19.04.2013 Views

ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 55<br />

CAPITULO II – <strong>ROMARIAS</strong>: DISCURSOS E TEORIAS<br />

As representações sensíveis encontram-se em fluxo perpétuo,<br />

empurram-se umas às outras como ondas de um rio e também<br />

enquanto duram não permanecem iguais em si mesmas.<br />

Emile Durkheim<br />

Há muitas possibilidades de análise dos fluxos religiosos nas Ciências<br />

Sociais. Neste capítulo são discutidas as noções de peregrinação, turismo e festa<br />

como matrizes interpretativas das romarias, alinhavando-as a experiências romeiras<br />

em Juazeiro do Norte. A partir de uma revisão sobre o percurso histórico da prática<br />

de peregrinação, desde seu surgimento como rotina religiosa cristã na Idade Média,<br />

apresento as principais idéias utilizadas para se pensar romarias e romeiros.<br />

A caminho do Sagrado<br />

A noção de peregrinação incorporada no discurso religioso supõe um<br />

percurso em direção ao divino e é compreendida tanto num sentido material de um<br />

deslocamento geográfico quanto de um ponto de vista metafórico, correspondente a<br />

uma jornada interior. Relacionada a situações de busca do autoconhecimento, é<br />

acionada em contextos modernos, como o que motiva parte dos que fazem o<br />

Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Em ambos os casos é<br />

compreendida como um caminho a ser percorrido, independente de um efetivo<br />

deslocamento físico, e, nesse sentido, a própria vida pode ser uma peregrinação.<br />

Nessa atitude religiosa, a condição peregrina representa simbolicamente a situação<br />

itinerante do ser humano, como viajante de sua própria existência, na medida em<br />

que, para o homem religioso, embora tendo sido criado do barro, sua origem é em<br />

Deus, sendo dele separado pelo pecado, tem necessidade de voltar a Ele. O<br />

sentimento de separação e sofrimento motiva ao “caminho” que, ao longo da vida, é<br />

constituído pelas escolhas de cada um. As práticas o aproximam ou o afastam de<br />

Deus (HATTSTEIN, 2000).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!