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4." E 5." A N N O S D O C U R S O D E S C 1 E N C I A S<br />
E L E M E N T O S<br />
DE<br />
P Â N I C A<br />
COORDENADOS<br />
E D I Ç Ã O I L L U S T R A D A C O M 200 G R A V U R A S<br />
2/ EDIÇÃO, MUITO MELHORADA<br />
L E M O S & C A<br />
\ : •<br />
P O R T O<br />
— E D I T O R E S<br />
149- RUA DB S. VICTOR - 149,<br />
1894
P O R T O<br />
XYP. DE ARTHUR JOSÉ DE SOUSA & IRMÃO<br />
1894<br />
-j4 — Largo de S. Domingos — 76
B O T Â N I C A<br />
I . B i o l o g i a . S u a s d i v i s õ e s . Dá-se o n o m e de<br />
biologia á parte da historia natural que estuda os seres<br />
vivos.<br />
1<br />
Dividindo-se estes e m animaes e plantas, a bio<br />
logia deve t a m b é m naturalmente separar-se e m duas see-<br />
e ò e s : o estudo dos animaes compete í\ zoologia: o das<br />
plantas á botânica.<br />
Os seres vivos p o d e m ser estudados debaixo do<br />
ponto de vista da sua f o r m a e dos seus caracteres ex<br />
ternas ; ou no que respeita ao funccionamento dos seu&<br />
differentes ó r g ã o s . A estes dois pontos de vista corres<br />
p o n d e m duas divisões da biologia: a m o r p h o l o g i a e a<br />
p h y s i o l o g i a .<br />
f<br />
Ha u m a m o r p h o l o g i a e u m a p h y s i o l o g i a vegetaes ;<br />
c o m o ha u m a m o r p h o l o g i a e u m a p h y s i o l o g i a a n i m a e s .<br />
logia.<br />
1<br />
Vejam-se as Noções geraes dos nossos Elementos de geo
BOTÂNICA<br />
0 conhecimento dos seres vivos faz estabelecer en<br />
tre ellés similhanças e diílerenças que permittem- dtstri-<br />
buil-os em grupos, isto é, classiíical-os. A parte da biologia -.<br />
que tem em vista aggrupar os seres pelas suas manifestas<br />
2. Vegetaes. Partes<br />
Fig. 1-Desenvolvimento d'um feijão P<br />
analogias dá-se o nome<br />
de t a x i n o m i ü . Ila classi<br />
ficações dos animaes: ha<br />
classificações dos. vege-<br />
taes.<br />
q u e os c o n s t i t u e m . Para<br />
b e m se formar idéia d'um<br />
vegetal, observe-se uma<br />
semente, u m feijão, por<br />
exemplo, quando, lança<br />
da á terra ou conservada<br />
e m musgo Imundo, come-<br />
ça a desenvolver-se. A se<br />
mente augmenta de volu<br />
m e ; e, rompendo a cas<br />
ca, sae cPelIa u m corpo de<br />
f ô r m a couica e de -cor cla<br />
ra que se dirige de cima<br />
a i<br />
^ baÍXO. MaiS tarde,
BOTÂNICA 7<br />
A parte cTesse eixo que procura introduzir-se no<br />
solo é a r a i z ; a que se desenvolve e m d i r e c ç ã o opposta<br />
é o caule, e este é acompanhado d ' e x p a n s õ e s m e m b r a n o -<br />
sas, de c ô r verde, dispostas c o m regularidade, que se<br />
c h a m a m folhas. As primeiras que apparecem t è m o n o m e<br />
de f o l h a s cotyledonares o u cotylédones. *<br />
Os ó r g ã o s que acabamos d'indicar servem para a<br />
n u t r i ç ã o o u vegetação da planta ; mais tarde, p o r é m , as<br />
folhas modificam-se de m o d o a constituirem a flor, e m<br />
que estão encerrados os ó r g ã o s destinados a perpetua<br />
r e m a espécie ( r e p r o d u c ç ã o ) . Da flor procede o f r u c t o<br />
que encerra as s e m e n t e s .<br />
As plantas que apresentam flores t è m o n o m e de<br />
P h a n e r o g a m i c a s ; por o p p o s i ç ã o , d á - s e 0 n o m e de C r y -<br />
p t o g a m i c a s ás plantas que as n ã o t è m .<br />
•>.<br />
f 3. T y p o s vegetaes. A d e s c r i p ç ã o s u m m a r i a que<br />
fizemos d ' u m vegetal n ã o p ô d e servir p á r a todos. H a<br />
