18.04.2013 Views

je587agoset09 - Exército

je587agoset09 - Exército

je587agoset09 - Exército

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

38<br />

Enquadramento<br />

Político-Estratégico da Época<br />

Depois de séculos de dilatação e retracção das<br />

fronteiras peninsulares, no início do séc. XIV, o<br />

mosaico ibérico conta com três reinos cristãos e o<br />

reino muçulmano de Granada.<br />

Em Leão e Castela, vive-se um período de<br />

instabilidade desde que Afonso XI subiu ao<br />

trono, em 1325 (precisamente no mesmo ano que<br />

D. Afonso IV). Instabilidade que encontra raízes<br />

na guerra civil que opõe membros da alta<br />

nobreza, que aproveita os governos de regência<br />

para dominar, e a coroa, que se procura afirmar. A<br />

agravar a situação, Afonso XI tem ameaças<br />

muçulmanas a Sul que impedem a segurança das<br />

fronteiras e obriga o monarca a uma acção<br />

“itinerante” pelo território.<br />

Em Portugal, D. Afonso IV reafirma o papel<br />

centralizador da coroa, sendo o início do seu<br />

reinado marcado pelo conflito interno contra o<br />

seu irmão bastardo, Afonso Sanches. A nível<br />

externo, a cooperação existente entre Portugal e<br />

Castela sustentada no “Acordo de Confirmação”<br />

(1328), pelo qual Afonso XI casa com D. Maria,<br />

filha de D. Afonso IV, cessa quando o rei<br />

português acusa o rei de Castela de<br />

comportamento indigno perante a rainha sua<br />

filha. O resultado é a guerra entre os dois Estados<br />

(1336-1340), marcada por operações terrestres e<br />

navais de reduzida envergadura, confinadas às<br />

fronteiras do Minho, do Alentejo-Estremadura<br />

hispânica e do Algarve.<br />

A coroa de Pedro IV de Aragão atravessa um dos<br />

períodos mais profícuos, mantendo boas relações<br />

com a França e de relativa acomodação com<br />

Castela, que lhe permite uma influência e dinamismo<br />

comercial no Mediterrâneo consideráveis.<br />

Granada é o último bastião muçulmano na<br />

Península. É um enclave ameaçado externamente<br />

pelos cristãos, por um lado, e por Abu-l-<br />

Hasan’Ali, que desde 1331, é sultão do povo<br />

berbere benimerine, ou merínida (substituta da<br />

dinastia dos almóadas no Norte de África).<br />

Na segunda metade da década de 1330, enquanto<br />

os reinos cristãos se digladiam numa guerra de<br />

desgaste sem resultados práticos, Yssuf-Abu-<br />

Hajiab, rei de Granada, firma uma aliança com o<br />

sultão de Marrocos, Abu-l-Hasan’Ali. Se, para<br />

Granada, a motivação é a expansão dos seus<br />

territórios, aproveitando a oportunidade que a<br />

debilidade política (dificuldade de firmar alianças)<br />

e militar (desgaste nos exércitos) oferece, para o<br />

sultão benimerine o status quo que se vive na<br />

Reino de Granada.<br />

Fonte: http://1.bp.blogspot.com<br />

Península, permite-lhe a possibilidade de<br />

concretização do sonho de reedição do al-<br />

Andaluz, edificado por Tarik sete séculos antes.<br />

Acresce que o controlo do Estreito e a importância<br />

que os portos de Málaga, Algeciras<br />

(domínios de Granada), Gibraltar e Tarifa (praças<br />

de Castela) têm no controlo do comércio<br />

marítimo entre o Mediterrâneo e o Atlântico<br />

justificam por si só uma intervenção militar<br />

marroquina na Hispânia.<br />

Assim, em 1338, começam a sentir-se grandes<br />

movimentações navais (equipamento, forças<br />

militares, abastecimentos e, inclusivamente,<br />

famílias) no Estreito de Gibraltar sob o comando<br />

de Abu Malik, filho do sultão de Marrocos. No<br />

ano seguinte, o rei de Granada, com o apoio de<br />

Abu Malik, conquista Gibraltar e outros<br />

territórios no sul da Andaluzia, obrigando<br />

Afonso XI, perante a exaustão das suas forças,<br />

a firmar tréguas com os muçulmanos. Com esta<br />

pausa operacional, o rei de Castela procura<br />

regenerar as suas forças e garantir o tempo<br />

necessário para arregimentar aliados para a<br />

contra ofensiva. Perante as notícias de uma<br />

aliança entre granadinos e benimerines, aproximase<br />

politicamente de Pedro IV de Aragão e de D.<br />

Afonso IV de Portugal e solicita ao Papa Bento<br />

XII as indulgências para a guerra.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!