo, isto sem qualquer<br />
masoquismo de nossa parte, mas fruto de observações<br />
e experiências. <br />
Fonte:<br />
FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.<br />
Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
13
capa<br />
14 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
duas horas com <strong>Chico</strong> xavier<br />
por Ary Lex<br />
Ano de 1965. Fim de semana, com<br />
comemoração em Uberaba. Emílio<br />
Manso Vieira, mineiro de Alfenas,<br />
grande expositor espírita e membro da diretoria<br />
da FEESP, convida-me para ir com ele, em seu<br />
carro, passar três dias em Uberaba e visitar o<br />
<strong>Chico</strong>.<br />
Lá, ficamos em hotel, onde encontramos outros<br />
espíritas paulistas, entre os quais o Dr. Luiz<br />
Francisco Giglio, orador espírita muito procurado<br />
na época, então Juiz de Direito da cidade de<br />
Brotas, próxima a Bauru.<br />
Fomos assistir à reunião habitual das sextasfeiras,<br />
na Comunhão Cristã, onde <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong><br />
trabalhava. Após a reunião, enquanto o <strong>Chico</strong><br />
atendia as dezenas de visitantes, Manso Vieira<br />
falou com a auxiliar que programava as atividades<br />
do <strong>Chico</strong> e solicitou que ele atendesse a nós três<br />
(Manso Vieira, Dr. Giglio e eu), no sábado pela<br />
manhã, reservando-nos uns 20 ou 30 minutos, no<br />
que foi atendido. (Naquela época era possível)<br />
No sábado, às 8h00, já chegávamos à casa do<br />
<strong>Chico</strong>. O Waldo Vieira estava presente e ambos<br />
nos receberam com muita gentileza, no próprio<br />
dormitório de ambos. De início, impressionounos<br />
profundamente a simplicidade do local:<br />
camas rudes, com colchão de capim, cadeiras<br />
cujo assento era de tábuas serradas. Sabíamos que<br />
o <strong>Chico</strong> tivera infância modesta, mas o Waldo,<br />
médico recém-formado, jovem, bonito, com um<br />
mundo de atrações pela frente, morar com o <strong>Chico</strong><br />
em condições tão simples! O ambiente espiritual<br />
era extremamente elevado e agradável, como<br />
não poderia deixar de ser. Os dois nos deixaram<br />
à vontade, estimulando-nos às perguntas.<br />
Após algumas considerações sobre a Doutrina,<br />
tive a ousadia de me dirigir ao <strong>Chico</strong>, dizendo<br />
que, embora apreciasse muito suas obras psicografadas,<br />
tinha encontrado dificuldades com o livro<br />
<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>, publicado alguns anos antes, havendo<br />
mesmo coisas com as quais eu não concordava.<br />
Ele pediu-me que citasse algumas e eu, com o<br />
atrevimento que hoje não teria,enumerei: coro<br />
das mil vozes, ônibus aéreo, barba que cresce,<br />
aves que devoram formas-pensamento e alguns<br />
aspectos do Umbral.<br />
Logicamente, esperava algum protesto ou<br />
advertência por parte dos dois, acostumados que<br />
estavam a serem paparicados e quase endeusados<br />
pelos espíritas. Mas isso não aconteceu: o <strong>Chico</strong><br />
parou, concentrou-se e disse-me: André Luiz está<br />
presente e não se sente magoado com a análise<br />
que você faz. A análise demonstra que a obra foi<br />
tomada na devida consideração e deve ser sempre<br />
bem recebida. O livro é fruto de um curso que eu<br />
e o Waldo fizemos, às noites, em desprendimento,<br />
com recursos áudio-visuais e clareza de ensino<br />
formidável. Para mim, que não sou um mestre,<br />
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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
mas simples repórter (e é assim que<br />
Herculano Pires o chamava), tornava-se<br />
difícil transmitir para vocês<br />
encarnados aqueles nobres ensinos,<br />
considerando as minhas limitações e<br />
as dificuldades relativas à linguagem<br />
humana imperfeita e as imagens difíceis<br />
de serem traduzidas. Entendi<br />
perfeitamente e pedi tolerância para<br />
minha ousadia. <strong>Chico</strong> continuou:<br />
André Luiz é totalmente fiel à codificação<br />
e gosta que seus ensinos sejam<br />
confrontados com ela. Diz ele que se<br />
alguns de seus ensinos discordarem<br />
da Codificação, devem ser jogados<br />
no lixo e fiquemos com Kardec. Fiquei<br />
simplesmente embevecido com<br />
aquela humildade e aquela fidelidade<br />
à codificação. André Luiz subiu<br />
ainda mais no meu conceito.<br />
Já em 1967, quando escrevi um<br />
capítulo para o livro de Roque Jacinto:<br />
<strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong>, 40 anos no mundo<br />
da mediunidade (página 181), eu<br />
dizia: Para quem sente o problema,<br />
poderá André Luiz dar a impressão<br />
de que avança o sinal, de que faz<br />
afirmações fantasiosas. Nós, contudo,<br />
não endossamos semelhante<br />
juízo. Concordamos que ele se arroja<br />
no campo que apresenta, sem<br />
preocupação constante de fornecer<br />
a base científica de tudo. Mas se ele<br />
pretendesse se justificar cientificamente,<br />
na base de conceitos atuais,<br />
sua liberdade de informações ficaria<br />
restrita, sem possibilidade de transmitir-nos<br />
os ensinamentos como<br />
ele o faz, ensinos notadamente no<br />
campo moral. Ele tem a liberdade,<br />
portanto, de não ficar à espera de<br />
que a Ciência prove uma determinada<br />
ocorrência.<br />
Com sua visão de tempo, faz afirmações<br />
que no momento poderão<br />
chocar, mas que virão a ser compro-<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
vadas em detalhes no decorrer dos<br />
anos ou dos séculos.<br />
Essa orientação é perfeitamente<br />
estribada dentro da codificação.<br />
Voltemos à nossa conversa com<br />
<strong>Chico</strong>. Ele ainda se dispunha a<br />
nos trazer ensinos; entretanto, eu<br />
olhando o relógio lhe disse: Você<br />
nos concedeu meia hora: está cheio<br />
de gente lá fora o esperando e nós<br />
estamos aqui há quase duas horas!<br />
A resposta foi surpreendente: Vocês<br />
