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N U M E R O 17<br />
A N N O X I V<br />
SETEMB-<strong>1936</strong><br />
PREÇO 3SOOO
\<br />
NUMERO 17<br />
ANNO XIV<br />
jy..<br />
3llustroçõo<br />
BcqsíIcíco<br />
<strong>SETEMBRO</strong><br />
DE 19 3 6<br />
MENSARIO EDITADO PEIA<br />
SOCIEDADE ANONYMA "O MALHO"<br />
DIRECTOR-GERENTE<br />
ANTONIO A. DE SOUZA E SILVA<br />
Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34<br />
Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419<br />
Telephones 23-4422 e 22-8073<br />
End. Tel. OMALHO — Caixa Postal 880 — RIO<br />
PREÇO DAS ASSIGNATURAS<br />
NO BRASIL NO EXTERIOR<br />
ANNO... 35$000 ANNO... 50$000<br />
6 MEZES . 18S000 6 MEZES 2ó$000<br />
SOB REGISTRO ÔOB REGISTRO<br />
NUMERO AVULSO 3$000<br />
X<br />
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V
R ASILEI<br />
S U H n A R I O DOS l ' R I N C I F A E S<br />
A S » r M P T O 8 » E S T E N U .11 E li O<br />
ESPERANÇA, Chronica de Affonso Celso<br />
RESIDENCIAS CARIOCAS. Residencia do Casal Henrique Lage<br />
BALUARTE DA FÉ E DO AMOR PÁTRIO, Chronica do Frei Pedro Sinzig<br />
0<br />
O NEGRO UMBELINO, Conto de Gustavo Barroso<br />
O PRIMEIRO E ÚNICO DUQUE DO BRASIL, Redacção<br />
STEFAN ZWEIG, Aspectos da visita do grande escriptor á nossa redacção<br />
OS NOMES NA ARTE BRASILEIRA, Chronica de Flexa Ribeiro<br />
ONDE O PASSADO E O PRESENTE SE MISTURAM, Redacção<br />
MAGDALENA, Poesia de D. Aquino Corrêa<br />
NO CENTENARIO DO REMODELADOR DA CIDADE, Redacção<br />
EMBAIXADAS EXTRANGEIRAS NO BRASIL, Redacção<br />
DRAGÕES DA INDEPENDENCIA, Major José Faustino Filho<br />
AS NOVAS DIRECTRIZES DO SERVIÇO DE AGUAS E ESGOTOS<br />
DA CAPITAL DA BAHIA, Redacção<br />
O PiTTORESCO DE RECIFE NA ARTE DOS SEUS<br />
ILLUSTRADORES, Redacção<br />
INSTANTÂNEOS DE TODO O MUNDO. Redacção<br />
TRICHROMIAS, Portinari. Jordão o'e Oliveira<br />
DOUBLÉS E DESENHOS DE H. Cavalleiro, J. Carlos e Helmut<br />
II A P R Ó X I M A E II I Ç A O<br />
"BRIDGE", PRIMEIRO, Conto de Afrânio Peixoto<br />
ALVURAS, Poesia de Martins Fontes<br />
BENJAMIN CONSTANT. Chronica de Lauro Sodré<br />
COISAS DE MARINHA, Chronica do Galdino Pimentel Duarte<br />
CONSTRUCTORES DE CIDADES MODERNAS. Redacção<br />
DE BELLAS ARTES. Por Flexa Ribeiro<br />
O RIO DE HOJE E DE HA 30 ANNOS — BRASIL<br />
ECONOMICO — INSTANTÂNEOS DE TODO O<br />
MUNDO — DE MEZ A MEZ — CURIOSIDADES<br />
DO BRASIL — ARTES E ARTISTAS o EMBAIXADAS<br />
EXTRANGEIRAS NO BRASIL, Redacção<br />
As pessoas gordas arjam <strong>com</strong> pesadíssi-<br />
mos prejuzos, consequentes desfe estado.<br />
As desordens organicas são frequentes e<br />
provocam verdadeiros estados morbidos, <strong>com</strong>o<br />
a diabetes, lesões do coração, etc.<br />
Além desses graves inconvenientes, uma sé-<br />
rie do contratempos de maior ou menor im-<br />
portância amofinam diariamente as pessoas<br />
gprdaa.<br />
Não é, psr exemplo, pequena a contrarie-<br />
dade de um senhor grotescamente enxundioso,<br />
ao contemplar roo mostruário de uma alfaia-<br />
taria, um elegante terno, muito do seu agra-<br />
do, mas que só pode ser usado par pessoas<br />
bem proporcionadas de corpo. O seu physico<br />
disforme o impede de a<strong>com</strong>panhar, assim, as<br />
exigências da moda e do seu gosto esthetico.<br />
Essas contrariedades que a cada instante<br />
assaltam as pessoas gordas provocam verda-<br />
ARTIGOS FINOS PARA<br />
HOMENS E MENINOS<br />
0 PESADO<br />
OBESIDADE<br />
de ras crises dc abatimento e mesmo de neu-<br />
rasthenia. Tudo isso, porém, poderá ser fa-<br />
cilmente evitado, pe!o uso de LEANOGIN —<br />
<strong>com</strong>posto d-' extractos glandulares, hormonios,<br />
algas marinhas e essencias vegetaes.<br />
LEANOGIN promove um verdadeiro reajus-<br />
tamento do metabolismo endocrino e dá con-<br />
sequentemente ao organismo uma proporção<br />
normal de tecidos gordurosos.<br />
LEANOGIN constitue uma Victoria indiscutí-<br />
vel da sciencia aüemá, pois não contém thy-<br />
roïde, é inoffensivo e dá ao physico um bello<br />
e attrahente aspevto.<br />
No Departamento de Productos Scientificos,<br />
Matriz a Avenida Rio Branco, n° 173, 2 o,<br />
Rio de Janeiro, e Filial á Rua de S. Bento<br />
n° 49, 2°, em S. Paulo, distribue-sc, gratui-<br />
tamente, ampla literatura a respeito.<br />
O producto é também encontrado á venda em<br />
todas as Drogarias e Pharmacias.<br />
97, RUA DO OUVIDOR, 99
BANCO<br />
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RIO DE JANEIRO<br />
Pode Garantir<br />
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seja qual fôr a sua profissão<br />
APOSENTADORIA nõo é previiegio de<br />
uma cl os se ou profissão. Esra oo<br />
alconce de todos, principalmente de<br />
quem <strong>com</strong>prehende quanto é ogradovel<br />
gozar aos 55, 60 ou 65 annos um tranquillo<br />
e merecido repouso após 20 ou<br />
30 annos de lutas. Seja<br />
qual fôr o seu ordenado, o<br />
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Sul America, <strong>com</strong> seu novo<br />
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Sul America<br />
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tor-se. Um peq-ieno esforço ogoro<br />
ossegurar lhe-ó uma velhice calma, feliz<br />
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os economias e negocios normaes tornam<br />
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os receberá logo após o seu follecimento.<br />
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Sul America terá o maior prazer en enviar-lhe<br />
informações mais <strong>com</strong>pletas.<br />
ANNO DE I 9 0 0<br />
Dia I — C deputado Alfredo Vareüa apresenta á Camara vários projectos visando<br />
modificações no processo da discussão e confecção dos orçamentos, estabelecendo<br />
que o da receita passa a ser triennal e o da despesa é dividido em tres:<br />
o permanente, o variavel e o extraordinário.<br />
2 — Inaug.ira-se, em Paquetá, a sua nova matriz, que foi erigida por conta da<br />
Fam-iia Lage. A primeira missa foi pontificada pelo arcebispo Arcoverde.<br />
3 — Os prnaes publicam que o "Panorama do Descobrimento do Brasil" foi<br />
visitado. durar-te Agosto, por 24 75 adultos e Ió8 creanças. O "Panorama" era<br />
trabalho de Victcr Meirelles.<br />
4 — No Ministério da Fazenda trata-se novamente da liquidação das dividas do<br />
Thesouro Nacionai corri o Estado de S. Pauio, a qual ó estimada em 8.213:474$471.<br />
5 — Os Srs. Frederico Carlos da Cunha Júnior e Fernando Adamsczyk pedem<br />
garantia provisoria para seu invento "Chronometto-fiscal", applicavel a varias<br />
coisas, mas especialmente á fiscalização dos bondes.<br />
6 — Attendendo a uma requisição da Camara, o Ministro da Fazenda informa<br />
que, em I889, foram extrahidas, no Districto Federal, 299 loterias <strong>com</strong> o capital<br />
de 35.344:500$000, e que deram ás instituições do caridade 807:000$000.<br />
7 — Na vitrine da casa do Sr. Leandro Pereira, á rua do Ouvidor, acha-se exposta<br />
a custodia de prata lavrada ofíerecida á egreja de N. S. do Andarahy por<br />
uma distincta senhora.<br />
8 — O Dr. Oscar Varady faz entrega aos jornaes do Rio do I o vol. do "Livro do<br />
Centenario, 1500-1900". Nelle collaboram: Capistrano de Abreu, Pe. Julio Maria,<br />
Sylvio Romero, Oliveira Lima, Moreira o'e Azevedo, etc.<br />
9 — A' rua do Ouvidor, I27 (2 o andar) é exposto o "croquis" do quadro de<br />
Eduardo do Sá "A fundação das pátrias brasileiras".<br />
10 •— Acha-se á venda, numa livraria á rua da Lapa 97, Rio, a collecção <strong>com</strong>pleta<br />
do "Novo Tempo" (1844-1845;), folha politica e iiteraria em que o Visconde<br />
do Rio Branco publicou seu primeiro trabalho.<br />
11 --- Na Camara des Depulados de S. Paulo, o Dr. Rubião Júnior apresenta o<br />
projecto do o-çamento para 1901. A receita foi orçada em 41.728:000$000 o a<br />
despesa em 41.580:000$000.<br />
12 — Em viagem de instrucção para aprendizes de marinheiros, parte para o Sul<br />
o cruzador "I o de Março". Terminado o cruzeiro, irá a Santos.<br />
13 — O Ministro da Guerra resolve crear o Club Militar, confiando a elaboração<br />
dos seus estatutos ao general Argollo. A sedo será no edifício em que funcciona<br />
o Tribunal do Jury.<br />
14 — E' inaugurada na Praça Cel. Tamarindo, nesta, a estação central da Companhia<br />
de São Christovão, que explora o serviço de bondes.<br />
15 —- E' suspenso até novo aviso o lançamento do emprestimo de 15.000:000$000,<br />
de Minas Geraes, que dovia ser feito a 17.<br />
16 — Os <strong>com</strong>mandantes dos nossos vasos de guerra visitam a fragata argentina<br />
"Presidente Sarmiento", aqui ancorada na vespera. O cruzeiro da linda nave<br />
iniciou-se a 12 de Janeiro de 1899.<br />
17 — O barão de Guglielmir.i entende-se <strong>com</strong> o Presidente da Republica sobre<br />
a realização de uma grande exposição nacional de productos agrícolas, industriaes<br />
o <strong>com</strong>merciacs no logar onde funcciona o Velodromo Paulista (S. Paulo).<br />
18 — Nos círculos financoiros faia-se na conveniência de o Governo obrigar os<br />
Bancos a receberem seus cheques em pagamento dos títulos que tiverem em carteira,<br />
do acceite dos proprios depositários.<br />
19 — A Leopoldina Railway dá o nome do Dr. Moura Brasil á estação da Encruzilhada,<br />
na linha do Areal a Entre-Rios.<br />
20 — Em Fortaleza, sahe o primeiro numero da "Gazetinha", d© que é proprietário<br />
o Sr. José Carolino, redactor do "O Vapor".<br />
21 —- Entre as estações de Sapopemba e de Cruzeiro, procede-se a experiencias<br />
<strong>com</strong> uns casaos do pombos-correios adquiridos na Bélgica pelo Ministério da<br />
Guerra.<br />
22 — Inaugura-se o novo edificio da Associação dos Empregados no Commercio,<br />
construído á rua Gonçalves Dias n° 40. O arcebispo D. Joaquim Arcoverde<br />
procede á benção do magnifico prédio.<br />
23 — Em Manáos, sahe o primeiro numero de "A Escola", que cessa de circular<br />
a 23 de Março de 1901. Em Recito, o de "A Propaganda", redigida por Cleto Campello,<br />
Caetano de Andrade e F. Santos Moreira.<br />
24 — Po r estar quasi extincta a epidemia de bubônica que grassava, havia mezes,<br />
no Districto Federal, são supprimidos os passaportes sanitarios para S. Paulo<br />
e Minas.<br />
25 — As ciasses sociaes offerecem, no Hotel dos Estrangeiros, nesta capital, um<br />
banquete a Serzedelio Correa, em reçosijo á sua reintegração no posto de Tenente-coronel<br />
do Exercito e na cathedra de lente da Escola Militar.<br />
26 — O Governo assigna Decreto que autorisa a funccionar nesta cidade uma<br />
succursal do Banco 3elga, cujo capital é de 5.000.000 de francos.<br />
27 — O Prefeito sancciona a resolução do Conselho Municipal que proroga por<br />
dois annos o prazo para estabelecimento de uma carreira de barcas entre esta<br />
capital e a ilha do Governador.<br />
A' SUL AMERICA<br />
28 — Completa mais um anno do existencia "A Cidado do Rio", o jornal de<br />
C'Alx» Pô-mi. U7I — KM» OV. JA\RIRO<br />
ffMtUer-me f/alú. t «
spiC ftb'o cU, a/Kti/it, OU^^ICÀO'ÎUtt^v<br />
ciïaM obx %!eUf<br />
efOsit<br />
• y<br />
JUIAU, eu 7UU*UA+ZO õtt+tuM,*'*'**<br />
Stefan Zweig, o grande escriptor austríaco, cuja popularidade<br />
iá franqueou todas as fronteiras do mundo contemporâneo, ao<br />
passar pelo Rio de Janeiro, honrou <strong>com</strong> a sua visita a redacção<br />
da "lllustração Brasileira", onde nos deixou essa pose especial<br />
e o precioso autographo abaixo, que assim se traduz:<br />
"Grato pelos dias inesquecíveis passados no Rio<br />
de Janeiro, a mais linda cidade do mundo".
