18.04.2013 Views

LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA

LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA

LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

esultados, podem depois virar fontes estatísticas e fomentar o desenvolvimento de<br />

conteúdos da matemática. Detalhe, se o trabalho acontece em acordo e consonância<br />

com diferentes disciplinas, enriquece ainda mais os resultados.<br />

A literatura produzida por mulheres negras recebeu um espaço especial, por se tratar de<br />

produções tão significativas e ricas de poesia. A apresentação em power-point facilita o<br />

trabalho do(a) professor(a) na exposição e disposição dos poemas e informações básicas<br />

das referidas autoras. Essa literatura surge em oposição à literatura canônica, que<br />

durante muito tempo reservou às mulheres negras perfis bastante questionáveis.<br />

Vejamos alguns exemplos clássicos: Gregório de Matos (1636-1695) é o primeiro escritor<br />

da literatura brasileira a propor uma hierarquização étnica na qual à mulher branca cabe<br />

o papel de mãe e esposa e à mulher negra apenas o papel de amante.<br />

Em “O Cortiço” (1890), de Aloísio de Azevedo, a personagem Rita Baiana é assim<br />

descrita:<br />

E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e<br />

plantas aromáticas. Irriquieta, saracoteando, o atrevido e rijo quadril baiano,<br />

respondia para a direita e para a esquerda, pondo a mostra um fio de dentes<br />

claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce<br />

fascinador.<br />

Acudiu quase todo o cortiço para recebê-la. Choveram abraços e as chufas<br />

do bom acolhimento(...)<br />

Ele tinha “paixão” pela a Rita, e ela, apesar de volúvel como toda a mestiça,<br />

não podia esquecê-lo por uma só vez (...)<br />

(AZEVEDO, 1975, p.45-57)<br />

O apelo ao corpo e a vulgarização da mulher negra, não fica apenas nessa obra, a<br />

personagem principal do livro “Gabriela Cravo e Canela” (1958) do escritor Jorge Amado,<br />

mantém esses estereótipos, acrescentando o apelo a mistura das raças e a democracia<br />

racial do país. A lista é grande de representações negativas sobre o corpo, o caráter e<br />

identidade da mulher negra. Quando menos esperamos, encontramos as marcas desses<br />

imaginários no nosso dia-a-dia e comportamentos sociais, seja nas letras de música<br />

popular, no cinema, na mídia.<br />

O estudo dos textos literários produzidos pelas escritoras negras proporcionam ouvir e<br />

sentir através de seus versos e narrativas a força de seu descontentamento quanto a<br />

essas representações negativas, deixando evidente o desejo por mudança. É preciso<br />

que nossos(as) alunos(as) se apropriem desses debates e possam reconhecer como<br />

construções culturais as características socialmente atribuídas a homens e mulheres, a<br />

<br />

45

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!