três têm graves problemas familiares<br />
e de doenças (Era verdade:<br />
minha mãe vivia seus últimos dias)<br />
Fiquei<br />
simplesmente<br />
embevecido com<br />
aquela humildade<br />
e aquela fidelidade<br />
à codificação<br />
e nenhum veio aqui para solicitar<br />
que os Espíritos os livrassem das<br />
provas. Vocês vieram se esclarecer<br />
sobre Doutrina e, por isso, o Mundo<br />
Espiritual lhes concedeu todas essas<br />
explicações e todo esse tempo.<br />
Magnífica lição que jamais esqueci<br />
e que tenho divulgado.<br />
A enorme maioria das pessoas<br />
que procura o <strong>Chico</strong> vai em busca<br />
de benefícios pessoais ou familiares.<br />
Se se trata de doenças graves,<br />
muitas vezes depois de esgotados<br />
os tratamentos médicos e quiçá os<br />
recursos financeiros, esperam que os<br />
espíritos, por um golpe de mágica,<br />
Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
os curem rápida e completamente<br />
e diríamos ainda, sem despesas.<br />
Se se trata de problemas pessoais,<br />
discórdias de família, dificuldades<br />
profissionais, geralmente em<br />
grande parte por falha de conduta<br />
ou descuidos morais, querem que<br />
os espíritos, contrariando a lei de<br />
causas e efeitos, os livrem imediatamente<br />
dessas provas, apagando as<br />
faltas, e para isso eles se apresentam<br />
“humildezinhos”, de cabeça baixa<br />
e ares de santidade. Se se trata de<br />
entes queridos, que são os casos<br />
mais freqüentes, cuja ausência no<br />
plano físico os deprime muito,<br />
solicitam sua presença permanente<br />
a seu lado, esquecendo-se de que<br />
os Espíritos têm tarefas outras no<br />
Mundo Espiritual. De qualquer<br />
forma, solicitam benesses e mais<br />
benesses, e durante as entrevistas,<br />
sugam as energias magnéticas e espirituais<br />
do médium extraordinário.<br />
Supõem que os Espíritos nada têm<br />
a fazer senão resolver os problemas<br />
dos peregrinos. O apoio espiritual<br />
é realmente importante e os nossos<br />
irmãos desencarnados de certo grau<br />
evolutivo estão sempre prontos a<br />
dá-lo, mas não queiramos fazer os<br />
Espíritos de muletas, sem as quais<br />
não podemos caminhar. O ensino<br />
e o conforto que eles nos trazem<br />
são preciosos, mas não podem<br />
afastar as nossas provas, porque as<br />
merecemos.<br />
Saímos da casa do <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong><br />
radiantes, bem dispostos, mais aptos<br />
a enfrentar as provas do dia-a-dia.<br />
Aquelas duas horas foram para mim<br />
duas das melhores da minha vida. <br />
Fonte:<br />
Jornal Espírita – Maio/2001<br />
capa<br />
15
inStrução<br />
breve Recordação da<br />
Mediunidade<br />
por Yvonne A. Pereira<br />
(...) Despertei, pela madrugada,<br />
vendo à beira do meu leito o Espírito<br />
de uma jovem a quem conheci<br />
bastante em minha mocidade, irmã<br />
de um amigo meu, já também falecido,<br />
chamada Carmelita. Pelo ano<br />
de 1938, essa moça suicidou-se por<br />
amor, em uma longínqua cidade<br />
de Minas Gerais, onde eu residia<br />
então.<br />
Diante do meu leito, ouvi que<br />
ela me dizia, numa expressão dramática,<br />
mas visivelmente resignada<br />
e serena ante a própria situação:<br />
- Yvonne, venho agradecer-lhe as<br />
preces que tão caridosamente você tem<br />
dirigido a Deus em minha intenção há<br />
quase quarenta anos. Ouvi-as sempre,<br />
assim como as leituras evangélicas para<br />
minha instrução. Consolaram-me muito<br />
e reanimaram-me, alguma coisa útil<br />
aprendi nessas leituras, as quais me<br />
ajudam. Venho despedir-me, pois vou<br />
reencarnar a fim de expiar e reparar<br />
meu pecado...<br />
Com uma prece, agradeci a<br />
gentileza, enquanto ela pedia para<br />
não esquecê-la jamais em minhas<br />
orações, pois a sua nova existência<br />
será amarga, duríssima.<br />
(...) Conforme dizia, a irmã do<br />
meu amigo chamava-se Carmelita,<br />
era gentil e mimosa, com aqueles<br />
cabelos louros bem tratados e os<br />
olhos luminosos de um puro azul<br />
celeste.<br />
Como toda jovem sonhadora, ao<br />
completar os vinte anos de idade,<br />
Carmelita desejou casar-se, mas foi<br />
infeliz na sua pretensão, porque o<br />
candidato não a amava: ele amava,<br />
sim, a uma sua irmã de nome Alice,<br />
a qual jamais se interessara por ele.<br />
Contudo, firmaram o contrato de<br />
O melhor<br />
antídoto para a<br />
dor de um amor<br />
infeliz sempre foi,<br />
em toda parte,<br />
o advento de um<br />
outro amor<br />
casamento e os preparativos para as<br />
bodas; em três meses, encontravamse<br />
preparados, inclusive o vestido<br />
tradicional e até os doces para os<br />
convidados.<br />
16 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
Na entrevéspera do casamento,<br />
porém, o noivo desapareceu de nossa<br />
cidade, fugindo para São Paulo,<br />
sem deixar sequer uma explicação,<br />
e nunca mais soube dele. O que<br />
Carmelita sofreu é fato que eu não<br />
saberia descrever aqui. Além de<br />
tudo, para maior martírio da pobre<br />
moça, cuja família lhe era um tanto<br />
hostil, seus irmãos a ridicularizavam<br />
com gracejos pesados e remoques<br />
irritantes, relembrando a fuga do<br />
noivo, que não a considerara nem<br />
mesmo com uma explicação do seu<br />
covarde gesto.<br />
Não obstante, Carmelita recuperou-se.<br />
Passou a freqüentar sessões<br />
de estudos evangélicos em um Centro<br />
Espírita onde encontrou amigos<br />
que a aconselharam e consolaram<br />
muito fraternalmente.<br />
O melhor antídoto para a dor<br />
de um amor infeliz sempre foi,<br />
em toda parte, o advento de um<br />
outro amor, que então passa a ser<br />
considerado o mais querido. Outro<br />
candidato apareceu, e Carmelita,<br />
sentimental, dirigiu a esse segundo<br />
noivo as emoções mais puras do<br />
seu coração. Mas, assim entretida e<br />
feliz, não mais se lembrava das doces<br />