A F F O 5 S O t \] L S O<br />
Da Academia de Letras<br />
lllocidade e Esperança — ideias correlatas,<br />
— tem, isolada ou simultaneamente,<br />
inspirado a muitos poetas e<br />
prosadores.<br />
No hino acadêmico, leira de Bitencourt<br />
Sampaio, musica de Carlos Gomes,<br />
denomina-se a mocidade a esperança<br />
fagueira da patria (pie leva a sorrir a<br />
bandeira do futuro.<br />
Castro Alves, invocando o auri-<br />
-verde pendão de nossa (erra, proclamou<br />
(pie ele encerrava a luz do sol e<br />
as promessas divinas da esperança.<br />
Bastos Tigre, 110 seu recente volume<br />
"Entardecer", entoa um hino á<br />
mocidade, concitando-a a sorrir, cantar,<br />
bailar, amar, sonhar, e, noutro belo<br />
poema heróico, celebra, a um tempo,<br />
o trabalho o a alegria, apanagios da<br />
mocidade.<br />
Henry Bernstein alcançou grande<br />
triunfo <strong>com</strong> a sua nova peça "Espoir"<br />
cpie ainda continua no palco em Paris<br />
e foi, ha pouco, representada nesta<br />
capital.<br />
Disse a critica parisiense cpie aquele<br />
autor, passara por Ires fases: a do drama<br />
violento, de ação brutal e rapida;<br />
a do meramente psicológico, de movimento<br />
interior das almas; a atual, em<br />
que ha ausência de situações excepcionais,<br />
<strong>com</strong> heróis de humanidade<br />
media, e que entretanto, na aparente<br />
trivialidade de suas aventuras, apresentam<br />
elementos de <strong>com</strong>ovente dramaticidade.<br />
Tal "Espoir" simples episodio da<br />
quotidianidade que faz surdirem crises<br />
tocantes entre personagens de lai fôrma<br />
exibidos que se tornam expoentes<br />
cabais.<br />
E' o contraste, o conflito entre duas<br />
gerações, a que está terminando o papel<br />
<strong>com</strong> a que inicia o seu.<br />
Bernstein põe nesta toda sua esperança,<br />
e, condoendo-se das dificuldades<br />
<strong>com</strong> que ela se debate, rende homenagem<br />
á sua energia e audaciosa confi-<br />
ança na vida. Espera dela a regeneração<br />
de uma sociedade, cuja de<strong>com</strong>posição<br />
o mesmo Bernstein se esmerou<br />
em cruelmente descrever nos seus trabalhos<br />
primitivos.<br />
O titulo "Espoir" exprime o pensamento<br />
cardial «a obra: apelo emotivo<br />
á mocidade, graças á qual a velha maquina<br />
da humanidade pôde restaurarse,<br />
e nada estará perdido.<br />
O grande mérito da peça consiste<br />
110 seu alcance social. \o momento em<br />
que preponderam tantas razões de desanimo,<br />
ponderou um critico, e os horizontes<br />
se antolham tão sombrios, eis<br />
uma razão de esperar, uma promessa<br />
de melhoria.<br />
Ministra-as a mocidade, que, conservando<br />
os seus Ímpetos, a sua alegria<br />
irônica, reconhece, todavia, a inanidade<br />
dos psetido-di verti mentos da geração<br />
anterior, as capitulações da inteligência,<br />
ante as exigencias frívolas da vaidade.<br />
Acuidiu-lhe a consciência das<br />
necessidades da hora e das respetivas<br />
responsabilidades, donde e x e 111 pios<br />
salutares, lições recon for (adoras, otimismo<br />
refletido, inspirador de fé.<br />
Desdenhem os jovens a frequentação<br />
dos bars, o orgulho exclusivo dos<br />
músculos e dos sports. As conjunturas<br />
da vida contemporânea suscitam graves<br />
apreensões. Confiemos, porém, em que<br />
seus temerosos problemas hão de achar<br />
solução normal, 110 acordo leal dos<br />
interesses.<br />
Cada qual se <strong>com</strong>penetre mais das<br />
suas obrigações do (pie de seus direitos,<br />
e se decida, de bom grado, a renuncias,<br />
a sacrifícios necessários.<br />
Jamais, sobretudo, se perca a esperança,<br />
virtude teologal e dever cívico.<br />
Que a imprensa, mestra e disciplinadora<br />
dos costumes, se abstenha de difundir<br />
desalento e derrotismo. Só propague<br />
ideias próprias a elevar os ânimos, a<br />
promover esforço util, a dissipar vãos<br />
receios, a estimular a solidariedade, a<br />
cooperação, a justiça humana.
;<br />
- V -<br />
' • v a -sS ~ -tu<br />
V<br />
T . - v , ^ --<br />
. v X?..ir ^ • v<br />
Iàr—' - - x v —*<br />
ÍV -<br />
A residencia do<br />
deputado e industrial<br />
Henrique Lage, na<br />
Gavea<br />
Um recanto do salão<br />
de musica<br />
c l A / U
\<br />
c r o c l / S<br />
Outro detalhe do salão oriental<br />
da residencia do casal Henrique<br />
Lago<br />
Salão de jantar da residencia<br />
do casal Henrique Lage-Gabriela<br />
Besanzoni Lage<br />
A Exma. Sra. Gabriela Besanzoni<br />
Lage, num recanto de sua magnifica<br />
residencia
Modalha do<br />
Salão Ho<br />
Madrid<br />
0\®<br />
'Meditando" — Djalma Gaudio "Desfolhada" — de Hermínia de Mello<br />
Nogueira Borges (hors concours)<br />
"Como em Veneza"<br />
— de Hermínia de<br />
Mello Nogueira (hors<br />
concours)<br />
A A/?7"E PHOTOG RAPHICA BRASILEIRA NO<br />
SALÃO INTERNACIONAL DE IIAIIIIIII<br />
Photo Club Brasileiro é uma associação<br />
do amadores que pretendem cultivar a photographia<br />
<strong>com</strong>o uma verdadeira arte.<br />
Promovendo concursos mensaes, exposições, conferencias,<br />
aulas praticas e theoricas, o Photo<br />
Club Brasileiro vem realizando uma grande tarefa<br />
pela elevação do nivel artístico entre os<br />
cultores da arte photographica em nossa terra.<br />
A actual directoria dessa assçciação acaba de<br />
conseguir uma victoria notável, sendo admittido<br />
a concorrer ao XII Salão Internacional de Photographia<br />
de Madrid e ao 81° Salão da Real<br />
Sociedade Photographica de Londres.<br />
Assim, quem folheia o catalogo do Salão do<br />
Madrid, encontrará, á pagina 2, entre os nomes<br />
dos maiores artistas da photographia do mundo<br />
inteiro, a lista dos concurrentes brasileiros, o Sr.<br />
Eduardo Davis, Dr. Djalma Gaudio, D. Hermínia<br />
de Mollo, Dr. Mario Monteiro e Dr. J. Nogueira<br />
Borges.<br />
As esplendidas photographias que illustram estas<br />
paginas são algumas das provas de amadores<br />
brasileiros, que figuram no Salão de Madrid, assim<br />
<strong>com</strong>o a reproducção da medalha de admissão,<br />
recebida por todos os expositores.<br />
«<br />
h<br />
«<br />
t
Vista do Claustro do Convento, vendo-se dois<br />
religiosos á sombra protectora das arcadas<br />
Sino conventual<br />
e escadaria interna.<br />
j • Mi<br />
D O A l i o U A T R I O<br />
FREI PEDRO SINZIG. O. F. M<br />
i fosse gente, o monte Carmelo, ao norte da Samaria, de ha<br />
mu'to se julgaria fidalgo, achando naturaes as homenagens que lhe<br />
prestam em numerosos paizes. Em sua terra natal, dispondo de uma<br />
exientão de 50 kiíometros, levanta a cabeça até a altura de 552<br />
metros e offerece hospedagem gratuita em avultado numero de<br />
cavernas.<br />
Assim mesmo, não íeria chegado á celebridade que tem, si não tivesse<br />
sido procurado, um dia, pelos prophetas Eiias e Eliseu, aos<br />
quaes, seguiram, <strong>com</strong>o filhos espirituaes, no século 12, piedosos monges<br />
que do monte até derivaram o nome de sua familia religiosa:<br />
Carmelitas. Cor.struiram na solidão do monte um grande convento,<br />
mas este, pela mão dos impiacaveis sarracenos, foi destruído em
Convento do Carmo, Bahia. Quando os bátavos<br />
tentaram implantar seu dominio na Terra de<br />
Santa Cruz, foi o reduoto natural dos defensores<br />
da fé, do idioma e da integridade do Brasil<br />
1291. Seria o fim da família do Carmelo? Oh, não! Esta, no século<br />
13, transferiu sua actividade para a Europa, dedicando-se ao ensino<br />
e á cura d'almas.<br />
Deve-se-lhe um bom impulso dado ao culto da SS. Virgem, em cuja<br />
homenagem distribuiu o escapularío do Monte Carmelo. Dous grandes<br />
Santos, Teresa de Avila e João da Cruz, reformaram a Ordem<br />
que. em 1593, se dividiu na dos "Carmelitas", <strong>com</strong> cerca de 1500<br />
religiosos, hoje, — e dos "Carmelitas Descalços", <strong>com</strong> cerca de<br />
7700 religiosos.<br />
Bons ventos os trouxeram, um dia, ao Brasil colonial, onde a sua acção<br />
influiu poderosamente no espirito religioso, na arte nascente e<br />
na integridade do paiz. Vejam esse colosso que construíram na Bahia,<br />
edifício que, já no exterior, se apresenta o que foi na realidade:<br />
um baluarte da fé catholica, e do amor ao Brasil. Quando os<br />
bátavos tentaram implantar seu dominio na Terra de S. Cruz, o Convento<br />
ao Carmo foi o reducto natural dos defensores da fé, do<br />
idioma e da integridade do Brasil. Soldados e monges, dirigidos todos<br />
pelo Bispo Dom Marcos Teixeira, confundiam-se nas setteiras e<br />
nos demais postos de <strong>com</strong>bate, até que o convento fosse depois<br />
escolhido çara Quartei General, onde o general Dom Fradique de<br />
Toledo Ozorio, Marquez de Viila Nueva de Valduega, estabeleceu<br />
suas baterias de guerra. Um oihar para o edifício gigantesco convence<br />
logo da sua importancia estrategíca naqueile tempo.<br />
Dois claustros permittiam fazer até exercícios militares, <strong>com</strong>o ainda<br />
hoje servem para gymnasticas dos futuros religiosos. O velho convento<br />
mostra aos visitantes antigas armas e munições encontradas<br />
numa galeria subterranea, desobstruída ha poucos annos.<br />
Nas lutas pela Independencia do Brasil, sobresahiram carmelitas,<br />
cujos nomes, ainda hoje, são familiares a todos: Frei Joaquim do<br />
Amor Divino Caneca, arcabusado no Recife: — o padre Roma, sacrificado<br />
no Campo dos Martyres: — Frei Brayner, o heróe de Piraiá:<br />
— o padre Miguelínho, torturado nas masmorras da Bahia, e<br />
outros.<br />
Aspecto do Claustro da Escola<br />
Apostolica do grande mosteiro<br />
A egreja do velho Carmo attralie os artistas; é verdade que, na<br />
qravura, nada se vè da parte principal, o bello altar-mór, mas a<br />
larga grade de jacarandá, obra de paciência admiravei, dá idéa<br />
do que são os thesouros de arte, guardados religiosamente pelos<br />
carrne'itas. As cadeiras lateraes, destinadas ao frades ao cantarem<br />
ou rezarem o Officio Divino; — as portas solidas e as janellas encimadas<br />
de ornamentações características; — os quadros a oelo ao<br />
alto da parede; — o púlpito á esquerda, <strong>com</strong> linda obra de talha<br />
e em que prégou Frei Eusébio da Soledade, tudo isso fala dum<br />
passado glorioso, continuado condignamente nos nossos dias, por<br />
portadores do mesmo habito e das mesmas virtudes religiosas e<br />
civicas.