plantas m u i t o mais simples do que o Feijoeiro. A l g u m a s<br />
n ã o t è m raizes, e este caracter permitte dividir os vege-<br />
taes e m plantas c o m raizes e sem raizes.<br />
As plantas sem raizes, c o m o as Tubaras c os Mus-<br />
gos, c o m p o r t a m ainda u m a divisão, conforme apresen<br />
t a m o u n ã o folhas. As que n ã o t è m folhas, c o m o as T u <br />
baras, estão reduzidas a u m a e x p a n s ã o de f ô r m a v a r i á <br />
vel que se c h a m a thallo e denominam-se T h a l l o p h y t a s ;<br />
as que possuem folhas, c o m o os Musgos, chamam-se<br />
M u s c i n e a s . Estes dois typos correspondem ás C r y p t o g a -<br />
m i c a s s e m raizes o u n ã o vasculares d'alguns b o t â n i c o s .<br />
Por outro lado, as plantas c o m raizes dividem-se<br />
« m C r y p t o g a m i c a s vasculares e e m P h a n e r o g a m i c a s .<br />
i
8 BOTÂNICA<br />
Os typos vegetaes são, portanto, quatro : Thallophy<br />
tas, Muscineas, C r y p t o g a m i c a s vasculares e P h a n e r o g a -<br />
micos.<br />
divisão:<br />
0 seguinte quadro permitte abranger facilmente a<br />
, í ordinariamente i Thallophytas. ex. a Tu-<br />
f \ sem folhas I<br />
b a r a<br />
Sem raizes <<br />
/ordinariamente j Muscineas. ex. o Polytri-<br />
[ com folhas í<br />
Plantas 1 _ . J ,<br />
i Sem flores .... Cryptogamicas vascula-<br />
Com raizes {<br />
l \ res. ex. o Feto macho.<br />
c t l<br />
Com llôres .... Phanerogamicas. ex. o<br />
:. "i 1<br />
"•-<br />
° -<br />
Goivo.<br />
A. D i v i s ã o das P h a n e r o g a m i c a s . As Phanero<br />
gamicas (2) dão flores que produzem sementes. A maior<br />
parte t è m as sementes encerradas n' u m a cavidade fecha<br />
da ; outras n ã o t è m as sementes encerradas e m cavidade<br />
fechada. Dá-se ás primeiras o nome de A n g i o s p e r m i c a s ,<br />
e ás segundas o de G y m n o s p e r m i c a s .<br />
NPalgumas A n g i o s p e r m i c a s , a planta ao desenvol<br />
ver-se apresenta, como no Feijoeiro, duas cotyledones (2):<br />
são as Dicotyledoneas. N'outras, como no Lyrio, apenas<br />
se' vè u m a cotyledon: são as Monocotyledoneas.<br />
' As G y m n o s p e r m i c a s n ã o se prestam a divisão equi<br />
valente, por apresentarem numero variável de cotyle<br />
dones-<br />
-
I<br />
BOTÂNICA 9<br />
R E S U M O<br />
1. Biologia é a parte da historia natural que estuda, os se<br />
res vivos. E m attenção ao seu objecto, divide-se em zoologia e bo<br />
tânica, conforme se occupa dos animaes ou das plantas. Con<br />
forme o seu ponto de vista, assim se divide em morphologia e<br />
physiologia. Ha morphologia e physiologia animaes e vegetaes. Cha<br />
ma-se taxinomia à parte da historia natural que tem em vista<br />
classificar os seres.<br />
2. As plantas contêm órgãos de nutrição e de reproducção.<br />
São órgãos de nutrição a raiz, o caule, e as folheis. São órgãos de<br />
reproducção a flor, o frueto e a semente. As plantas que dão<br />
flores são as Phanerogamicas. As que as não tem são as Cry<br />
ptogamicas. Y<br />
3. As plantas podem reduzir-se a quatro typos fundamen-<br />
taes : Thallophytas, Muscineas, Cryptogamicas vasculares e Phane<br />
rogamicas.<br />
í. As Phanerogamicas dividem-se em Angiospermicas e<br />
Gymnospermicas, conforme as sementes estão ou não encerradas<br />
e m cavidades fechadas.<br />
As Angiospermicas dividem-se em Dicotyledoneas e Monoco-<br />
tyledoneas, conforme o numero de cotyledones que apresentam.
