Guardas municipais da Região vão estar integradas ... - ABCD Maior

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2 15 a 17 de março de 2011 Opinião Pode parecer pouco, mas ão é. O Consórcio Intermuniipal Grande ABC, em reunião ealizada nesta segunda-feira pág 4), anunciou a integração, través de rádios comunicadoes, entre as seis GCMs (guardas ivis municipais) da Região. Rio rande da Serra, que não tem uarda, também participa do rojeto através de seus instruentos de Defesa Civil. Contudo, a importância desa iniciativa não se esgota na quera do isolamento entre as várias CMs. Aliás, aperfeiçoamento a ação policial mais do que bvio e necessário. Em pleno séulo 21, é inadmissível imaginar m criminoso escape da Justiça penas ao atravessar rua que diide municípios. A GCM de um unicípio não pode trabalhar o vizinho. Numa realidade de onurbação como a do ABCD, nde o cidadão mal consegue dentificar fronteiras municipais, editorial Segurança com cidadania com certeza os fora da lei sabem tirar proveito destes limites. No ABCD, no entanto, a integração das GCMs, que deve acontecer até junho, tem também um valor simbólico importante. Desde o ano 2000, com o Planejamento Regional Estratégico, a proposta já constava dos eixos de formulação da sociedade civil regional. Consagrada no Eixo Estratégico 7, o eixo da inclusão social, entre outras formulações, o documento da Câmara Regional defendia: “Programa regional de segurança pública capaz de integrar as ações policiais nos níveis municipal, estadual e federal com ações de caráter social e comunitário, para redução drástica dos índices de violência e criminalidade”. A abordagem do Planejamento Estratégico de 2000 era, portanto, muito mais abrangente que a simples integração das comunicações das guardas civis na Região. Ela colocava questões que dialogam com o próprio conceito do Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania), criado durante o governo do presidente Lula, e responsável pelo financiamento dos rádios que vão equipar as GCMs. A base conceitual do Pronasci é trocar a estratégia de manter verdadeiros exércitos públicos pela estratégia de levar cidadania para as periferias das metrópoles, reequipar e dar formação às polícias civis e militares. Os resultados desta política já se fizeram sentir, em especial nas favelas do Rio de Janeiro, com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras). Por tudo isto, apesar das limitações da iniciativa, a integração das GCMs na Região tem também um valor simbólico estratégico. Para um Consórcio Intermunicipal renovado sob a liderança do prefeito Mário Reali e conduzido por Luiz Paulo Bresciani, seu novo secretário executivo, é um primeiro passo. O que o ABCD espera é que a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Metropolitano, criada pelo governador Geraldo Alckmin, acompanhe os movimentos dos municípios e da Federação para que ações de regionalidade como esta comecem a produzir resultados capazes de melhorar a vida nas grandes metrópoles. Paciência - Proprietários de veículos apreendidos no pátio do DeR no Bairro Cooperativa, em São Bernardo, aguardam liberação dos automóveis. Alguns fi caram todo o dia na espera. Enfrentamento à violência escolar Nos últimos dias fomos surpreendidos com notícias de dois asos de violência envolvendo professores de escola pública. De m lado, a mídia noticiou com exaustão a prova de matemática plicada por um professor de uma escola de um bairro da eriferia de Santos, considerando-a como uma apologia ao crime. e outro, infelizmente, tomamos conhecimento sobre mais uma orte violenta de professor no ambiente escolar e seu entorno. Ironicamente, o professor de matemática tentou de um modo olitário e infeliz trazer para o cotidiano da aprendizagem parte o contexto dos alunos. Se pesquisarmos as condições de vida do airro em questão, veremos que, o narcotráfi co está inserido na omunidade. Junto a isso, tragicamente, a professora assassinada