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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 62<br />

estruturas especiais decorrentes de formas culturais e institucionais de cada sociedade.<br />

Diz Simmel (apud MARTELLI, 2006, p. 2):<br />

[...] A religiosidade é um modo de ser do homem, quer ela tenha, agora, um<br />

conteúdo, ou não, quer esta característica possa ser incorporada ou não, numa<br />

fé. Assim como é inteligente, erótico, justo e belo, assim é religioso: o ser<br />

religioso, portanto, é uma maneira primária, absolutamente fundamental, do ser.<br />

Religiosidade, para Simmel, não pode ser limitada a sua expressão, ou seja, não<br />

se reduz a isso, principalmente porque a religião não é o seu único canal de expressão.<br />

A religiosidade, dessa forma, não tem o objetivo definido, sendo formalizada pela<br />

cultura através de seguimentos chave do círculo da vida que convidam o homem a<br />

ingressar num sistema religioso: sua atitude frente à natureza externa, seu próprio<br />

destino e sua relação com o mundo ao seu redor.<br />

De um ponto de vista analítico, a noção de religiosidade trazida por Simmel, por<br />

ser abrangente e comportar diversas formas sociais, fornece elementos para pensar as<br />

romarias como expressão de religiosidade popular para além das polarizações que<br />

encerra ao ser comparada com a religião oficial, e possibilita entender as misturas e<br />

inter-relações como parte do processo social.<br />

Ramos (1998), estudando a construção do Padre Cícero no imaginário dos<br />

seus devotos, corrobora essa dimensão de religiosidade na medida em que percebe as<br />

experiências religiosas como parte das experiências sociais e as vivências dos devotos<br />

como reelaborações, reconstruções e transformações de tradições.<br />

Cristianismo, peregrinação e penitência<br />

As peregrinações no início da era cristã aconteciam motivadas ora pelo<br />

desejo de viajar, ora como castigo ou sacrifício auto-imposto, ora como penitência<br />

pode ser descrito como religioso e se caracteriza pela mistura peculiar de entrega altruísta e desejo<br />

ardente, de humildade e de exaltação, que proporciona a inclusão da experiência do sujeito em uma<br />

ordem superior, uma ordem que é ao mesmo tempo sentida como algo subjetivo e pessoal.

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