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LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA

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Traído no arranha-céu<br />

Culpado da solidão<br />

Lua de zinco, prato de alcatrão!<br />

(CN melhores poemas, p. 84)<br />

Outras antologias têm se mostrado importantes no cenário<br />

literário da contemporaneidade, como Quilombo de Palavras<br />

(2000), Schwarze poesie – Poesia negra (1988), Poesia Negra<br />

Brasileira: Antologia (1992), entre outras publicações coletivas<br />

e individuais que possuem como foco a escrita afro-brasileira.<br />

Na coletânea Terras de palavras (2004), através de textos<br />

ficcionais, memórias fragmentadas exigem um espaço para<br />

que sejam recompostas, caso, por exemplo, do conto A<br />

Bailarina do escritor baiano Landê Onawalê, em que a linda<br />

moça negra tem seu rosto escondido pela tarja do produto<br />

anunciado na TV, transformando-se em símbolo da<br />

invisibilidade da imagem negra nos meios de comunicação de<br />

massa:<br />

Não via a hora da estréia do comercial. Seria no<br />

horário nobre, e o bairro inteiro, aliás, a cidade inteira<br />

se tornaria um buchicho só no dia seguinte. À tarde,<br />

fora buscar o cachê da sua participação e, junto com<br />

as outras dançarinas, assistiu ao filme já editado.<br />

Faltava apenas a inserção da logomarca do produto.<br />

As evoluções por demais ensaiadas no estúdio e na<br />

escola de balé que freqüentavam ficaram perfeitas. Os<br />

passos finais, em slow motion, culminavam com o salto<br />

de todas em direção à câmera. Uma das colegas, a de<br />

perfil mais próprio, mais nórdico, mostra, na palma da<br />

mão, o copinho do iogurte anunciado — o produto<br />

disputando a tela com os sorrisos sadios das moças<br />

por breves 5 segundos de imagem congelada.<br />

Às 19 horas, a janela da sala — e o próprio cômodo —<br />

estava apinhada de gente. Quem possuía TV em casa<br />

ouvia as reclamações de quem não possuía o<br />

aparelho: todos consideravam mais emocionante<br />

assistir ao comercial na casa da artista.<br />

Plim Plim. Os moleques largaram as bolas de gude na réstia de<br />

barro onde brincavam e se enfiaram por entre as pernas dos<br />

adultos. A irmã da bailarina, na varanda, interrompeu o beijo e<br />

<br />

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