LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA
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DOMÍNIO DAS PEDRAS<br />
Jônatas Conceição<br />
As pedras caíam no silêncio<br />
das bocas que mal diziam.<br />
As peças eram trabalhadas<br />
com esmero, precisão,<br />
para a queda final.<br />
Os parceiros não se olhavam<br />
(o jogo não permitia admiração)<br />
Mal miravam as mãos,<br />
os dedos hesitantes.<br />
No domingo,<br />
o domínio das pedras<br />
era absoluto.<br />
Os homens se revestiam<br />
ao redor da tábua<br />
onde a vida não lhes pregava peças.<br />
IDENTIDADE<br />
José Carlos Limeira<br />
Houve um tempo em que<br />
Constava em sua carteira<br />
o dado cor<br />
na minha: pardaescuracabeloscarapinhados.<br />
Diante do espelho, me pergunto<br />
que faço com estes lábios grossos,<br />
este nariz achatado?<br />
Que faço com esta memória<br />
de tantos grilhões,<br />
destas crenças me lambendo as entranhas?<br />
Será que não é demais não ter o direito<br />
de ser negro ?<br />
Causa espanto?<br />
Pardaescura é o aspecto que vocês deram<br />
à nossa historia.<br />
Morra de susto!<br />
Sou, vou sempre ser: NEGRO!<br />
ENE, É,ERRE,Ó.<br />
Aqui, Ó!<br />
DESENGANOS<br />
Márcio Barbosa<br />
Benedito da Silva, ao entrar num shopping para resolver um assunto importante, parou<br />
numa loja de artigos femininos. Escolheu algumas roupas, ia pagar quando o homem do<br />
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