ra uma profi ssional da escola pública Paulo Freire no município e Embu. Não é possível projetar uma política educacional inclusiva em as categorias freirianas. A vida de Paulo Freire foi um canto m defesa do direito e, portanto, da inclusão. Para muitos, o maior educador da historia do pensamento pedagógico rasileiro. Educação é possibilidade de transformação, é contato om a realidade social. Seu pensamento é marcado pela dialética coletividade, por meio destas vivencias se lê a tarefa histórica e um tempo social. A professora Vera Candau em seus estudos sobre educação direitos humanos, chama atenção para o fato de que há uma iferença entre confl ito e violência. O primeiro é inerente ao rocesso de ensino-aprendizagem, pois sem o embate teórico ntre professor e aluno, realizado pelo dialogo, respeito e crença o outro, o aluno não é capaz de repensar seu quadro de valores. EXPEDIENTE – MP Editora Ltda. Endereço: Trav. Monteiro Lobato, 95, Centro, SBC – CEP 09721-140 – Fone: 4128-1430. Diretor e Jornalista Responsável: Celso Horta (Mtb 140002/51/66/SP) – Diretor de redação: Walter Venturini - Editores: Juliana Finardi, Mauricio Milani e Vinicius Morende - Redação: Caio Luiz, Carol Scorce, Claudia Mayara, Fabiola Andrade, Júlio Gardesani, Rosâgela Dias, Marina Bastos, Mauro Kinjo, Niceia Climaco, Karen Marchetti, Vladimir Ribeiro e Walter Fernandes. Fotografi a: Luciano Vicioni, Amanda Perobelli e Andris Bovo - Diagramação e editoração: Edna Márcia e Guilherme Horta – Tratamento de imagem: Fabiano Ibidi - Comercial - Jader Reinecke - Fone 4335-6017 ou e-mail: comercial@ abcdmaior.com.br. Distribuição: e-mail: distribuicao@abcdmaior.com.br, tel.: 4128- 1430. Site: www.abcdmaior.com.br - e-mail: pauta@abcdmaior.com.br. Os artigos são de responsabilidade dos autores e não expressam necessariamente a opinião deste jornal. Publicação bissemanal. Circulação em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Cristiane Gandolfi * INFORMAÇÃO A SERVIÇO DA REGIÃO Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Rib.Pires e R.G.da Serra Tiragem desta edição: 25 mil exemplares. Certifi cado pela Fone: 3224-7712. Cadú Coppini O confl ito pedagógico é um motivador de aprendizagem. Já a violência é produto do dilaceramento do ser, da razão pela qual se constata a impossibilidade da pessoa vivenciar sua identidade e estabelecer relações com seu mundo simbólico. Sem aprendizagem e desenvolvimento do capital cultural, não há escola. Pierre Bourdieu a pensou como violência simbólica e espaço de reprodução social, isto é; lugar de dominação de classe, de acumulo do capital cultural. Sem a apropriação dos estados de incorporação, objetividade e institucionalidade a aprendizagem não se opera. Se o corpo, a atenção, a energia muscular não estiverem voltados à aprendizagem, nada acontecerá. Para que retomemos a sala de aula como um espaço sagrado de convívio, de disposição para o outro e encontro com a cultura geral, é preciso mais do que o estado de incorporação. Freire trabalhava a alfabetização conscientizadora de seus alunos sempre em rodas de conversa ou círculos de cultura. Tenho me perguntado: se Freire estivesse vivo, que leitura de mundo faria da educação de nosso tempo? Que simbologia há no assassinato de uma professora diante da escola pública que o homenageia como seu patrono? Técnicos dos sistemas de ensino, profi ssionais de educação, sociedade brasileira, não devem tratar essa morte como mais um fato da violência nossa de cada dia. É preciso ouvir o que a realidade está nos dizendo. *Cristiane Gandolfi é professora da universidade Metodista de São Paulo. ABCD MAIOR na internet, veja mais artigos www.abcdmaior.com.br PADARIA FILIANA Rua MMDC, 548 - São Bernardo ABCD MAIOR A revolução necessária Vicentinho * Neste mês comemora-se a luta das mulheres de todo o mundo pela igualdade de direitos. Foram muitas atividades em todo o País, ora festejando as conquistas, ora manifestando contra