ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...
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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 96<br />
TIPIFICAÇÃO<br />
DOS<br />
PARTICIPANTES<br />
Devotos<br />
Curiosos<br />
Passeantes<br />
Festeiros<br />
CARACTERIZAÇÃO REPRESENTAÇÕES DA ROMARIA<br />
São participantes mais vinculados a<br />
práticas religiosas oficiais do catolicismo.<br />
Geralmente acompanham outras<br />
festividades em lugares diversos ao<br />
longo do ano. Possuem maiores<br />
escolaridade e poder aquisitivo.<br />
Caracterizam-se por atender a uma<br />
demanda de “ver e tocar” criada nas<br />
narrativas de viagem que escutaram ou<br />
em campanhas de agências de viagem.<br />
São os participantes que mais se<br />
aproximam de uma classificação como<br />
“turistas” pois assumem uma atitude de<br />
expectadores da fé dos outros.<br />
Geralmente viajam em transporte próprio<br />
ou grupo restrito de familiares e<br />
hospedam-se em hotéis de melhor<br />
qualidade.<br />
São percebidos pela atitude pouco<br />
religiosa e pela tendência a algazarras e<br />
bebedeiras. São marcados no grupo pela<br />
resistência em participar da programação<br />
religiosa que efetivamente não lhes<br />
interessa.<br />
A idéia de romaria é relacionada à noção de<br />
peregrinação do ponto de vista da Igreja. A<br />
percepção do Padre Cícero é racional e<br />
situada numa leitura histórica de seu papel na<br />
construção de Juazeiro do Norte. Demonstram<br />
distanciamento e crítica em relação a<br />
manifestações populares.<br />
A romaria é percebida como uma festa ou<br />
evento popular particularmente interessante<br />
por sua capacidade agregadora de um grande<br />
número de pessoas de lugares diferentes. A<br />
dimensão religiosa é diluída pelo atrativo da<br />
multidão.<br />
A romaria é um evento propício para<br />
distanciar-se do cotidiano do trabalho. É<br />
representada como um evento comum e<br />
comparável a outros passeios que marcam<br />
momentos recorrentes de fuga da rotina, sem<br />
maior importância na vida pessoal do<br />
participante.<br />
A romaria é um lugar para encontrar gente,<br />
namorar, transar, beber com amigos e<br />
participar da efervescência característica das<br />
grandes aglomerações.<br />
Quadro 2: Tipificação dos participantes da romaria que rejeitam a noção de romeiro como<br />
autoclassificação.<br />
Além da percepção dos fluxos de caráter religioso como peregrinações, que<br />
funcionam como lente principal das romarias em estudos nas Ciências Sociais,<br />
foram apresentadas neste capítulo outras possibilidades de percepção analítica para<br />
fenômenos que envolvem deambulações religiosas. A partir dessa reflexão<br />
conceitual, algumas considerações sobre os sentidos das romarias merecem<br />
destaque e dizem respeito a dimensões de alteridade, espaço/tempo e não-<br />
cotidiano, presentes no evento tanto se interpretadas como peregrinação, como se<br />
entendidas com significado de turismo ou festa. Considerando as apropriações e<br />
diversidade de sentidos, veiculados nas romarias pelos agentes envolvidos, as<br />
noções de turismo e festa foram invocadas de maneira a estender a compreensão<br />
do fenômeno, no que diz respeito a suas imbricações com as noções de