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je587agoset09 - Exército

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26<br />

Colóquio sobre<br />

D. Nuno Álvares Pereira 1<br />

Nuno Álvares Pereira, Patrono da Arma de<br />

Infantaria, é uma figura incontornável da História<br />

Nacional, em todos os aspectos como se nos<br />

apresenta, em todas as formas como se nos revela.<br />

Nas suas diversas facetas surge-nos sempre como<br />

uma personagem muito à frente do seu tempo,<br />

contrapondo à sua juventude uma notável<br />

clarividência política e militar, contrapondo aos costumes<br />

da guerra medieval uma humanidade singular<br />

e contrapondo às usuais demonstrações de<br />

poder pessoal de então, e ainda de hoje, uma<br />

abnegação e caridade muito próprias. [...]<br />

Com o presente artigo pretende-se resumir as<br />

várias intervenções neste Colóquio, cuja versão<br />

integral está publicada na revista da Infantaria<br />

“Azimute”, na sua edição de Agosto de 2009.<br />

O Colóquio foi organizado em dois grandes<br />

painéis. O primeiro abordou a figura de D. Nuno<br />

Álvares Pereira como “Homem” comum, pelo<br />

Tenente-Coronel de Artilharia (Reserva) António<br />

Pires Nunes, como “Militar” de excepção, pelo<br />

Coronel de Infantaria (Reforma) Américo Henriques,<br />

e como pessoa sublime e insigne elevada a “Santo”,<br />

por D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa.<br />

O segundo painel abordou o “enquadramento<br />

Político-Militar e a Guerra dos Cem Anos”, pelo<br />

Tenente-Coronel de Infantaria Luís Barroso, “a<br />

Crise Dinástica de 1383/1385 e a Batalha de<br />

Atoleiros”, pelo Capitão de Infantaria Carlos<br />

Afonso e, por último, “a Invasão Castelhana e a<br />

Batalha de Aljubarrota”, pelo Tenente-Coronel<br />

Infantaria Lemos Pires.<br />

O Colóquio foi presidido pelo Vice-Chefe do<br />

Estado-Maior do <strong>Exército</strong> e Director-Honorário da<br />

Arma de Infantaria, Tenente-General Mário de<br />

Oliveira Cardoso, e contou com uma diversificada<br />

plateia de personalidades militares, religiosas e de<br />

entidades de alguma forma relacionadas com D.<br />

Nuno Álvares Pereira.<br />

“D. Nuno Álvares Pereira<br />

– O Homem”<br />

Desde cedo na sua infância que D. Nuno se<br />

revelou audaz e com uma grande autoconfiança,<br />

qualidades importantes que, anos mais tarde, se<br />

revelariam vitais para o desenrolar da situação de<br />

crise que se viveu entre 1383 e 1385.<br />

Feito cavaleiro aos 13 anos, foi como escudeiro<br />

da Rainha que fomentou o seu gosto pelos valores<br />

da cavalaria medieval, como são a Honra, a Coragem<br />

e a Lealdade. [...]<br />

No plano religioso, D. Nuno sempre tentou<br />

manter a pureza da sua alma e do seu corpo, sendo<br />

disso exemplo a sua relutância em contrair<br />

matrimónio, como se essa condição lhe retirasse a<br />

proximidade com Deus. [...] D. Nuno foi um homem<br />

de fé que sempre se voltou para Deus em todos os<br />

momentos, com particular incidência na parte final<br />

da sua vida, quando pôde dedicar o fim dos seus<br />

dias à Santa Igreja.<br />

Paralelamente a estas facetas, desenvolveu-se<br />

o mito de D. Nuno Álvares Pereira como Herói. “A<br />

imprevisibilidade de atitudes e a expectativa sobre<br />

o comportamento de D. Nuno, face aos<br />

acontecimentos deve ter generalizado a ideia de<br />

que ele era, no mínimo, diferente. Daí até à sua<br />

aceitação como Herói vai apenas a constatação de<br />

que essa diferença conduzia a actos superiores que<br />

não estavam ao alcance de qualquer um, sempre<br />

em favor da sua Pátria em perigo. Foi um herói<br />

consciente dos seus comportamentos, que jogou<br />

sempre incondicionalmente a vida e para quem a<br />

timidez, o medo e a hesitação o levavam<br />

frequentemente à exasperação.” 2<br />

“D. Nuno Álvares Pereira<br />

– O Militar”<br />

[...] O Patrono da Infantaria portuguesa foi<br />

desde cedo, junto da ordem do Hospital, adestrado<br />

para o superior desempenho da arte das armas,<br />

acompanhando esse treino prático com uma<br />

preparação adequada, designadamente ao nível dos<br />

valores que um chefe militar deverá seguir, como a<br />

Honra, a Lealdade e, acima de tudo, o amor inabalável<br />

à terra que o viu nascer – o Patriotismo.<br />

Em paralelo com a intangibilidade deste factor,<br />

foi igualmente importante a forma soberba como D.<br />

Nuno soube sempre ajustar as suas tropas por forma<br />

a tirar partido do valor do terreno, quer fosse pela<br />

influência Hospitalária, quer fosse pelo contacto<br />

com os Ingleses ou pelas leituras que fazia, o certo<br />

é que, como ninguém o havia feito na Península<br />

Ibérica até então, D. Nuno adequou criteriosamente,<br />

em todas as batalhas que travou, a sua hoste ao<br />

terreno, tornando uma aparente desvantagem em<br />

algo que lhe traria uma vitória segura. [...]<br />

Por outro lado, a relação de proximidade com os<br />

seus homens constituiu um importante elemento<br />

Moreira<br />

da singularidade do seu comando. O exercício do Paulo<br />

comando pelo exemplo, assumindo sempre o lugar<br />

de maior perigo nas batalhas que travou, levou a Tenente<br />

que os seus subordinados o seguissem cegamente. Foto:

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