LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA
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Tópico 2 – Literatura afro-brasileira infanto-juvenil<br />
(...)<br />
Eu era criança<br />
Papai me contava<br />
Histórias de Trancoso<br />
Que entravam,<br />
Por uma perna de pinto<br />
E saíam por uma perna de pato<br />
...<br />
E papai<br />
Viver me fazia,<br />
Com rei e rainha,<br />
E bichos que falavam,<br />
Fadas e monstros,<br />
Princesas encantadas,<br />
“Comadre onça morreu,<br />
Disse a cabra ao macaco”<br />
Eu achava bonito<br />
Eu achava engraçado...<br />
(Abençam papai, que bicho é esse? Solano Trindade)<br />
O poema de Solano Trindade traz à cena lembranças da<br />
infância, as viagens pelo mundo da imaginação, levando-nos a<br />
refletir sobre como a criança, no processo de se constituir<br />
sujeito leitor, introjeta valores, crenças e padrões em relação a<br />
si mesmo e à sociedade onde interage. No universo literário<br />
infanto-juvenil, o pequeno leitor se reconhece ou se estranha<br />
nos modelos de ambientes, emoções e personagens<br />
transmitidos. Por isso, torna-se fundamental buscar<br />
compreender como a criança negra e culturas de matrizes<br />
africanas têm sido representadas na literatura infanto-juvenil<br />
brasileira.<br />
Pesquisas recentes têm demonstrado o viés eurocêntrico da<br />
produção infanto-juvenil brasileira, inclusive na década de 80,<br />
período em que houve uma inserção quantitativamente<br />
relevante de protagonistas negros em obras dirigidas a esse<br />
público. Esse segmento literário, no Brasil, constitui-se como<br />
um espaço privilegiado de produção simbólica e de sentidos.<br />
<br />
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