Ccllula vegetal: sua vida e formas<br />
C A P I T U L O - 1<br />
!<br />
Princípios iinmedialos elaborados nos vegetaes. Tecidos vegetaes:.<br />
5.° Protopiasina. Esmague-se entre os dedos uma<br />
sua classificação e caracteres<br />
escama do bolbo da Assucena, e experimenhir-se-ha u m a<br />
sensação especial de viscosidade. Essa matéria adherente<br />
tem uma importância extrema e recebeu o nome de pro<br />
toplasma. Apresenta certa s i m ü h a n ç a c o m a clara d'ovo,<br />
mas a s i m ü h a n ç a não vae a l é m da que existe entre u m<br />
h o m e m vivo e uma estatua de pedra. A clara d'ovo e a<br />
estatua de pedra são h o m o g ê n e a s , isto ó, t è m todas as<br />
suas "partes de c o m p o s i ç ã o eguai. Protoplasma e h o m e m<br />
não são h ò m o g e n e o s , n ã o tèm nas suas diversas parles a<br />
mesma composição. Esta mesmo varia constantemente.<br />
0 limite do protoplasma ó marcado por uma camada<br />
delgada e elástica, sem duplo contorno,.mas que é ex<br />
tensível, e apresenta maior ou menor consistência, se<br />
gundo a quantidade d'agua que encerra.<br />
Na sua c o m p o s i ç ã o , variável e instável, entram, pelo<br />
menos, o carbonio, o hydrogenio, o oxygehio e o azote.
Pertence portanto ao grupo das substancias quaternárias,<br />
CELLULÂ VEGETAL 11<br />
albuminoides o u plasmaticas. Dissolvido pelo ácido azo-<br />
tico cristallisavel e pela potassa diluída, é coagulado pelo<br />
calor, pelo álcool e pelo sublimado corrosivo.<br />
0 protoplasma vivo existe nas plantas sob a f ô r m a<br />
de massas limitadas, que crescem segundo leis determi<br />
nadas. Cada u m a d'essas massas é u m a celkilá. }<br />
Desenvolvem-se nas águas, que servem para o ciir-<br />
t í m e n t o das peites curiosos Fungos chamados M y x o m i -<br />
cetos (ftg. 2). S ã o formados de massas de protoplasma,<br />
Fig. 2 — Cellulas de Rlyxomiceto soldando-se para constituírem uma plasmodia<br />
— 3. Esporo de Myxomieeto desenvolveudo-se — 4. Duas cellulas<br />
soldando-se — 5. 0. Massas formadas pela soldadura de grande numero<br />
de cellulas.<br />
susceptíveis de se aggregarem, constituído uma plmmo-<br />
d i a . E x e c u t a m ligeiros m o v i m e n t o s de r e p t a ç ã o , f o g e m<br />
da Uiz, nutrem-se das partículas que encontram e respi<br />
r a m , absorvendo oxygenio.<br />
6. Núcleo. Na immensa maioria dos casos, o pro<br />
toplasma apresenta no seu interior u m a massa mais<br />
densa, de contornos limitados por u m a m e m b r a n a mais<br />
refringente do que a substancia envolvente: é o núcleo.<br />
Esta parte i m p o r t a n t í s s i m a da cellula precede o seu nas<br />
cimento, e-portanto o apparecimento da m e m b r a n a cel-<br />
lular. Encontram-se algumas vezes na sua espessura gra-
{% BOTÂNICA<br />
nulos, e até um ou mais núcleos mais pequenos ou nu-<br />
cleolos. A matéria "do núcleo é diversa do protoplasma,<br />
apezar d'uma e outra serem de natureza albuminoide;<br />
ç o m p o r t a - s e ditTerentemente sob a acção dos differenles<br />
reagentes, e a analyse chimica revela n'esse corpo u m a<br />
grande p r o p o r ç ã o de phosphoro.<br />
0 núcleo (íig. S, n ) move-se lentamente no interior<br />
da cellula mudando constantemente de f ô r m a . P ô d e es-<br />
Fig. 3 — Cellulas vegetaes, a da esquerda está viva : a da direita foi morta<br />
, pelo aicool : p protoplasma; n núcleo ; m membrana cTinvolucro.<br />
tuclar-se bem nas cellulas novas, nomeadamente na epi-<br />
derme das folhas de Tradescantia: pòr-se-ha e m eviden<br />
cia com o álcool, picro-carmim e ácido acetico.<br />
7. Leucitos. Além do núcleo, encontram-se no<br />
protoplasma granulos de f ô r m a arredondada, dotados<br />
(ruína actividade própria e chamados leueitos. Estes sao<br />
de tres cathegorias : amylo-leucitos, c h l o r o - l e u c i t o s e h y -<br />
dro-lèncitos.<br />
