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je587agoset09 - Exército

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28<br />

“Raras vezes na história, um herói que alterou a<br />

história de um povo é um santo, que não precisa de<br />

lenda para ser grande na integridade de carácter, na<br />

inteireza de costumes, na unidade de vida. Têm sido<br />

as lendas a reduzir a personagem a um sanhudo<br />

impetuoso, um Orlando furioso, dado a intervalos<br />

místicos. Estamos perante um extraordinário chefe<br />

militar, marcado pela ética cristã. Estamos diante de<br />

alguém com uma visão para o país, pautado por<br />

valores cristãos. Venceu nas armas por causas<br />

nobres, venceu-se a si mesmo pela entrega a Deus.<br />

São assim os santos: deslumbrantes, a dar carne à<br />

transcendência.” 5<br />

A Situação Político-Militar<br />

na Guerra dos Cem Anos<br />

(1337-1453)<br />

[...] Historicamente, as causas da Guerra dos<br />

Cem Anos remontam à conquista de Inglaterra, por<br />

Guilherme, o Conquistador, que manteve no<br />

continente europeu extensos domínios senhoriais,<br />

nomeadamente em França, algo que ameaçava o<br />

projecto de consolidação da monarquia francesa.<br />

Este conflito teve como oponentes, como<br />

referido, a Inglaterra de Eduardo III e a França de<br />

Felipe VI. Estes soberanos mantiveram durante anos<br />

um clima de aceso confronto, no que respeitava ao<br />

direito ao trono da França, do qual Eduardo III,<br />

neto de Felipe IV, foi afastado em detrimento de<br />

Felipe VI, sobrinho do anterior Rei; às pretensões<br />

aos territórios gauleses até então administrados<br />

pelo Rei de Inglaterra, e que Felipe queria tomar<br />

para si; à disputa pela influência sobre a Flandres,<br />

território de grande importância comercial, cujo<br />

controlo cada um dos Reis pretendia. Por outro<br />

lado, saliente-se o apoio da França aos rebeldes<br />

escoceses, que a norte pressionavam os Ingleses,<br />

numa constante tentativa de ganhar soberania; o<br />

declínio do sistema feudal que, com o surgimento<br />

de uma nova classe, a Burguesia, cada vez mais<br />

colocava em causa o poder dos grandes senhores<br />

feudais; o facto de, nesta altura, a igreja católica<br />

estar dividida, chegando mesmo a existir dois Papas<br />

em simultâneo. As duas nações respondiam a<br />

cada um deles (Inglaterra a Roma e França a Avignon).<br />

Do ponto de vista militar, o Tenente-Coronel<br />

Luís Barroso destacou as diferenças entre as duas<br />

forças em confronto. Por um lado, a França com um<br />

exército grande, com uma Cavalaria robusta, que<br />

assentava a sua conduta no seu grande poder de<br />

choque e protecção, mas que, em contrapartida,<br />

era demasiado dispendiosa e pouco ágil. Por outro<br />

lado, os ingleses com características mais ligeiras,<br />

combinando a cavalaria feudal com soldados de<br />

infantaria e, entre eles, soldados arqueiros cujo valor<br />

militar tinha já ficado demonstrado em Gales, no<br />

final do século XII (Eduardo I). Com terreno de<br />

montanhas, a cavalaria treinada para combate<br />

simétrico e em terreno aberto era pouco eficaz. 6<br />

Estes dois modelos<br />

de “máquinas de guerra”<br />

confrontaram-se durante<br />

os cerca de 116<br />

anos de guerra, sendo de<br />

realçar a importância<br />

crucial de duas batalhas<br />

em particular, a de Crecy<br />

e de Poitier. A Guerra<br />

dos Cem Anos, em particular<br />

estas duas<br />

batalhas, foi de particular<br />

importância para o<br />

que viria a acontecer em<br />

Aljubarrota, revelando o<br />

papel preponderante<br />

das informações no<br />

campo de batalha, da<br />

preparação do terreno,<br />

da unidade de comando<br />

e do elemento apeado<br />

fazendo frente a um<br />

adversário mais forte.<br />

A crise<br />

de 1383-1385<br />

e a Batalha<br />

de Atoleiros<br />

Vista a situação no<br />

plano Europeu, marcado<br />

pelo conflito, importa reflectir um pouco sobre o<br />

que se passava na Península Ibérica naquele tempo.<br />

Em Castela, desde a morte de D. Afonso XI,<br />

acalentava-se uma acesa disputa entre os vários<br />

pretendentes ao trono, que se alastrou aos países<br />

vizinhos, entre os quais D. Fernando, que subiu ao<br />

trono de Portugal em 1367 e que levou a que este<br />

soberano se envolvesse em guerras sucessivas com<br />

Castela – as guerras Fernandinas –, que se<br />

revelariam desastrosas para o Reino, pela forma<br />

como foram resolvidas, com o casamento da única<br />

filha de D. Fernando com o Rei de Castela, D. Juan<br />

I, em 1383.<br />

Neste ano morreu D. Fernando, deixando o<br />

Reino mergulhado numa dolorosa crise dinástica,

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