INFILTRAÇÃO
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Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 1<br />
<strong>INFILTRAÇÃO</strong><br />
1. GENERALIDADES<br />
Infiltração é a passagem da água da superfície para o interior do solo. É, pois, um<br />
processo que depende fundamentalmente (a) da disponibilidade de água para infiltrar, (b) da<br />
natureza do solo, (c) do estado da camada superficial do solo e (d) das quantidades de água e ar<br />
inicialmente presentes no interior do solo.<br />
2. DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE <strong>INFILTRAÇÃO</strong> – EVOLUÇÃO DO PERFIL DE<br />
UMIDADE<br />
No interior do solo, o espaço disponível para a água se acumular e se movimentar é<br />
determinado pelos vazios entre os grãos que compõem a estrutura do solo. O parâmetro capaz de<br />
especificar a máxima retenção de água no solo é a porosidade do solo 1 , n. O teor de umidade do<br />
solo 2 , θ, será sempre menor ou igual à porosidade. O grau de saturação do solo 3 é definido pela<br />
relação entre o volume de água e o volume de vazios da amostra.<br />
À medida que a água se infiltra pela superfície, as camadas superiores do solo vão-se<br />
umedecendo de cima para baixo, alterando gradativamente o perfil de umidade.<br />
Enquanto houver aporte de água, o perfil de umidade tende à saturação em toda a<br />
profundidade, sendo a superfície, naturalmente, o primeiro nível a saturar. Cumpre observar que,<br />
normalmente, a infiltração decorrente de precipitações naturais não é capaz de saturar todo o<br />
solo, restringindo-se a saturar, quando consegue, apenas as camadas próximas à superfície. Em<br />
conseqüência, desenvolve-se um perfil típico onde o teor de umidade decresce com a<br />
profundidade, conforme ilustrado na Figura 1 (linha cheia da Figura 1).<br />
Quando cessa o aporte de água à superfície (isto é, deixa de haver infiltração), a umidade<br />
no interior do solo se redistribui, evoluindo para um perfil de umidade inverso, com menores<br />
teores de umidade próximos à superfície e maiores nas camadas mais profundas (linha<br />
pontilhada da Figura 1). Nem toda a umidade é drenada para as camadas mais profundas do solo,<br />
já que parte é transferida para a atmosfera pela evapotranspiração.<br />
Figura 1 – Evolução do perfil de umidade do solo.<br />
Obs.: Nas camadas inferiores do solo, geralmente é encontrada uma zona de saturação (lençol<br />
freático), mas sua influência no fenômeno da infiltração só é significativa quando esta se situa a<br />
pouca profundidade.<br />
1 Porosidade, n = (volume de vazios) ÷ (volume da amostra de solo)<br />
2 Umidade do solo, θ = (volume de água na amostra de solo) ÷ (volume da amostra)<br />
3 Grau de saturação, S = (volume de água) ÷ (volume de vazios) = θ/n
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 2<br />
3. GRANDEZA CARACTERÍSTICA DA <strong>INFILTRAÇÃO</strong> – CAPACIDADE DE INFILTRA-<br />
ÇÃO<br />
A capacidade de infiltração, f, é o potencial que o solo tem de absorver água pela sua<br />
superfície. A sua medida é feita em termos de uma altura de lâmina d’água, por unidade de<br />
tempo, que representa, fisicamente, o volume de água que o solo pode absorver, por unidade de<br />
área, na unidade de tempo. A sua dimensão é de comprimento por tempo, e a sua medida é feita,<br />
em geral, em mm/h ou mm/dia.<br />
Deve-se fazer distinção entre os conceitos de capacidade de infiltração e taxa real de<br />
infiltração, dado que esta última só acontece quando há disponibilidade de água para penetrar no<br />
solo. As curvas, em função do tempo, da taxa real de infiltração e da capacidade de infiltração de<br />
um solo somente coincidem quando o aporte superficial de água (proveniente de precipitações e<br />
mesmo de escoamentos superficiais de outras áreas) tem intensidade superior ou igual à<br />
capacidade de infiltração.<br />
Se uma precipitação atinge o solo com uma intensidade (i) menor que a capacidade de<br />
infiltração (f) toda a água penetra no solo, provocando uma progressiva diminuição da própria<br />
capacidade de infiltração. Se a precipitação continua, pode ocorrer, dependendo da sua<br />
intensidade, um momento em que a capacidade de infiltração diminui tanto que sua intensidade<br />
se iguala à da precipitação. A partir deste momento, mantendo-se a precipitação, a infiltração<br />