Os amylo-leucitos sào incolores e produzem u m a
CELLULA VEGETAL 13<br />
/ ,<br />
substancia ternaria que tem por f o r m u l a (C<br />
é o a m i d o .<br />
1<br />
1 2<br />
II<br />
1 0<br />
0<br />
1 0<br />
) 5<br />
que<br />
Os chloro-leucitos produzem, sob a influencia da luz,<br />
ura principio corante verde chamado c h l o r o p h y l l a , cuja<br />
f o r m u l a é CTPAzO 4<br />
e p o d e m t a m b é m produzir amido.<br />
Os hydro-leucito§ n ã o s ã o m a s s i ç o s c o m o os prece<br />
dentes, mas apresentam no centro<br />
u m a cavidade cheia de liquido, a que<br />
se d á o n o m e de vacuolo (fig. 4 v). Os<br />
hydro-lcucitos s ã o a origem da agua<br />
que o protoplasma, c o m os seus n ú <br />
cleos e hydro-leucitos m a s s i ç o s , ab-<br />
sorve / / ?para entreter a sua actividade,<br />
e s ã o t a m b é m o r e s e r v a t ó r i o e m que<br />
elle lança as m a t é r i a s solúveis que re<br />
sultam da sua actividade. 0 liquido<br />
resultante chama-se sueco cellular.<br />
i<br />
• - • A l
u<br />
BOTÂNICA<br />
a sua forma é a de parallepipedos rectangulares, apre<br />
sentando o conjuncto o aspecto d'um m u r o de tijolos.<br />
As cellulas podem desenvolver-se consideravelmente<br />
no sentido do eixo do vegetal e f o r m a m então o que se<br />
chama fibras. N'este caso, as suas paredes são geral<br />
mente muito espessas, e n ' u m corte transversal apresen<br />
tam u m contorno polygonal e u m a pequena cavidade<br />
central. São ellas que ^constituem pela sua r e u n i ã o as fi<br />
bras textís (Linho, Canhamo, Ürtiga, etc), empregadas<br />
na fabricação das cordas e d'algumas pastas de papel.<br />
A membrana cellular pode apresentar no seu ínte-<br />
rior augmentos d'espessura. As vezes, engrossando e m<br />
toda a sua extensão excepto n'alguns pontos, dá a estes<br />
a configuração de poços, cavados de dentro para fora;<br />
n'outros casos, o engrossamento parcial da parede cel<br />
lular dá-lhe a figura d'uma rede de malhas mais ou me-<br />
nos apertadas (cellula reticulada); d'anneis regulares<br />
( a n n e l a d f O ; d'um fio espiral único, estendendo-se d'uma<br />
extremidade a outra da cellula (espiralada ou trachea);<br />
de traços parallelos, que lhe d ã o aspecto d'escada (es-<br />
calariforme). As vezes esse deposito de m a t é r i a orgânica<br />
limita-se a pontos disseminados ( p o n t u a d a ) ou a riscos<br />
separados (raiada).<br />
A membrana cellular pode l a m b e m romper-se e m<br />
parte, de m o d o que u m a serie de cellulas, ao principio<br />
independentes, acaba por formar u m tubo continuo, pela<br />
ruptura dos septos intermediários. Estes tubos ou vasos<br />
s ã o : os tubos crivados, os tubos lenhosos e os canaes se-.<br />
cretores.<br />
Os tubos, crivados são vasos cujas cellulas c o m m u n i - '<br />
cam entre si por meio cl'orificios estreitos praticados nos
CELLULA VEGETAL 15<br />
septos transversaes ou o b l í q u o s (üg. 5). Estes tubos<br />
contem m a t é r i a s azotaclas que circu<br />
lam, durante o estio, atravez dos o r i -<br />
íicios dos c r i v o u N o o u t o m n o e inver<br />
no, os crivos fecham-se.<br />
Os tubos lenhosos s ã o vasos de pa<br />
redes m u i t o resistentes, apresentando<br />
diversas i n c r u s t a ç õ e s : servem para o<br />
transporte da agua e substancias mine-<br />
raes. Estes tubos estão abertos quando<br />
todas as cellulas c o m m u n i c a m entre si,<br />
e fechados quando os septos que as separam n ã o estão<br />
inteiramente reabsorvidos.<br />
Fig. 5 — Fragmento de<br />
tubo crivado, examinado<br />
no inverno. Os<br />
crivos cr acham-se<br />
obturados pela intumescencia<br />
do rebordo<br />
ca.<br />
Fig 6 - Corte longitudinal da porção lenhosa d'um fasciculo ãe Silva; va<br />
vasos annelados ; v.sp vasos espiralados; vr vasos raiados; vp vasos pon<br />
tuados.<br />
As principaes fôrmas a distinguir nos tubos lenho<br />