Igreja do convento. Púlpito onde pregou Frei<br />
Eusébio da Soledade, cadeiras lateraes e altar-mór<br />
- T * r * - J3L ^ 3<br />
Sacristia, <strong>com</strong> um tecto riquíssimo, obras de<br />
talha, doirados, quadros a oleo, etc., verdadeiro<br />
museu de arte antiga<br />
Por numerosos que sejam os thesouros de arte e da historia do Convento<br />
do Carmo da Bahia, e que mais impressiona o visitante é<br />
essa joia extraordinaria, a sacristia.<br />
Ma! sabe olhar onde poisar, de tanto fausto, tanta superabundancia<br />
de ornamentos, obras de talha, dourados, quadros a oleo, bustos,<br />
florões, etc., etc. Comecem por cima: o tecto, riquíssimo, lembra o<br />
da Capella do Capitulo do Convento e da própria egreja de S.<br />
Francisco, rivalisando <strong>com</strong> elies no bom gosto e nessa espontaneidade<br />
de dar a Deus o meihor que o cerebro saiba inventar e que os recursos<br />
da época permittam realizar. Scenas da gloriosa historia da<br />
Ordem do Carmeio, do alto do tecto falam aos visitantes e, mais<br />
ainda, aos sacerdotes que ahi, diariamente, se vestem para o augusto<br />
sacrifício da Missa.<br />
O lavatorio, de mármores de córes variegadas, assume a importância<br />
dum altar, encantando pela pureza de suas linhas e pela elegancia<br />
de seu estylo, <strong>com</strong> numerosas minúcias que longamente prendem<br />
a aftenção. Corresponde-lhe, do lado opposto, um altar, invisivel na<br />
gravura, mas em que se admira o cinzelado em bronze dum impressionante<br />
Chrísto crucificado. A gravura permitte ver, entretanto,<br />
parte das largas <strong>com</strong>modas de jacarandá, <strong>com</strong> interessantes puxadores<br />
de bronze, obra trabalhada toda a mão.<br />
O armario, faz admirar novamente a paciência e habilidade dos artistas<br />
que. no Brasii colonial, vieram enriquecer o patrimonio nacional,<br />
imprimindo-lhe, inconfundivelmente, a nota de sua fé e de seu<br />
espirito religioso. Esse beilo armario de jacarandá tem "irmãos" em<br />
quas« todos os conventos da época, na Bahia, no Rio, em Pernambuco,<br />
etc., o que não lhe diminue o valor, antes o faz ingressar na<br />
soberba fileira dos representantes da arte brasileira, admirada, <strong>com</strong><br />
razão, por todos que chegam a conhecel-a.<br />
C Monte Carmelo não fala. mais si pudesse fazer-se ouvir, é certo<br />
que se ufanaria do portador de seu nome que, na Terra de Santa<br />
Cruz, espalhou bênçãos sem numero, em passado glorioso, e que<br />
continua a fazel-o no presente, <strong>com</strong> benefícios mesmos para as gerações<br />
futuras.
O )fm) %mlinô<br />
" O II H t n v ii lt n<br />
G u s t a v o II a r r o s o<br />
mbelino era um negro velho que<br />
morava perto dos chamado; cam-<br />
pos do Oria, entre Quixeramobim<br />
e Cachoeira. Ali, de repente, aos<br />
olhes de quem vinha a cavalo das<br />
fazendas da redondeza, subindo o<br />
cuiso do riacho Fonseca, o sertão desaparecia <strong>com</strong>o<br />
por encanto e <strong>com</strong>o por encanto era substituído pelo<br />
pampa gaúcho. Nem mais uma touceira de xique-xi-<br />
que, nem mais um entrançado de juremas e mulun-<br />
gus, nem mais um joaseiro copádo. A perder de vis-<br />
ta. na planície vasta e monótona, as ondas verdes<br />
do panasco achamalotadas pelo vento e, de espaço<br />
a espaço, <strong>com</strong>o periscópios de submarinos, os pesco-<br />
ços inquietos das emas ariscas.<br />
Na oriiha daquela savana excepcional no sertão, ha-<br />
via um curral, que servia para os <strong>com</strong>boieiros que<br />
vinham á feira de Quixeramobim guardar seu gado,<br />
Da Academia Brasileira<br />
orranchando-se r.as proximidaaes. E, junto ao curral,<br />
numa veiha casinha de taipa o palha, vivia o Umbe-<br />
lino. A habitação mais próxima ficava a dez léguas.<br />
Ali era a plena solidão. Ninguém <strong>com</strong> quem trocar<br />
uma palavra. Nem um cachorro, ao menos ! A' noite,<br />
as trevas faziam herror, povoadas pelos urros das ma-<br />
çarocas. Êle, ás vezes, acendia uma fogueira. Quasi<br />
sempre, porém, ficava mesmo no escuro.<br />
Conheci-o no ano de 1907, indo pela primeira e ulti-<br />
ma vez àquele lugar solitário, onde o diabo perdeu<br />
as botas. Haviam-me dito que nos campos do Oriá<br />
abundavam emas e fui caçá-las <strong>com</strong> um vaqueiro cha-<br />
mado Macário. Parámos mais ou menos uma hora na<br />
casa do Umbelino, que o meu <strong>com</strong>panheiro conhecia<br />
de longa data.<br />
Segundo me contára, o negro velho viera morar na-<br />
quêle fim do mundo havia uns trinta anos, desger^oso'-<br />
<strong>com</strong> o morte de sua mulher. t:le mesmo me disse <strong>com</strong><br />
a maior simplicidade:<br />
— Fui escravo do doutor Holanda do Quixadá e,<br />
no ano de 1884, quando se acabaram os escravos da<br />
província, eu já era livre, graças a Deus em primeiro<br />
iugar e a estas mãos que a terra ha de <strong>com</strong>er em<br />
segundo !<br />
Olhou os mãos negras o grossas, encarquilhadas, de<br />
palmas dum tom róseo feio, e continuou:<br />
— Eu trabalhava de ferieiro a soldada para meu<br />
amo, porém nos domingos êle me deixava fazer servi-<br />
ços para mim. Com o dinheirinho que fui ajuntando<br />
assim, me alforriei.<br />
Sorriu <strong>com</strong> sua boca enorme, simiêsca, amostrando os<br />
denies ainda perfeitos e muito alvos. Depois:<br />
— E' que eu queria me casar <strong>com</strong> a Eufrosina, que<br />
era a mulata mais dengosa e mais cubiçada do Qui-<br />
xadá ...<br />
A chaleira que pusera sobre ires pedras para fazer<br />
café deu ruidosos sinais de ebulição. O negro velho<br />
foi buscá-la e <strong>com</strong>eçou a deitar agua no saco de<br />
pó de café sobre um velho bule de lata. E falava,<br />
agora <strong>com</strong> um tom de tristeza:<br />
— A Eufrosina morreu de parto do primeiro filho.<br />
Eu, enlão, não quis saber de mais nada no mundo.<br />
Peguei todos os meus troços, enchi um baú <strong>com</strong> a<br />
roupa dela, pús tudo nas costas dum cavalo e vim<br />
parar aqui, onde fiz esta casinha e de onde nunca<br />
mais saí. O povo diz que eu sou maluco, porque uns<br />
passageiros já me viram vestido de mulher assentado<br />
no terreiro. Mas é mentira. Eu estou no meu juizo<br />
perfeito, uô vez em quando, é verdade, pego os ves-<br />
tidinhos da defunta, que são as únicas lembranças<br />
que tenho dela, me mêto neles e vou apanhar sol<br />
para tirar o mofo e não se acabarem <strong>com</strong> a faita de<br />
uso ...<br />
Eu era todo ouvidos. Minha curiosidade estava viva-<br />
mento excitada. Não me pude eximir de perguntar-lhe:<br />
— Mas de que você vive aqui. Umbelino?<br />
— Eu vivo de caçar emas. Como as coxas, que é só<br />
o que presta, e vendo as penas, quando passam <strong>com</strong>-<br />
boieiros. Na seca, passo <strong>com</strong> o quo ganhei no inver-<br />
no. Agua não falta, pois aqui perto fica uma cacim-<br />
ba que não secou nem em 1877. A gente tendo agua<br />
tem tudo, o mais é luxo. E eu já passei aqui a séca<br />
dos tres oitos sem quo ela faltasse.<br />
— Vocc não saiu daqui durante todo o ano de 1888?<br />
indaguei <strong>com</strong> espanto.<br />
— "Inhor" não, apesar disto aqui ser um dos cami-<br />
nhos dos retirantes. Toda a gente que desceu do Ria-<br />
cho do Sangue o mesmo do Icó veiu por aqui. Eu is<br />
todos os dias á cacimba buscar tres ou quatro pótes<br />
de agua para dar aos infelizes. Um trabalhão ! E sem<br />
ter o que <strong>com</strong>er ! Fiquei magro <strong>com</strong>o êles.<br />
Interrompi-o:<br />
— Por que não retirou também, Umbelino?<br />
Êle abriu a bocarra noutro sorriso largo e repiicou<br />
<strong>com</strong> sua heróica simplicidade:<br />
— Eu não. Se eu fosse embora, quem daria uma sede<br />
de agua aos desgraçados?<br />
Apertei-lhe a mão, agradeci-lhe a acolhida e parti.<br />
No caminho, disso ao Macário:<br />
— O Umbeiino deve ser bem veiho. Já está de cabe-<br />
ça quasi branca.<br />
— E' verdade — tornou o vaqueiro — negro quando<br />
pinta tres vezos trinta ...<br />
Dois anos mais tarde, voltando àquela ribeira, o Ma-<br />
cário contou-me que o Umbelino, no <strong>com</strong>eço do in-<br />
verno, fora encontrado morto, bicado já pelos urubús<br />
e vestido <strong>com</strong> o traje de casamento dõ mulher, de<br />
branco, de véu e grinalda ...<br />
— Ê!e era preto — declarei ao Macário, que me ficou<br />
olhando <strong>com</strong>o quem nada entende — porém nenhum<br />
coração mais branco do que o seu.
