LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA
LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA
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Na literatura afro-brasileira, a reencenação da oralidade<br />
na escrita pode acontecer através de vários caminhos. No<br />
plano das tradições religiosas, Abdias do Nascimento, Mestre<br />
Didi, Solano Trindade, entre outros e outras, reanimam mitos,<br />
evocam forças de diferentes orixás, além de representarem<br />
outros elementos de religiões brasileiras de matrizes africanas<br />
em seus textos. Solano, no poema Olorum Ekê constrói um<br />
maravilhoso grito de resistência à discriminação racial:<br />
Olorum Ekê<br />
Olorum Ekê<br />
Eu sou poeta do povo<br />
Olorum Ekê<br />
A minha bandeira<br />
É de cor de sangue<br />
Olorum Ekê<br />
Olorum Ekê<br />
Da cor da revolução<br />
Olorum Ekê<br />
Meu avós foram escravos<br />
Olorum Ekê<br />
Olorum Ekê<br />
Eu ainda escravo sou<br />
Olorum Ekê<br />
Olorum Ekê<br />
Os meus filhos não serão<br />
Olorum Ekê<br />
Olorum Ekê<br />
O contexto de oralidade também está presente em inúmeras<br />
canções de protesto, criadas para blocos afros, com a intenção<br />
direta de combater a opressão vivenciada pelos negros<br />
brasileiros. Suka, em Ilê de Luz, através de enunciados que<br />
circulam oralmente, critica a construção de estereótipos<br />
negativos, discutindo o processo de exclusão a que é<br />
submetido o afrodescendente. A partir de uma inusitada<br />
conjugação de cores, a letra fala em brilho, intensa luz na<br />
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