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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 85<br />

encantamento aos visitantes e suscitam manifestações que qualificam a<br />

identificação com o lugar, este deixa de ser do outro para ser o lugar do próprio<br />

visitante, uma “terra de romeiros”.<br />

A segunda tendência centra-se na perspectiva de revisão do referencial teórico<br />

de estudos da religião e rituais para a compreensão do fenômeno turístico e se<br />

legitima, na medida em que, a partir do processo de secularização, a religião estaria<br />

perdendo espaço para outras maneiras de explicar a realidade e regular a vida<br />

social. Essa segunda corrente, desencadeada por MacCannell na década de 1970 e<br />

inspirada em Durkheim - As formas elementares da vida religiosa - tem sido usada<br />

para analisar o turismo como uma “versão moderna da preocupação com o sagrado”<br />

(ABUMANSSUR, 2003). Nessa perspectiva, é possível considerar que ambos os<br />

campos - religioso e turístico - são regidos pelo mesmo mecanismo social que<br />

determina o sagrado e o profano.<br />

Numa descrição das dimensões do sagrado e do profano em um culto religioso<br />

Durkheim (1989) relata que “... tudo se passa como se ele [o praticante do ritual] tivesse<br />

se transportado realmente para um mundo especial, muito diferente do cotidiano, para<br />

um ambiente povoado de forças de excepcional intensidade, que invadem e o<br />

transformam”. Muitas vezes viajar é mesmo isso: um sair do cotidiano, não<br />

importando para onde. Viaja-se para voltar, para perceber que o cotidiano não é tão<br />

ruim. Nessa lógica, o turismo teria a mesma função social da religião. Sob o esteio<br />

dessa corrente, Krippendorf (2001, p. 36) considera que<br />

A possibilidade de sair, de viajar reveste-se de uma grande importância.<br />

Afinal, o cotidiano só será suportável se pudermos escapar do mesmo, sem<br />

o que perderemos o equilíbrio e adoeceremos. O lazer e, sobretudo, as<br />

viagens pintam manchas coloridas na tela cinzenta da nossa existência.<br />

Elas devem reconstituir, recriar o homem, curar e sustentar o corpo e a<br />

alma, proporcionar uma fonte de forças vitais e trazer um sentido à vida.<br />

Para o sujeito comum, contemporaneamente, viajar não representa<br />

descobrir um mundo novo, “as pessoas viajam porque não se sentem mais à

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