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je587agoset09 - Exército

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40<br />

A Arte da Guerra<br />

e a Caracterização<br />

do Aparelho Militar Português<br />

Quando, em 1325, D. Dinis morre, a Dinastia<br />

Afonsina está consolidada e a estrutura de<br />

defesa nacional coerente com os superiores<br />

desígnios do Estado. Enquanto a conquista<br />

definitiva do Algarve, ainda no reinado de D.<br />

Afonso III, culmina a reconquista em território<br />

português e fixa as suas fronteiras a Sul, o<br />

Tratado de Alcanises (1297), ajusta questões<br />

territoriais pendentes a Leste, definindo a limes<br />

do reino. Entretanto, cerceando o livre arbítrio do<br />

poder nobiliárquico, as leis promulgadas, em<br />

1290, proíbem as construções de cariz militar<br />

(torres e paços acastelados) nas terras ou solares<br />

de fidalgos, iniciando-se a construção e o<br />

restauro de castelos, onde a introdução de uma<br />

torre de menagem lhes confere um carácter<br />

defensivo mais dinâmico.<br />

Paralelamente, D. Dinis adapta à realidade<br />

portuguesa o Libro de las Siete Partidas de seu<br />

avô, Afonso X de Castela, sendo a Segunda<br />

Partida, referente à organização e doutrina<br />

táctica, a que tem maior influência na<br />

reestruturação da componente militar portuguesa<br />

do século XIV, designada Regimento de Guerra.<br />

Surgem, então, reestruturações na hoste de<br />

grande amplitude, constituindo a organização<br />

dos besteiros de conto o facto inovador. Reflexo<br />

de um corpo militar permanente e profissional em<br />

Portugal, os besteiros de conto assentam o<br />

recrutamento no alistamento regular da antiga<br />

peonagem, preferencialmente mesteirais (homens<br />

de ofícios), estando sujeitos a um treino regular<br />

contínuo. Chamam-se besteiros por combater<br />

com a besta e de conto (ou número), por ser<br />

obrigatório cada concelho fornecer para a hoste<br />

um efectivo previamente fixado.<br />

Assim, a partir de D. Dinis, a hoste real é<br />

constituída por três tipos de cavalaria: a dos<br />

nobres (pesada e paga); a dos cavaleiros vilões<br />

(ligeira e gratuita); a das Ordens Militares (Avis,<br />

Hospital, Santiago, Cristo), com orgânica<br />

específica e carácter profissional. Relativamente à<br />

tropa apeada, existem os besteiros de conto e a<br />

peonagem dos concelhos (arqueiros, lanceiros e<br />

fundibulários). A hoste podia ainda ser<br />

aumentada, em caso de necessidade, pelo sistema<br />

de contratação estipendiária, mercenários e<br />

homiziados. A contratação estipendiária, realizada<br />

internamente à medida das necessidades,<br />

estipulava o número de homens a admitir, o<br />

Fonte: Damião Peres, História de Portugal.<br />

O Armamento no século XIV<br />

Para além das alterações verificadas pelo<br />

Regimento de Guerra, verifica-se por toda a<br />

Europa um aperfeiçoamento na tecnologia<br />

militar. A besta generalizou-se, colocando nas<br />

mãos de peões uma arma que permite atingir<br />

o adversário à distância, em que formações<br />

regulares (aumentando a coesão e o espírito<br />

ofensivo) podem fazer frente, de forma<br />

eficaz, à cavalaria.<br />

O desenvolvimento na arte de trabalhar o<br />

ferro é outra das inovações que garantem<br />

uma alteração significativa neste período da<br />

História. O uso da armadura completa<br />

(arneses) generaliza-se e os elmos passam a<br />

ter debaixo do queixo uma cinta metálica<br />

(barbote ou baveira), a que se articula a<br />

viseira móvel (que se pode erguer acima<br />

deste). Por sua vez, o escudo torna-se mais<br />

pequeno e leve. Os cavalos de guerra são<br />

equipados com caparazões de ferro, o que<br />

aumenta, substancialmente, o peso a<br />

suportar, diminuindo, por isso, a sua<br />

mobilidade no campo de batalha.<br />

armamento a utilizar e o tempo de serviço,<br />

mediante soldo acordado. Quanto aos<br />

homiziados, tratavam-se de indivíduos a contas<br />

com a justiça, que podiam beneficiar da<br />

remissão das penas em situações de guerra,<br />

sendo normalmente orientados para o<br />

Equipamento do séc XIV.

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