Iti stas cabras não são, certamente, tão<br />
famosas <strong>com</strong>o a de Gandhi. Mas não são<br />
menos bellas. Principalmente, atravez<br />
dessas photographias de arte.<br />
Esses pacíficos animaes vivem ali, no<br />
Morro da Conceição, a dois passos da<br />
Avenida Rio Branco e lá é que as foi<br />
apanhar a objectiva dum photographo<br />
amador, o desenhista Helmut, nos ex-<br />
pressivos instantâneos que illustram esta<br />
pagina. Os modelos vivem no centro da<br />
nossa civilização urbana, mas, conservam<br />
a inquietude arisca das cabras montezes.<br />
;<br />
- •<br />
.- 1 It ty. •<br />
v M 1
uando deflagrou a guerra <strong>com</strong> o Pa-<br />
raguay, naquelle anno de 1865, acha-<br />
va-se a nacionalidade dividida por fun-<br />
das e terríveis dissensões politicas, que<br />
se reflectiam na alma popular.<br />
Duas correntes principaes se degladiavam no<br />
momento, os líberaes e os conservadores. No<br />
momento em que o odio faccíonista deveria<br />
ceder aos grandes imperativos da patria,<br />
ameaçada por insólita aggressão, as intrigas<br />
nublavam o entendimento dos homens, que<br />
Mesa do Palacio do governo<br />
de Assumpção, em que o<br />
marechal Solano Lopez assignou<br />
os actos de guerra<br />
contra o Brasil. (Museu Historico<br />
Nacional.)<br />
dispunham do poder. Salvou a nação o im-<br />
mortal Duque de Caxias, o Condestavel do<br />
Império.<br />
O FILHO DE HEROICOS ANTEPASSADOS<br />
Luiz Aives de Lima, filho do marechal sena-<br />
dor Francisco de Lima e Silva e de D. Ma-<br />
riana Candida de Oliveira Bello, nasceu no<br />
dia 25 de Agosto de 1803, no arraial de Es-<br />
trella, na antiga Capitania do Rio de Janei-<br />
ro. Na sua famiiia de militares, <strong>com</strong> mais de<br />
vinte antepassados na carreira das armas,<br />
dentre os quaes sobresahiram onze gene-<br />
raes, deveria e!le occupar a mais alta posição<br />
sociai, ser, emfim, o membro illustre por ex-<br />
cellencia, o maioral dos Caxias. Aos cinco<br />
annos de idade, em 22 de Novembro de 1808,<br />
por graça especial de D. João VI, tendo em<br />
vista essa gioriosa tradição familiar, era ad-<br />
mittido a assentar praça no exercito <strong>com</strong>o<br />
cadete. O seu pae, o marechal Francisco de<br />
Lima e Silva, logo que attingiu a idade pró-<br />
pria, matriçuíou-o na Real Academia Militar,
D O B R A S I L<br />
onde aícançou em 1818, aos quinze annos, a<br />
distincção do officialato.<br />
Após luminoso curso de infantaria, foi promo-<br />
vido a tenente, em 2 de Janeiro de 1821.<br />
Ajudante do Batalhão do Imperador, unidade<br />
de élite na época, torna parte na Campanha<br />
da Independencia, que occorreu na Bahia,<br />
contra as tropas do general Madeira, mere-<br />
cendo elogios peia sua bravura. E' promovi-<br />
do ao posto de capitão e recebe as insígnias<br />
do Cruzeiro e da Guerra da Independencia.<br />
A GLORIA ILLUMINA OS SEUS PASSOS<br />
Quando se desencadeou no Rio da Prata a<br />
infeliz campanha da Cisplatina, que durou de<br />
1825 a 1828, entra em muitas refregas du-<br />
rante très longos annos de peleja. Regressa á<br />
Corte, <strong>com</strong> os galões de major, no <strong>com</strong>man-<br />
do do mesmo Batalhão do Imperador, <strong>com</strong> o<br />
qual, desde os cinco annos, se sentia ligado<br />
pelos laços do affecto e pelas glorias já con-<br />
quistadas nas suas fileiras. De 1828 a 1831,<br />
O Duque de Caxias entrando<br />
na cidade de Assumpção,<br />
em 5 de Janeiro de 1869.<br />
( Bernardelli.)<br />
Busto de mármore do marechal Luiz Alves de Lima e<br />
Silva, Duque de Caxias. (Museu Historico Nacional.)<br />
trabalha pela efíiciencia do seu valoroso ba-<br />
taihao.<br />
A abdicação de D. Pedro I e a regencia trina<br />
não trouxeram para o Brasil a paz e a tran-<br />
quiilidade que se esperava. A disciplina do<br />
exercito estava profundamente <strong>com</strong>balida<br />
pelo espirito revolucionário, a tal ponto que<br />
Feijó foi coagido a crear.a Guarda Nacional<br />
e Luiz Alves de Lima o Batalhão Sagrado,<br />
<strong>com</strong> o fim de iugular a indisciplina, organi-<br />
zando também o Corpo de Municipaes Per-<br />
manentes, origem das policias militares. Pelos<br />
seus immensos serviços em prol da ordem,<br />
é promovido a tenente-coronel, e em 1837<br />
teve Luiz Alves de Lima de abandonar o<br />
<strong>com</strong>mando das milícias da Corte, para a<strong>com</strong>-
panhar o ministro da guerra, Sebastião do<br />
Rego Barros, ao Rio Grande do Sul, onde se<br />
demorou pouco tempo. Chegado á Corte,<br />
elevam-no a coronel, e nesse posto o gover-<br />
no o vae buscar, para pacificar a província<br />
do Maranhão, no duplo caracter de presiden-<br />
te e <strong>com</strong>mandante das armas.<br />
Armário contendo a espada do marechal Solano Lopez,<br />
que a empunhou até cahir morto, no Aquidaban-Nigui,<br />
em I o de Março de 1870<br />
BARÃO, VISCONDE, CONDE E MARQUEZ<br />
DE CAXIAS<br />
Caxias se fez general, partindo de uma vasta<br />
cultura, <strong>com</strong> as faculdades de raciocínio des-<br />
envolvidas pelo estudo das sciencias positi-<br />
vas, <strong>com</strong> a pratica, desde a mocidade, do <strong>com</strong>-<br />
mando e da guerra. Resolve <strong>com</strong> serena ener-<br />
Modelo da Fortaleza de<br />
Humaytá, executado nas<br />
officinas do antigo Arsenal<br />
de Guerra da Corte.<br />
(Museu Historico Nacional.)<br />
Columnas do altar da<br />
Igreja de Humaytá.<br />
(Museu Historico Nacional.) <br />
gia, habilidade politica e clemencia firme, a<br />
"Balaiada" do Maranhão. Restabelece a paz,<br />
ganha a confiança geral e amaina as paixões.<br />
De regresso ao Rio, tem de attender aos mo-<br />
vimentos de São Paulo e Minas, no anno de<br />
1842. Em Venda Grando e Santa Luzia, põe<br />
termo á insurreição e reintegra na vida do<br />
Império as duas grandes províncias revolta-<br />
das. A sua pacificadora acção vae ser sub-<br />
mettida a prova maior, porque desde 1835<br />
lavra no Sul o movimento farroupilha, pertur-<br />
bando a vida da região, depauperando as fi-<br />
nanças nacionaes, ameaçando o prestigio da
Coroa e a própria unidade do Império. Em<br />
sete annos, doze presidentes nomeados pelo<br />
governo imperial não conseguiram pôr ordem<br />
na província, nem acalmar os revoltosos. Ca-<br />
xias é nomeado presidente do Rio Grande do<br />
Sul e <strong>com</strong>mandante do exercito em operação.<br />
Conhecedor da vida local, Caxias administra<br />
e guerreia, é ao mesmo tempo organizador<br />
e soldado. Re<strong>com</strong>põe as forças, augmenta os<br />
elementos de ataque, disciplina as tropas e<br />
em Porongos põe termo virtual á luta civil.<br />
Na campanha ardua e difficil, Caxias não dei-<br />
xou odios e o paíz vê, admirado, que a provín-<br />
cia vencida o elege para senador.<br />
A phase da pacificação elevou-o em cinco<br />
annos de tenente-coronel a coronel, briga-<br />
deiro, marechal de Campo. Havia attingido<br />
apenas os quarenta annos de idade e fora dis-<br />
tinguido <strong>com</strong> os títulos de barão, visconde e<br />
conde de Caxias.<br />
Em 1851 e 1852, é mandado ao Prata, para<br />
dirigir a campanha contra Rosas e Oribe e a<br />
liquida em nove mezes, contra a espectativa<br />
de todos, na Batalha de Monte Caseros. At-<br />
tinge o mais alto posto da carreira e é eleva-<br />
do á dignidade de Marquez.<br />
PRIMEIRO E ÚNICO DUQUE DO IMPÉRIO<br />
O Duque de Caxias ascendeu de tenente a<br />
marechal do exercito, sempre <strong>com</strong> baptismo<br />
de fógo nos diversos postos da hierarchia.<br />
Vida privada exemplar, estadista patriota,<br />
tres vezes consagrado na chefia do Conselho<br />
de Estado, a sua figura projecta-se fóra do<br />
scenario militar e empolga a nacionalidade.<br />
Mais do que sexagenario, não hesitou em as-<br />
sumir o <strong>com</strong>mando das tropas brasileiras na<br />
Campanha do Paraguay em 1868. Glorioso e<br />
invicto, esmaga os inimigos, os soldados de<br />
Solano Lopez, em Tuyuty, Humayiá, Chaco,<br />
Itororó, Avahy e entra na cidade de Assum-<br />
pção, no dia 5 de Janeiro de 1869. Não co-<br />
nheceu o- travo da derrota e nesse particular<br />
foi mais feliz do que o grande Simon Bolivar,<br />
que, em 36 <strong>com</strong>bates de armas, venceu 18,<br />
teve 6 derrotas e 12 lutas indecisas. O Duque<br />
de Caxias se empenhou em 15 <strong>com</strong>bates e 2<br />
batalhas dos mais árduos e sahiu victorioso<br />
de todos. Foi escolhido, em virtude do Aviso<br />
366 de 1925, patrono do Exercito Brasileiro,<br />
e o dia do seu nascimento festejado <strong>com</strong>o o<br />
Dia do Soldado.<br />
Primeiro e único Duque do Império, o immor-<br />
tal Caxias personifica a grandeza militar e<br />
civica da nacionalidade, <strong>com</strong>o o seu verda-<br />
deiro Condestavel.<br />
O monumento que a nação, agradecida,<br />
elevou ao Duque de Caxias. (Bernardelli.)<br />
Cofre que pertenceu ao marechal Francisco<br />
Solano Lopez. Em uma, vé-se um morteiro<br />
da época da guerra do Paraguay. (Museu<br />
Historico Nacional.)
STEFAN -ZWEIG<br />
1 m i t a a<br />
6 < I 1 1 ii h t r a «• íi o K r a s i I e i r a ' '<br />
r\ ois aspectos da visita que nos fez o emi-<br />
nente escriptor austríaco, Stefan Zweig,<br />
quando, <strong>com</strong>o hospede de honra do governo<br />
brasileiro, esteve alguns dias no Rio de Janei-<br />
ro. Numa phrotographia, o notável polygrapho,<br />
em <strong>com</strong>panhia dos Srs. Cláudio de Souza, pre-<br />
sidente do P. E. N. Club e do Dr. Jayme Cher-<br />
mont, do nosso corpo diplomático, posto á SUÕ<br />
disposição pelo Itamaraty, examina, ao lado de<br />
dois dos nossos <strong>com</strong>panheiros de trabalho, as<br />
publicações da S. A. O MALHO.<br />
Na outra, o autor de "A luta contra o Demo-<br />
nio" e tantas outras obras-primas da literatura<br />
contemporânea, visita as nossas officinas.<br />
C OM. d-ío<br />
_ oU<br />
OS N O M E S NA A ISTE B R A S I L E I R A<br />
F 1 é x a R i b e i r o<br />
Prof. cathedratico da Escola Nacional<br />
de Bellas Aries. Director do Curso de<br />
Arte Decorativa<br />
Candido Portinari e sua impressão artística<br />
C. Portinari — Retrato<br />
^k uem examinasse a evoiução da mentalidade brasileira, — logo lhe assignalaria<br />
a incerteza, senão a falta de espirito na critica. Parece que o domínio affectivo<br />
é por maneira tai preeminente, entre nós, que tudo se reduz á camaradagem,<br />
ao elogio mútuo, ou aos grupirihos peralvilhos conjugados no mesmo<br />
\ f senso de ludibriar o publico. Bastaria citar, e sómente nas artes plásticas, a<br />
^ impressão de um estrangeiro que ignorasse o estado das artes no Brasil, e que<br />
nos quízesse julgar pela critica dos jornaes .. . Somos todos gênios. Os nossos<br />
pintore« são os maiores do mundo. Nunca houve tanta gente <strong>com</strong> vocação para as<br />
artes, <strong>com</strong>o agora. Nenhuma só exposição de quadros ó soffrivel: todos os pintores<br />
<strong>com</strong>eçaram pelo fim; são gênios precoces...<br />
E' verdade também que o leitor atilado desde logo vc que se trata de méra cortezia,<br />
semelhante á que se usa quando alguém nos apresenta um desconhecido: temos<br />
muito prazer cm conhece!-o...<br />
Naturalmente que esto exorcio é para explicar a dirficuidado em que se encontra<br />
aquelle que se propõe a julgar fóra dessa terrivei atmosphera do louvaminha<br />
desnatada.<br />
A exposição de Candido Portinari, reallsada no Paiace Hotel, meroceu vivo empenho<br />
cios quo se interessam peia pintura. Dizer quo ella foi eloquente decepção —<br />
será aper.as aftirmar uina Triste verdade, e da qual a fina sensibilidade do<br />
pintor está sinceramente segura. Por mais de uma vez tenho affirmado que as technicas<br />
são meios para aítingir-se um fim. Todas, ou quase todas, servem: depois<br />
do temperamento e da pericia de quem as usa. A evolução plástica deve ser re-<br />
C. Portinari — São João
C. Portinari — Meninos<br />
C. Portinari — Mar<br />
C. Portinari — Retrato<br />
C. Portinari — Café (2.° monção<br />
honrosa na exposição do Instituto<br />
"Carnegie" dos Estados Unidos)<br />
cebida <strong>com</strong> espectante sympathia porque o'e uma delias sahirá, de certo, nova<br />
descoberta da belleza, que, desde o velho Platão, já era o esplendor da verdade.<br />
A Natureza subjectiva é infinita: e dentro delia encontraremos innumeraveis segre-<br />
dos para revelar. E, para isso, bastará qje nos sintamos integrados na apparencia<br />
das coisas, dentro de seu mysterio, que é o proprio sentido obscuro e alto da Vida.<br />
Conheci Portinari muito ar.tos do sou premio de viagem. A' sua partida, e a pro-<br />
posito de urna exposição que fez de despedida, expressei, <strong>com</strong> veracidade, toda<br />
minha confiança no pintor joven, o do tão subiil sensualidade visual, cuja ascen-<br />
dência italiana activava-se ainda, atravez de tantas gerações, nuns longes de sensivei<br />
pe r cepção das linhas, evocando, por vezes, diluídos tons de enigmatica intuição dos<br />
florentinos.<br />
Vendo agora seus quadros, a maioria delles, assalta-me a certeza que estou diante<br />
de um postiço, que elle se impôs, <strong>com</strong>o uma necessidade tyrannica da época. De<br />
um modo geral, esta pintura, velha do mais de vinte e cinco annos, na Europa, onde<br />
já passou de estylo <strong>com</strong>mercial, não é mais do quo uma serio de mascaras que o<br />
pintor está afivelando fóra do carnaval plástico. Por outro lado, ha <strong>com</strong>o que a impressão<br />
de figurinos que estão fóra da moda: e os personagens do drama pictural<br />
surgem <strong>com</strong>o indivíduos vestidos <strong>com</strong> trajes elegantes... mas de vinte, trinta annos<br />
atraz: são quase ridicuios. No entanto, ha alguma coisa de novo: é a atmosphera que<br />
os envolve. Ahi o progresso de Portinari é sensivei: e, á maneira de Chirico, elle<br />
procura estabelecer uma desproporção ambiental entre as coisas e os seres e o mundo<br />
physico. No entanto, semelhante desproporção é uma realidade óptica, e quo<br />
merecia ser fixada.<br />
Talvez se encontrasse, remotamente, o sentimento delia, primeiro, em Claude Geler,<br />
e, depois, em Turner, para finalmente, buscal-a, e nem sempre, em alguns estudos<br />
de mar de Ciaude Monet. Creio que entre nós é novidade aquelle totalismo visual,<br />
se exceptuarmos a ultima maneira de Hugo Adami, e da qual a ''IIlustração Brasileira".<br />
em seu numero de Julho, deu tão impressionante documento.<br />
A óra das deformações iá passou, corno passou o tempo do fraque. Não seria, aliás,<br />
possive! que o ideal da pintura modernista fosso sómente reproduzir o feio; por que não<br />
pintar, <strong>com</strong> a mesma technica, <strong>com</strong> os mesmos truques pictogrammicos, <strong>com</strong> idênticos<br />
tiques ópticos, figuras de proporções normaes? E por que o pintor, logo que<br />
se approxima do retrato individual, por assim dizer residencial, muda de qualidade<br />
interpretativa, e o modelo passa a ser normativo? Quando a sinceridade? Dir-se-á<br />
quo o artista pôde sor bifronte, ou mesmo multifário: e correr toda a gamma polytechnica.<br />
Só se estiver fazendo prestidigitação espectacular, <strong>com</strong> fim reclamista.<br />
Mas semeihante caso não se poderá verificar num pintor <strong>com</strong>o Portinari, cuja unidade<br />
artística foi sempre nascida da fonte pura do instincto. Nelle não havia, e<br />
posso dizer que não ha, uma especulação intellectualista, e sim torrente vivida do<br />
sentimento. E a prova, flagrantemente se nos depara, na reproducção da trichromia<br />
que faz esta revista no presente numero.<br />
Os retratos que se exhibem, embora de tratamentos diversos, foram seccados demais:<br />
a pesquisa de uma pasta de demasiado esfregamento, para obter uma leve egualdade<br />
de epiderme, deu-lnes qualquer evidencia de madeira que nos inquieta pela<br />
falta de densidade, de habitação, de alguém, dentro daquelias frágeis muralhas.<br />
Bem sei que esta phaso de imitação-contra-vontade, <strong>com</strong>o passou o período das<br />
orbitas vazias, ao primeiro molde de Mátisse, desapparecerá: mas os seus experimentos<br />
terão sido úteis. O decidido esforço de adaptação que fez — testemunha<br />
no pintor uma notável capacidade do vontade, uma constancia no officio que vae<br />
irazor-ihe preciosos e ricos benefícios. Tiradas as mascaras, limpas as mãos dos exercidos<br />
penosos e exhaustinantes, libertado da obrigação convencional de pintar <strong>com</strong>o<br />
não sente, feliz, diante ao modelo, para sentil-o no seu caracter natural, vivendo do<br />
sua sensibilidade, á procura do si mesmo, liberto do seus "inimigos" que tanto o<br />
elogiam agora, irá <strong>com</strong>eçar a granae viagem do artista cm faco da Natureza... quo<br />
pintor, até aqora, impediu que se reaiisasse.<br />
Ser exiravagante é taci!: ditficil é ser original. A Natureza é <strong>com</strong>o o velho Protheu:<br />
não se entrega para quem faz macaquices diante delia; é preciso passar-lhe o collete<br />
<strong>com</strong> animo e total sinceridade ... ,<br />
"La <strong>com</strong>edia ô finita..." vae <strong>com</strong>eçar a vida!
