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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS: DINÂMICAS DAS ROMARIAS ...

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CORDEIRO, Maria Paula J. Entre chegadas e partidas: dinâmicas das romarias em Juazeiro do Norte 124<br />

1990; tornou-se centro universitário com quase 50 cursos superiores em<br />

funcionamento 102 .<br />

A construção da cidade como representação de onde o sagrado se projeta<br />

em meio ao espaço profano do mundo repercutiu no processo migratório e fez com<br />

que o lugar crescesse num ritmo diferenciado da maioria dos municípios do<br />

Nordeste brasileiro. Utilizando as palavras de Ramos (2000, p. 71), “o Juazeiro<br />

profano crescia, em conflituosa simbiose com o Juazeiro sagrado” sem que fosse<br />

possível estabelecer classificações dicotômicas, tendo em conta os complexos<br />

entrelaçamentos ou sobreposições de territórios. Segundo este autor, houve, a partir<br />

da segunda década do século XX, valorização da cidade através de políticas de<br />

modernização implantadas pelo adventício Floro Bartolomeu. A pretensão de Floro<br />

era constituir dimensões espaciais a serem lidas como aspectos de uma cidade<br />

civilizado, na tentativa de suprimir percepções produzidas por intelectuais que,<br />

impactados pela tragédia humana do cenário, publicaram suas impressões do lugar<br />

como um espaço marcado pelo atraso e expressões de fanatismo 103 . Dessa forma,<br />

Juazeiro constituiu-se em uma infindável urdidura de territórios: para alguns<br />

era o cúmulo do atraso, para outros tratava-se de um cidade moderna;<br />

enquanto a Igreja enxergada nesse espaço um centro de fanatismo, os<br />

romeiros acreditavam que o lugar instituía um “centro de salvação”.<br />

(RAMOS, 2000, p. 86).<br />

O contingente populacional que transformou o cenário geográfico e<br />

estimulou o desenvolvimento local, era formado, até meados dos anos de 1950,<br />

principalmente por “forasteiros”, isto é, adventícios. Gente sem um pertencimento<br />

local que pudesse ser traduzido através de ascendência familiar que indicasse<br />

em conurbação com Fortaleza, apresenta cerca de 334 mil habitantes, enquanto Juazeiro do Norte<br />

possui cerca de 249 mil habitantes (IBGE, 2010).<br />

102 Destes, metade dos cursos são oferecidos gratuitamente por instituições públicas.<br />

103 Como exemplo tomo a percepção impactante de Pimenta (apud RAMOS, 2000, p. 87) sobre<br />

Juazeiro: “Sombrio e sórdido formigueiro humano que um tufão de loucura para ali arremessara,<br />

faminto, maltrapilho, embrutecido de superstição e cachaça”.

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