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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 17<br />

motivações da romaria em relação ao tipo de experiência que o “romeiro” vivencia,<br />

não parece ser um caminho produtivo de análise.<br />

Nesse sentido, busco investigar a intenção e os significados que os próprios<br />

participantes fazem da romaria. Assim, essa abordagem percebe que as<br />

representações coletivas operam pela ação da explicação, formulação e informação<br />

(LEACH, 1996), ao mesmo tempo em que constroem a “realidade”. Penso que tal<br />

enfoque poderá contribuir para superar o obstáculo das definições institucionais do<br />

objeto, ao descrever, a partir da compreensão dos agentes, suas implicações e<br />

classificações institucionalizadas. Essa perspectiva dá abertura para as inquietações<br />

que mobilizaram originalmente esse estudo: Quais os sentidos da romaria e do lugar<br />

visitado para os romeiros? Como esses sentidos definem o romeiro?<br />

Antecedentes<br />

As romarias a Juazeiro do Norte acontecem há mais de um século. Todos os<br />

anos, milhares de pessoas se deslocam em romaria, partindo de vários cantos do<br />

Nordeste e do Brasil, em direção a Juazeiro do Norte, no Ceará. Em datas<br />

determinadas, que correspondem a períodos de festas religiosas na cidade, esses<br />

indivíduos se entregam à viagem, num percurso carregado de simbologias e se<br />

integram numa comunidade 1 maior e efêmera, que se forma durante o tempo das<br />

romarias. Ali, sobreposições de modalidades de auto-representação e representação<br />

do outro, a partir da mobilidade de diferenças, distâncias e fronteiras vivenciadas<br />

são acionadas pelos participantes.<br />

No encontro de pessoas que vêm de lugares diferentes, universos distintos<br />

reúnem-se num imenso caldeirão, constituindo uma composição culturalmente<br />

eclética, onde as relações sociais parecem desdobrar-se em multidimensões.<br />

Categorias aparentemente distintas como romeiro, turista e morador desenvolvem<br />

ampla pluralidade de representações, mediadas por interpenetração de sentidos. Há<br />

1 Considera-se aqui a dimensão subjetiva da “comunidade romeira”, um estado de espírito ou<br />

sentimento de pertencimento por vezes fluido e intangível, mas que surge como elemento de autoidentificação<br />

no grupo (Cf. SHORE, In: OUTHWAITE, BOTTOMORE, 1996).

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