sos s ã o : os vasos annelados (fig. 0, v á ) ; espiralados<br />
(fig. 6, e s p ) ; raiados (fig. 6, v r ) ; escalariformes "(fig. 7).<br />
v. a
16 r BOTÂNICA<br />
Finalmente, os canaes secretores (fig. 8) são tubos<br />
mais ou menos regulares, k anastomosados entre si e dis<br />
tribuídos pelo corpo da planta, e e m que certas cellulas<br />
Fig. 7 - Vaso escalorifomie do Fig. 8 — Vasos laticiferos da Celicaule<br />
d'uiri Feto donia<br />
chamadas secreloras e destinadas á elaboração de líqui<br />
dos especiaes, l a n ç a m o, seu c o n t e ú d o . Taes são por<br />
exemplo, os canaes laticiferos, que encerram u m sueco<br />
leitoso branco ou córado, como se observa nas Euphor-<br />
biaceas, na Celidonia, etc. f<br />
Quanto á c o m p o s i ç ã o chimica da m e m b r a n a cellular,<br />
é formada pela cellulosa, que é u m hydrato de carboneo,
CELLULA VEGETAL 17<br />
c o m o hydrpgenra e oxygenio, nas p r o p o r ç õ e s e m que<br />
estes elementos e n t r a m na f o r m a ç ã o da agua] A sua for<br />
m u l a é ( C 6<br />
H<br />
1 0<br />
0 5<br />
) 6<br />
As suas principaes propriedades s ã o<br />
as seguintes. É quasi inatacável pelos suecos digestivos.<br />
O seu dissolvente é a s o l u ç ã o ammoniacal d'oxydo de<br />
cobre. Pela a c ç ã o da agua a ferver, a que se junte u m a<br />
pequena quantidade d'acido suífurico, a cellulosa d á pro<br />
ductos de t r a n s f o r m a ç ã o que s ã o c o r a d ò s d'azul por u m a<br />
p e q u e n í s s i m a quantidade d'iodo.<br />
. C o m o chloreto de zinco, o b t è m - s e t r a n s f o r m a ç õ e s<br />
a n á l o g a s ás que se realisam c o m a agua e c o m o ácido<br />
s u í f u r i c o ; por isso, empregando o chloreto de zinco<br />
iodado, p ô d e obter-se t a m b é m a m e s m a c ô r azul.<br />
A m e m b r a n a d'involucro p ô d e soíírer m o d i f i c a ç õ e s .<br />
Nas partes do vegetal expostas á a c ç ã o dos agentes ex<br />
teriores, as camadas superficiaes transformam-se e m cu-<br />
tina, substancia ternaria pobre de oxygenio, cuja com<br />
p o s i ç ã o p ô d e ser representada por C 6<br />
A m e m b r a n a exterior das raizes e dos caules trans-<br />
forma-se e m s u b e r i n a , cujas propriedades são a n á l o g a s<br />
á s da cutina.<br />
9. Productos elaborados pelo protoplasma. Encontram-<br />
se no interior da.cellula, além das substancias que a constituem,<br />
(protoplasma, núcleo, leucitos) outros productos que são o re<br />
sultado da actividade do protoplasma. Uns apresentam-se no es<br />
tado solido, outros em dissolução no sueco cellular.<br />
\ § Chlorophylla. (C<br />
1 8<br />
H<br />
3 0<br />
H<br />
1 0<br />
0.<br />
Az02) C=12,0==16. A côr verde<br />
que a maior parte dos vegetaes apresentam, e que só excepcio<br />
nalmente se encontra nos animaes, é devida á presença de chlo-<br />
roleucitos no interior das cellulas verdes. Esses granulos faltam<br />
nos Fungos.<br />
2
BOTÂNICA<br />
Na maior parte das plantas, os ehloroleucilos são arredon<br />
dados, ellyptieos ou ovaes. Muito pequenos ao principio, vão aug-<br />
mentando com as dimensões da planta, e, quando attingem um<br />
certo volume, cada um d'elles divide-se em dois.<br />
No seu interior formam-se ás vezes grãos (famido que, tendo<br />
ao principio pequeno volume, augmentam depois.<br />
A chlorophylla é solúvel no álcool, no etlier e na benzina.<br />
Evaporando-se a solução, pode obter-se no estado crystallino,<br />
sob a forma d'agullias verdes.<br />
Na cellula parece estar naturalmente dissolvida if um prin<br />
cipio immediato chamado hypochlorina.<br />
A chlorophylla viva gosa da propriedade notabilissima de<br />
reduzir ò anhvdrido carbônico, lixando o earboneo.<br />
%° Amido. (C*R l0<br />
0 ,i<br />
V i<br />
O amido é uma das substancias<br />
mais abundantes no reino vegetal. Apresenta-se sob a forma<br />
de granulos, de dimensões variáveis, com as plantas de que<br />
