je587agoset09 - Exército
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Reinos da Península Ibérica à época do Salado.<br />
Consequências da Batalha<br />
A vitória no Salado anulou, em definitivo, a ameaça<br />
muçulmana na Península Ibérica e favoreceu a<br />
estreita colaboração entre Portugal e Castela,<br />
interrompida pelo conflito de 1337-1340. Se, o Reino<br />
de Granada ficou confinado a um espaço territorial<br />
falho de entreajuda externa, os benimerines<br />
perderam a iniciativa da guerra, embora Abu-l-<br />
Hassan’Ali ainda ataque, sem sucesso, as fronteiras<br />
castelhanas, na Primavera de 1341. Devido ao<br />
desastre do Salado, a cooperação estratégica entre<br />
granadinos e marroquinos ressentiu-se<br />
enormemente, a força anímica esvaiu-se e a<br />
capacidade de financiamento para sustentar a<br />
guerra em larga escala ficou comprometida. Aliás, o<br />
saque efectuado pelos cristãos ao arraial<br />
muçulmano em Tarifa foi de tal maneira proveitoso<br />
em metais preciosos que a cotação do ouro e da<br />
prata se ressentiu em algumas praças europeias.<br />
Entretanto, os dois reinos cristãos mantiveram a<br />
ofensiva, derrotando as forças do Crescente numa<br />
importante batalha naval, perto de Ceuta, em 1341,<br />
sendo as 10 galés portuguesas presentes<br />
comandadas pelo Almirante Manuel Pessanha.<br />
Seguiu-se o cerco da praça muçulmana de<br />
Algeciras, no ano seguinte, sitiada por forças<br />
terrestres de Castela e um destacamento de lanças e<br />
besteiros portugueses comandado pelo prior do<br />
Hospital D. Álvaro Pereira, apoiado por meios<br />
navais portugueses, castelhanos, aragoneses e<br />
genoveses. Com os abastecimentos à praça<br />
Fonte: http:// redul.wikispaces.com<br />
cortados, Algeciras, incapaz de resistir, rendeu-se a<br />
Afonso XI em 1344. Definitivamente, as linhas de<br />
comunicação navais de Granada ficaram<br />
estranguladas, embora sustente Gibraltar, onde,<br />
aliás, o rei de Castela perderia a vida em 1350,<br />
durante um cerco.<br />
Enquanto Afonso XI de Castela morria na<br />
reconquista da Andaluzia e passava à História como<br />
o monarca que derrotou a última grande ofensiva<br />
muçulmana na Península, D. Afonso IV<br />
apresentava-se à cristandade como um soberano<br />
capaz de trocar antagonismos seculares dinásticos<br />
pelo combate ao inimigo de fé, sendo enaltecido<br />
como um dos paladinos do Salado. Doravante,<br />
Portugal e Castela norteariam as suas relações pela<br />
acomodação, num respeito mútuo de vizinhança.<br />
Um status relacional que só quebrará nos reinados<br />
de D. Fernando de Portugal e Henrique II de<br />
Castela, no decénio de 1370, numa altura em que as<br />
ondas de choque da Guerra dos Cem Anos afectam<br />
o xadrez político peninsular.<br />
A par da conjuntural relação com Castela, D.<br />
Afonso IV mantém a ligação “estrutural” a Aragão e<br />
aproxima-se comercialmente da Inglaterra, num<br />
prenúncio da secular aliança que D. Fernando e D.<br />
João I firmarão em tratados posteriores. A razão de<br />
Estado impõe-se, à semelhança dos assuntos da<br />
governação que passam, então, a estar no centro<br />
das atenções de um rei que abandona a sela em<br />
proveito do “gabinete”. O passo seguinte é o mar,<br />
visto como elo de comunicação, fonte de riqueza e<br />
espaço de poder.<br />
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