V il SO DE FLOHES<br />
C . P O R T I N A R I
é<br />
ONDE O PASSADO E 0 PRESENTE SE MISTURAM<br />
iTTTHl T f ¥<br />
11<br />
Ijis aqui um dos mais curiosos flagrantes da Capital do Brasil: ahi<br />
estão, misturados, confundidos o Rio de hoje e o Rio de ha um<br />
século. No primeiro plano, o velho edifício dos Correios e Tele-<br />
graphos da Praça 15, tendo ao redor um trecho da cidade anti-<br />
ga e ao fundo, <strong>com</strong>o se fosse num "truc" de superposição pho-<br />
fographica, o panorama cyclopico da Metropole moderna, eriça-<br />
da de arranha-céos, de cupulas e de altas torres.<br />
E' <strong>com</strong>o se o passado e o presente se houvessem marcado<br />
"icndez-vous" nesse canto da Cidade Maravilhosa.
MAGDALENA<br />
Aos pés c/o Mestre, que ella beija e lava,<br />
Dos seus o/hos na límpida corrente,<br />
Enxugando-os, depois, na <strong>com</strong>a flava,<br />
Como em toalha de seda refulgente;<br />
Ao partir o alabastro, que levava,<br />
E cujo aroma a envolve inteiramente<br />
O coração a estuar <strong>com</strong>o uma lava,<br />
Transfigurada, extático, imponente;<br />
A Magdalena encarna bem, nessa hora,<br />
A alma humana, que ao fim do vôo errante<br />
Pelas chimeras dos ideaes risonhos,<br />
Despedaça sem dó, chorando embora,<br />
Sobre o altar da Verdade, a eterna amante,<br />
A amphora azul dos seus mais lindos sonhos!<br />
II . A q u i n o Co r r ê a<br />
da Academia de Letras
Pereiro Passos, ao tempo em<br />
que assumiu a Prefeitura do<br />
Distrioto Federal.<br />
A .Avenida Beira Mar, cm<br />
1906, tal <strong>com</strong>o a deixou<br />
Pereira Passos<br />
Pereira Passos recebe uma<br />
grande manifestação, na<br />
Prefeitura do Districto, em<br />
Í9I0, quando regressou da<br />
Europa — homenagem esta<br />
a cuja frente se encontrava<br />
o Prefeito Serzedello Corrêa<br />
1<br />
«<br />
Ï<br />
ír «<br />
NO CENTENARIO<br />
<strong>SETEMBRO</strong> — <strong>1936</strong><br />
DO REMODELADOR<br />
DA CIDADE<br />
4 29<br />
Photos Malta<br />
do mez passado, a Capitai da Republica<br />
<strong>com</strong>memorou <strong>com</strong> varias solemnidades o cente-<br />
nário do nascimento de Pereira Passos.<br />
Foi este o grande reformador do Rio de Janeiro. A<br />
sua administração na Prefeitura do Districto Federal<br />
marcou urr.a éra neva na vida da cidade.<br />
Antes de Pereira Passos, o Rio continuava sendo a<br />
cidade colonial de D. João VI. Foi a acção dynamica<br />
desse engenheiro, que deu nascimento á metropole<br />
nova e linda que em breve se tornará um dos maio-<br />
res centros de turismo do mundo inteiro.<br />
Pereira Passos remodelou a physionomia das ruas; ras-<br />
gou avenidas; aterrou a enseada da Gloria, iniciando<br />
a conquista do terrenos ao mar; inaugurou o calça-<br />
mento do asphalto, poz em praticas severas afim do<br />
conservar a esthetica das edificações, principalmente<br />
no centro urbano. O Rio novo, o Rio modorno, o Rio<br />
que se mira, <strong>com</strong> elegancia, nas praias, do alto dos<br />
seus arranha-céos, surgiu <strong>com</strong> Pereira Passos.<br />
Durònío a sua administração, a Capital Federal rece<br />
beu a visita de varias illustres figuras internacionaes.<br />
Elie as acolhia sempre <strong>com</strong> a fidalguia de um gon-<br />
tlema.i hospitaleiro e mostrava-lhes a cidade, <strong>com</strong> or-<br />
gulho, principalmente a Tijuca, que elle chamava "a<br />
sala de visitas do Rio de Janeiro".<br />
Esse homem, que tanto trabalhou pela grandeza da<br />
Capitai da Republica, tom direito á mais viva grati-<br />
dão da população carioca.
ILLUSTRAÇAO BRASILEIRA<br />
Quando o Ministro do<br />
Exterior dos Estados<br />
Unidos visitou o Rio em<br />
1906, o Prefeito Pereira<br />
Passos levou-o a passeio<br />
na Tijuca. Neste curioso<br />
grupo, vemos, entre outros,<br />
o Ministro Rood,<br />
o embaixador do Chile,<br />
Oliveira Passos, Joaquim<br />
Nabuco, Dr. Costa Pereira,<br />
etc.<br />
rua? "/fü-Tf '.pi j<br />
O aterro da enseada da<br />
Gloria, realizado pelo grande<br />
Prefeito, após a demolição<br />
do velho Mercado<br />
Em 1905, o Prefeito Passos<br />
inaugurou o calçamento a<br />
aspnalto, principiando pelo<br />
Cattete. Este aspecto é da<br />
rua deste nome, canto da<br />
rua Pedro Américo<br />
A,
J.V •. #<br />
V x. n<br />
- — : . .<br />
1: -w<br />
f J J<br />
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fijy<br />
• «<br />
P a t o s ,
1 >J<br />
os viveiros da ultima Exposição de Animae:<br />
e productos derivados, os ganços, marre-<br />
cos e patos fazem a sua festa á beira dagua,<br />
indifferentes aos passantes e curiosos, indiffe-<br />
rentes aos prêmios e aos destinos da pacuaria<br />
nacional.<br />
O seu ar altaneiro ou displicente é de quem sabe<br />
que a agua pôde faltar para toda gente, menos<br />
para elles, aves de exposição, bichos felizes.
do fv<br />
Cre<br />
A<br />
àd ora<br />
The
este anno o estrondoso successo de 1934. Encontraram-se, de novo, na<br />
mesma opera, perante a mesma platéa esses dois colossos de voz, que são<br />
Gina Cigna e Ebe Stignani, respectivamente, Gioconda e Laura. Ao<br />
lado de ambas, Danise, o grande barítono, Tornari, Baronti, Giusti,<br />
Girotti e Perrota.<br />
Em matéria de tenores o elenco itaiiano exhibiu sobretudo dois nomes<br />
que se mantêm, presentemente, <strong>com</strong> justiça, no primeiro plano:<br />
Bruno Landi e Aureliano Marcaro. A ambos, o publico ficou devendo<br />
a creação de aiguns excellentes papeis.<br />
No quadro francez, um bello triumpho estava rezervado aos tenores<br />
George Tili e José Luccioni. O primeiro, é o nome universalmente conhecido,<br />
a voz de ouro da escola franceza, um dos tenores mais impressionantemente<br />
deliciosos, de todos os tempos. O segundo, italiano<br />
embora foi um optimo "tenor francez". Agradou em cheio e deixou<br />
boa impressão.<br />
Lucienne Anduran foi outra exceilente surpresa da temporada.<br />
Outros nomes podem juntar-se a essa pleiade brilhante: Izabel Marengo,<br />
Armando Borgioli, Ettore Parmeggiani, Victor Damiani, Nerina Ferrari,<br />
Salvatore Bacaloni, Orlando Giusti, Paolis.<br />
Ao mesmo tempo que offereceu ao publico a sensação de uma opera<br />
que bem revela a desorientação da musica de nossos dias — Giulio<br />
Cezare — a <strong>com</strong>panhia procurou não esquecer aquellas que têm sido<br />
o esteio de todas as temporadas.<br />
Carlos Gomes teve a sua homenagem merecida, hombreando-se, em<br />
scena, <strong>com</strong> os mais populares e mais notáveis operistas de todas as<br />
escolas. No momento em que ainda se ouvem os écos das homenagens<br />
que, pelo Brasil e pelo estrangeiro, se prestam, a Carlos Gomes,<br />
em <strong>com</strong>memoração do primeiro centenário de seu nascimento, os espectáculos<br />
da temporada official foram excellentes pretextos para que<br />
o nome do patrício glorioso fosse, mais uma vez reverenciado <strong>com</strong>o<br />
merec. Em matéria de regentes, contou a temporada <strong>com</strong> dois nomes<br />
principaes, que cada vez mais se firmam<br />
no conceito publico: Angelo Luesta e<br />
Humberto Berretoni.<br />
O trabalho insistente e intelligente de<br />
Maria Oleneva vae realisando uma obra<br />
notável. O Municipal já pôde orgulhar-se<br />
do corpo de bailes que possue, graças á<br />
sua incansavel directora.<br />
A arte brasileira esteve muito brilhantemente<br />
representada na temporada. Para<br />
o repertorio, concorreu <strong>com</strong> "II Guarany"<br />
e "Lo Schiavo", de Carlos Gomes, para o<br />
elenco, <strong>com</strong> Maria de Lourdes Sá Earp e<br />
Nice de Araujo Jorge, além de Bidú<br />
Sayão, o nome giorioso que já deixou de<br />
ser unicamente brasileiro, porque se tornou<br />
universal. Um facto precisa ser registrado<br />
especialmente: a gentil homenagem<br />
de George Till, creando o protagonista<br />
de "II Guarany", <strong>com</strong>o uma justa homenagem<br />
ao Brasil e aos brasileiros.<br />
B I Ü Ú SAYAo<br />
Sovilha"<br />
e,ro<br />
GEORGE TILL — Que creou o<br />
protagonista de "II Guarany",<br />
de Carlos Gomes.