11 i*n v i k<br />
m<br />
Estes granulos (lig. 9]><br />
são formados de cama<br />
das concentricss (jue<br />
se acham dispostas em<br />
torno (rum.núcleo som<br />
brio a que se chama<br />
hilo.<br />
O amido, insoluvel<br />
na agua fria, incha na<br />
agua a ferver, de modo<br />
que se transforma n'u-<br />
ma pasta chamadagom-<br />
ma, o que também se<br />
pôde conseguir a frio,<br />
juntando á agua potas-<br />
sa ou soda.<br />
Os grãos d'amido có-<br />
T?i„ o n»ii i A v, ram-se de azul pelo<br />
Fig. 9 — Cellula do parenchyma d'um tuber- . "<br />
culo de Batata encerrando grãos d'amido, iodtt, e esta reacçãO C
tão sensível que permitte reconhecer os menores vestígios<br />
d'aquella substancia.<br />
CELLULA VEGETAL ff$<br />
Quando submetlido á ebullição em presença dos ácidos,<br />
soffrexima serie de modificações e dá logar á formação de corpos<br />
isom^ffieos ou mais hydratados, taes como a deririna (C*H<br />
e a maltose (C«H2âO«), sendo o resultado final a transformação<br />
em glacose (CM«06). A esta transformação dá-se o nome do<br />
saccluo ifica çuo.<br />
Fig. 10—Cellula do parenchyina da raiz da Dahlia, mostrando a inulinacrystallisada<br />
em esphero-erystaes.<br />
Este pheoomeno produz se também pela acção de substan<br />
cias azoladas, chamadas fermentos soluceis ou diastases, como<br />
por exemplo o da saliva, actdando a uma temperatura de «38.°<br />
3.° Imilina. A inulina (lig. 10) encontra-se em dissolução<br />
no sueco cellular da Dahlia. E um composto isomerico do amido;<br />
tem por formula C 6<br />
Hio()5, e existe nos tecidos em que falta<br />
aquella substancia.<br />
A inulina não pode ver-se n u m tecido vivo, por se achar<br />
em solução no sueco cellular; mas, como tem a propriedade de<br />
•<br />
1 0<br />
0*)
BOTÂNICA<br />
formar grupos de cristaes arredondados chamados esphero-crys- *<br />
taes, quando aquelle liquido perde agua, pode fazer-se apparecer<br />
p . * i exsieação, ou pondo as raizes da Dahlia no álcool.<br />
4.° Assucar Acha se muito espalhada o assucar de canua<br />
«ou saccharose. Existe nas escamas da Cebola, na Betarraba, no<br />
caule da Ganná d'assucar, etc.<br />
É solúvel na -agua e facihnenle crystaUisaveK mas não se<br />
dissolve no álcool.<br />
A saccharose é assimilada quer pelos vegetaes quer pelos ani-<br />
•maes depois de transformada^pela acção dos fermentos em glu-<br />
cosa e levulosa, espécies (fassucarés (pie se encontram em abun<br />
dância nos friíctos maduros.<br />
5.o Matérias gordas. As substancias gordas acham-se em<br />
suspensão no sueco cellular, podendo ser examinadas ao mi<br />
croscópio. Comquanto sejam ordinariamente em pequena quanti<br />
dade, torna-se considerável a sua proporção ífalgumas sementes,<br />
como no Ricino, na Nogueira, etc. Basta, para reconhecer a exis<br />
tência d'estas gorduras, esmagar as sementes u uma folha de pa<br />
pel ; observam-se entío nodoas similhantes ás do azeite e que o<br />
calor não faz desappareeer.<br />
As substancias gordas são solúveis no ether e no sulfureto<br />
de carboneo; são as mais das vezes líquidas e formam óleos;<br />
mais raras vezes, tem a consistência da manteiga ou do cebo,<br />
constituindo as graxas. Debaixo do ponto de vista chimico, as<br />
gorduras são ethers da glycerina: oleina, palmitina e stearina.<br />
A primeira predomina nos óleos, e as duas ultimas nas graxas.<br />
6.° Substancias azotadas. As substancias azotadas en<br />
contram-se principalmente nas sementes oleaginosas, formando<br />
massas ovoides que se designam pelo nome de grãos de alenrona.<br />
Para se verem bem, devem ser examinados em azeite ou gl\ce-<br />
dna, porque S3 dissolvem rapidamente na agua. Apresentam to<br />
das as reacções das substancias albuminoides, e tingem-se facil<br />
mente com as cores d aniiina.<br />
Os diííerentes princípios que compõem o grão d^ileurona
