ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...
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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 151<br />
sempre está relacionada àquele papel. A coesão que enfim se manifesta no interior<br />
do grupo depende de sua composição, podendo desmembrar-se em vários<br />
pequenos grupos com lideranças específicas. Grupos compostos por membros<br />
veteranos nas romarias costumam ser mais dispersos em relação à execução do<br />
roteiro em grupo, pois os participantes possuem um domínio espacial da cidade que<br />
lhes confere autonomia. Nesses contextos, duplas e pequenos grupos de familiares<br />
são comuns.<br />
É interessante considerar que pelo panorama apresentado na amostra, a<br />
romaria não é uma prática que possa ser confundida com a noção de peregrinação,<br />
num sentido individual de percurso e encontro com o sagrado. Fazer a romaria em<br />
família também não exclui o contexto de grupo que se forma no transporte coletivo<br />
usado para o deslocamento. Em muitos sentidos a romaria é, também, para além do<br />
grupo, a perspectiva de encontro coletivo num contexto de encontro que tem uma<br />
temporalidade reforçada pelas recorrências que propicia. Exemplificando isso, dois<br />
terços dos participantes da amostra afirmam que não iriam a Juazeiro fora da<br />
romaria. Para estes, a romaria não se dissocia do encontro com a multidão e de tudo<br />
em que cidade se transforma neste período. Entre os indivíduos que viriam a<br />
Juazeiro do Norte fora da romaria tanto há os motivados pela proximidade com o<br />
sagrado, como os que se permitem a vivência de outras experiências durante<br />
permanência na cidade que lhes suscita o desejo de revivê-las exclusivamente.<br />
A partir de levantamentos preliminares que indicavam a associação de<br />
experiências de diversão à romaria, os resultados com a amostra demonstram que<br />
são construídas noções próprias de diversão entre os romeiros que associam<br />
basicamente a romaria a situações extraordinárias e distintas do cotidiano que<br />
favorecem a vivência de experiências diferenciadas, às quais os romeiros atribuem<br />
um sentido de diversão (ver tabela seis).<br />
Três posições básicas discutem essa representação a partir das respostas<br />
dos participantes: Os que afirmam não se divertir na romaria situam-se<br />
predominantemente em faixa etária superior a 45 anos (70%); metade deles com os