reuniões evangélicas no Centro<br />
Espírita que a confortara nos dias<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
adversos. E três anos se passaram<br />
por entre dedicações, esperanças,<br />
carinhos edificantes, e também<br />
temores, ânsias, insônias.<br />
Estavam noivos e finalmente<br />
iam se casar.<br />
Um dia, porém, ao final de<br />
três anos de blandícias e ternuras,<br />
o noivo declarou-lhe que retirava<br />
a palavra empenhada. O pai, capitalista<br />
soberbo, não aprovava a<br />
união e declarara que o deserdaria<br />
se teimasse em se unir àquela criatura<br />
tão inferior a ele em fortuna e<br />
posição social.<br />
Então, Carmelita desesperouse.<br />
Após algumas vãs tentativas para<br />
a reconciliação, atormentada pelos<br />
irmãos, que lhe não perdoavam o<br />
novo fracasso, coberta de vergonha<br />
diante dos amigos, inconsolável<br />
ante o futuro, que se delineava sombrio,<br />
a pobre moça ingeriu terrível<br />
corrosivo: soda cáustica de mistura<br />
com iodo. Levou dois meses a<br />
morrer, durante os quais, imóvel<br />
sobre o leito, sofrendo dores incalculáveis<br />
nas entranhas corroídas<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
pelo tóxico, desfazia-se em vômitos<br />
de envolta com os quais viam-se<br />
fragmentos do próprio estômago e<br />
da garganta, para desespero de sua<br />
pobre mãe.<br />
E quando o féretro passou diante<br />
da vivenda do ex-noivo, por quem<br />
se desgraçara diante de Deus, com o<br />
ato do suicídio, este, que palestrava<br />
com um amigo, na porta da rua,<br />
não se virou sequer para, educadamente,<br />
homenagear a morta, que<br />
seguia para o Campo Santo.<br />
Creio inútil informar que nós,<br />
diretores do Centro Espírita que<br />
a acolhera quando do primeiro<br />
drama de sua vida, oramos por ela<br />
meses a fio, em lágrimas, suplicando<br />
ao Senhor misericórdia para o seu<br />
Espírito.<br />
***<br />
Cerca de seis meses após seu<br />
trágico decesso, despertei, pela madrugada,<br />
vendo em meu aposento<br />
o vulto venerável de Padre Vitor,<br />
um dos amados protetores do nosso<br />
núcleo espírita, que em vida fora<br />
inStrução<br />
considerado apóstolo da caridade.<br />
Disse-me ele:<br />
- Necessito, minha filha, do teu<br />
auxílio para Carmelita. Vem comigo,<br />
por obséquio.<br />
Caí em transe e segui, desdobrada,<br />
o fiel discípulo da Caridade.<br />
Reconheci-me, em seguida, no<br />
cemitério da cidade e percebi as<br />
cruzes que se elevavam aqui e ali,<br />
assinalando os túmulos. Absolutamente<br />
nenhum constrangimento<br />
me enervava. Era naturalmente<br />
que eu me conduzia junto àquele<br />
apóstolo.<br />
Vi-me, então, diante de Carmelita:<br />
ela sentava-se ao lado do<br />
túmulo onde fora sepultado seu<br />
corpo, servindo-se de um banquinho,<br />
reprodução mental do que<br />
existia em sua casa paterna, e que<br />
lhe pertencera na infância. Parecia<br />
estranhamente traumatizada,<br />
tolhida nos movimentos, extática,<br />
olhando, para o vácuo sem sequer<br />
uma vibração que demonstrasse<br />
vida; os olhos, antes tão luminosos<br />
e expressivos, agora apagados, como<br />
que cegos. Seu dramático vulto espiritual<br />
mostrava-se trajado como fora<br />
o corpo sepultado: o traje nupcial<br />
acrescido de um manto azul e uma<br />
grinalda de rosas na fronte. Padre<br />
Vítor, que ela não destacava do<br />
nevoeiro dos seus olhos, disse-me,<br />
pois eu ali nada mais era do que o<br />
seu médium, como o era em nossas<br />
sessões mediúnicas:<br />
- Fala-lhe por mim!<br />
Então, meu Deus! Coragem<br />
estranha acionou-me e eu exclamei,<br />
dirigindo-me a ela, enquanto se<br />
destacavam uma pequena lata de<br />
soda cáustica e um vidro de iodo,<br />
que a infeliz entidade segurava com<br />
as mãos crispadas:<br />
<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
17
inStrução<br />
- Carmelita, minha amiga querida!<br />
Volta a ti, em nome de Deus!<br />
Vem conosco, atira de tua mente<br />
essa lata e esse vidro que te estigmatizam!<br />
Não podes ficar aqui, eleva<br />
teu pensamento a Jesus, ora, minha<br />
filha, e levanta-te daí! Sabes que não<br />
possuis mais esse corpo, é preciso<br />
separar-te dele definitivamente!<br />
Deus é misericordioso, certamente<br />
que te ajudará!<br />
Mas ela respondeu, como que<br />
automaticamente:<br />
- Deus não existe. É mais uma<br />
ilusão que se desfez em minha vida.<br />
Tanto orei, pedi seu socorro para<br />
meus ideais! Fui esquecida também<br />
por ele!<br />
- Desperta, Carmelita! Raciocina,<br />
ora comigo! Levanta-te daí, vem<br />
conosco e sentirás alívio!<br />
- Não posso despegar-me “dele”.<br />
“Ele” é meu, tenho que vigiá-lo até<br />
o fim para que o não profanem.<br />
Preciso reavê-lo para continuar a<br />
vida de outra forma!<br />
- Isso acontecerá mais tarde,<br />
quando te reanimares. A misericórdia<br />
do eterno dar-te-á um novo<br />
ensejo com um novo corpo, esse<br />
que aí está não te servirá mais, está<br />
apodrecido, morto!<br />
E eu via, com efeito, o corpo,<br />
decompondo-se no fundo da cova,<br />
pois, para a visão espiritual não existem<br />
barreiras materiais. No entanto,<br />
ela parecia não me compreender,<br />
tal era a sua perturbação.<br />
Dez anos mais tarde, Carmelita<br />
apresentou-se em uma sessão do<br />
nosso núcleo espírita, acompanhada<br />
de Padre Vítor, seu protetor em<br />
Além-Túmulo. Não chorava. Seu<br />
palavreado era grave, discreto, e<br />
disse, servindo-se de um caridoso<br />
instrumento mediúnico.<br />
- Agradeço-vos o interesse pela<br />
minha sorte. Vossas preces, as<br />
leituras aqui ouvidas, fizeram-me<br />
imenso bem. Compreendo tudo.<br />
Eu desejava tornar à Terra a fim de<br />
expiar o meu erro. Foi lamentável o<br />
que fiz, porque o ser que me amava<br />
não estava na Terra e sim aqui, à minha<br />
espera. Eu nascera para servir<br />
ao Bem, a fim de merecê-lo. Meu<br />