O s n o v o s<br />
E m b a i x a d o r e s<br />
n o B r a s i l<br />
O s governos da Hespanha, da Allemanha e<br />
do México têm novos embaixadores no Brasil.<br />
A chefia da representação diplomatica da<br />
Republica ibérica foi confiada ao Sr. Theodo-<br />
miro Aguilar; a da Allemanha, ao Sr. Arthur<br />
Schmidt Elskop, e a do México, ao Sr. Puig<br />
Cassanvanc.<br />
Nesta pagina, vemos aspectos da entrega de<br />
credenciaes desses embaixadores ao Presiden-<br />
te da Republica, no Palacio do Cattete.<br />
No alto, o embaixador do México palestra<br />
<strong>com</strong> o chefe da Nação, após a entrega das<br />
credenciaes. Ao centro, o embaixador da Al-<br />
lemanha chega ao Palacio do Cattete, onde<br />
é introduzido á presença do chefe da Nação.<br />
E finalmente, após a entrega de credenciaes,<br />
o embaixador da Hespanha palestra amisto-<br />
samente <strong>com</strong> o Presidente da Republica.<br />
i v mrm W T f W
a i x a<br />
E L E G A Ç Õ E S<br />
e s t r a n g e i r a s<br />
N O<br />
Séde da Legação do Chile,<br />
á rua Senador Vergueiro<br />
1LLUSTRAÇA0 BRASILEIRA<br />
Séde da Embaixada<br />
da<br />
Bolívia, á<br />
rua S' nador<br />
Vergueiro
<strong>SETEMBRO</strong> — <strong>1936</strong><br />
Dr. Souza Costa, ministro<br />
da Fazenda<br />
PRODROMOS DA SUCCESSÃO<br />
Um aspecto do banquete<br />
do P. E. N. Club do Brasil<br />
Os obsorvadores da politica nacional tiveram, nos<br />
dias do ultimo mez, a convicção de que o problema<br />
da successão presidencial estava vindo a furo. Todos<br />
sentiam que o assumpto se agitava, nesse terreno gris<br />
que são os bastidores políticos.<br />
Certamente, ainda não havia nomes, mas sobravam<br />
palpites.<br />
Surgiram indicios vehementes de que estamos nos prodromos<br />
da successão — indicios que não enganam<br />
os olhos perspicazes dos observadores: a actividado<br />
do governador do Rio Grande do Sul nesta capital;<br />
os leves estremecimentos da politica mineira, <strong>com</strong> a<br />
constituição da nova mesa da Assembléa Legislativa<br />
Estadual; o rompimento da trégua pela minoria, a<br />
proposito da organisação dos tribunaes especiaes e<br />
uma evidente inquietude, uma ansiedade indisfarçável<br />
ne politica do Districto Federal.<br />
Sente-se que vae irromper, a qualquer momento, o<br />
nome üe um candidato. Apesar disso, os artifícios<br />
e as manhas podem prorogar, por um tempo quase<br />
indefinido, esse. momento.<br />
A NEUTRALIDADE BRASILEIRA<br />
Em matéria de politica internacional, o acontecimento<br />
do maior importancia em que o Brasil se envolveu,<br />
foi, sem duvida, o movimento diplomático encabeçado<br />
pela chanceílaria uruguaya, em favor de uma mediação<br />
na luta fratricida que ensanguenta a Hespanha.<br />
O Brasil mantém a sua neutralidade, porque o conflicto<br />
interessa mais particularmente ás chancellarias<br />
europ.éas e porque, aiém de tudo, nem houve reconhecimento<br />
do estado de beliigerancia para os revoltosos.<br />
Mas o nosso governo mostra-se disposto a secundar<br />
os esforços dos outros governos do Continente,<br />
se estes entendem necessaria e profícua uma intervenção<br />
amistosa em pról da pacificação da nobre<br />
nação ibérica.<br />
A INTERVENÇÃO FEDERAL NO MERCADO DOS<br />
GENEROS ALIMENTÍCIOS<br />
O problema do encarecimento da vida teve, afinal,<br />
a solução que previramos: acabou suscitando a intervenção<br />
do governo federal. O decreto baixado a<br />
esse respeito traça as linhas de um largo programma<br />
que, se for executado <strong>com</strong> honestidade o intelligencia,<br />
produzirá os melhores resultados, impedindo a<br />
expioração dos consumidores o dos productores e deixando<br />
uma razoave! margem de lucro para os intermediários.<br />
A Commissão de Tabellamento, nomeada pelo governo,<br />
está principiando a controlar os mercados do producçáo,<br />
atacadista e varejista dos generos de primeira<br />
necessidade, dispondo de uma somma de autoridade<br />
suficientemente larga que lhe permitte exercer<br />
uma acção energica e sem abuso, se quizer realizar<br />
obra meritória.<br />
Agora, aguardemos os resultados.<br />
A CRISE DO TOSTÃO<br />
A capital do paiz e o resto do Brasil inteiro atravessam<br />
uma curiosa modalidade de crise: a crise do<br />
tostão, ou seja, o problema da falta de nickel. Parece<br />
uma coisa sem importancia, mas a verdade é<br />
que perturba, profundamente, a vida <strong>com</strong>mercial<br />
e tem origens muito interessantes. Como se sabe, a<br />
nosso moeda está bastante desvalorizada, de cinco<br />
annos a esta parte. Neste mesmo período, o mundo<br />
tem vivido um momento agitadíssimo, o que determinou<br />
um recrudescimento vertiginoso das industrias<br />
bellicas, Por isso, o niclcel, que é a nossa moeda de<br />
trocos, tem subido de preço, extraordinariamente.<br />
Com a queda de valor do nosso mil réis e a elevação<br />
de preço do nickei, succedeu que as rfossas moedas<br />
passaram a ter um valor intrinseco maior do que<br />
o valor nominal. Appareceram os <strong>com</strong>pradores, fundaram-se<br />
empresas caça-nickeis, que iam recolhendo<br />
todo o troco existente no nosso mercado e exportando-o,<br />
clandestinamente. Resultado: a crise do tostão,<br />
que a Casa da Moeda se esforça por alliviar, jogando<br />
no mercado moedas de nickeis, cada vez menores.<br />
Só no mez passado, entraram em circulação 453 mil<br />
contos do nickeis de 100, 200, 300 e 400 réis. E não<br />
desafogou o <strong>com</strong>mercio da falta de trocos.<br />
NACIONALISMO SADIO<br />
Neste momento, processa-se, em nosso paiz, um sadio<br />
movimento nacionalista. A' sua frente, acha-se a Liga<br />
de Defesa Nacional que está numa phase de grandes<br />
iniciativas, sob a presidencia do general Pantaleão<br />
Pessoa.<br />
Patrocinados por essa associação, têm-se realizado<br />
conferencias, pronunciadas por figuras destacadas da<br />
intellectualidàde brasileira que procuram collocar os<br />
problemas mais importantes da hora presente sob um<br />
angulo de sadio patriotismo.<br />
A Liga de Defesa Nacional, numa campanha das mais<br />
salutares que se têm emprehendido entre nós, se encarregou<br />
de recordar a todos os brasileiros os sagrados<br />
deveres que todos temos <strong>com</strong> a Patria, num ins-<br />
General Pantaleão Pessoa,<br />
Presidente da Liga da<br />
Defesa Nacional<br />
tante de alerta geral, <strong>com</strong>o o que estamos atravessando.<br />
ESCRIPTORES EMINENTES NO BRASIL<br />
Em Buenos Aires está se realizando o XIV Congresso<br />
dos P. E. N. Clubs mundiaes. De viagem para a capital<br />
Argentina, passaram pelo Rio de Janeiro innumeros<br />
escriptores eminentes de projecção em todo o<br />
mundo.<br />
O P. E. N. Club do Brasil que é presidido pelo académico<br />
Claudio de Souza, recebeu-os, condignamente,<br />
offerecendo-ihes um banquete no Casino Atlântico,<br />
no qual aquellos notáveis intellectuaes tiveram<br />
ensejo de um conhecimento mais estreito <strong>com</strong> os seus<br />
collegas do Brasil. Nesse agape, tomaram parte os<br />
seguintes escriptores estrangeiros, representantes dos<br />
P. E. N. Clubs dos respectivos paizes: Benjamin Crémieux,<br />
da França; Minkoff, da Bulgaria; Stickelberger,<br />
da Suissa; Antonio Rado, da Hungria; Paulo<br />
Gollia, da Yugo-slavia; Dominique Braga, director do<br />
Instituto de Cooperação Intellectual da Liga das Nações;<br />
Veomoylen, da Bélgica; Hans Ruin, da Finlandia;<br />
Ungaretti o Puccini, da Italia, Awad, do Egypto,<br />
e Khaduri, do Irak.
VISITA AOS AERODRO-<br />
MOS INGLEZES<br />
Eduardo VIII, que é o<br />
<strong>com</strong>mandante cm chefc<br />
da Força Aerea britannica,<br />
visitou todas as<br />
bases de aviação do<br />
Reino Unido. Eil-o aqui,<br />
em <strong>com</strong>panhia do Duque<br />
de York, seu irmão, inspeccionando,<br />
no Aerodromo<br />
de Mildenhall, os<br />
mais possantes aviões<br />
de bombardeio inglezcs.<br />
O STADIUM 0LYMP1C0<br />
— Vista geral do vasto<br />
amphitheatro de Berlim,<br />
para onde estavam voltados<br />
os olhares do todos<br />
os sportsmen do<br />
Mundo. No primeiro plano,<br />
a piscina para as<br />
provas de natação. Ao<br />
fundo, a magestosa entrada.<br />
A' SAHIUA DO TEMPLO<br />
Presidente dos Estados Unidos<br />
deixando a cgreja de St. James,<br />
em Hyde Park, após os officios<br />
divinos dos sabbados. Aconipa-<br />
* ^ S. Exa. a esposa, a pro-<br />
- f\\ho.<br />
o<br />
tvi®<br />
Ííe<br />
« l<br />
cYv^<br />
fCV"<br />
c<br />
os a**<br />
*****<br />
O
INAUGURANDO AS OLYMPIA-<br />
DAS — Por occasiâo do inicio<br />
dos jogos olympicos, realizou-se<br />
uma sessão do "Comité Olympico<br />
Internacional". Este instantâneo<br />
foi tomado quando falava<br />
o ministro Hess, patrono do<br />
congresso<br />
(Photo via-aerea Condor-Lufthansa)<br />
UM RAPAZ DE SORTE — Entre os<br />
que ganharam o Sweepstake inglez<br />
conta-se um chinez, Wong Toh, que<br />
aqui se vê quando recebia um telegramma<br />
annunciando a victoria de<br />
"Noble King" no Derby.
