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LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA

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literários e escritores, importa perceber o quanto textualidades<br />

negras no Brasil têm representado positivamente populações<br />

negras, tirando do silêncio, através da escrita, tradições africanas<br />

suprimidas e experiências sociais relacionadas ao cotidiano dos<br />

afro-descendentes.<br />

Antecedentes da literatura negra<br />

O escritor Oswaldo de Camargo, no livro O negro escrito, levanta<br />

o primeiro registro de um negro letrado no Brasil. Fato importante,<br />

tendo em vista as condições adversas dos africanos e afrodescendentes<br />

na época. Tratava-se de Henrique Dias, que<br />

escreveu uma carta ao rei de Portugal, reclamando maus tratos,<br />

em 1650. Há também registros em nossa história colonial de<br />

textos que informavam sobre atos de resistência ao sistema<br />

escravista e de textos de irmandades religiosas e de sociedades<br />

negras, demonstrando a existência de negros alfabetizados e o<br />

uso da escrita como resistência a um meio opressor.<br />

Todavia, o primeiro a fazer esparsas referências à condição do<br />

negro em sua produção poética foi Domingos Caldas Barbosa, no<br />

século XVIII. Fortemente aclamado pelo público, levou seus<br />

lundus (música de origem africana) e modinhas para Portugal. Em<br />

“Retratos de Lucinda”, o eu lírico canta a beleza suprema de uma<br />

mulher trigueira, de pele escura, construindo uma inversão de<br />

valores dentro dos padrões europeus do Arcadismo no Brasil:<br />

Não tens nas faces<br />

Jasmins de rosa,<br />

Cor mais graciosa<br />

Nas faces tens.<br />

Todas t’a invejam,<br />

E há quem ser queira,<br />

Assim trigueira<br />

Como tu és.<br />

(Viola de Lereno, p. 10, v. 2)<br />

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