gesto infame, porém, separou-me<br />
Foi lamentável o<br />
que fiz, porque<br />
o ser que me<br />
amava não<br />
estava na Terra<br />
e sim aqui, à<br />
minha espera<br />
dele por mais um século.<br />
O pai Eterno, no entanto, permitiu-me<br />
um estágio longo aqui,<br />
onde me encontro, a fim de, amparada<br />
por meus anjos protetores,<br />
instruir-me acerca das leis divinas e<br />
fortalecer-me para resistir nos dias<br />
de expiação que viverei na Terra,<br />
os quais serão difíceis e decisivos.<br />
Reencarnarei bem longe dos cenários<br />
onde desgracei-me, na França,<br />
pátria essa que também foi minha<br />
em várias existências passadas, e<br />
serei cega de nascença, irremediavelmente<br />
doente a vida inteira. Orai<br />
por mim. Necessito do auxílio dos<br />
corações caridosos.<br />
<strong>Nosso</strong> presidente, interessado<br />
18 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
nas instruções que o caso trazia<br />
sobre o suicídio, adveio:<br />
- É, minha filha... Perdoaste<br />
aqueles que amarguraram a tua<br />
vida? É necessário perdoar...<br />
- Nem sequer lembro-me deles.<br />
Não existem em minhas recordações.<br />
Foram ingratos e covardes.<br />
E, depois desse dia, trinta e oito<br />
anos se passaram, durante os quais<br />
ela permaneceu no mundo espiritual,<br />
preparando-se para o futuro.<br />
Nos primeiros dias do mês de<br />
maio último, Carmelita apresentouse<br />
à minha visão espiritual. Estava<br />
serena, confiante, fortalecida pela<br />
esperança.<br />
- Adeus, minha boa amiga!<br />
Obrigada pelas suas preces tão perseverantes.<br />
Somente agora encontro-me<br />
em condições para resistir às<br />
provações que me esperam. Sofrerei<br />
intensamente. Mas é preciso que<br />
seja assim, a meu próprio benefício.<br />
Não me esqueça em suas orações.<br />
Outro corpo foi-me concedido pela<br />
bondade de Deus...<br />
E lentamente desapareceu de<br />
minha vidência.<br />
E assim foi, meu leitor. Não há<br />
condenação eterna, porque Deus<br />
não repeliria a sua própria criação.<br />
O que há é o cumprimento de uma<br />
lei. E, tal como ela é, precisaremos<br />
aceitá-la para nossa própria salvação.<br />
<br />
Fonte:<br />
PEREIRA, Yvonne A. Cânticos do coração. Cap.<br />
IV. Págs. 43 - 50. Celd. RJ/RJ. 1994.<br />
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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA enSinamento<br />
Cartomante<br />
por Lamartine Palhano jr.<br />
Não posso deixar de<br />
registrar aqui o caso de<br />
obsessão de encarnado<br />
para desencarnado que acompanhei<br />
durante sete sessões mediúnicas<br />
apropriadas para desobsessão. Na<br />
primeira sessão, observei que a<br />
médium, D. Amyres de Maria Pinto<br />
Ester, influenciada por alguma<br />
entidade, demonstrava uma ação<br />
psíquica, como se carteasse com um<br />
baralho. Suas mãos, com agilidade,<br />
pareciam jogar cartas sobre a mesa.<br />
Aproximei-me e perguntei à entidade<br />
que se manifestava o porquê<br />
de sua vinda até nosso ambiente.<br />
Respondeu-me:<br />
- Quer saber o seu futuro? Posso<br />
ler o seu passado, seu presente e o<br />
seu futuro!<br />
- Não, não... Estou aqui em<br />
nome de Deus para atender e<br />
ajudar a todos os que aqui vêm.<br />
Se você precisa de ajuda, aqui é o<br />
lugar certo. Não queremos os seus<br />
serviços, pode ficar tranqüilo. Mas,<br />
se você está precisando de alguma<br />
coisa, pode falar. A mediunidade<br />
aqui é útil e gratuita, nunca mera<br />
curiosidade. Entendeu?<br />
A entidade relutou um pouco<br />
e disse que ia pensar. Na sessão seguinte,<br />
através da mesma médium,<br />
o espírito jogador de cartas voltou<br />
e insisti que ele estava entre amigos<br />
e todos estávamos ali em preces por<br />
ele. Envolvi-o em sinceras vibrações<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
de amizade e desejo de ajudá-lo.<br />
Foi aí que ele parou de cartear e<br />
suplicou:<br />
- Ajudem-me, então, já não<br />
agüento mais. Há vinte anos que<br />
estou preso a essa mulher que não<br />
me deixa partir.<br />
Perguntei-lhe:<br />
- O que aconteceu, amigo?<br />
- Eu estava por aí, sem destino,<br />
quando a encontrei e senti que ela<br />
podia perceber-me. Comecei, então,<br />
a ditar para ela coisas curiosas a respeito<br />
das pessoas amigas e parentes<br />
dela. Sem que eu tomasse conta,<br />
ela começou a receber pessoas em<br />
sua casa para que eu esclarecesse<br />
sobre as questões dos consulentes.<br />
Cada vez mais sentia-me orgulhoso<br />
em demonstrar o quanto eu podia<br />
fazer através da clarividência dela.<br />
Por um bom tempo ficamos assim.<br />
Não havia hora, sempre que aparecia<br />
alguém ele me chamava, jogava<br />
as cartas, e eu ia descrevendo os<br />
intrincados problemas alheios.<br />
Um dia, senti-me cansado de tudo<br />
aquilo e resolvi ir embora, aquelas<br />
coisas não mais me interessavam.<br />
Tomei novo rumo. No dia seguinte,<br />
já estava longe, buscando outros interesses,<br />
quando fui violentamente<br />
arrastado e, aturdido, percebi que<br />
estava imantado à cartomante, que<br />
me evocava decidida a atender mais<br />
um cliente que queria respostas às<br />
suas dúvidas. Desde então, há vinte<br />
anos, estou preso a ela. É uma situação<br />
infernal.<br />
Diante de tal situação, pedi-lhe<br />
que tivesse calma, pois todos estávamos<br />
ali, justamente para ajudálo.<br />
Disse-lhe que ele haveria de se<br />
libertar e comecei a evangelizá-lo.<br />
Apliquei-lhe passes e ensinei-o a<br />
recorrer a Deus e a buscar Sua ajuda.<br />
Isso prosseguiu por mais cinco<br />
sessões, até que ele disse não estar<br />
mais sendo atraído pelas evocações<br />
da cartomante. Pedi aos bons espíritos<br />
que o encaminhassem para<br />
refazimento e novas orientações<br />
em lugares apropriados do mundo<br />
espiritual. <br />
Fonte:<br />
