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Dezembro 2007 / Janeiro 2008 - Edição 285 - Cave

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Ano XLI - n0 <strong>285</strong> DEZEM ZEM ZEMBRO/<strong>2007</strong><br />

ZEM <strong>2007</strong> <strong>2007</strong>-jan<br />

<strong>2007</strong> an an anei an ei eiro/<strong>2008</strong><br />

ei <strong>2008</strong>


2 ducave<br />

Fazendo a arrumação de final<br />

de ano, deparei-me com<br />

o texto Arc e o Ano Novo, publicado<br />

na revista Veja, edição<br />

1733. Arc é marciano e<br />

invisível e vem regularmente<br />

à Terra, inclusive ao Brasil,<br />

para ver se vale a pena Marte<br />

investir aqui. Como gosto<br />

muito desse personagem de<br />

Teagá, queria compartilhar<br />

com vocês este texto.<br />

“No início do ano, Arc, o<br />

marciano, acha interessante<br />

quando ouve as pessoas falando<br />

em ano novo.<br />

– Por que novo?<br />

– Faz um ano, marciano,<br />

que eu lhe expliquei que<br />

quando acaba o ano velho<br />

começa o ano novo.<br />

– Mas cada vez que acaba<br />

um mês velho não começa<br />

um mês novo? E<br />

uma semana nova? E<br />

um dia novo...?<br />

– Arc! O ano novo tem um<br />

significado especial,<br />

completa-se um ciclo.<br />

– E o mês, a semana, o dia,<br />

a hora não completam<br />

um ciclo?<br />

– Arc, não chateie! Nós<br />

comemoramos o ano<br />

novo há centenas de<br />

anos, alguns há milhares.<br />

– Tá bem, tá bem... Só que<br />

eu continuo sem entender<br />

o que é que muda, o<br />

que é que fica diferente<br />

no dia seguinte.<br />

– Arc, nós já tivemos essa<br />

conversa. O que muda é<br />

que as pessoas renovam<br />

suas esperanças de que<br />

a vida melhore, de que<br />

resolvam problemas que<br />

não conseguiram no ano<br />

velho.<br />

– Mas elas podem renovar<br />

as esperanças todos os<br />

dias. Não entendo por<br />

que precisam de um ano<br />

para renovar...<br />

– ...marciano, preste atenção:<br />

sabe o que é? É que<br />

a gente gosta de festa,<br />

entende? Festa: comer,<br />

beber, dançar! Uma vez<br />

por ano, entende? Uma<br />

vez, a gente merece!<br />

– Tá bem, tá bem... É que<br />

no ano novo vocês fazem<br />

as mesmas coisas<br />

que no ano velho. Continuo<br />

sem entender o<br />

que muda.”<br />

Entendo o pensamento da<br />

personagem,, mas gostaria de<br />

usar os versos de Vinicius de<br />

EXPEDIENTE<br />

Ano XLI - nº <strong>285</strong> - DEZEMBRO/<strong>2007</strong> - JANEIRO/<strong>2008</strong><br />