CELLULA VEGETAL 2 t<br />
estão por vezes intimamente misturados; mais freqüentemente^<br />
poíYmj, estão separados e veem-se no pequeno grão d'aleurom%<br />
ou no protoplasma que o<br />
cerca, pequenos corpos si-<br />
milhantes a ensines, a que<br />
se dá o nome de crystulloi-<br />
des profeicos. porque, tendo<br />
fôrma apparente de crys-<br />
laes, são inteiramente for<br />
mados por substancias albu-<br />
minoides (fig. 11, Cr). Estes<br />
corpos distinguem-sé facil<br />
mente dos verdadeiros crys-<br />
taes em se dilatarem e de<br />
formarem absorvendo agua.<br />
~ o nAhl \ Fi<br />
£- 11—Cellula do álbum en da semente-<br />
/. iToninias AS (jom- do Kicirro, mostrando os grãos d'aleu-<br />
mas Sào productOS 11Ü0 azoo<br />
*<br />
n a a l<br />
' Veem-se também os cristalloi-<br />
1<br />
des cr e os globoides gl.<br />
tados, solúveis na agua ou<br />
que pelo menos formam com ella um liquido viscoso. Submetli-<br />
das á acção do ácido azolico, transformam-se em ácido maciço.<br />
As principaes gommas são a gomma da terra, (pie se encontra nas<br />
Amendoeiras e Pecegueiros ; a gomma arábica, produzida por<br />
algumas Acácias exóticas, e a gomma adragantba, fornecida por<br />
alguns Aslragahts.<br />
Approximam-se das gommas as mwHagens que ditlerein<br />
em não se dissolverem, más apenas intunieseerem na agua; estas<br />
mucilagens existem nas Malvas, nas sementes do Marmeteiro, etc<br />
H.° Substancias mineraes. Além das substancias orgâni<br />
cas, existem no interior da cellula alguns corpos mineraes. Taes<br />
são o oxalato de cálcio, a silica e o carbonato de cálcio que se^<br />
apresentam por vezes com as fôrmas cnstallinas (pio lhes são<br />
peculiares (crystaes'das cellulas). Encontram-se também nas cellu<br />
las, no interior dos grãos (Paleurona, concreções globulosas, cha<br />
madas globoides, (fig. t l , gl) formadas, ao querparece, de phos-<br />
phato calcareo-magnesiano.
BOTAXI CA<br />
10. V i d a c e l l u l a r . As cellulas vegetaes t è n r d u a s<br />
ordens de /uucções a desempenhar. Por u m lado, eneor-<br />
p o r a m na sua substancia elementos vindos do exterior<br />
(nutrição); por outro, multiplicam-se, renovam-se (repro-<br />
ducção).<br />
A nutrição eíleelua-se á custa dos líquidos que le<br />
v a m a toda a parte matérias nutritivas. A membrana cel-<br />
3?ig. 12 — Pbases diversas da formação das cellulas—1. Cellula mostrando o<br />
núcleo pn visto de perfil — 1. Cellula mostrando o núcleo visto de frente<br />
— 2. Núcleo dividido — 3. Núcleos separados — 4. 5. Apparição do septo<br />
das cellulas.<br />
lular deixa-se atravessar facilmente por esses líquidos, e<br />
os elementos que elles c o n t é m sào enlào transformados,<br />
graças a complicadas operações de t r a n s f o r m a ç ã o e syn-<br />
ihese biológica.<br />
A r e p r o d u c ç à o das cellulas vegetaes c o m e ç a pelo<br />
núcleo que se divide e m duas partes, formando cada<br />
uma d'el!as como (pie u m centro d^altracràp e m torno<br />
4 o qual se junta o protoplasma (ííg. 12, 1, V v<br />
2). Mais
CELLULA VEGETAL %$<br />
I<br />
I<br />
tarde a p p à r e c e entre os dois n ú c l e o s u m a parede d i v i <br />
sória e m tudo similhante á s paredes primitivas (fig. H ,<br />
3, 4, 5). x\s novas cellulas licam ligadas umas ás outras,<br />
crescem, dividem-se de novo e assim f o r m a m u m corpo<br />
c o n s t i t u í d o por elementos cellulares reunidos. \ esse<br />
grupo de cellulas '-chama-se tecido.<br />
11. Eisti a<br />
uctura homogênea e heterogênea.<br />
U m a s vezes as cellulas, a p é z à r de desempenharem actos<br />
differentes, n ã o m u d a m de constituição, sendo similhan-<br />
tes umas ás outras. Outras vezes, p o r é m , c o m a divisão<br />
do trabalho, e c o m a espeeialisação das ftmcções v è m<br />
m o d i f i c a ç õ e s da estructura da planta, cujas diversas par<br />