PALHANO JR, Lamartine. Diário de um espírita.<br />
Pág. 127. Lachatre. RJ/RJ. 1994.<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
19
menSagem<br />
A Fé e o Amor<br />
por Cairbar Schutel<br />
Sabedoria e santidade são<br />
os dois atributos para a<br />
aquisição da felicidade.<br />
A Luz dá sabedoria, a Religião dá<br />
santidade, mas só o Amor resume<br />
toda a Lei e a Profecia.<br />
A Esperança consola e anima;<br />
a Caridade robustece e ampara; a<br />
Fé salva; o Amor anima todas estas<br />
virtudes; o Amor é a Lei.<br />
Os homens titubeiam; a Humanidade<br />
degrada; tudo parece perdido<br />
como a nau batida pela tempestade!<br />
Eis que aparece o Amor e faz<br />
ouvir sua voz convincente: tudo se<br />
acalma!<br />
A bonança sucede à impetuosidade<br />
dos ventos e à fúria dos mares!<br />
a luz sucede às trevas como o dia<br />
sucede à noite!<br />
Não há o que melhor manifeste<br />
a Lei de Deus do que o Amor. Seu<br />
nome, escrito unicamente com quatro<br />
letras, indica os quatro pontos<br />
cardeais da felicidade espiritual;<br />
suas letras são luzes; sua luz brilha<br />
mais e aquece melhor que o Sol!<br />
A Esperança está ligada à Imortalidade;<br />
mas a Fé é inseparável do<br />
Amor.<br />
A mulher enferma, cheia de fé,<br />
aproxima-se do Senhor, toca-lhe as<br />
vestes. “Assim fazendo, pensou, ficarei<br />
curada do mal que há muitos anos me<br />
aflige”. E o milagre efetuou-se!<br />
Assim também sucederá a todos<br />
aqueles que tiverem fé e de Jesus se<br />
aproximarem: “O que me seguir não<br />
verá trevas.”<br />
Todos os que tiverem Fé, e com<br />
Fé buscarem vencer as dificuldades,<br />
triunfarão porque o Amor coopera<br />
com a Fé para abater barreiras,<br />
destruir domínios, aniquilar empecilhos<br />
e suprimir dificuldades.<br />
“Se tiveres fé, disse Jesus, dirás<br />
a este monte: passa-te para lá e ele<br />
passará.”<br />
20 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
“Uma mulher que havia doze anos padecia de uma hemorragia e que tinha sofrido bastante<br />
às mãos de muitos médicos e gastado tudo o que possuía, sem nada aproveitar, antes<br />
ficando cada vez pior, tendo ouvido falar a respeito de Jesus veio por detrás entre a multidão e<br />
tocou-lhe a capa; porque dizia: se eu tocar somente as suas vestes, ficarei curada. E no mesmo<br />
instante cessou sua hemorragia, e sentiu no seu corpo que estava curada do seu flagelo.<br />
“E Jesus disse-lhe: Filha, a tua fé te curou; vai-te em paz, e fica livre de teu mal.”<br />
(Marcos, V. 25-34.)<br />
“Se tiveres fé, dirás a esta figueira:<br />
transplanta-te para além, e assim<br />
acontecerá.”<br />
A missão exclusiva de Jesus foi<br />
reviver os corações na Fé, para que<br />
as almas cheguem às alturas do<br />
amor de Deus.<br />
Em todas as suas excursões, o<br />
Mestre semeava Fé, para que as gentes,<br />
com o seu produto, granjeassem<br />
os tesouros do Amor.<br />
É assim que, cultivando seus<br />
ensinos, nós alçaremos os mundos<br />
de luz que se movimentam no Éter<br />
acionados pela vontade de Deus.<br />
A Luz dá Sabedoria e salva; Jesus<br />
é o Caminho a Verdade e a Vida;<br />
o Amor é a Lei. <br />
Fonte:<br />
SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de<br />
Jesus. Págs. 214 – 215. Casa Editora O Clarim.<br />
1979.<br />
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Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
os doze Apóstolos<br />
por Claire Llewellyn<br />
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Jesus tinha muitos discípulos. Desses<br />
ele escolheu doze para serem seus fiéis<br />
amigos e ajudarem em seu trabalho.<br />
Eram eles: Tiago e seu irmão João, Pedro,<br />
André, Mateus, Filipe, Simão (o Zelota),<br />
Bartolomeu, Tomé, Tiago (filho de Alfeu),<br />
Tadeu e Judas Iscariotes.<br />
Os doze apóstolos tinham diferentes<br />
meios de vida. Quatro deles – Tiago, João,<br />
Pedro e André – eram pescadores, e Mateus<br />
era um coletor de impostos. Todos deixaram<br />
seus trabalhos para seguir Jesus, porque foram<br />
inspirados por suas palavras e ações.<br />
Quanto mais os apóstolos conheciam Jesus,<br />
mais crescia a fé que tinham nele. Todos<br />
acreditavam que ele era o Messias e viram os<br />
muitos milagres que ele fez.<br />
Certa noite, Pedro, Tiago e João viram<br />
Jesus, numa luz resplandecente, na companhia<br />
Fonte:<br />
LLEWELLYN, Claire. 70 Personagens da Bíblia. Pág. 48 – 49. <strong>Lar</strong>ousse do Brasil. 2003.<br />
hiStória<br />
dos grandes profetas Moisés e Elias. E ouviram<br />
a voz de Deus chamá-lo de “meu Filho”.<br />
Na última semana da vida de Jesus, houve<br />
uma festa importante dos judeus, chamada<br />
Páscoa. Jesus comemorou a Páscoa comendo<br />
com seus apóstolos em Jerusalém. Seria a<br />
última ceia em que estariam juntos. Jesus<br />
revelou que um deles ia traí-lo e entregá-lo<br />
a seus inimigos. Ele disse: “Aquele a quem<br />
eu der este pão será o traidor”. E deu o pão<br />
para Judas.<br />
No dia seguinte, Judas guiou os soldados<br />
romanos até um horto, onde Jesus rezava, e<br />
mostrou quem ele era dando-lhe um beijo.<br />
Os soldados levaram Jesus.<br />
Os apóstolos ficaram profundamente tristes<br />
com a morte de Jesus, mas continuaram<br />
a pregar o que ele tinha ensinado e a falar<br />
sobre sua vida. <br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
21
enSinamento<br />
Incredulidade<br />
por viana de Carvalho / dIvaldo P. Franco<br />
O<br />
problema da incredulidade<br />
do homem<br />
a respeito da vida espiritual<br />
resulta de muitos fatores<br />
que têm caráter imediatista. Primeiro,<br />
do engodo propiciado por<br />
algumas crenças religiosas que,<br />
pretendendo explicar a Divindade,<br />
lhe atribuíram natureza humana<br />
com humanas paixões. Segundo,<br />
porque, despertando após a morte<br />
do corpo, no mundo da consciência,<br />
os discípulos e fiéis de ditas<br />
crenças não encontraram o proclamado<br />