real se processa na mesma taxa da capacidade de infiltração, que passa a decrescer<br />
exponencialmente com o tempo, tendendo a um valor mínimo. Em decorrência, a parcela não<br />
infiltrada da precipitação se escoa pela superfície em direção às áreas mais baixas (na forma de<br />
um balanço, i − f = escoamento superficial).<br />
Cessada a precipitação, e não havendo aporte de água à superfície do solo, a taxa de<br />
infiltração real anula-se rapidamente, enquanto que a capacidade de infiltração volta a crescer,<br />
pois o solo continua a perder umidade para as camadas mais profundas (além das perdas por<br />
evapotranspiração).<br />
Na Figura 2 representa-se a evolução da capacidade de infiltração em função do tempo,<br />
em decorrência de uma precipitação de duração td e intensidade i constante. Nota-se que com o<br />
início da chuva a capacidade de infiltração decresce com o tempo. Enquanto f > i toda a água<br />
precipitada infiltra-se no solo. No instante te contado a partir do início da chuva, a capacidade de<br />
infiltração iguala-se à intensidade da chuva (ponto M na figura). A partir deste instante, e até o<br />
instante correspondente ao ponto N da figura, a capacidade de infiltração reduz-se<br />
exponencialmente. Parte da água de chuva se infiltra e o restante escoa superficialmente. As<br />
áreas demarcadas na figura representam, conforme indicado, as alturas totais das lâminas d’água<br />
infiltrada e escoada superficialmente.<br />
Figura 2 – Visualização da variação da capacidade de infiltração com a ocorrência de uma chuva
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 3<br />
4. EQUAÇÃO DE HORTON PARA O CÁLCULO DA <strong>INFILTRAÇÃO</strong> PONTUAL<br />
A partir de experimentos de campo, Horton (1939) estabeleceu, para o caso de um solo<br />
submetido a uma precipitação com intensidade superior à capacidade de infiltração, uma relação<br />
empírica para representar o decaimento da infiltração com o tempo (ramo MN da curva f x t da<br />
Figura 02), que pode ser escrita na forma:<br />
( f − f ) ( − τ)<br />
f = f C + 0 C exp k<br />
(01)<br />
onde<br />
f = capacidade de infiltração (igual à taxa real de infiltração) no tempo genérico τ,<br />
f0 = capacidade de infiltração no tempo τ = 0,<br />
fC = capacidade de infiltração mínima, ou taxa mínima de infiltração, que é um valor assintótico<br />
(valor final de equilíbrio) avaliado em um tempo τ suficientemente grande,<br />
k = constante característica do solo (constante de Horton), com dimensão de tempo -1 , e<br />
τ = tempo.<br />
5. FATORES QUE INTERVÊM NA CAPACIDADE DE <strong>INFILTRAÇÃO</strong><br />
São vários os fatores que exercem influência na infiltração da água em um solo. Listamse<br />
a seguir cada um deles.<br />
a) Tipo de solo: A capacidade de infiltração varia diretamente com a porosidade do solo, com o<br />
tamanho das partículas do solo (distribuição granulométrica) e o estado de fissuração das<br />
rochas.<br />
b) Grau de umidade do solo: O solo no estado seco tem maior capacidade de infiltração, pelo<br />
fato de que à ação gravitacional se somam as forças capilares. De outro modo, quanto maior<br />
for a umidade do solo, menor será a capacidade de infiltração.<br />
c) Compactação pela ação de homens e animais: A compactação da superfície do solo o torna<br />
mais impermeável, diminuindo a capacidade de infiltração.<br />
d) Ação da precipitação sobre o solo: A ação da chuva sobre o solo tende a diminuir a<br />
capacidade de infiltração, pelo efeito da compactação da superfície do terreno, do transporte<br />
de material fino que diminui a porosidade junto à superfície e do aumento das partículas<br />
coloidais, que diminui os espaços intergranulares.<br />
e) Alteração da macroestrutura do terreno: A capacidade de infiltração pode ser aumentada<br />
pela alteração da macroestrutura do solo devido a fenômenos naturais, como escavações de<br />
animais, decomposição de raízes de plantas e ação do sol, e também devido a ação do<br />
homem no cultivo da terra (aração).<br />
f) Cobertura Vegetal: A presença da cobertura vegetal tende a aumentar a capacidade de<br />
infiltração do solo, pois atenua a ação da chuva e facilita a atividade de insetos e outros<br />
animais no processo de escavação. Ainda, por dificultar o escoamento superficial e por retirar<br />
a umidade do solo, possibilita a ocorrência de maiores valores da capacidade de infiltração.<br />
