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LITERATURA BRASILEIRA E LITERATURA AFRO-BRASILEIRA

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Tópico 1 – Produção literária afro-brasileira<br />

Escrever é dar movimento<br />

à dança-canto<br />

Que meu corpo não executa.<br />

A poesia é a senha que invento<br />

Para poder acessar o Mundo.<br />

(Conceição Evaristo)<br />

Retomando as palavras de Conceição Evaristo, poetisa negra,<br />

essa escrita-corpo - mistura de canto e dança, com poder de<br />

“acessar o Mundo” - é a literatura, que se auto-declara produção<br />

textual afro-brasileira e/ou negra. Para o poeta negro Elio Ferreira,<br />

escrever<br />

É uma maneira de falar para o mundo, contar a história dos meus<br />

antepassados negros e a minha própria história, influindo e<br />

participando na transformação da sociedade através da denúncia<br />

contra as violências racial e social. O que me levou a escrever foi<br />

uma necessidade interior de falar de mim e da condição humana.<br />

A sensação e a crença de escrever é uma forma de perpetuar a<br />

nós mesmos e as pessoas que estimamos; as pessoas simples,<br />

sobretudo negras, da nossa convivência. 1<br />

Com o intuito de reverter imagens negativas e estereótipos que os<br />

termos “afro” e “negro” assumiram ao longo de nossa história, a<br />

escrita negra e/ou afro-brasileira visa apresentar uma leitura<br />

crítica dos preconceitos disseminados na sociedade, além de<br />

apontar possibilidades de o escritor/ escritora negro/a consciente<br />

de seu papel lutar contra um modelo de identidade nacional<br />

baseado na idéia de democracia racial.<br />

A literatura afro-brasileira está, portanto, mergulhada na<br />

experiência de vida da população negra, não só como estratégia<br />

artística de denúncia da exclusão do afro-descendente, mas<br />

também como meio de liberação de tradições africanas<br />

silenciadas em nossa cultura. Conforme Cuti,<br />

O texto escrito começa a trazer a marca de uma<br />

experiência de vida distinta do estabelecido. A emoção<br />

– inimiga dos pretensos intelectuais negros – entra em<br />

campo, arrastando dores antigas e desatando silêncios<br />

enferrujados. É a poesia feita pelo negro brasileiro<br />

consciente. 2<br />

<br />

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