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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 65<br />

No other sentiment draws men to Jerusalem than the desire to see and<br />

touch the places where Christ was physically present, and to be able to say<br />

from our very own experience “we have gone into his tabernacle and adored<br />

in the very places where his feet have stood” […] Theirs is a truly spiritual<br />

desire to see the places where Christ suffered, rose front the dead, and<br />

ascended into heaven...The manger of His birth, the river of His baptism, the<br />

garden of His betrayal, the palace of His condemnation, the column of His<br />

scourging, the thorns of His crowning, the wood of His crucifixion, the stone<br />

of His burial: all these things recall Gods former presence on earth and<br />

demonstrate the ancient basis of our modern beliefs 55 .<br />

Os peregrinos que transitavam por Jerusalém eram recepcionados por<br />

serviços religiosos marcados pelo sentimento de piedade. Durante a Semana Santa,<br />

criava-se uma programação de recitação dos trechos do evangelho nos lugares<br />

correspondentes aos eventos, de acordo com os relatos bíblicos, a cada dia da<br />

semana reunindo multidões que se deslocavam de um lugar para outro, revivendo a<br />

trajetória de Jesus sob o impacto de fortes reações emocionais. De fato, as pessoas,<br />

em contato com os lugares, completavam mentalmente a cena correspondente,<br />

como se pudessem ver os fatos ali decorridos com os seus próprios olhos,<br />

resultando numa experiência mística de grande intensidade na expressão de<br />

sentimentos (SUMPTION, 2003).<br />

As peregrinações começaram a crescer a partir do século VI, com a<br />

introdução da “penitência tarifada” que correspondia segundo Vogel (1999) à<br />

estipulação da pena de acordo com o tipo de pecado. Nesse sistema, a<br />

peregrinação compulsória fazia parte das punições e, de fato, foi muito utilizada<br />

também na comutação de penalidades 56 , tendo em vista o desejo de reconciliação<br />

do pecador com a Igreja e sua dificuldade de levar a cabo suas sentenças.<br />

55 Em tradução livre: “Nenhum outro sentimento atrai os homens a Jerusalém, que o desejo de ver e<br />

tocar nos lugares onde Cristo estava fisicamente presente, e ser capaz de dizer por experiência<br />

própria "que entraram em sua tenda e adorado em lugares onde seus pés estiveram” [...] É um desejo<br />

verdadeiramente espiritual para ver os lugares onde Cristo padeceu, passou pela morte, e ascendeu<br />

ao céu ... A manjedoura do Seu nascimento, o rio do Seu batismo, o jardim de Sua traição, o palácio<br />

de Sua condenação, a coluna de Sua flagelação, a coroação de espinhos, o pau de Sua crucificação,<br />

a pedra da Sua sepultura: todas essas coisas lembram a presença de Deus na terra e demonstra a<br />

base antiga de nossas crenças modernas".<br />

56 A comutação de penalidades consistia num sistema de tabelas especiais contidas nos livros<br />

penitenciais que estabelecia os parâmetros de comutações, compensações e redenções,<br />

funcionando principalmente na troca de penas que se estendiam por um longo período de tempo por<br />

outras mais curtas, porém mais rigorosas (MIRANDA, 1978).

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