g) Temperatura do solo: A infiltração é um fenômeno de fluxo de água no solo. Assim, sua<br />
medida (através da capacidade de infiltração) depende da temperatura da água, da qual<br />
depende a sua viscosidade. Menores temperaturas provocam o aumento da viscosidade,<br />
reduzindo f.<br />
h) Presença de ar: O ar retido temporariamente nos espaços intergranulares retarda a infiltração<br />
da água.<br />
6. MEDIÇÃO DA CAPACIDADE DE <strong>INFILTRAÇÃO</strong><br />
A capacidade de infiltração de um solo pode ser medida pelo uso de aparelhos<br />
denominados infiltrômetros. Os infiltrômetros são, em geral, de dois tipos: a) os infiltrômetros<br />
propriamente ditos, de anel metálico, que utilizam a aplicação de água por inundação (mantém<br />
sempre um aporte de água à superfície); e b) os simuladores de chuva, que utilizam a aplicação<br />
de água por aspersão.
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 4<br />
Os infiltrômetros do primeiro tipo são tubos cilíndricos curtos, feitos de chapa metálica,<br />
de diâmetro φ entre 20 e 90 cm. Estes são cravados verticalmente no solo, de modo a sobrar uma<br />
pequena altura livre (Figura 3).<br />
Existem duas variações do<br />
infiltrômetro de anel metálico, conforme se<br />
utilizam um ou dois tubos concêntricos.<br />
Quando se utilizam dois tubos, o externo<br />
tem o papel de prover a quantidade de água<br />
necessária ao espalhamento lateral devido<br />
aos efeitos de capilaridade. Assim, a<br />
infiltração propriamente dita deve ser<br />
medida levando-se em conta a área limitada<br />
pelo cilindro interno. Durante o<br />
experimento, mantém-se sobre o solo uma<br />
pequena lâmina de 5 a 10 mm de água, nos<br />
dois compartimentos. Para obter o valor de<br />
f, divide-se a taxa de aplicação da água pela<br />
área da seção transversal do tubo interno.<br />
Figura 3 – Infiltrômetro de duplo anel<br />
Como exemplo, apresenta-se uma planilha de anotações e cálculo para uso nas medidas da<br />
capacidade de infiltração através do uso de infiltrômetro de anel metálico. Os resultados de f em<br />
função do tempo são normalmente lançados em um gráfico cartesiano para mostrar a evolução<br />
da capacidade de infiltração ao longo do tempo.<br />
Tabela 1 – Elementos de cálculo da capacidade de infiltração com o uso do infiltrômetro de anel metálico<br />
(1) (2) (3) (4) (5)<br />
Tempo Volume lido Variação do volume Altura da lâmina Capacidade de infiltração<br />
(min) (cm 3 ) (cm 3 ) (mm) (mm/h)<br />
A coluna (4) da Tabela 1 é preenchida dividindo-se a coluna (3) pela área A da seção transversal<br />
do infiltrômetro. Por sua vez, a coluna (5) é preenchida dividindo-se os valores obtidos na coluna<br />
(4) pelo intervalo de tempo correspondente em horas.<br />
Os principais inconvenientes relacionados ao uso de infiltrômetros, que causam erros nas<br />
medidas, são: i) ausência do efeito de compactação da chuva; ii) fuga do ar retido para a área<br />
externa aos tubos; iii) deformação da estrutura do solo com a cravação dos tubos.<br />
Os infiltrômetros do segundo tipo, os simuladores de chuva, são aparelhos nos quais a<br />
água é aplicada por aspersão, com taxa uniforme superior a f, exceto para um breve intervalo de<br />
tempo inicial. As áreas delimitadas de aplicação da água são normalmente de formato retangular<br />
ou quadrado, de 0,10m 2 até 40m 2 de superfície. Estas áreas são circundadas por canaletas que<br />
recolhem a água do escoamento superficial. Medem-se, nos testes, a quantidade de água<br />
adicionada e o escoamento superficial resultante, deduzindo-se o valor de f.<br />
7. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE <strong>INFILTRAÇÃO</strong> EM UMA BACIA<br />
Para conhecer f em uma bacia hidrográfica, utiliza-se a equação do balanço hídrico. Se<br />
forem conhecidos a precipitação e o escoamento superficial, poder-se-á calcular, por diferença, a<br />
capacidade de infiltração da bacia. Neste procedimento admite-se que a evapotranspiração<br />
durante a chuva é muito pequena. Assim, f = i − QS<br />
A , onde QS é a vazão devida ao<br />
escoamento superficial e A é a área de drenagem da bacia hidrográfica.<br />
Na avaliação acima acaba-se por incluir a interceptação e o armazenamento nas<br />
depressões do terreno no valor de f. Para as pequenas bacias o erro introduzido é menos<br />
significativo do que para as grandes bacias.