Raquel N. Carvalho: jornalista responsável. Reg. Profissional Mtb-MG 4230<br />

Nilcilea Peixoto: coordenação editorial<br />

Fernanda Nalon Sanglard: colaboradora<br />

Vitor Gonçalves: editoração eletrônica e<br />

arte final<br />

Moraes para mostrar-lhe a necessidade<br />

de elegermos datas<br />

coletivas para comemorarmos<br />

“Um novo dia vem nascendo.<br />

/ Um novo sol já vai<br />

raiar. / Parece a vida, rompendo<br />

em luz, / E que nos<br />

convida a amar.”<br />

<strong>2008</strong> foi proclamado pela<br />

Assembléia-Geral das Nações<br />

Unidas como o Ano Internacional<br />

do Planeta Terra.<br />

Aproveitemos este período<br />

de celebrações e comemorações<br />

para traçarmos metas<br />

que ajudem a tornar nosso<br />

planeta melhor. E como diz o<br />

nosso poeta maior, Drummond:<br />

“É dentro de você /<br />

que o Ano Novo cochila / e<br />

espera desde sempre”.<br />

Sucesso nas provas<br />

Um Natal com muito amor<br />

Um maravilhoso<br />

<strong>2008</strong> para todos vocês!<br />

Abraços<br />

Nilcilea Peixoto<br />

Professora de Língua Portuguesa<br />

Ana Maria da Silva: revisão<br />

Tiragem: 2.300 exemplares<br />

Impressão: CAVE Editora Ltda.<br />

O Ducave está na íntegra no site do CAVE na Internet<br />

http://www.cave.com.br/noticias/jornal/ducave.php<br />

Fale conosco: comunicacao@cave.com.br


ducave 3<br />

2 elásticos podem curar 1 tristeza?<br />

Outro dia, estava à espera de minha<br />

mãe numa imobiliária, na qual, por sua<br />

vez, ela iria receber algum pagamento.<br />

Ali se encontravam poltronas confortáveis,<br />

propositadamente colocadas, para<br />

que as demais pessoas, como eu, e também<br />

alguns idosos, pudessem descansar<br />

enquanto a fila desenrolava.<br />

Em meio a tanto tumulto, gente que<br />

passava de um lado para o outro, celulares<br />

tocando freneticamente, abrir<br />

e fechar de portas, telefone<br />

chamando, máquinas imprimindo<br />

documentos, ventilador<br />

girando sistematicamente,<br />

um bebê chorava<br />

angustiado a espera de alguma<br />

atenção de sua<br />

mãe e um homem esbaforido<br />

se negava, a todo<br />

custo, pagar a inoportuna multa de<br />

condomínio. Ali estávamos todos nós assistindo<br />

àquela discussão tempestiva entre<br />

o homem e a funcionária do caixa, e<br />

que mais parecia um duelo entre a razão<br />

e a obrigação. Entre tudo isso, lá estava<br />

eu, calma, absorta em profundos pensamentos...<br />

tão longe e tão perto, vazia e<br />

repleta, tudo ao mesmo tempo.<br />

Foi assim que, de um momento para<br />

o outro, apareceu na minha frente um<br />

homem, que aparentava ser de meia<br />

idade; surgira do nada e com toda a familiaridade,<br />

sem reserva alguma, se<br />

aproximou de mim, com uma expressão<br />

gozada, carregando nas mãos um<br />

monte de elásticos de borracha, daqueles<br />

bem novinhos, nunca usados e ainda<br />

duros. O homem que<br />

usava um uniforme daquela<br />

imobiliária foi logo dizendo<br />

sem meias palavras:<br />

"Mas como pode uma jovem<br />

tão bonita, estar com<br />

uma cara tão triste ao receber<br />

um pagamento? Não<br />

vejo ninguém aqui que<br />

possa estar triste quando se fala em ganhar<br />

dinheiro..." E meio no susto, eu ri<br />

sem graça do que ele havia dito, fiquei<br />

no vácuo por alguns segundos, mas suprimida<br />

pela necessidade de dar alguma<br />

satisfação, tropeçando entre palavras<br />

que saíam engasgadas da minha<br />

boca, que de modo algum eu estava<br />

triste ou algo parecido. Era<br />

sono, cansaço, tédio e por<br />

aí vai. Podia estar até meditando<br />

mas meu argumento<br />

de nada valeu porque o tal homem<br />

não se convenceu e, ao sair da sala,<br />

quase num ato de prodigalidade, me deu<br />

dois de seus elásticos, não ousou pronunciar<br />

palavra alguma e sumiu, ali mesmo,<br />

naquele tumulto.<br />

Aquele simples gesto me deixou confusa<br />

e com dois elásticos nas mãos, aparentemente<br />

inúteis. Mas olhando para<br />

eles, e um pouco menos distante dos<br />

meus pensamentos anteriores, comecei<br />

a refletir sobre o comportamento daquele<br />

homem. Como pode alguém,<br />

que nunca me viu, se intrometer<br />

na minha vida? O que o<br />

fazia rir daquela maneira tão gozada<br />

e irônica? Aquilo me intrigou<br />

e me tirou da letargia em que<br />

me encontrava.<br />

Comecei a brincar com os tais<br />

elásticos, puxando-os para cá e<br />

para lá, improvisando de fazde-conta<br />

que é um estilingue.<br />

Lembrando de quando era<br />