paraíso, derrapando em<br />
funda amargura ao constatarem a<br />
continuação da vida nos moldes em<br />
que fora plasmada no organismo<br />
22 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
físico, sem o acumpliciamento de<br />
milagres transformadores das paisagens<br />
íntimas, a golpes de subornos<br />
emocionais. Ainda, também, em<br />
razão do atavismo animal, pela fixação<br />
nas manifestações sensoriais<br />
de que, somente através de esforços<br />
contínuos no sentido da elevação<br />
pessoal, se conseguirá libertar. Em<br />
suma, por injunção dos homens<br />
preconceituosos, que, se dizendo<br />
amantes da Ciência, mesmo quando<br />
animados de propósitos nobres,<br />
pesquisam e indagam, resolvendose,<br />
porém, por uma atitude sempre<br />
cética, mesmo após defrontarem<br />
as aneladas constatações que procuram,<br />
apressadamente, dar outro<br />
conteúdo explicativo, fugindo à<br />
realidade da sobrevivência do ser a<br />
destruição da tecelagem material.<br />
Tão normal e exclusivo parece<br />
o mundo sensorial ao homem que,<br />
defrontado pela manifestação da<br />
realidade parafísica, se deixa fascinar<br />
pelo anelo de impor-lhe regras<br />
caprichosas e metodologia especial,<br />
malgrado reconheça viver numa<br />
expressão orgânica que é efeito<br />
de outra, mesmo não lhe sabendo<br />
explicar a causalidade.<br />
Quando defrontado pelo fenômeno<br />
mediúnico ou anímico,<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
paranormal em qualquer expressão,<br />
propõe especificidade de manifestação,<br />
armando-se de ardis e suspeitas<br />
que chegam, não raro, ao absurdo,<br />
senão ao ridículo. Acautelam-se<br />
e propõem fórmulas, desconsiderando<br />
a possibilidade de que os<br />
agentes desses fenômenos sejam<br />
portadores de uma natureza espiritual,<br />
homens, portanto, apesar<br />
da ausência corporal, caprichosos<br />
uns, arrogantes outros, como os<br />
próprios examinadores... Todavia,<br />
quando constatam a legitimidade<br />
de uma informação mediúnica de<br />
ordem intelectual apelam ora para<br />
a telepatia, ora para a hiperestesia,<br />
asseverando que tal informe não<br />
é válido porque já conhecido por<br />
alguém. E se não o podem comprovar,<br />
ei-lo negado por ausência de<br />
sustentação probante da sua validade.<br />
No que tange aos fenômenos<br />
de natureza objetiva, recorrem aos<br />
poderes psicocinéticos da mente,<br />
atribuindo-lhe caráter quase divino<br />
e força criadora absoluta, capazes<br />
de acionar, mediante mecanismos<br />
complexos e inexplicáveis, os corpos<br />
sólidos, interpenetrá-los, materializá-los<br />
e desconectá-los...<br />
Se defrontam uma forma espiritual<br />
materializada, recorrem desde<br />
à alucinação aos misteriosos ardis<br />
do subconsciente, sempre negando<br />
a causa. Quando registrados por<br />
aparelhagem sensível da eletrônica,<br />
filmados e medidos, reagem de<br />
início à possibilidade do princípio<br />
imortalista, recorrendo a sofismas<br />
bem armados e à presunção de que<br />
os fatos já observados, discutidos e<br />
catalogados não bastam.<br />
Nunca, porém, conseguem<br />
uma forma de examinar o fenômeno,<br />
senão afirmando sempre<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
tratar-se de uma burla da mente<br />
que, apesar disso, se obstina em<br />
confirmar a procedência espírita,<br />
embora a sistemática negação dos<br />
que o promovem ou dele se fazem<br />
instrumento. Os fatos, porém, são<br />
severos, e estes, a pouco e pouco,<br />
vão rompendo a vaidosa casca em<br />
que se refugiam os incrédulos que,<br />
espicaçados pela dor ou pela curiosidade,<br />
vencidos pela sofreguidão<br />
das complexas engrenagens da alma<br />
É a vitória do<br />
homem sobre<br />
si mesmo que<br />
o faz valoroso,<br />
cheio de<br />
coragem e fé<br />
em aturdimento ou da pesquisa<br />
honesta, vão cedendo campo e<br />
reconhecendo a própria pequenez<br />
em que labutam diante da grandiosidade<br />
da Vida na qual estão,<br />
inapelavelmente, engajados.<br />
Criticados os mais audaciosos<br />
que se resolvem pela honestidade<br />
das afirmações resultantes de<br />
laboriosos anos de investigação e<br />
estudos, fazem-se, todavia, pioneiros<br />
fáceis de serem imitados pelos<br />
que os sucedem.<br />
Médicos, genetas, biólogos, psiquiatras,<br />
psicólogos, neurólogos,<br />
patologistas, parapsicólogos e tantos<br />
outros estudiosos das ciências<br />
da vida relatam suas experiências,<br />
eSclarecimento<br />
dão-se as mãos e superam as chulas<br />
zombarias da empáfia como<br />
da acomodação, as vãs e ridículas<br />
agressões de periodistas mal informados,<br />
que vivem a soldo do<br />
escândalo e da aventura, somando<br />
e documentando fenômenos que<br />
se transformam em inamovíveis<br />
bases das suas afirmações. Cautelosos,<br />
vêm a público, a princípio<br />
em monografias, em conferências<br />
entre seus pares como a discreta<br />
madrugada sobre a noite dominante,<br />
e, por fim, superando barreiras,<br />
em livros, reportagens, congressos<br />
e conferências públicas.<br />
É a vitória do homem sobre si<br />
mesmo que o faz valoroso, cheio<br />
de coragem e fé nas altas e nobres<br />
expressões da Humanidade.<br />
Por fim, a morte soberana e<br />
fatalista, dominadora das funções<br />
transitórias do corpo somático, se<br />
aproxima e consome a todos, facultando<br />
aos calcetas e renitentes a<br />
constatação, embora a longo prazo,<br />
da causalidade e sobrevivência, não<br />
raro, a pesado tributo de amargura,<br />
arrependimento tardio e sombra...<br />
Mesmo nesse caso, porque vigem<br />
o amor e a misericórdia de Deus,<br />
o futuro se abre promissor a todos,<br />
facultando-lhes recomeço para a<br />
ascensão e reinício de lutas para a<br />
liberdade, a fim de lograr as altas<br />
metas do existir. <br />
Fonte:<br />
Vianna de Carvalho<br />