as agruras por que ainda passam as mulheres. De fato, a Revolução Feminista, em curso desde o século 19, trouxe muitos avanços e foi responsável por várias mudanças como o direito ao voto, o crescimento das oportunidades de trabalho e salários mais próximos aos dos homens, muito longe ainda de oportunidades e promoções equiparadas, direito ao divórcio, controle sobre o próprio corpo em questões de saúde, inclusive quanto ao uso de preservativos e ao aborto. Por outro lado, muito falta a ser conquistado e as mulheres dos países subdesenvolvidos muito provavelmente não tomariam essas conquistas por reais. À medida que a sociedade ocidental aceita os princípios feministas, exigências que antes pareciam absurdas se tornam convencionais e inquestionáveis: hoje em dia poucas pessoas questionariam o direito ao voto ou à propriedade de terras para mulheres, direitos que pareciam insensatos há 100 anos. Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo aponta que embora 91% dos homens considerem errado bater em mulher em qualquer situação, quase metade das mulheres pesquisadas (48%) afi rmavam ter algum amigo ou conhecido que já havia agredido ou que agridem suas parceiras. Cerca de uma em cada cinco mulheres afi rmavam ter sofrido algum tipo de violência por parte de um homem, conhecido ou desconhecido. Ao contrário da violência sexual, na qual os patrões, desconhecidos e parentes como tios, padrastos ou outros são a maioria entre os agressores, a violência física é praticada em sua grande maioria (80%) pelos parceiros, sejam eles namorados ou maridos. Outro dado também salta aos olhos: uma em cada dez mulheres (10%) já foi de fato espancada ao menos uma vez na vida. Segundo cálculos da Fundação responsável pelo estudo, isso signifi caria cerca de 5 mulheres espancadas a cada dois minutos no Brasil. De acordo com a socióloga e jornalista Angélica Fernandes, nenhum serviço ou ação de relevância para as mulheres foi implementado em São Paulo pelos governadores do PSDB, desde 1995. Dados de sua pesquisa, revelam que o câncer de colo de útero e o de mama, que podem ser tratados precocemente, ainda são a segunda causa de morte de mulheres. São poucos os serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência e não há uma rede integrada de atenção, que atenda aos fi nais de semana e à noite, quando os confl itos domésticos são mais freqüentes. Além disso, São Paulo conta, ainda hoje, apenas com o Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, ligado à Defensoria Pública. Em todo o Estado, há apenas dois centros para as mulheres: um em Campinas e outro na Capital. Neste, inclusive, havia projeto voltado para a mulher vítima da violência, mas que de tão desarticulado atendeu apenas três mil mulheres em mais de 15 anos de serviço. Neste capítulo do combate à violência, há outro dado que merece destaque. O Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, iniciativa do governo Lula datada de julho de 2007, só recebeu a adesão do ex-governador Serra em novembro de 2008, depois do rumoroso caso de sequestro e assassinato da adolescente Eloá na cidade de Santo André (a íntegra da pesquisa está disponível no site: http://www.sapientia.pucsp.br/) . Por essas e outras razões, importa saber o quão distantes estamos do reconhecimento da importância da mulher na sociedade e que devemos, incansavelmente, lutar para que a Revolução Feminista continue produzindo as mudanças mais que necessárias. *Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, é deputado federal pelo Pt-SP ABCD MAIOR na internet, veja mais artigos www.abcdmaior.com.br AQUI TEM ABCD MAIOR Ver lista completa no www.abcdmaior.com.br