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 5<br />
Para fins de cálculo, pode-se organizar uma tabela, como abaixo.<br />
Tabela 2 – Elementos de cálculo da capacidade de infiltração em uma bacia hidrográfica<br />
(1) (2) (3) (4) (5) (6)<br />
Tempo Precipitação Escoamento superficial Escoamento superficial Intensidade chuva Cap. de infiltração<br />
(min) (mm) (m 3 /s) (mm/h) (mm/h) (mm/h)<br />
Nesta tabela,<br />
coluna (4) = coluna (3) ÷ área da bacia (corrigindo-se as unidades),<br />
coluna (5) = coluna (2) ÷ intervalos correspondentes de tempo (corrigindo-se as unidades),<br />
coluna (6) = coluna (5) − coluna (4).<br />
EXEMPLO<br />
Um experimento com um simulador de chuva foi realizado para a determinação da equação de<br />
Horton para a capacidade de infiltração de um determinado solo. A chuva artificial foi produzida<br />
com uma intensidade constante de 38mm/h. O excesso, isto é, a quantidade não infiltrada<br />
(escoada superficialmente), foi recolhido nas canaletas que circundam a área de teste e<br />
conduzido para um reservatório, permitindo a determinação dos volumes não infiltrados ao longo<br />
do tempo. Um resumo dos resultados do teste é apresentado na tabela 3 abaixo.<br />
Sabendo-se que a área de teste era de 10m 2 e que, após um longo tempo de teste, a vazão total na<br />
canaleta que conduz o excesso ao reservatório manteve-se constante e igual a 56ml/s, ajustar a<br />
equação de Horton.<br />
Obs: o escoamento superficial teve início no instante t = 6min.<br />
Tabela 3 – Dados do experimento com simulador de chuva<br />
t (min) 0 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42<br />
i (mm/h) 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38<br />
VolS (l) 0,00 0,00 1,93 7,96 14,99 23,92 34,55 45,68 57,71 69,84 82,17<br />
Solução<br />
Desprezando-se as perdas por evaporação, a equação do balanço hídrico para a área em questão<br />
produz os valores das taxas reais instantâneas de infiltração:<br />
i ⋅ ∆t<br />
⋅ A − Q ⋅ ∆t<br />
= ∆Vol<br />
ou<br />
Q 1 ∆Vol<br />
i − = , (02)<br />
A A ∆t<br />
onde o termo do 2 o membro representa a taxa real de infiltração (Vol é o volume infiltrado num<br />
intervalo de tempo ∆t).<br />
Fazendo q = Q/A e ∆h=∆Vol/A, tem-se<br />
∆h<br />
i − q = , (03)<br />
∆t<br />
com ∆h representando a altura da lâmina infiltrada num intervalo ∆t. Para obter as taxas reais de<br />
infiltração, constrói-se a tabela 4 abaixo. Note que a taxa real de infiltração só representa a<br />
capacidade de infiltração a partir do momento em que se tem a saturação da camada superficial<br />
do solo, identificado no problema como o instante em que passa a ocorrer o escoamento<br />
superficial (isto é, para t ≥ 6min, f = ∆h/∆t). Uma visualização gráfica dos resultados<br />
encontrados é feita na Figura 4.