FRANCO, Divaldo P. Sementes de Vida Eterna.<br />
Págs. 31 – 34. Livraria Espírita “Alvorada”<br />
– Editora. 1978.<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
23
homenagem<br />
homenagem a<br />
Cairbar Schutel 1<br />
por orson Peter Carrara<br />
Foi no dia 30 de janeiro<br />
de 1938 que ele retornou<br />
à pátria espiritual.<br />
Nascido no Rio de Janeiro, em<br />
22 de setembro de 1868, fixou-se<br />
posteriormente em Matão, onde<br />
plantou as sementes do bem,<br />
conforme registra a história do<br />
grande seareiro.<br />
Mais que lembrar a data de<br />
desencarnação, vale destacar o<br />
esforço empreendido pelo notável<br />
Cairbar Schutel, em Matão, na<br />
divulgação do Espiritismo, o que<br />
deixou clara sua posição de grande<br />
comunicador.<br />
Tomando conhecimento dos<br />
ensinos trazidos pelo Espiritismo,<br />
o moço que viera do Rio de<br />
Janeiro e se instalara no pequeno<br />
município paulista que ele mesmo<br />
auxiliara emancipar-se politicamente,<br />
não teve dúvidas: lançouse<br />
de corpo e alma para que tais<br />
1. Adaptação do título original<br />
ensinos se tornassem conhecidos<br />
e pudessem beneficiar mais e mais<br />
pessoas.<br />
A partir da fundação de um<br />
Durante os<br />
próximos 33 anos,<br />
de 1905 a 1938,<br />
dedicou sua vida<br />
completamente<br />
à divulgação e<br />
à vivência do<br />
Espiritismo<br />
centro espírita e de um jornal<br />
que já é centenário, sua atuação<br />
24 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
FidelidadESPÍRITA | Maio 2009<br />
extrapolou os limites da então<br />
pequena Matão, projetando-se<br />
através das décadas para o cenário<br />
internacional, principalmente<br />
após o surgimento de sua querida<br />
RIE, fundada em 1925.<br />
Da distribuição avulsa pelas<br />
ruas da cidade, nos trens de passageiros,<br />
na remessa a cidades<br />
vizinhas e na postagem que se<br />
ampliou gradativamente para todo<br />
o Brasil, o pequeno jornal foi um<br />
farol a despertar consciências<br />
adormecidas para a realidade da<br />
imortalidade da alma, da pluralidade<br />
das existências e da comunicabilidade<br />
dos espíritos, entre<br />
outros princípios da Doutrina<br />
Espírita.<br />
Vale acentuar que, em 1905,<br />
quando Schutel iniciou seu apostolado,<br />
sua idade era de apenas<br />
36 anos. Durante os próximos 33<br />
anos, de 1905 a 1938, dedicou sua<br />
assine: (19) 3233-5596
Maio 2009 | FidelidadESPÍRITA<br />
vida completamente à divulgação<br />
e à vivência do Espiritismo.<br />
É importante destacar também<br />
o aspecto de vivência. Afinal ele<br />
foi um autêntico cristão, nunca<br />
desprezando ou ignorando quem<br />
quer que o buscasse. Jamais teve<br />
atitudes de indiferença ou discriminação<br />
quanto aos pobres e<br />
necessitados que o procuravam<br />
em busca de consolo moral ou em<br />
busca do socorro material.<br />
Mas sua grande marca foi<br />
mesmo o de comunicador. Além<br />
dos periódicos que publicou, dos<br />
livros que escreveu, das palestras<br />
proferidas, do incentivo doutrinário<br />
distribuído, ele igualmente<br />
influenciou expressivamente toda<br />
uma geração de espíritas. Seu<br />
exemplo, seu estímulo, a notável<br />
seqüência pioneira dos programas<br />
radiofônicos (depois transformada<br />
em livro), fizeram dele um comunicador<br />
por excelência.<br />
Há que se destacar também<br />
que, mesmo após a desencarnação,<br />
seu trabalho continua. Ditou<br />
várias mensagens, por diferentes<br />
Fachada antiga da redação do jornal o Clarim em Matão<br />
assine: (19) 3233-5596<br />
médiuns, já foi identificado igualmente<br />
mediunicamente em locais<br />
onde o assunto é divulgação espírita<br />
e, por relatos idôneos, pode-se<br />
afirmar que ele é um dos espíritos<br />
coordenadores da expansão do<br />
pensamento espírita, inclusive no<br />
âmbito internacional.<br />
Cairbar percebeu de imediato a<br />
proposta do Espiritismo, exposta<br />
com clareza por Allan Kardec em<br />
O Livro dos Espíritos, obra que<br />
alcançou seus 150 anos de publicação<br />
em 2007, pois que lançada<br />
em 18 de abril de 1857.<br />
Cairbar percebeu<br />
de imediato a<br />
proposta do<br />
Espiritismo,<br />
exposta com<br />
clareza por Allan<br />
Kardec<br />
Fonte:<br />
homenagem<br />
Fica claro perceber o alcance<br />
da comunicação espírita. Ela, a<br />
Doutrina Espírita, não é estanque,<br />
mas dinâmica. Sua própria índole<br />
cristã é comunicativa. Surgiu com<br />
a publicação de livros, projetou-se<br />
através de livros e comunicação<br />
verbal, alcançou respeito pela<br />
comunicação vivida na prática<br />
e atualmente vive a realidade de<br />
ver seus temas essenciais serem<br />
tratados abertamente pela mídia.<br />
Ora, o trabalho iniciado pelos<br />
espíritos, percebido por Allan<br />
Kardec – que lhe organizou metodicamente<br />
os ensinos –, vitalizado<br />
pela marcante presença de <strong>Chico</strong><br />
<strong>Xavier</strong>, mas igualmente estimulado<br />
pelo trabalho de homens da<br />
fibra de Cairbar Schutel, entre<br />
tantos anônimos ou conhecidos,<br />
do presente ou do passado, é fator<br />
que nos convida à reflexão.<br />
Que atuação estamos tendo<br />
para continuar referido empreendimento,<br />
cujo objetivo é espiritualizar<br />
o ser humano? Especialmente<br />
na condição de dirigentes<br />
e coordenadores das instituições<br />
inspiradas pelo ideal espírita...<br />
Exemplos não nos faltam.<br />
Entre eles, um comunicador por<br />
excelência: Cairbar de Souza Schutel<br />
(1868-1938). <br />
http://www.orsonpcarrara.k6.com.br/<br />
Uma publicação publicação do Centro Centro de Estudos Estudos Espíritas Espíritas “<strong>Nosso</strong> “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP <strong>Campinas</strong>/SP<br />
25
com todaS aS letraS<br />
Assista sempre ao<br />
jogo<br />
por Eduardo Martins<br />
Saber se um verbo pede ou não preposição e,<br />