pequena e com pouca coisa me contentava.<br />

Coloquei-os entre os dedos e recordei<br />

do elástico de pular. Das amigas<br />

levadas e risonhas. Das brigas e até do<br />

que julgava injusto nas brincadeiras. Era<br />

eu ali e mais dois elásticos amarelos, revivendo<br />

doces momentos da minha infância,<br />

de anos não tão longe idos, mas<br />

que) na minha plena adolescência, já deixava<br />

como um rastro de poeira para trás.<br />

Fiquei rindo sozinha e, ao mesmo<br />

tempo, cercada de todo tipo de vida. Estava<br />

feliz, observando o quanto é rica,<br />

preciosa e mágica a nossa vida.<br />

Será que em meio a tanta correria do<br />

nosso dia-a-dia nos esquecemos dos verdadeiros<br />

valores da vida?<br />

Será que os homens só se<br />

preocupam com o bem-estar<br />

próprio e com a ganância<br />

de ganhar cada vez mais<br />

dinheiro? Talvez as verdadeiras<br />

coisas da vida estejam<br />

em respirar o perfume<br />

das flores, sentir a brisa do<br />

mar, ver o pôr-do-sol, tomar uma água<br />

gelada num dia quente, sorrir com um<br />

sorriso de criança, olhar para as montanhas<br />

e perceber que tem muito mais por<br />

trás delas, rir sem motivo de algo banal,<br />

estar com as pessoas que você mais<br />

ama... Talvez a vida passe muito rápido<br />

e seja flexível e colorida como os elásti-<br />

PISM II<br />

cos, só depende de nós... Ela vai passar<br />

e você nem vai ver... Assim como todo<br />

elástico que vai e vem.<br />

Pamella Valente Palma<br />

Que fase, heim?!<br />

Ensino médio: período de diversão e<br />

de muitas dúvidas. A corrida incessante<br />

ao vestibular. O estresse, o cansaço, uma<br />

vida que não imaginamos ser das melhores.<br />

Tudo o que queremos são as festas<br />

e baladas, sendo que na segunda-feira<br />

nos espera um caminhão de matéria,<br />

e não adianta só tirar notas, tem que realmente<br />

saber e não pode esquecer de<br />

nada até o final do ano. Vida ingrata,<br />

não? Não. Como dizem nossos pais,<br />

depois piora, e a gente pensa: dá pra pirar?<br />

E no fundo sabemos que dá.<br />

Ainda fica a dúvida: será que vou<br />

continuar no processo pelo PISM ou vou<br />

para o vestibular? Não pode ser. O pior<br />

é que pode sim. O mundo hoje está<br />

muito concorrido, cheio de pessoas capazes<br />

e logo a gente pensa que são pessoas<br />

muito mais capazes do que nós, o<br />

que não é verdade, todos nós somos,<br />

podemos, sim, ter mais facilidade ou dificuldade<br />

em alguns pontos, mas todos<br />

somos bons em alguma coisa. Aí vem<br />

mais uma ingratidão: não podemos ser<br />

bons, temos que ser ótimos. Será que<br />

isso nunca acaba? Não. Sempre há um<br />

novo desafio pela frente: um vestibular,<br />

uma prova, um concurso, um emprego,<br />

mas se pensamos bem não teria graça<br />

se tudo fosse fácil, não é mesmo?<br />

Mas nessa “lenga-lenga” toda, chega<br />

a nossa hora. Eu, por exemplo, tenho a<br />

certeza de que a minha vai chegar, até a<br />

de Augusto Matraga chegou, por que a<br />

minha não há de chegar?<br />

Enquanto não chega, vamos aqui, estudando,<br />

vivendo e aprendendo a cada<br />

dia, tirando o maior proveito possível de<br />

tudo; claro que, de vez em quando, uma<br />

folguinha ou um churrasquinho, mas<br />

nunca deixemos nossas responsabilidade<br />

de lado, porque lá na frente os resultados<br />

serão extremamente gratificantes.<br />

Luciane C. di Ornellas Carvalho


4<br />

Emoção e homenagens marcaram a Missa em Ação de Graças pelo<br />

encerramento da 3ª série do Ensino Médio do CAVE Academia. Com o<br />

tema “Sonho semeando o mundo real”, foi realizada dia 17 de novembro,<br />

às 9h, na Catedral Metropolitana de Juiz de Fora.<br />

O responsável pela celebração foi o Padre Expedito Lopes de Castro.<br />

O professor de Matemática, João Batista (Dão), participou como<br />

Ministro da Eucaristia, e o professor de Química, Nélson Ragazzi, foi<br />

comentarista da cerimônia.<br />

Ao final, a psicóloga Eliana Balena, e o professor de Geografia,<br />

Marcus Vinicius Siqueira, acompanhados por alunos do curso, cantaram<br />

a música Vilarejo, de Marisa Monte, em homenagem aos formandos.<br />

Os estudantes tiveram<br />

participação marcante<br />

no ofertório, nas leituras<br />

e nos cantos durante<br />

a celebração e receberam<br />

o anuário de<br />

<strong>2007</strong> e as sementes de<br />

girassol, simbolizando<br />

a possibilidade de semearem<br />

seus sonhos.<br />

Premiação Supersimulado<br />

Primeiros colocados recebem prêmios e comemoram com familiares e equipe CAVE<br />

