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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 48<br />

medida em que contribuem para que eu permaneça ciente das distinções entre<br />

fenômenos semelhantes, que são dadas por processos específicos de apropriação<br />

cultural.<br />

Fui acolhida como investigadora visitante no Instituto de Ciências Sociais<br />

(ICS) e durante todo o período de permanência consultei seu acervo bibliográfico em<br />

temáticas afins à minha pesquisa, bem como tive acesso a dados de inquéritos<br />

realizados por investigadores do ICS e de outras instituições de pesquisa. Como<br />

atividades complementares, dediquei-me à interação com pesquisadores do campo<br />

de estudos do cotidiano e da religião; e fiz acompanhamento sistemático de<br />

seminários, colóquios e conferências promovidos pelo calendário intenso e<br />

diversificado de atividades do ICS. Destaco a relevância dos seminários de estudos<br />

pós-graduados em sociologia e antropologia, promovidos naquele Instituto, onde tive<br />

a oportunidade de assistir exposições de alto nível de elaboração acadêmica.<br />

Em Portugal, aprendi na prática que toda forma de ver é também uma forma<br />

de não ver, pois a percepção se ajusta àquilo que foi codificado culturalmente, como<br />

componente da realidade que se olha. Nesse sentido, as classificações e conceitos<br />

teóricos que informam o conteúdo da realidade das romarias, também atingem a<br />

condição de naturalização na interpretação. Estar naquele país, num contexto onde<br />

as dinâmicas entre Igreja e povo precisavam ser lidas como algo novo para mim,<br />

instigou a repensar as romarias de Juazeiro do Norte, utilizando o que vi em Fátima,<br />

Alhandra, Lisboa e outros lugares como referência para rever o meu discurso. Com<br />

meu orientador do Instituto, revisei elementos que davam um aspecto linear e<br />

previsível às minhas interpretações, tentando levar em conta, com mais propriedade,<br />

a complexidade e os interesses que envolvem cada noção que se constrói<br />

socialmente. Também nas interações com pesquisadores da religião, vinculados ao<br />

ICS e outras instituições, aprendi que lidar com as pré-noções é um desafio<br />

permanente, pois cada novo elemento empírico, a princípio e ao se apresentar à<br />

percepção, é aparente e implica um exercício continuado de reflexão e<br />

interpretação.

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