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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 80<br />

tinha antes de ingressar na romaria, perante a sua comunidade de origem. Como<br />

pensar a partir disso na recorrência anual das romarias associada a festas religiosas<br />

como as que ocorrem em Juazeiro do Norte (CE), Aparecida (SP), Canindé (CE),<br />

Pirapora do Bom Jesus (SP) ou Belém (PA) numa modelagem de processo liminar,<br />

cujo retorno pressupõe uma mudança de status do participante a cada retorno?<br />

Seria suficiente a sensação individual de renovação espiritual para atestar um status<br />

diferenciado da partida?<br />

Em Juazeiro do Norte, os deslocamentos de romeiros não se restringem aos<br />

períodos oficiais de romarias vinculados a festas religiosas e estão pautadas pela<br />

diversidade de práticas. Ali, a noção de peregrinação como matriz explicativa<br />

apresenta várias limitações e deve ser tomada com cuidado no que diz respeito aos<br />

significados atribuídos pelos participantes, assim como o modelo de análise<br />

turneriano. Isso não foi algo surpreendente durante minhas aproximações empíricas.<br />

Há uma discussão mais atualizada sobre esses eventos trazida principalmente por<br />

Sallnow (1987) e pelas coletâneas organizadas por Eade e Sallnow ([1991]2000),<br />

Coleman e Elsner (1995) e Coleman e Eade (2004), que, a partir de estudos<br />

relativos a peregrinações em várias partes do mundo, contestam o emprego<br />

analítico de diversos elementos do modelo de Turner, além de enfatizarem as<br />

peregrinações como aspecto de culturas em movimento.<br />

A alternativa de compreensão proposta contemporaneamente considera a<br />

variedade de interações religiosas e culturais ocorridas durante a peregrinação,<br />

levando a direcionamento da interpretação para o domínio das narrativas e<br />

discursos veiculados por peregrinos, residentes e demais agentes envolvidos. Nessa<br />

perspectiva a relação entre textos (discursos), lugares sagrados e pessoas é tomada<br />

por sua condição de reservatório de tradições míticas e históricas atualizadas pelos<br />

peregrinos e demais agentes, mediante a invocação de crenças, a veneração de<br />

imagens e lugares e a performance de seus rituais (EADE; SALLNOW, [1991]2000).<br />

Essa concepção, atrai o foco de discussão para as modalidades específicas<br />

segundo as quais o religioso institui, organiza, preserva e reproduz uma linhagem

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