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 6<br />
A equação de Horton deve, então, ser ajustada aos dados das duas últimas colunas da<br />
tabela abaixo.<br />
Tabela 4 – Elementos de cálculo da capacidade de infiltração em teste com simulador de chuva<br />
t<br />
(min)<br />
i<br />
(mm/h)<br />
VolS<br />
(l)<br />
∆VolS<br />
(l)<br />
Q=∆VolS/∆t<br />
(l/h)<br />
q=Q/A<br />
(mm/h)<br />
∆h/∆t<br />
(mm/h)<br />
τ τ τ = t−t0<br />
(min)<br />
f<br />
(mm/h)<br />
0 38 0 - 0,00 0,00 38,00 - -<br />
6 38 0 0,00 0,00 0,00 38,00 0 38,00<br />
10 38 1,93 1,93 28,95 2,895 35,105 4 35,105<br />
14 38 7,96 6,03 90,45 9,045 28,955 8 28,955<br />
18 38 14,99 7,03 105,45 10,545 27,455 12 27,455<br />
22 38 23,92 8,93 133,95 13,395 24,605 16 24,605<br />
26 38 34,55 10,63 159,45 15,945 22,055 20 22,055<br />
30 38 45,68 11,13 166,95 16,695 21,305 24 21,305<br />
34 38 57,71 12,03 180,45 18,045 19,955 28 19,955<br />
38 38 69,84 12,13 181,95 18,195 19,805 32 19,805<br />
42 38 82,17 12,33 184,95 18,495 19,505 36 19,505<br />
i, q, f (mm/h)<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
f<br />
q<br />
0<br />
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45<br />
tempo, t (min)<br />
Figura 4 – Evolução temporal da intensidade da precipitação, do deflúvio superficial e da capacidade de<br />
infiltração.<br />
Da equação de Horton (Eq. 01):<br />
( f − f ) ( − τ)<br />
f = f C + 0 C exp k .<br />
Com os da tabela, f0 = 38mm/h e τ = t – 6min. Uma informação adicional fornecida no problema<br />
é que, para t (ou τ) grande, Q = 56ml/s → q = 20,16mm/h. Da equação (03), para q = constante,<br />
∆h/∆t = constante = fC. Isto é, fC = 38,00 – 20,16 = 17,84mm/h. Portanto, conhecidos f0 e fC, o<br />
problema se resume a obter o parâmetro k da equação de Horton.<br />
i
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 7<br />
ou<br />
A Eq. (01) pode ser rearranjada e escrita na forma:<br />
⎡ f − f C ⎤<br />
ln ⎢ ⎥ = −k<br />
⋅ τ , (04)<br />
⎣f<br />
0 − f C ⎦<br />
⎡ f − f C ⎤<br />
log⎢ ⎥ = −k<br />
⋅ τ ⋅ log e<br />
⎣f<br />
0 − f C ⎦<br />
do tipo y = -k x. O coeficiente k pode, então, ser obtido graficamente ou da análise de regressão<br />
pelo método dos mínimos quadrados. Do gráfico da Figura 5, com as ordenadas em escala log,<br />
- para t = 5min → y1 = (f-fC)/(f0-fC) = 0,72, e<br />
- para t = 25min→ y2 = (f-fC)/(f0-fC) = 0,16.<br />
De (5),<br />
e<br />
donde,<br />
ln 0,72 = -k⋅5⋅loge<br />
ln 0,16 = -k⋅25⋅loge<br />
com f em mm/h para τ em h.<br />
y = (f-f C )/(f 0 -f C )<br />
ln (0,72/0,16) = -k⋅ (25-20) → k = 0,075min -1 = 4,5h -1 .<br />
( 38,<br />
00 −17,<br />
84)<br />
exp(<br />
− 4 τ)<br />
f = 17,<br />
84 +<br />
, 5<br />
1<br />
0,1<br />
0,01<br />
f = 17 , 84 + 20,<br />
16exp(<br />
− 4,<br />
5τ)<br />
0 10 20 30 40<br />
τ (min)<br />
Figura 5 – Visualização da evolução da capacidade de infiltração ao longo do tempo e linha de melhor ajuste<br />
do modelo de Horton.<br />
(05)
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 8<br />
EXERCÍCIOS<br />
1 o ) Trace, qualitativamente, a evolução da capacidade de infiltração de um solo com o tempo de<br />
ocorrência de uma chuva, identificando dois parâmetros da equação de Horton.<br />
