ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...
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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 54 aventura sócio-antropológica. Não era o mundo do “outro” que se descortinava, era o meu próprio mundo. Cotidianamente estar lá e também estar aqui, na escrita, me coloca naquela situação que Geertz (2005, p. 182) descreve tão bem: na “situação de autores parcialmente convencidos, tentando convencer parcialmente os leitores de suas convicções parciais”. Compreender o próprio contexto nativo na condição participante do objeto que se estuda e enredada na condição de intérprete só é possível quando não há resistência ao desnudamento. Boa parte de minha vida me senti romeira pela condição migrante de minha família, esse não é um lugar que se habita racionalmente, é um legado cultural que só pude compreender com a ajuda de outros intérpretes. Nesse exercício de reinterpretação recorri a um programa sistemático de leituras e revisões que ajudaram a compor um quadro explicativo que apresento a seguir e com o qual pude aguçar, reprogramar e ampliar minhas percepções sobre romaria.
CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 55 CAPITULO II – ROMARIAS: DISCURSOS E TEORIAS As representações sensíveis encontram-se em fluxo perpétuo, empurram-se umas às outras como ondas de um rio e também enquanto duram não permanecem iguais em si mesmas. Emile Durkheim Há muitas possibilidades de análise dos fluxos religiosos nas Ciências Sociais. Neste capítulo são discutidas as noções de peregrinação, turismo e festa como matrizes interpretativas das romarias, alinhavando-as a experiências romeiras em Juazeiro do Norte. A partir de uma revisão sobre o percurso histórico da prática de peregrinação, desde seu surgimento como rotina religiosa cristã na Idade Média, apresento as principais idéias utilizadas para se pensar romarias e romeiros. A caminho do Sagrado A noção de peregrinação incorporada no discurso religioso supõe um percurso em direção ao divino e é compreendida tanto num sentido material de um deslocamento geográfico quanto de um ponto de vista metafórico, correspondente a uma jornada interior. Relacionada a situações de busca do autoconhecimento, é acionada em contextos modernos, como o que motiva parte dos que fazem o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Em ambos os casos é compreendida como um caminho a ser percorrido, independente de um efetivo deslocamento físico, e, nesse sentido, a própria vida pode ser uma peregrinação. Nessa atitude religiosa, a condição peregrina representa simbolicamente a situação itinerante do ser humano, como viajante de sua própria existência, na medida em que, para o homem religioso, embora tendo sido criado do barro, sua origem é em Deus, sendo dele separado pelo pecado, tem necessidade de voltar a Ele. O sentimento de separação e sofrimento motiva ao “caminho” que, ao longo da vida, é constituído pelas escolhas de cada um. As práticas o aproximam ou o afastam de Deus (HATTSTEIN, 2000).
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