M .... —<br />
Esquadrão em marcha<br />
para um exercicio<br />
I O Regimento de Cavallaria apresenta a originalidade de ter<br />
atravessado incólume, atiavez a serie successiva de fusões e<br />
refusões por que tem passado o Exercito Brasileiro, <strong>com</strong>o único<br />
corpo que conseguiu manter-se na mesma parada conservando<br />
sua primitiva numeração.<br />
ORIGEM DOS DRAGÕES<br />
A origem dos Dragões da Independencia fomô-Ia encontrar na ordem regia de 31<br />
de Janeiro de 1765, que determinou a organisação do "Esquadrão de Cavallaria<br />
Ligeira da Guarda do lllmo. e Exmo. Vice-Rey do Estado".<br />
Na administração do Conde de Azambuja teve tal Esquadrão o accrescimo duma<br />
2 J <strong>com</strong>panhia e na do Marquez de Lavradio foi transformado em "Corpo de Cavallaria<br />
de Linha", nos moldes dos Rogimentos do Dragões do Rio Grande do Sul,<br />
<strong>com</strong> a juncção dos Esquadrões de Minas e São Paulo, nelle sendo mandado servir<br />
"officiaes de Dragões", então considerados de elite.<br />
A sua organisação em Regimento, fel-a Sua Alteza o Príncipe Regente, pelo Dec.<br />
de 13 de Maio de 1808, assim redigido:<br />
"Fendo em consideração a necessidade que ha de levar a uma maior força o Corpo<br />
de Cavallaria de Linha da Guarnição desta Cidade: Hei por bem crear um<br />
Regimento que se denominará Primeiro Regimento de Cavallaria do Exercito, o<br />
qua! será <strong>com</strong>posto de oiro <strong>com</strong>panhias debaixo do mesmo pé em que se achavam<br />
estabelecidos os regimentos de cavallaria do Meu Exercito do Reino, e para servirem<br />
neste Corpo Sou Servido nomear os officiaes indicados na relação que <strong>com</strong><br />
este baixa assignada peio Meu Conselheiro, Ministro e Secretario de Estado dos<br />
Negocios Extrangeiros o da Guerra. O Supremo Conselho Militar o tenha assim<br />
entendido e faça expedir nesta conformidade, os despachos necessários. Palacio do<br />
Rio de Janeiro, em 13 de Maio de 1808".<br />
Coube ao Coronel Francisco de Paula Magessi Tavares de Carvalho, Barão de Villa<br />
Bella, <strong>com</strong>mandar o luzido grupo de officiaes o soldados que o constituíram.<br />
PIONEIRO DA INSTRUCÇÃO<br />
Assim viveu o regimento colonial até o anno de 1810, quando Sua Alteza o Príncipe<br />
Regente, pelo decreto, de 5 de Dezembro, resolveu dar-ihe nova organização, fundamentando-a<br />
nos seguintes termos:<br />
"Convindo muito dar. uma nova organização ao I o Regimento de Cavallaria do<br />
Exercito, augmentando o numero de praças dos seus Esquadrões de maneira que<br />
se ache sempre em estado, não só de fazer o serviço em que diariamente é empregado,<br />
mas de poder adquirir ao mesmo tempo a instrucção necessaria nas manobras<br />
e evoluções próprias da arma de cavallaria, e a disciplina que deve ter, e<br />
convindo outrosim, que o dito regimento seja daqui em diante administrado por<br />
conta da minha Real Fazenda; Sou servido ordenar que se proceda a execução do<br />
plano e instrucções que <strong>com</strong> este baixam assignados pelo Conde de Linhares, Ministro<br />
e Secretario do Estado dos Negocios Estrangeiros e da Guerra. O Conselho<br />
Supremo Militar o tenha assim entendido e faça executar, expedindo para este<br />
effeito as ordens necessarias. Palacio do Rio de Janeiro, em 5 de Dezembro de 1810".<br />
As instrucções que a<strong>com</strong>panharam tal decreto, constituíram depois as bases da<br />
evolução que teve o Exercito; cabendo pois, ao I o do Cavallaria a gloria de ter sido<br />
o pioneiro do progresso que se operou, do exclusivo serviço de guarnição para a<br />
instrucção profissional.<br />
CASERNAS<br />
A primitiva caserna dos Dragões era na Rua do Piolho, entre o campo dos Ciganos.<br />
hoje Praça Tiradentes, e o Campo de SanfAnna.<br />
Sua cavalhada por falta de baias foi lecolhida a uma estalagem, onde definhou a<br />
ponto de não poder prestar qualquer serviço.<br />
A' 5 de Fevereiro de 1810 foi ali mandado construir seu quartel, donde mudou-se o<br />
Regimento em 1871, para o antigo cortume de S. Christovam, á Rua Figueira de Mello<br />
esquina de Pedro Ivo, sua caserna definitiva, que foi inteiramente remodelada na<br />
administração Calógeras.<br />
REPRESENTANTES DA NOBRESA<br />
A 11 de Março de 1870 o Regimento recebia em suas fileiras, <strong>com</strong>o I o Cadete,<br />
Sua Alteza o Principe D. Feiippe Luiz Maria Bourbon.<br />
Tal distincção se avulta por ser o primeiro membro da familia real que verificava<br />
praça no Exercito.<br />
O Regimento dos Dragões<br />
em serviço de campanha<br />
ILI.USTRAÇÃÔ BRASII.ËIRA<br />
D. Felfppe le+irou-se do Regimento orn 29 de Fevereiro de 1872 <strong>com</strong> transferencia<br />
para o 4 o de Cavallaria.<br />
Em 1883 verificou oraça no Regimente o Conde de Gatterburg, da nobresa austriaca,<br />
que obteve baixa em 29 de Abril de 1884 por intervenção do representante<br />
diplomático de seu paiz que o reconhecera por occasião duma formatura. De sua<br />
pa 4 ria manteve sempre correspondência <strong>com</strong> antigos <strong>com</strong>panheiros oarmas.<br />
ACTOS DE CIVISMO<br />
A I I de Janeiro de 1822 a artilharia da Divisão Auxiliadora tomara posição no<br />
Morro do Castello o ameaçava bombardear a cidade, caso D. Pedro não obedecesse<br />
ao chamamento das Cortes Luzitanas. D. Pedro poude resistir e permanecer<br />
no Brasil porque os milicianos que se reuniram ao povo no Campo de SanfAnna<br />
f oram auxiliados pelo denodado I o Regimento de Cavallaria.<br />
t' de notar-se principalmente a nobresa da attitude então assumida pelo Regimento.<br />
Dado o cavalheirismo dos seus officiaes, que sabendo achar-se a Sereníssima<br />
Princesa Real em estado interessante, vão agir <strong>com</strong> meditada circunspecção,<br />
manchando o Regimento <strong>com</strong> todo o sigilo e indo colíocar-se no Rocio em situação<br />
de defesa, afim de que ficasse a Princesa a salvo de qualquer <strong>com</strong>moção<br />
súbita.<br />
NA ABDICAÇÃO<br />
A 7 de Abril de 1831, ao regressar o Brigadeiro Lima e Silva, de São Christovam.<br />
após conferenciar <strong>com</strong> o Imperador, que abdicara da corôa, vae encontrar no<br />
Campo de SanfAnna os bravos do I o de Cavallaria que, <strong>com</strong> o I o Batalhão de<br />
Infantaria e 2 o Corpo de Artilharia, tinham fraternisado <strong>com</strong> o povo ali reunido.<br />
NAS GUERRAS INTERNAS<br />
Das tropas enviadas para abafai os movimentos republicanos irrompidos em Pernambuco,<br />
em 1817 o 1824, fazia parte um esquadrão do nobre Regimento.<br />
Constituiu elie a primeira tropa que se apresentou para subjugar os amotinados do<br />
2 o Regimento de Artilharia a 18 de Dezembro de 1889.<br />
Na revolução de 1893 foi elogiado por Moreira Cezar pelos serviços prestados na<br />
Ilha do Governador, onde portou-se <strong>com</strong> inexcedivel bravura, tendo tido mortos<br />
e feridos. Segue sob o <strong>com</strong>inando do Coronel Marinho para operar no Paraná e<br />
Sta. Catharina e atravessa o Rio do Peixe debaixo de forte fuzilaria, perdendo um<br />
official e varias praças; recebendo do Marechal Floriano um telegramma de enthu<br />
4 .iastica saudação pelo êxito da rapida e brilhante acção. Vae repelir os contrários<br />
que em numero superior occuliavam-se na Serra de Pelotas. Salienta-se no<br />
Pasto de Horval, por cujos feitos, diversos officiaes e praças são promovidos por<br />
bravura.<br />
A marcha sebre Colonia, já tentada som resultado pelos batalhões patrioticos Silva<br />
Telles e Frei Caneca, bem <strong>com</strong>o pelos 9 o e 20° Btls., vae ser realisada por um reconhecimento<br />
de official do denodado I" Regimento de Cavallaria sob o <strong>com</strong>inando<br />
do Cap. Aguiar e Silva que recebendo o praso de um mez, cumpre a missão<br />
ao fim de 18 dias, sendo el!e e seus <strong>com</strong>mandados elogiados por Floriano<br />
pelo brilhante feito.<br />
EM CANUDOS<br />
Na marcha para Canudos constituo o Esquadrão do bravo I o de Cavallaria a rectaguarda<br />
que protege a artilharia, a qual é atacada pelos "jagunços" occultos na<br />
caatinga. Trava-se vivo tiroteio que dura meia hora, fugindo os "jagunços" e proseguindo<br />
a columna sua marcha até Morro Vermelho, onde o grosso se acha empenhado<br />
em renhido <strong>com</strong>bate, do qual vae <strong>com</strong>partilhar aquelle destemido esquadrão,<br />
<strong>com</strong>o egualmente no do dia seguinte.<br />
A ordem do dia de 4 de Agosto de 1897, relativa ao <strong>com</strong>bate dos Campos de<br />
Canudos, diz que taí esquadrão "em linha de atiradores o em posição arriscada<br />
concorria valorosamente <strong>com</strong> as linhas de fogo da Infantaria para bater o inimigo".<br />
Na operação do fechamento do sitio vae caber-lhe a mais perigosa das missões,<br />
devendo atravessar o Rio Vasa Barris e apoderar-se da cochila a cavalleiro da cidadela.<br />
ficando <strong>com</strong>pletamente enfiado pelos fogos adversos.<br />
Não obstante, cumpre galhardamente sua missão, permanecendo ainda por longas<br />
horas na posição conquistada, sustentando-a até a chegada da infantaria. Toma<br />
parte em todos os <strong>com</strong>bates do mez de Outubro, regressando em Novembro, a sua<br />
caserna, coberto de glorias.
<strong>SETEMBRO</strong> — 1Ô36<br />
S i J&pR<br />
Barraca dum Capitão assignalada<br />
pe!o symbolo do seu Esquadrão<br />
NA BATALHA DE ITUSAINGO<br />
A pagina mais refulgente de sua historia guerreira, foi escripta a 20 de Fevereiro<br />
de 1827 sob o <strong>com</strong>mando dos valorosos cabos de guerra Francisco Calmon da Silva<br />
e João Egydio Calmon "quinhoeiros na gloria daquelles memoráveis feitos" no<br />
dizer do Commandanie em chefe, Marquez de Barbacena, que assim os descreve:<br />
"quando a acção na força do engajamento e o nosso Exercito envolvido pelos flancos<br />
e rectaguarda indo em direcção para o lado direito encontrei 4 peças <strong>com</strong>mandadas<br />
pelo Ten. Mallet, cerca de 30 caçadores do Batalhão 27 e os restos do<br />
I o Regimento de Cavailaria do Exercito que tudo vinha retirado da direita, tendo<br />
soffrido muita perda o I o Regimento e faihando os nossos esforços sobre a esquerda<br />
do inimigo; o Major Mello, meu deputado que me a<strong>com</strong>panhava, ali fez reunir<br />
alguns caçadores que continuavam a marcha em dispersão e nós seguimos o destino<br />
em que iamos para a direita; mas encontrando-nos <strong>com</strong> alguns esquadradões<br />
inimigos que tinham voiteado a nossa direita, retrocedemos para junto daquelle<br />
grupo de tropas e os achamos postos em ordem e promptos a repellir o inimigo<br />
debaixo do <strong>com</strong>mando do Sr. Cel. João Egydio Calmon, Cmt. da I a Bda. de Cavailaria<br />
e não obstante a superioridade do inimigo, que tentou por 2 ou 3 vezes<br />
tomar aquella artilharia, foi sempre tão castigado do nosso fogo e recebido <strong>com</strong> tanto<br />
valor, que abandonou por fim a empresa e o campo, unindo-se <strong>com</strong> grande perda<br />
aos outros corpos que estavam sobre a nossa rectaguarda". Coube pois ao valente<br />
cabo de guerra João Egydio Calmon as honras do dia.<br />
O Marquez de Barbacena, em carta dirigida ao Imperador, diz que os batalhões<br />
de infantaria sustentaram a retirada a passo ordinário por cinco horas, cabendo<br />
egualmente ao I o Regimento <strong>com</strong> outra cavailaria a protecção da rectaguarda na<br />
marcha para o Rio Jacuhy, salvando-se assim o Exercito.<br />
Nesta batalha perdeu o valoroso Regimento muitos officiaes e soldados "sem que<br />
nunca tivesse voltado a cara ao inimigo", na expressiva phrase de Miranda Britto.<br />
Regressou o Cel. Egydio Calmon <strong>com</strong> o casco do Regimento, cujo archivo ficou<br />
destroçado na Villa do Rozario, indo o glorioso Regimento reorganisar-se em Minas<br />
Geraes.<br />
NA PROCLAMAÇÃO DA REPUBLICA<br />
Dentre os officiaes que conspiravam <strong>com</strong> Deodoro da Fonseca estavam os altivos<br />
e nobres representantes do lendário Regimento de Dragões, Solon, Menna Barreto,<br />
Joaquim Ignacio e Sebastião Bandeira, os quaes para demonstração de lealdade<br />
e puresa de sentimentos, firmaram um "pacto de honra" que foi entregue a<br />
Benjamin Consíant e se encontra transcripto neste escrínio sagrado que é o livro<br />
historic.o deste regimento, que foi o mais enthusiasta dos corpos da impoluta 2 a<br />
Brigada na memorável jornada de 15 de Novembro de 89. O Cel. Silva Telles, seu<br />
<strong>com</strong>mandante, levado pelo ardor parriotico, publicou uma ordem do dia annunciando<br />
aos seus <strong>com</strong>mondaaos a Proclamação da Republica.<br />
Coube ao destemeroso Regimento a espinhosa missão de confiança de manter preso<br />
o Visconde de Ouro Preto o o seu fiscal, Major Solon, o arriscado encargo de<br />
entregar a Pedro II a mensagem de Deodoro convidando-o a retirar-se da patria.<br />