Os prêmios – computadores, Ipods e celulares com câmera – foram<br />

entregues, respectivamente, aos primeiros, segundos e terceiros<br />

colocados, no dia 26/11, na Pizzaria Estrela Grill.<br />

Vestibular<br />

1º Ricardo Barbosa Kloss<br />

2º Guilherme Fialho de Freitas<br />

3º Fernando Moreira Ribeiro<br />

PISM III<br />

1º Mariana Imbroisi dos Santos<br />

2º Gustavo Gasparetto Bittar<br />

3º Ana Carolina T. de Souza Lima<br />

PISM II<br />

1º Clarissa Bergo Andrade<br />

2º Rodrigo Mallosto R. Urbano<br />

3º Guilherme Marques<br />

PISM I<br />

Celebração de Ação de Graças<br />

1º Bernardo Rodrigues M. Morais<br />

2º Letícia Rodrigues de Souza<br />

3º Camila Brasil e Silva<br />

ducave


ducave 5<br />

O CAVE realizou no dia 15<br />

de novembro, na Fazenda Santa<br />

Clara, um almoço de confraternização<br />

dos professores, funcionários<br />

e familiares. Até o fim da<br />

tarde a equipe do curso se divertiu<br />

ao som de música ao vivo,<br />

passeios rústicos e da deliciosa<br />

comida do fogão à lenha.<br />

Já no dia 23 de novembro, a<br />

comemoração foi para os colaboradores<br />

da CAVE Editora,<br />

que junto com a direção do curso<br />

almoçaram na Churrascaria<br />

Chimarron.<br />

Confraternização de final de ano<br />

CAVE promove almoço para os colaboradores


6<br />

Os capitães da areia continuam a existir<br />

“ No sinal fechado<br />

Ele vende chiclete<br />

Capricha na flanela<br />

E se chama Pelé<br />

Pinta na janela<br />

Batalha algum trocado<br />

Aponta um canivete<br />

E até”<br />

(Pivete. Chico Buarque)<br />

Em 1937, depois do Estado Novo,<br />

Jorge Amado, escritor nascido em Itabuna,<br />

Bahia, no ano de 1912, publica<br />

Capitães da areia - marcante obra que<br />

enfoca uma das mais graves questões<br />

sociais de nosso tempo: o da criança<br />

abandonada, geralmente delinqüente. A<br />

primeira edição foi apreendida e exemplares<br />

queimados na praça pública de<br />

Salvador por autoridades da ditadura.<br />

A obra é uma narrativa de cunho social,<br />

neo-realista que descreve, numa linguagem<br />

coloquial e lírica, o cotidiano do grupo<br />

e o seu modo de agir, de conviver para<br />

agüentar sobreviver, na luta por alimento,<br />

abrigo e dinheiro. Num tom lírico, procura<br />

demonstrar que a sociedade é que leva<br />

essas crianças ao crime e à marginalidade.<br />

Intercalando a narrativa com reportagens<br />

sobre o grupo dos “Capitães da Areia”,<br />

mostra os menores sob o ponto de vista<br />

da imprensa e dos burgueses.<br />

O autor acompanha esta aventura<br />

colocando seu leitor em contato com<br />

uma realidade que não é exclusiva da<br />

Bahia e nem do século passado. Na música,<br />

por exemplo, Chico Buarque denuncia<br />

o abandono das crianças de rua<br />

nas letras de Pivete (1978) como pode<br />

ser confirmado na epígrafe de O Meu<br />

guri (1981): “Quando, seu moço / Nasceu<br />

meu rebento / Não era o momento /<br />

Dele rebentar... /Já foi nascendo / Com<br />

cara de fome/E eu não tinha nem nome<br />

/ Prá lhe dar”. Nos jornais e revista nos<br />

deparamos freqüentemente com manchetes<br />

relativas à situação desoladora<br />

dessas crianças.<br />

Capitães da areia relata as aventuras<br />

dos meninos de rua da Bahia, na década<br />

de 30, tendo como pano de fundo a miséria<br />

do cais de S. Salvador e a sombra<br />

protetora da mãe de santo Aninha. Mostra<br />

o cotidiano do grupo, sua maneira de<br />

agir, de conviver e a sua luta pela sobrevivência.<br />

Procura demonstrar que a sociedade<br />

é a responsável por essas crianças<br />

estarem no crime e na marginalidade. De<br />

um lado, apresenta<br />

a burguesia<br />

em suas mansões,<br />

tendo o<br />

amparo da Polícia:<br />

caçam os<br />

menores como<br />

adultos antes de<br />

se tornarem um; dos Reformatórios: um<br />

lugar de crueldades; da Igreja Católica: o<br />

clero é sempre retratado como opressor.<br />

Do outro, a parte baixa de Salvador, onde<br />

estão as prostitutas (Dalva), os malandros<br />

e boêmios, as lavadeiras (mãe de Dora),<br />

os doqueiros (João de Adão; o pai de Pedro<br />

Bala),<br />

A violência, sempre presente no diaa-dia<br />

