je587agoset09 - Exército

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Curiosidades
Uma das razões que explicam a firme disposição de
D. Afonso IV em bramir armas em apoio de Afonso
XI, numa altura em que os dois monarcas estavam
em situação de guerra, encontra-se na personagem
que terá motivado o corte de relações, D. Maria, a
malquista rainha de Castela e filha do monarca
português. Efectivamente, Afonso XI, necessitando
do auxílio militar do sogro para anular a ameaça
muçulmana junto às suas fronteiras, socorre-se da
esposa que enviou como parlamentar à Coroa
Portuguesa, onde o rei atendeu os argumentos que
a «Formosíssima Maria» sua filha lhe expôs.
Camões dedica ao episódio algumas estrofes no
Canto III de Os Lusíadas.
102
Entrava a fermosíssima Maria
Pelos paternais paços sublimados,
Lindo o gesto, mas fora de alegria,
E seus olhos em lágrimas banhados.
Os cabelos angélicos trazia
Pelos ebúrneos ombros espalhados.
Diante do pai ledo, que a agasalha,
Estas palavras tais, chorando, espalha:
104
“Aquele que me deste por marido,
Por defender sua terra amedrontada,
Co pequeno poder, oferecido
Ao duro golpe está da Maura espada,
E, se não for contigo socorrido,
Ver-me-ás dele e do Reino ser privada;
Viúva e triste e posta em vida escura,
Sem marido, sem Reino e sem ventura”
Como em outras batalhas entre a Cruz e o Crescente,
também no Salado a lenda marca presença.
O ataque português contra as forças granadinas
revelou-se tarefa complicada, durando o combate
desde a alva até ao pôr-do-sol. A resistência da
hoste de Yusûf I foi de tal forma tenaz que a partir
de determinado momento se temeu o pior do lado
lusitano. Só que, entretanto, chegou ao campo de
batalha a Vera Cruz de Marmelar, uma relíquia do
Autores:
Tenente-Coronel Abílio Pires Lousada, Professor de História Militar do IESM.
Major Luís Falcão Escorrega, Professor de Estratégia do IESM.
Major António Cordeiro Menezes, Professor de Táctica do IESM.
Padrão da batalha do Salado em Guimarães.
Santo Lenho (que tinha sido usado no dia de
véspera durante as manifestações religiosas de
preparação para a batalha). Empunhada pelo prior
da Ordem do Hospital, a sua presença extasiou de
tal forma o coração dos guerreiros portugueses que,
próximo do crepúsculo do dia, a hoste comandada
por D. Afonso IV desbaratou completamente o
infiel, obrigando-o a retirar do campo de batalha.
Afonso XI ordenou, então, que os imensos e
riquíssimos despojos da peleja fossem divididos.
Assim, o quinto real dos mesmos seguiu para Tarifa,
com os prisioneiros, onde o rei de Portugal, a quem
tanto se devia a vitória, podia escolher o que lhe
aprouvesse. Contudo, o monarca português
escolheu apenas uma cimitarra e um sobrinho de
Abu-l-Hasan’Ali que levou para Portugal como
prisioneiro. Com este gesto, D. Afonso IV vincava o
preceito espiritual subjacente à Ordem de Cavalaria,
onde a defesa da cristandade falava mais alto que a
recolha de bens materiais.
Bibliografia
- CONDE, Lorenzo, Las Batallas Decisivas en la Historia del Mundo, San Sebastian, J. Gilbert Editor, 1941.
- COSTA, Célia Pereira da, “A Participação Portuguesa na Batalha do Salado”, in Portugal e os Conflitos Militares
Internacionais, XIV Colóquio de História Militar, CPHM, Lisboa, 2005.
- FERNANDÉZ, Manuel López, “La batalla del Salado sobre la toponimia actual de Tarifa”, in Aljaranda, Nº. 67, año XVII,
Deciembre 2007.
- LEÃO, Duarte Nunes de, Chronica del Rei D. Afonso IV, Porto, Lello & Irmão, 1975.
- PEREIRA, J. A. de Esteves, “Reconquista Cristã da Península Ibérica. Salado (30 de Outubro de 1340)”, in Revista Militar,
Nov/Dez de 1970.
- RIBEIRO, Major Jorge e VALENTE, Major Daniel, A Reconquista da Península e a Batalha do Salado, Trabalho de
Investigação do Curso de Estado-Maior, Instituto de Estudos Superiores Militares, 2008.
- SOUSA, Bernardo Vasconcelos e, D. Afonso IV, Rio de Mouro, Círculo de Leitores, 2005.
Fonte http://www.cm-guimaraes.pt