se pede, qual deve ser usada é uma das principais<br />
dificuldades de quem escreve ou gosta<br />
de falar com correção o português. Até porque, em<br />
muitas ocasiões, a forma vernácula, correta, diverge<br />
da coloquial ou popular. Esse é o caso, por exemplo,<br />
do verbo assistir.<br />
No seu sentido mais comum, o de ver ou estar<br />
presente, exige sempre a preposição a. Assim: O<br />
torcedor garantiu que vai assistir à final do campeonato.<br />
/ Ninguém quis assistir ao show. / Os fiéis assistiram à<br />
missa. / Os amigos não pensavam que um dia iriam assistir<br />
à sua ruína.<br />
Como não existe voz passiva com verbos transitivos<br />
indiretos (que pedem complemento com preposição),<br />
são erradas estas construções: O jogo “foi assistido”<br />
(presenciado) por 60 mil pessoas. / Era o telejornal mais<br />
“assistido” (visto) do País.<br />
Ainda sobre um jogo ou espetáculo, não se pode<br />
dizer: Perdi o jogo, mas queria tanto “assisti-lo”. / Saiu para<br />
ir à missa, mas não pôde “assisti-la” por causa da chuva.<br />
Como se explicou, pelo fato de ser indireto, o verbo<br />
rejeita o o (ou sua variação lo) como complemento. O<br />
certo, então: Perdi o jogo, mas queria tanto assistir a ele.<br />
/ Saiu para ir à missa, mas não pôde assistir a ela.<br />
Nesse sentido, ainda, assistir é um dos verbos<br />
que, embora indiretos, não admitem o pronome lhe<br />
(outros são ajudar, recorrer, aspirar e presidir). Dessa<br />
forma, quem assiste a uma sessão ou a um espetáculo<br />
não pode dizer que “lhe assistiu”, embora o verbo se<br />
26 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “<strong>Nosso</strong> <strong>Lar</strong>” – <strong>Campinas</strong>/SP<br />
Fonte:<br />
FidelidadESPÍRITA |Maio 2009<br />
construa com a preposição a, mas apenas que assistiu<br />
a ela ou a ele.<br />
Assistir é transitivo direto e, portanto, dispensa o<br />
a quando é sinônimo de ajudar, socorrer: O governo<br />
assistiu os flagelados. / O hospital não assistia doentes<br />
sem recursos. Nesse caso é correto o uso da passiva:<br />
Os flagelados foram assistidos pelo governo. E também se<br />
pode recorrer à forma assisti-lo. Veja como: Garantiu<br />
ao amigo que iria assisti-lo no que fosse necessário. / Visitou<br />
os feridos porque queria assisti-los com roupas e alimentos.<br />
O verbo pode ser indireto (com preposição) em<br />
outro de seus significados, o de caber (direito, razão) a<br />
alguém: Não assistia direito algum aos reclamantes. /Não<br />
lhes assistia razão no protesto. Repare: este é o único caso<br />
em que assistir admite lhe.<br />
o ExEMPLo LITERáRIo<br />
Um sentido muito pouco conhecido de<br />
assistir e presente praticamente na literatura,<br />
apenas, é o de morar, residir, habitar.<br />
O gramático Celso Cunha cita dois<br />
exemplos.<br />
Um de Guimarães Rosa: “Você então está<br />
assistindo por aqui, neste começo de Gerais?”<br />
E outro de Afonso Arinos: “Dois daqueles<br />
assistiam no termo de Vila Nova da Rainha.”<br />
MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.<br />
27. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.<br />
assine: (19) 3233-5596
O Povo e o Evangelho<br />
A perseguição aos postulados do Cristianismo<br />
é de todos os tempos.<br />
Nos próprios dias do Mestre Divino, nos<br />
círculos carnais, já se exteriorizavam hostilidades<br />
de todos os matizes contra os movimentos<br />
da iluminação cristã.<br />
Em todas as ocasiões, no entanto, tem<br />
sido possível observar a gravitação do povo<br />
para Jesus. Entre Ele e a multidão, nunca se<br />
extinguiu o poderoso magnetismo da virtude<br />
e do amor.<br />
Debalde surgem medidas draconianas da<br />
ignorância e da crueldade, em vão aparecem<br />
os prejuízos eclesiásticos do sacerdócio, quando<br />
sem luz na missão sublime de orientar;<br />
cientistas presunçosos, demagogos subornados<br />
por interesses mesquinhos, clamam<br />
nas praças pela consagração de fantasias<br />
brilhantes.<br />
“E não achavam meio de lhe fazerem mal, porque<br />
todo o povo pendia para ele, escutando-o.”<br />
(Lucas, 19:48.)<br />
Emmanuel - <strong>Chico</strong> <strong>Xavier</strong><br />
Vinha de Luz<br />
O povo, porém, inclina-se para o Cristo,<br />
com a mesma fascinação do primeiro dia.<br />
Indiscutivelmente, considerados num<br />
todo, achamo-nos ainda longe da união<br />
com Jesus, em sentido integral. De quando<br />
em quando, a turba experimenta pavorosos<br />
desastres. Tormentas de sangue e lágrimas<br />
varrem-lhe os caminhos.<br />
A claridade do Mestre, contudo, acena-lhe<br />
a distância. Velhos e crianças identificam-lhe<br />
o brilho santificado.<br />
Os políticos do mundo formulam mil promessas<br />
ao espírito das massas; raras pessoas,<br />
entretanto, se interessam por semelhantes<br />
plataformas.<br />
Os enunciados do Senhor, todavia, em<br />
cada século se renovam, sempre mais altos<br />
para a mente popular, traduzindo consolações<br />
e apelos imortais.
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3º ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 04/02/2009 Restrito<br />
3º ano Sábado 16h00 – 18h00 07/02/2009 Restrito<br />
evangelização da infância Sábado 14h00 – 15h00 Fev / Nov Aberto ao público<br />
evangelização da infância Sábado 16h00 – 18h00 Fev / Nov Aberto ao público<br />
evangelização da infância domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público<br />
mocidade espírita domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público<br />
atendimento ao público<br />
Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público<br />
Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público<br />
Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público<br />
Assistência Espiritual: Passes domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público<br />
Palestras Públicas domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao Público