destes jovens que vivem do roubo,<br />

tem o seu contraponto na amizade<br />

que os une e nos momentos em que ouvem<br />

histórias de aventureiros, de homens<br />

do mar, de personagens heróicas e lendárias.<br />

Capitães da areia é uma narrativa<br />

de personagens, uma vez que privilegia<br />

a movimentação de diferentes tipos sociais.<br />

Pedro Bala: filho de um estivador<br />

que foi morto pelo Exército numa greve,<br />

não sabe quem é sua mãe. Torna-se<br />

líder do bando, após vencer o mulato<br />

Raimundo. E, na busca de sua afirmação<br />

pessoal, após passar pelo reformatório<br />

e pela prisão, transforma-se em um<br />

líder proletário consciente de que era<br />

preciso mudar as estruturas do sistema<br />

social. O diretor do reformatório, o arcerbispo<br />

e a burguesia, representam o<br />

“status quo” da sociedade baiana. Lampião:<br />

simboliza a justiça social feita pelos<br />

excluídos. Professor: lê e desenha<br />

vorazmente; no final do livro, vai para o<br />

Rio de <strong>Janeiro</strong> e torna-se um pintor famoso.<br />

Pirulito: tem grande tendência religiosa,<br />

torna-se frade capuchinho. Padre<br />

José Pedro: único que se relaciona<br />

com os Capitães da areia. João Grande:<br />

o bom negro, segundo no comando<br />

(apenas atrás de Pedro Bala) que se torna<br />

marinheiro e embarca num navio.<br />

Querido-de-Deus: um capoeirista amigo<br />

do grupo. Sem-pernas: o garoto que<br />

serve de espião e acaba sendo morto<br />

pela polícia. Volta Seca, afilhado de<br />

Lampião, tem ódio das autoridades e o<br />

desejo de ser cangaceiro. Torna-se um<br />

cangaceiro do grupo de Lampião e mata<br />

mais de 60 soldados antes de ser capturado<br />

e condenado<br />

ducave<br />

O prólogo, intitulado CARTAS À<br />

REDAÇÃO, começa com uma reportagem<br />

- publicada no Jornal da Tarde -<br />

sobre o assalto das crianças nomeadas<br />

como Capitães da areia à casa do Comendador<br />

José Ferreira. Em seguida,<br />

são publicadas cartas dos leitores: secretário<br />

do chefe de polícia, do juiz de menores,<br />

da mãe de uma das crianças, do<br />

padre José Pedro (os dois últimos denunciam<br />

as condições miseráveis do reformatório)<br />

e do diretor do reformatório,<br />

que óbvio, defende-se das acusações.<br />

Termina com uma reportagem do próprio<br />

jornal, que faz elogios ao reformatório.<br />

A primeira parte SOB A LUA<br />

NUM VELHO TRAPICHE ABANDO-<br />

NADO é formada de onze capítulos que<br />

apresentam ao leitor uma “biografia” das<br />

principais personagens. Para completar,<br />

Jorge Amado relata como teve início a<br />

Varíola (Bexiga negra) e o quanto milhões<br />

de pessoas morreram por falta de<br />

cuidados médicos. Ele descreve a convivência<br />

da população da Bahia com a<br />

doença. Em Capitães da Areia, Omolu<br />

– deusa das florestas da África - envia a<br />

varíola para se vingar dos ricos, mas<br />

como estes estavam vacinados, transforma-a<br />

em ‘alastrim, bexiga branca e tola’.<br />

No final, Dora e seu irmão mais novo,<br />

Zé Fuinha, órfãos após ter perdido os<br />

pais durante a epidemia de Varíola, e não<br />

tendo para onde ir, se refugiam no velho<br />

trapiche. Na convivência com os Capitães<br />

da areia, ela resolve se tornar um<br />

deles.A segunda parte NOITE DA<br />

GRANDE PAZ, DA GRANDE PAZ<br />

DOS TEUS OLHOS é formada por oito<br />

capítulos e fala da descoberta do amor<br />

por parte de Pedro Bala. A terceira e<br />

última parte CANÇÃO DA BAHIA,<br />

CANÇÃO DA LIBERDADE, também<br />

formada por oito capítulos, revela ao leitor<br />

os diferentes destinos das personagens.<br />

Infelizmente, se compararmos a situação<br />

dos menores abandonados hoje<br />

com a descrita por Jorge Amado perceberemos<br />

que está difícil de se encontrar<br />

uma luz no final do túnel.<br />

Nilcilea Peixoto<br />

Professora de Língua Portuguesa<br />

__________________________<br />

· A quem quiser conhecer melhor esta obra, recomendo<br />

o livro no qual o presente texto foi baseado:<br />

GOMES, Álvaro Cardoso. Roteiro de<br />

Leitura: Capitães da Areia de Jorge Amado. São<br />

Paulo: Ática, 1996.


