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Laranja-da-China - Unama

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Nhana sacudiu a cabeça:<br />

— Sim senhor!<br />

www.nead.unama.br<br />

Fingiu que não compreendeu. Raspado o fundo do cálice lavou<br />

meticulosamente as mãos. E enxugou sem pressa. Dedo por dedo. Abriu a porta.<br />

Fechou. Vinha vindo um bonde a duzentos metros. Esperou. Agora o ônibus.<br />

Esperou. Agora um automóvel do lado contrário. Esperou. Olhou bem de um lado.<br />

Olhou bem de outro. Certificou-se <strong>da</strong>s condições atmosféricas de nariz para o ar.<br />

Marcialmente atravessou a rua.<br />

O poste cintado esperava os bondes com gente em volta. Platão quando ia<br />

chegando escorregou numa casca de laranja. Todos olharam. Platão equilibrou-se<br />

que nem japonês. Encarou os presentes vitoriosamente. Na lata, seus cretinos.<br />

Esfregou a sola do sapato na calça<strong>da</strong> e foi esperar em outro poste. Chegou de<br />

cabeça baixa.<br />

— Boa tarde, Platão.<br />

— O mesmo, Argemiro, como vai você?<br />

— Aqui neste solão esperando o maldito 19 que não chega!<br />

Platão cavou um arzinho risonho. Acendeu um cigarro. Disse sem olhar:<br />

— Eu espero o ônibus <strong>da</strong> Light.<br />

— Milionário é assim.<br />

Primeiro deu um puxão nos punhos postiços. Depois respondeu:<br />

— Nem tanto...<br />

O19 passou abarrotado. Argemiro não falava. Platão sim de vez em quando:<br />

— Esse é um dos motivos por que eu prefiro o ônibus <strong>da</strong> Light apesar do<br />

preço. Tem sempre lugar. Depois é um Patek.<br />

Mas era só para moer.<br />

Argemiro deu adeusinho e aboletou-se à larga num 19 vazio. Então Platão<br />

soltou um suspiro e pongou o 13 que vinha atrás.<br />

Ficou no estribo. Agarrado no balaustre. Imaginando desastres medonhos.<br />

Por exemplo: cabeça<strong>da</strong> num poste. Escapando do primeiro no segundo. Impossível<br />

evitar. Era fatal. Uma sacudidela do bonde e pronto. Miolos à mostra. E será que a<br />

Nhana casaria de novo?<br />

— O senhor dá licença?<br />

— To<strong>da</strong>.<br />

Não tinha visto o lugar. Pois a mulher viu. Que <strong>da</strong>na<strong>da</strong>. To<strong>da</strong> a gente<br />

passava na frente dele. Triste sina. Tomava cocaína. Ora que bobagem.<br />

— Ô Seu Platãozinho!<br />

9

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