ABCD MAIOR Cidades 15 a 17 de março de 2011 3 Quando o direito à habitação vira loteria CDHU sorteia 97 apartamentos para quase 11 mil famílias que lotam estádio Anacleto Campanella, em São Caetano CAROL SCORCe arol@abcdmaior.com.br Os famosos déficits habitacionais das cidades, velhos conhecidos das prefeituras no ABCD, ainda são entraves para um desenvolvimento social sólido. Para conter o problema, as secretarias de Habitação criam projetos, elegem as famílias que mais necessitam de moradia como prioridade no atendimento, e buscam recursos federais e estaduais para viabilizar o sonho da casa própria. Neste fim de semana, em São Caetano, esse sonho se concretizou para 97 famílias que não tinham condições financeiras de, sozinhas, fazêlo. Mas a lógica não foi bem essa, porque milhares de outras – mais de 10 mil – não tiveram, literalmente, a mesma sorte. A balconista Daniele Faria, 25 anos, mora próximo à avenida Guido Aliberti, local que comumente alaga. Mãe de duas meninas, Daniele soma seu salário ao do marido para que a renda da família gire, quando muito, em torno de R$ 1.600 por mês. Só o aluguel da casa em São Caetano custa R$ 600 – a cidade tem um dos aluguéis mais caros de toda a Região. “Desde que tive minha primeira filha, ainda adolescente, eu me inscrevo em programas de moradia do governo. Sem ter de pagar aluguel, poderia ajudar mais na educação das minhas filhas. Imagina: pago por uma casa que não é minha e que só me dá dor de cabeça. Já perdi móveis nas enchentes, as meninas ficaram doentes. É muito frustrante sair daqui com uma mão na frente e outra atrás”, disse a balconista, que não foi sorteada. Daniele foi apenas uma das 10.742 famílias que deixaram o estádio Anacleto Campanella neste sábado (12/03) de mãos abanando. No total, 10.839 famílias se inscreveram para poder participar do sorteio de moradias da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Apenas 97 pessoas saíram de lá com sorriso no rosto. Quatro urnas com senhas que atendiam critérios socioeconômicos diferentes alternavam o sorteio das senhas. A urna branca sorteou as unidades destinadas aos idosos, a verde era para aqueles com renda de três a cinco salários mínimos, a vermelha para os que possuíam renda familiar total de seis a oito salários mínimos, e a urna preta sorteou unidades para famílias que recebem entre nove e 10 salários mínimos. Haveria também uma quinta urna, que seria destinada a Estádio Anacleto Campanella ficou lotado: esperança não concretizada para a maioria famílias de um a três salários mínimos, mas, de acordo com funcionários da CDHU que estavam no local, nenhuma família com essa faixa salarial se inscreveu no programa. As famílias sorteadas deverão comprovar os dados da inscrição, que funcionam como pré-requisitos, e poderão fazer a mudança a partir de 15 de abril. “Fui abençoada” Quem já prepara a mudança é Telma Maria da Silva, 44 anos, doméstica. Telma foi contemplada na urna que sorteou unidades para famílias com renda de seis salários Fotos: Marcelo Lemos Telma Maria da Silva, umas das 97 ‘abençoadas’ no sorteio mínimos (R$ 3.270). “Ouvi o moço chamar Telma, depois Maria, mesmo assim não comemorei, é um nome comum. Mas aí quando ouvi o Silva comecei a gritar. A emoção é por saber que as chances de dar errado eram enormes, mas acabou dando certo. Fui abençoada hoje.” Para Nelson Ota, ex-secretário de Habitação de Santo André e especialista na área, a “bênção” do governo do Estado não surte efeito nos problemas habitacionais, e o sorteio das quase 100 unidades reflete a falta de política habitacional da CDHU na Região. “Isso demonstra a inépcia do governo do Estado nos investimentos aqui no ABCD. São Caetano possui sim áreas de risco e lá existem os cortiços. Dizer que a cidade não tem demanda de um a três salários mínimos é um absurdo. Sortear apartamento não agrega nada numa política habitacional. Você tira um indivíduo do aluguel e depois vem outro. A ideia é atuar sobre núcleos, e aí se tem algo representativo para aquela população. Pulverizar o atendimento não resolve.” Mesmo assim, a sensação das quase 11 mil famílias no sábado é a de que quase conseguiram uma moradia. O problema foi o quase. y
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