ducave 9<br />

Somos os filhos da revolução, somos burgueses<br />

sem religião, somos o futuro da nação:<br />

Os anos oitenta em questão<br />

Os anos oitenta voltaram à moda, é<br />

difícil encontrar alguém (com trinta e<br />

poucos anos) que não se lembre, que<br />

não tenha vivido, e até quem não viveu<br />

entrou na onda. Almanaques, livros,<br />

roupas, calçados, músicas, tributos,<br />

tudo gira em torno do revival de uma<br />

época que foi considerada perdida, mas<br />

que agora serve de base e inspiração<br />

para muita gente. Mas e os anos oitenta?<br />

O que representaram? Muita coisa.<br />

Diante de tantos acontecimentos, cada<br />

um interpretará da forma que melhor<br />

lhe convier, tirando as próprias conclusões,<br />

principalmente a garotada de hoje<br />

que não viveu a época. Os anos oitenta<br />

não se resumiram só à música, já que<br />

hoje se fala tanto na cena musical do<br />

período. Cultura, política, sociedade,<br />

economia, tudo no seu devido lugar a<br />

espera de novas avaliações.<br />

O Brasil começava o seu último governo<br />

militar, a guerra fria começava<br />

a caminhar para o desfecho final, historicamente<br />

os anos oitenta representariam<br />

o retorno à democracia, tão cerceada.<br />

O brasileiro começava a se encantar<br />

com uma seleção brasileira que<br />

esbanjava arte no futebol, depois de<br />

doze anos o sonho do tetra se fazia<br />

presente, por outro lado a pressão pela<br />

volta a democracia aparecia nas Diretas-já,<br />

e a direita reacionária colocava<br />

bomba em bancas de jornais (a música<br />

Faroeste Caboclo da Legião Urbana<br />

faz referência ao período), e cometeria<br />

o atentado do Riocentro (uma<br />

bomba explodiu no colo do sargento<br />

Guilherme do Rosário, além de outras<br />

duas prontas para serem detonadas),<br />

que finalizaria a combalida ditadura militar,<br />

que teimava em continuar no poder.<br />

Mas o brasileiro se frustrou, as<br />

Diretas não passaram, o selecionado<br />

perdeu para uma seleção limitada (Itália),<br />

numa derrota que doeu muito, mas<br />

como disse João Saldanha: “o erro não<br />

foi não ganhar. O erro foi ganhar antes.<br />

Não se ganha copa com musiquinha<br />

ou batendo bumbo”. A decepção<br />

com a derrota na copa não foi só privilégio<br />

do futebol, na política acreditava-se<br />

numa mudança de mentalida-<br />

de, num Brasil novo, numa classe política<br />

diferente, que boicotou a tentativa<br />

de voltar às eleições diretas com a<br />

emenda Dante de Oliveira, as famosas<br />

campanhas das<br />

Diretas-já, mas como dizia Darcy Ribeiro<br />

“O Brasil era um país que teimava<br />

em ser errado”. Mas os anos oitenta<br />

não se resumiram só a futebol e<br />

política, culturalmente tiveram uma riqueza<br />

que só agora começa a ser valorizada:<br />

música, cinema, televisão, li-<br />

teratura, entre outros. Na música o BR<br />

rock, no cinema, uma nova safra de<br />

filmes e atores, Menino do rio, Eu sei<br />

que vou te amar, Bete balanço, colocando<br />

em voga André de Biase, Fernanda<br />

Torres e Débora Bloch, além<br />

de superproduções internacionais<br />

como Guerra nas Estrelas, Superman<br />

e Blade Runner. Na televisão Os trapalhões<br />

e seriados como Armação Ilimitada<br />

faziam a diferença. Na Literatura<br />

o livro Feliz Ano Velho marcava<br />

toda uma geração, assim como as séries<br />

Vagalume e Para gostar de ler.<br />

Mas o que tomou mesmo de assalto a<br />

juventude, foi o rock dos anos oitenta,<br />

um mercado que foi aberto pela vinda<br />

do Queen e do Kiss, pela realização<br />

do Rock in Rio, onde Cazuza ao<br />

final da música Pro dia nascer feliz<br />

cantou “um Brasil novo pra uma<br />

rapaziada esperta”, pelo Hollywood<br />

Rock.<br />

O rock dos anos oitenta entrava para<br />