2 o ) Que fatores afetam a capacidade de infiltração de um solo?<br />
3 o −0,<br />
11t<br />
) Um solo tem equação de infiltração de Horton dada por f = 9,<br />
1 + 7,<br />
5 × e , sendo f medido<br />
em mm/h e t em h. Sabendo-se que, para a região, a equação de chuvas intensas é do tipo<br />
( ) 78 0<br />
0,<br />
12<br />
,<br />
i = 1500 ⋅ Tr 25 + t d , com i em mm/h, Tr em anos e td em minutos, pede-se:<br />
a) a probabilidade de que este solo seja inundado em um ano qualquer por uma chuva de duração<br />
td = 12h;<br />
b) a duração de uma chuva de 10 anos de recorrência, capaz de inundar o solo em questão.<br />
R: a) P{X≥x}=0,43%; b) td=7,23h<br />
4 o ) Durante um certo ano, os seguintes dados hidrológicos foram coletados numa bacia<br />
hidrográfica de 350km 2 de área de drenagem: precipitação total de 850mm, evapotranspiração<br />
total de 420mm e escoamento superficial de 225mm. Calcule o volume de infiltração, em metros<br />
cúbicos, desprezando as variações no armazenamento superficial da água.<br />
5 o ) Considere os dados da tabela abaixo. Com base nestes, ajustar a equação de Horton.<br />
t (min) 0-6 6-10 10-14 14-18 18-22 22-26 26-30 30-34 34-38 38-42<br />
i (mm/h) 38 55 55 55 55 55 55 55 55 55<br />
t (min) 0 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42<br />
h (mm) 0,00 3,80 6,14 8,07 9,90 11,54 13,01 14,43 15,76 17,08 18,38<br />
h=lâmina infiltrada (acumulada) R: f=17,96+(38,00−17,96)exp(−4,478.t)<br />
6 o ) A capacidade de infiltração de uma pequena área de solo no início de uma chuva era de<br />
4,5mm/h, e decresceu exponencialmente, seguindo a lei de Horton, até praticamente atingir o<br />
equilíbrio no valor de 0,5mm/h depois de 10h. Sabendo-se que um total de 30mm de água<br />
infiltrou-se durante o intervalo de 10h, estimar o valor do parâmetro k de Horton.<br />
7 o ) Para o estudo da infiltração em um solo foi realizado um experimento em que se utilizou de<br />
um simulador de chuva em uma área retangular de 4m x 12,5m. A duração desta chuva foi tal<br />
que gerou um escoamento superficial praticamente constante de 0,5l/s. Sabendo-se que a<br />
intensidade da chuva artificial era de 50mm/h, pede-se:<br />
a) o escoamento superficial, em mm/h, e a capacidade de infiltração mínima encontrada no<br />
experimento;<br />
b) o valor da constante de Horton, considerando que 10 horas após o início da produção do<br />
escoamento superficial a capacidade de infiltração era de 27,2mm/h.<br />
R: a) hs=36mm/h, fmín=14mm/h; b) k=0,1h -1 .<br />
8 o ) Estime a taxa de infiltração em um determinado solo na cidade de Ouro Preto, ao final de<br />
uma chuva de projeto. Sobre esta chuva sabe-se que a sua duração é de 8h e a probabilidade de<br />
que sua intensidade seja superada em cada ano é de 20%. A respeito do solo em questão sabe-se<br />
que o parâmetro de Horton vale k=0,667h -1 e que, após três horas de precipitação, sua<br />
capacidade de infiltração cai à metade do seu valor inicial. A tabela abaixo representa a análise<br />
de Pfafstetter para as chuvas de 8 horas em Ouro Preto.<br />
Tr (anos) 1 2 3 4 5 10 15 20<br />
P (mm) 52 63 67 70 75 87 92 99<br />
Obs: Admitir a ocorrência do encharcamento imediato da camada superficial do solo com o início da chuva.<br />
R: f8=3,98mm/h