O cavallo baio que serviu de montada a Deodoro teve sepultura condigna no glorioso<br />
Regimento, o qual se acha assignaiado por uma columna de granito <strong>com</strong><br />
placa de mármore onde se lê: "N° 6 do I o Esquadrão. Montada do Gen. Deodoro<br />
a 15 de Novembro de 1889".<br />
DRAGÕES DA INDEPENDENCIA<br />
A denominação de "Dragões da Independencia", que possue de facto e por direito<br />
his^orico lhe pertence, precisa ser officialisada, <strong>com</strong>o doptado deve ser o lendário<br />
Regimento dum estandarte, pois, até agora, apenas se lhe deu o uniforme<br />
dos "Dragões" que usava quando do "Grito do Ypiranga"! Existindo naquella época<br />
apenas tres esquadrões cujas cores eram o azul, o verde e o vermelho, deu-se<br />
o alaranjado para o 4° Esquadrão e o branco para o E. M.<br />
A bandeira que sempre victoriosamente conduziu foi por Dec. de I3-V-935 condecorada<br />
<strong>com</strong> as insígnias da Ordem cio Mérito Militar, tendo o seu distincto actual<br />
<strong>com</strong>mandante, Cel. Renato Paquet, sido galhardoado <strong>com</strong> o gráo de officíal desta<br />
ordem.<br />
Servir nos "Dragões da Independencia" constituo honraria que é assaz disputada.<br />
O glorioso Regimento foi o único que teve a dita de <strong>com</strong>partilhar de todos os<br />
actos do magnifico espectáculo que durante um século se desenrolou no scenario<br />
brasileiro e nelles se houve sempre <strong>com</strong> denodada nobresa.<br />
II I* » h õ c s il a<br />
I il il e I» e il il e n € i si<br />
Major José Faustino Filho<br />
do Estado Maior do Exercito<br />
Salto duma vara por cima<br />
de dois troncos de arvores<br />
Monumento erguido em<br />
memoria aos bravos do<br />
I. 0 de Cavailaria que<br />
tombaram na Batalha de<br />
Itusaingo<br />
1
A S N O V A S D I K E O T R I K K S I> O S E R V I Ç O I» E<br />
A
ao Governo do Estado, constatamos a sua louvável<br />
intenção de propagar e difundir as proveitosas theo-<br />
rias preconisadas por Henri Fayol, F. W. Taylor e J.<br />
Chevalier, concernentes á organisação scientifica do<br />
trabalho, hoje adoptadas nos mais adeantados centros<br />
industriaes do universo, <strong>com</strong>o factor propulsivo da<br />
economia do Estado e do interesse do operário, de-<br />
monstrando que "tanto quanto menor for a fadiga do<br />
operador, maior será o interesse <strong>com</strong> que elle effec-<br />
tuará o que lhe cabe na destribuição do trabalho e,<br />
maior portanto o rendimento".<br />
Referindo-se aos salarios, accrescenta o <strong>com</strong>petente<br />
director da Repartição de Aguas e Esgotos: — "Mais<br />
decisiva influencia tem sobre elle (o operário), o sa-<br />
lario, que representa a remuneração de sua produc-<br />
ção, a sua manutenção e da sua família".<br />
Este seu relatorio merece ser iido pelos estudiosos do<br />
assumpto.<br />
Sua admiravel gestão <strong>com</strong>eça em 1932 o se prolonga<br />
até hoje.<br />
A media da arrecadação dos annos de 1932 á 1933,<br />
attingiu a 3.367:080$000, num accrescimo de 241 %<br />
sobre a media dos oito annos anteriores, que impor-<br />
tou em l.396:433$0l I.<br />
iniciou-se em Janeiro de 1932.<br />
PERÍODO RECEITA<br />
Edifício da Repartição<br />
do Saneamento da Capital<br />
da Bahia<br />
904:236$600<br />
865:3I8$660<br />
988:457$032<br />
1. 144:910$785<br />
l.645:364$50l<br />
1.642:697$ 140<br />
l.728:558$033<br />
1.671:4I8$300<br />
2.010:005$ 100<br />
Estes resultados, obtidos de inicio <strong>com</strong> a modificação<br />
de processos administrativos, vêm se accentuando, em<br />
crescendo notável, numa demonstração da segurança<br />
da direcção e controle administrativo.<br />
E assim se documenta a alta visão administrativa do<br />
governador Juracy Magalhães, <strong>com</strong> os resultados po-<br />
sitivos dos emprehendimentos levados a effeito pela<br />
sua criteriosa, efficiente e proba orientação.<br />
Como este, outros serviços attestam a nossa assertiva.<br />
O quadro abaixo documentará o panorama do I<br />
semestre do corrente anno em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> os<br />
anteriores.<br />
fcãâs<br />
SO© B3 «Oß.XSDG?© -QßlJDiä °<br />
Nota-se que estas cifras foram attingidas graças ás<br />
providencias energicas postas em pratica pelo Dr.<br />
Tournillon que para obter a regularidade dos seus<br />
serviços, viu-se na contingência de mandar fechar<br />
cerca de cinco mil e duzentas ponnas encontradas em<br />
atrazo de pagamento.<br />
O Sr. Capitão Juracy Magalhães, <strong>com</strong>prehendendo a<br />
brilhante actuação do seu digno auxiliar, tem presti-<br />
giado incondicionalmente a sua proveitosa adminis-<br />
tração, demonstrando assim, a sua alta visão de go-<br />
vernante consciente e o seu acendrado amor a uma<br />
das mais prosperas unidades da Federação Brasileira.<br />
REPARTIÇÃO DE AGUAS E ESGOTOS DA CIDADE DO SALVADOR<br />
QUADRO DEMONSTRATIVO DA RECEITA E DESPEZA DO l.° SEMESTRE DOS ANNOS DE 1928 A <strong>1936</strong><br />
DESPEZAS SALDOS VERIFICADOS<br />
PESSOAL MATERIAL TOTAL SUPERAVIT DEFICIT<br />
357:248$ 101<br />
409:930$074<br />
497:559$696<br />
309:688$553<br />
296:265$037<br />
375:783$534<br />
424:588$55l<br />
412:806$707<br />
521:007$398<br />
501:896$725<br />
497:565$938<br />
718:417$985<br />
6I4:390$057<br />
34l.350$682<br />
162:486$688<br />
274:200$230<br />
202:053$350<br />
4I9:465$800<br />
859:I44$826<br />
907:496$012<br />
1.215:977$681<br />
I.0I4:078$6I0<br />
637:615$719<br />
538:270$222<br />
698:788$78l<br />
6I4:860$057<br />
940:473$198<br />
45:091 $774<br />
130:832$ 175<br />
l.007:748$782<br />
I.I04:462$9I8<br />
l.029:766$252<br />
l.056:558$243<br />
1.069:531 $902<br />
42:177$352<br />
227:520$649
O Caes de Santa Rita, atravez<br />
do lapis de Manoel Bandeira<br />
Caes do Apollo, visto<br />
por Augusto Rodrigues<br />
Casas do Becco do Cajú,<br />
uma illustração do Hélio Feijó<br />
Arredores de Recife,<br />
por Percy Lau<br />
O P I T T O R E S C O<br />
D O R E C I F E<br />
no orte do<br />
seus i Ilustradores<br />
A egreja do Carmo,<br />
num desenho de Luiz<br />
Jardim
í<br />
Cassino<br />
Ricar ao<br />
Olegário Marianno<br />
OS POETAS SALVOS<br />
NO CONCURSO DO NAUFRAGI<br />
A apathia dos círculos literários do nosso paiz foi quebra-<br />
da por um acontecimento fóra do <strong>com</strong>mum. Queremos re-<br />
ferir-nos ao "Concurso do Naufragio", promovido pelo<br />
O MALHO, o quâl, sob uma forma original e interessantíssi-<br />
ma, procurou apurar as preferencias do publico brasileiro<br />
pelos nossos poetas.<br />
Semana a semana, durante mezes a fio, examinava-se <strong>com</strong><br />
crescente ansiedade, o resultado das votações obtidas pe-<br />
los poetas, em maior evidencia no momento.<br />
Afinal, a apuração definitiva consagrou a victoria dos Srs.<br />
Olegário Marianno, Cassiano Ricardo e Leão de Vascon-<br />
cellos, todos nomes de extraordinaria projecção na nossa<br />
literatura contemporânea.<br />
O successo desse certamen foi dos mais expressivos, não<br />
só pelo enthusiasmo que despertou em todo o paiz, que é<br />
indice a grande votação alcançada pelos primeiros collo-<br />
cados, <strong>com</strong>o também pela felicidade <strong>com</strong> que estabeleceu<br />
um proveitoso contacto entre o publico e os maiores poe-<br />
tas do Brasil inteiro.<br />
O MALHO merece congratulações pela victoria de sua<br />
interessante iniciativa, e essas congratulações devem esten-<br />
der-se ás letras brasileiras, por isso que o êxito do "Con-<br />
curso do Naufragio" reverte inteiro em beneficio da nossa<br />
literatura, visto <strong>com</strong>o a sua finalidade precípua é fixar, so-<br />
bre os que se dedicam á arte poética em nossa terra, a<br />
attenção do publico.<br />
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O BOX ENTRE OS ÍNDIOS<br />
ILLUST RAÇÃO BRASILEIRA<br />
E' costume, nas tribus dos kinilcinaus, os paes o filhos de "padres" so exercerem<br />
r.um jogo brutal, semelhante ao box e a que chamam "tadik". Os pugilistras,<br />
rapazos, moças e creanças, collocados em frente uns dos outros, procuram<br />
corn o punho cerrado atacar o adversario, visar,do-lhe o rosto e o queixo. Mas<br />
bastas vezes os golpes desviam-se e attingem a vista do contrario, quando não<br />
o nariz. Os assistentes, <strong>com</strong>o nas cidades modernas, gosam a partida, apupando<br />
ou vivando os contendores. Aos velhos <strong>com</strong>pete, no ardor das luctas, apartar<br />
os pugilistas. Logo que se encerra o preíio, entra-se a beber garapa fermentada.<br />
Os kinilcinaus vivem para as marger.s do Paraguay. Constituem uma das quatro<br />
ramificações dos "Cnanés". Distinguem-se dos outros por suas feições um tanto<br />
bonitas. Têm a cor amarello escuro de canella, ou são brancos ligeiramente<br />
rosados. Em sua grande maioria entendem o portuguez, que é a "lingua dos<br />
brancos", e lhes foi ensinada peio virtuoso missionário, frei Mariano de Bagnaia.<br />
O SALVADOR DO RIO DE JANEIRO<br />
O facto passou-se na rua Diroita, em Setembro de 1710, quando já a capital<br />
do Brasii ora inve|ada por seu progresso. Só não era temida, dada a sua defesa<br />
insufficiente, e contra o que reclamava inutilmente seu governador, Francisco<br />
de Cas*ro Moraes, ao Rei do Portugal. As forças de Du Clerc invadiam<br />
a cidade, marchando, confiantes, em direcção da Alfandega. Eis quando, a^<br />
pretenderem entrar na rua Direita, estacaram deante de uma muralha de jovens,<br />
uns quinhentos apenas, que estavam decididos a embargar-lhes os passos, a<br />
defender a cidade, custasse o que custasse.<br />
A' frente dos rapazes, quasi todos estudantes, estava outro moço intrépido,<br />
que se prometera salvar a nossa metropole: Gurgel do Amaral. Lombrem-se deste<br />
nome ! Romperam a lucta, e logo de inicio os invasores viram-se perdidos, e não<br />
demorou muito para que retrogradassem, arremettendo-se, loucos, num trapiche<br />
proximo. estabelecido sitio tremendo ern torno do edifício pelos nossos, Du<br />
Clerc teve que capitular. O que mais honra aos vencedores é que não eram<br />
soldados c <strong>com</strong>bateram <strong>com</strong> as armas que tinham encontrado a mão. Gurgel do<br />
Amaral faz jús ao tituio de "Salvador do Rio de Janeiro".<br />
O PRIMEIRO TABELLIÃO NOMEADO PARA O RIO DE JANEIRO<br />
Consta do Termo, que mandaram fazer o Sr. Capitão-mór e o Juiz Pedro Martins<br />
Namorado, em data de ló de Setembro de 1566, nesta cidade, que o primeiro<br />
tabellião nomeado para o Rio de Janeiro foi Pedro da Costa, e pelo Governa-<br />
dor Mem de Sá. A' posse do magistrado, este prestou juramento sobre os San-<br />
tos Evangelhos, deante do escrivão João Luiz do Campo, declarando que ser-<br />
viria, além do officio de tabellião das notas, o de escrivão das sesmarias desta<br />
cidade, "guardando em seus offiiios o serviço de Deus e de El-Rei e o bem<br />
das partes".<br />
MUSEU DO YPIRANGA<br />
A 7 de Setembro de 1895 foi inaugurado o Museu Paulista, sendo a ceremonia<br />
assistida pelo Presidente do Estado de São Paulo, Dr. Bernardino de Campos.<br />
O local, onde se ergue o magnifico edifício, é justamente o em que Pedro I."<br />
proclamou a nossa Independencia politica. A direcção do Museu, em seguida<br />
á inauguração, coube ao Dr. Herman Von lhering, filho de um jurisperito de<br />
renome na época, o Dr. Rudolf Von lhering. As collecções do Museu são pre-<br />
ciosissimas, bastando dizer que, em 1898, só a secção de ornithologia contava<br />
5!0 especies de aves do Estado, das 602 que formam a fauna paulista. As visi-<br />
tas feitas, em 1898, estimaram-se em 32.000 pessoas. Tem sido vultuoso o nu-<br />
mero de est r angeiros illustres que ali se dirigem em busca de conhecimentos<br />
ou por mera curiosidade scientifica. No século passado estiveram no Museu<br />
Paulista o Dr. H. Meyer, erudito famoso, o Dr. J. Bach, o Dr. Friedrich Ohaus,<br />
o Sr. E. Gonnelle, naturalista conhecido. O Museu publica desde seus primei-<br />
ros annos de existencia uma estupenda "Revista", que sahe dos prélos officiaes,<br />
Museu do Ypiranga
<strong>SETEMBRO</strong> — <strong>1936</strong><br />
AAA<br />
OMICO<br />
A EXPORTAÇÃO DO ALGODÃO BRASILEIRO PARA O JAPÃO<br />
DURANTE O ANNO DE <strong>1936</strong><br />
Segundo os dados fornecidos pela <strong>com</strong>panhia de navegação japoneza Osaka<br />
Shosen Kaisha, ern Santos, a exçortação do algodão brasileiro para o Japão,<br />
effectuada pelos navios da referida empresa, durante os mezes de Janeiro a<br />
Maio do corrente anno, attingiu ó somma de 10.377 toneladas ou sejam 58.160<br />
fardos.<br />
Em Junho — 11.019 toneladas ou sejam 61.600 fardos.<br />
Em Julho — 13.441 toneladas ou sejam 73.947 fardos.<br />
Em Agosto — 3.000 toneladas, ou sejam 16.500 fardos.<br />
Pelo quadro acima vê-se que a exportação do algodão brasileiro para o Japã
ÉTE <strong>1936</strong><br />
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