história como porta voz de uma geração<br />

saída de uma ditadura de longos<br />

vinte e um anos, e cantava “quem tem<br />

um sonho não dança”, “eu tentei fugir<br />

não queria me alistar”, “será que vamos<br />

conseguir vencer”, “toquem o meu<br />

coração, façam a revolução”, “fazer<br />

amor de madrugada”, “polícia para<br />

quem precisa”, “eu quis dizer você não<br />

quis escutar”, entre muitas outras canções.<br />

Lá fora Tears For Fears, Duran<br />

Duran, Depeche Mode, o Hard Poser<br />

do Poison e Motley Crue, Madona,<br />

Cindy Lauper, Simple Minds, do rock<br />

ao technopop. No Brasil, duas vozes<br />

marcaram os anos oitenta, ou melhor<br />

dois poetas, que na música e através<br />

dos seus versos representaram toda uma<br />

geração, Cazuza e Renato Russo, saídos<br />

da burguesia, mas que cantavam a<br />

noite, a malandragem, os problemas políticos<br />

do país, os relacionamentos, sofreram<br />

como nas próprias canções, e<br />

ficaram imortalizados.<br />

Falar sobre anos oitenta rende um livro,<br />

uma década muito divertida, com<br />

um sentido político enorme. Toda década<br />

tem os seus momentos, bons e ruins,<br />

e com os anos oitenta não foi diferente.<br />

Quem viveu os anos oitenta, viveu de<br />

forma intensa, até com certa ingenuidade,<br />

acreditando que tudo seria às mil<br />

maravilhas, viver numa boa, num Brasil<br />

novo, e até num mundo diferente, da<br />

Perestroika e da Glasnost (política de<br />

reformas de Gorbachev que acabaram<br />

por levar a URSS ao seu final, e com<br />

ele a Guerra Fria, culminando com a<br />

queda do Muro de Berlim), do Solidariedade<br />

na Polônia, que chegou até a ter<br />

uma camisa igual ao logotipo da Coca-<br />

Cola, e olha que o Reagan quis montar<br />

um escudo fora do Planeta para se proteger<br />

dos mísseis soviéticos, o Projeto<br />

Guerra nas Estrelas, bem anos oitenta.<br />

Os anos oitenta se foram, ficaram<br />

na memória, tempos que não voltam<br />

mais, mas que podem e devem ser lembrados<br />

como foram, de esperança, de<br />

idealismo, de cores vivas, de um Brasil<br />

Novo. Para finalizar o texto , uma canção<br />

que representa bem o pensamento<br />

oitentista: “ Todos os dias quando acordo<br />

não tenho mais o tempo que passou<br />

mas temos muito tempo, temos todo<br />

tempo do mundo.... Nem foi tempo perdido...<br />

somos tão jovens”.<br />

Luis Carlos Vianelli<br />

Professor de História


10<br />

<strong>2008</strong>: Ano Internacional do Planeta Terra<br />

A Assembléia Geral das Nações Unidas<br />

proclamou <strong>2008</strong> como o Ano Internacional<br />

do Planeta Terra (AITP),<br />

com o tema As Ciências da Terra para<br />

a Sociedade. As principais atividades<br />

abrangem programas educativos e científicos,<br />

que começam ainda em <strong>2007</strong> e<br />

seguem até 2009.<br />

Os objetivos são:<br />

· reduzir os riscos para a sociedade<br />

causados por acidentes naturais<br />

e por causas humanas;<br />

· reduzir os problemas de saúde<br />

aumentando os conhecimentos<br />

acerca dos aspectos médicos das<br />

ciências da Terra;<br />

· descobrir novos recursos naturais<br />

e torná-los acessíveis de uma forma<br />

sustentável;<br />

· procurar fatores não humanos nas<br />

alterações climáticas;<br />

· aumentar o interesse acerca das<br />

ciências da Terra na sociedade em<br />

geral;<br />

É vestibulandos! Chegou a hora.<br />

Quanto preparo, quanta dedicação. Em<br />

alguns momentos, a certeza da vitória;<br />

em outros, a da derrota. E para<br />

que esta inconstância de sentimentos<br />

não tome conta de vocês nestes meses<br />

de provas é necessário concentrarem-se<br />

e ficarem atentos nas suas atitudes,<br />

mas isso não significa parar de<br />

“viver” e se “afundar” nos estudos,<br />

pois o lazer, o prazer e a vida social<br />

