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Laranja-da-China - Unama

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Não. No Juju também não estava. Ué. Mas será possível?<br />

O Quim avisou:<br />

— Apareceu!<br />

www.nead.unama.br<br />

Olharam: apareceu no colarinho do homem. Passeou pelo colarinho. Parou.<br />

Êta. Êta. Passou para o pescoço. O homem deu um tapa ligeiro. Todos sorriram.<br />

Tinham chegado no Parque Antártica.<br />

Polidoro não queria descer do balanço. Não queria por bem. Desceu por<br />

mal. Em torno <strong>da</strong> ro<strong>da</strong>-gigante os águias estacionavam com os olhos nas pernas <strong>da</strong>s<br />

moças que giravam. Famílias de roupa branca esmagavam o pedregulho dos<br />

caminhos. Nharinha de vez em quando <strong>da</strong>va uma grela<strong>da</strong> para O moço de lenço<br />

sulfurino com um cravo na mão. Juju começou a implicar com as valsas vienenses<br />

<strong>da</strong> ban<strong>da</strong>. A galinha do caramanchão ficou com os duzentos réis e não pôs ovo<br />

nenhum. Foram tomar gasosa no restaurante. Seu Dagoberto foi roubado no troco.<br />

O calor punha lenços no pescoço de portugueses com o elástico <strong>da</strong> palheta preso<br />

na lapela flori<strong>da</strong>. Quim perdeu-se no mundão que vinha do campo de futebol. O<br />

moço de lenço sulfurino encostou-se em Nharinha. Ela ficou escarlate que nem o<br />

cravo que escondeu dentro <strong>da</strong> bolsa.<br />

No bonde Silvana disfarça<strong>da</strong>mente livrou os pés dos sapatos de pelica preta<br />

enverniza<strong>da</strong> com tiras verdes atravessa<strong>da</strong>s.<br />

Depois do jantar (mal servido) Seu Dagoberto saiu do Grande Hotel e<br />

Pensão do Sol (Familiar) palitando os dentes caninos. Foi espairecer na Estação <strong>da</strong><br />

Luz. Assistiu à chega<strong>da</strong> de dois trens de Santos. Acendeu um goiano. Atravessou a<br />

Rua José Paulino. Parou na esquina <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Tiradentes. Sapeando o<br />

movimento. Mulatas riam com os sol<strong>da</strong>dos de folga. Dois homens bem trajados e<br />

simpáticos lhe pediram fogo. Dagoberto deu.<br />

— Muito gratos pela sua gentileza.<br />

— Não tem de quê.<br />

— Está fazendo um calorzinho <strong>da</strong>nado, não acha?<br />

— É. Mas esta noite chove na certa.<br />

Seu Dagoberto ficou sabendo que os homens eram de Itapira. Tinham<br />

chegado naquele mesmo dia as onze horas. E deviam voltar logo amanhã cedo e<br />

sem falta. Uma pena que ficassem tão pouco tempo. Seu Dagoberto com muito<br />

gosto lhes mostraria as belezas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Conversando desceram lentamente a<br />

Aveni<strong>da</strong> Tiradentes. Na esquina <strong>da</strong> Cadeia Pública Seu Dagoberto trocou três<br />

camarões de duzentos e mais um relógio com uma corrente e três me<strong>da</strong>lhinhas<br />

(duas de ouro) por oito contos de réis. E voltou para o Grande Hotel e Pensão do Sol<br />

(Familiar) que nem uma bala.<br />

(Napoleão <strong>da</strong> Nativi<strong>da</strong>de filho tinha o hábito feio de coçar a barriga quando<br />

se afun<strong>da</strong>va na rede de pijama e chinelo sem meia. A mulher — a segun<strong>da</strong>, que a<br />

primeira morrera de uma moléstia no fígado — preferia a cadeira de balanço.<br />

— Você me vê os óculos por favor?<br />

O melhor deste jornal são os títulos. — A gente sabe logo do que se trata.<br />

Foi BUSCAR LÃ..., QUEM COM FERRO FERE..., AMOR E MORTE. Aquela miséria<br />

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