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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 216<br />

A DESPEDIDA<br />

Considero que para avançar em qualquer estudo sobre romarias, é<br />

fundamental definir as dimensões de seu principal protagonista no âmbito da<br />

pesquisa. Nos contextos de romarias muitos agentes operam diversos conjuntos de<br />

categorias. Detectá-las, classificá-las e perceber nelas a multiplicidade de pontos de<br />

vista possíveis constitui um esforço intelectual considerável. Tal esforço amplia-se<br />

tendo em vista a preocupação de estar sempre definindo quem estava falando, qual<br />

era o meu lugar nessa relação enquanto pesquisadora e qual o lugar de cada um<br />

dos tantos tipos de romeiros em Juazeiro do Norte. Localizei, nesse campo,<br />

regularidades em aspectos centrais das motivações para realizar as romarias, em<br />

relação a crenças e práticas religiosas. No mais, cada entrevistado constituía um<br />

enredo particular, uma história completa a me oferecer uma possibilidade de<br />

interpretação parcial daquele mundo que acontecia no tempo das romarias. No<br />

contato face a face, cada um oferecia uma combinação única de envolvimento<br />

coletivo e trajetória biográfica.<br />

Nos capítulos dessa tese procurei encontrar a figura do romeiro através dos<br />

vários discursos que o definem: nas elaborações teóricas; na dimensão quantitativa<br />

de um fenômeno de grandes proporções; na interação entre pesquisador e<br />

pesquisado; e, sobretudo, no contexto cultural em que surge e ao qual se relaciona<br />

por meio de práticas e discursos.<br />

Tentar responder “...Quem são eles?” produziu em mim um<br />

redimensionamento da alteridade ao perceber que, para além da relação eu/eles,<br />

havia a relação eles/eles com hierarquizações e disputas simbólicas no interior da<br />

categoria, protagonizadas principalmente entre jovens e velhos, nas quais, embora<br />

as representações centrais da romaria permanecessem localizadas na perspectiva<br />

tradicional, havia uma distinção clara entre dizer “como deve ser” a romaria e como<br />

de fato “fazer romaria”, o que direcionava reflexão do próprio discurso como prática<br />

social.

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