também fazem parte desta conquista.<br />

A ansiedade é necessária na vida<br />

do sujeito, pois é este sentimento que<br />

impulsiona o indivíduo a buscar algo e<br />

apostar naquilo que deseja conquistar.<br />

É evidente que para tudo na vida temos<br />

que procurar um equilíbrio, pois<br />

a ansiedade em exagero faz sentir-se<br />

engessado. Para que isso não aconteça,<br />

é preciso manter, além dos estudos,<br />

uma vida social, como sair, encontrar<br />

os amigos, ir ao cinema, fazer<br />

um exercício físico, pois, se apenas<br />

estudar, estudar e estudar, o cansaço e<br />

o esgotamento irão lhe prejudicar.<br />

Estes próximos meses para o ves-<br />

· melhorar o conhecimento acerca<br />

da ocorrência de recursos naturais<br />

de forma a contribuir para<br />

reduzir as tensões políticas;<br />

· detectar recursos de água profundos;<br />

· melhorar a compreensão acerca<br />

da evolução da vida;<br />

· encorajar os jovens a estudarem<br />

as ciências da Terra nas Universidades.<br />

Como se preparar para<br />

o dia do Vestibular<br />

tibulando são os mais cansativos do<br />

ano e para amenizar esse cansaço busque<br />

fazer uma alimentação mais rica<br />

em proteínas e menos calóricas. Não<br />

tome nenhum tipo de energizante ou<br />

remédios à base de anfetamina, pois<br />

estas substâncias podem<br />

até fazer você<br />

ficar acorda-<br />

do, mas, em contrapartida o deixará<br />

disperso. Procure dormir uma média<br />

de sete ou oito horas por noite, pois<br />

se não suprir a necessidade de sono<br />

de seu organismo, o seu rendimento<br />

cairá.<br />

Chegue ao local de prova sempre<br />

com antecedência e procure não ficar<br />

conversando com outros candidatos,<br />

pois se os mesmos estiverem nervo-<br />

ducave<br />

Em Portugal, a Comissão Nacional<br />

da UNESCO decidiu promover a constituição<br />

de um Comitê Português para<br />

dinamizar as comemorações do Ano. A<br />

cerimônia oficial de lançamento do<br />

AIPT, em Portugal, foi realizada dia 10<br />

de novembro, na capital Lisboa.<br />

Já no 13º Encontro Nacional das<br />

Escolas Associadas à Unesco (PEA),<br />

realizado na Bahia, 10 temas foram escolhidos<br />

para ter atenção especial em<br />

<strong>2008</strong>. Água subterrânea, desastres naturais,<br />

terra e saúde, clima, recursos<br />

naturais e energia, megacidades, núcleo<br />

e crosta terrestre, oceanos, solos<br />

e, terra e vida, foram os assuntos selecionados.<br />

Colóquios, debates, seminários e outras<br />

atividades práticas serão realizados<br />

até 2009, visando ampliar a discussão<br />

sobre o tema e aumentar a preocupação<br />

da sociedade com as questões ligadas<br />

ao planeta terra.<br />

Fernanda Nalon Sanglard<br />

Colaboradora<br />

sos passarão a ansiedade para você.<br />

Se preferir ir acompanhado, procure<br />

uma pessoa tranqüila, em muitos casos<br />

os familiares ficam tensos e isso<br />

poderá lhe prejudicar.<br />

Antes de começar a fazer a prova,<br />

procure relaxar, controlar sua respiração<br />

e seus batimentos cardíacos. Inicie<br />

sempre pelas questões que domine,<br />

serão estas que irão garantir alguns<br />

pontos. Evite olhar para outros candidatos<br />

e, preocupe apenas com você e<br />

sua prova e se, por um acaso, der o<br />

famoso “branco”, lembre-se de que é<br />

um sinal da sua mente dizendo que<br />

está sobrecarregada. Se isso acontecer,<br />

dê um tempo, alongue-se e reinicie<br />

por outra questão.<br />

Então, mãos à obra! Não deixe que<br />

atitudes impensadas atrapalhem seu<br />

rendimento no vestibular. Lembre-se:<br />

se estudou e dedicou durante todo o<br />

ano, será sempre um forte candidato.<br />

Confie no seu potencial e boa prova!<br />

Sucesso para todos vocês!<br />

Vivian Werneck<br />

Psicóloga

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