tes (lilíerenciadas se encarregam cada u m a da sua func-<br />
c ã o . No primeiro caso, diz-se que a planta tem u m a es<br />
tructura h o m o g ê n e a , no segundo heterogênea.<br />
\i. Tecidos novos e adultos. Os tecidos são for<br />
mados por u m conjunclo de cellulas da m e s m a f ô r m a<br />
que desempenham u m m e s m o papel. A primeira divisão<br />
a estabelecer entre elles é e m novos e adultos. Os p r i <br />
meiros enaontram-se e m todas as partes do vegetal que<br />
e s t ã o e m via de crescimento; os segundos constituem<br />
os ó r g ã o s do vegetal quando complelamente desenvol<br />
vido.<br />
I;). Tecidos novos. Examinando-se um córte lon<br />
gitudinal da extremidade superior do caule (Fuma planta,<br />
v è - s e que é constituído por cellulas pequenas, apertadas<br />
umas contra as outras, sem deixarem intervallos ou la<br />
cunas. Estas cellulas estão e m via de multiplicação mais
n<br />
BOTÂNICA<br />
ou menos rápida, e assim determinam o crescimento da<br />
planta. Dá-se a estes tecidos o nome de m e r i s t e m m .<br />
(fig. 13). Debaixo do ponto de vista morphologico, o<br />
mcristema é caracterisado por cellulas intimamente uni<br />
das entre si, e m que a divisão é activa e a r e n o v a ç ã o<br />
constante; debaixo do ponto de vista physiologico, cara-<br />
cterisa todas as regiões e m via de crescimento.<br />
Fig. 13 — Corte longitudinal do topo d'um caule de Lyrio, mostrando<br />
a região terminal formada pelo meristema.<br />
14 Tecidos adultos Os tecidos adultos ou está<br />
veis são constituídos por grupos de cellulas cuja evolu<br />
ção está terminada. Podemos ífelles distinguir dois gru<br />
pos: o primeiro é constituído por cellulas que conser<br />
v a m o seu protoplasma e que só quando vivas podem<br />
desempenhar a sua f u n c ç ã o : são propriamente os cha-
CELLULA VEGETAL 25<br />
macios tecidos vivos o u de cellulas v i v a s ; o segundo en<br />
cerra os tecidos e m que as cellulas perderam o proto<br />
plasma, e e m cpie essa d e s a p p a r i ç ã o é u m a c o n d i ç ã o in<br />
d i s p e n s á v e l do seu funccionamento: s ã o os chamados<br />
tecidos m o r t o s o u de cellulas m o r t a s . Os primeiros s ã o<br />
susceptíveis de se transformarem e m meristemas; os se<br />
gundos n ã o t è m esta faculdade.<br />
15. Tecidos vivos. Convém distinguir os tres mais<br />
importantes: o p a r e n c h y m a , a e p i d e r m e e o tecido secre-<br />
tor,<br />
\.° O p a r e n c h y m a é u m tecido a b u n d a n t í s s i m o e m<br />
todas as plantas; é f o r m a d o de cellulas de paredes del<br />
gadas, mais ou menos adherentes entre si, e constitue<br />
as partes molles da planta. O p a r e n c h y m a apresenta<br />
grande n u m e r o de variedades. Se as paredes das cellu<br />
las se t r a n s f o r m a m e m suberina (8), forma-se o paren<br />
c h y m a suOeroso, destinado a proteger o corpo da planta<br />
e a subtrahil-o á influencia directa do meio. éSe o proto<br />
plasma desenvolve chlorophylla, constitue o parenchyma<br />
verde. Se as cellulas se dissociam, deixando entre si<br />
grande n u m e r o de intervallos chamados meatos ou lacu<br />
n a s , o parenchyma diz-se lacunoso, e serve, ou para as<br />
segurar a circulação dos gazes no corpo da planta, o u<br />
para sustentar á .tona cia agua os vegetaes a q u á t i <br />
cos, etc.<br />
2.° A e p i d e r m e (fig. 14), que cobre o thallo (3) ou<br />
o caule e as folhas, é constituída ordinariamente por<br />
cellulas estreitamente unidas entre si, cuja camada ex<br />
terior se acha transformada e m cutina (8). A epiderme<br />
apresenta orifícios, chamados estomatos, que servem para
2 6<br />
BOTÂNICA<br />
assegurar a renovação dos gazes no interior da planta ;<br />
n'clla se desenvolvem t a m b é m p r o d u c ç õ e s especiaes cha<br />
=<br />
madas .peitos. K u m tecido<br />
essencialmente protector.<br />
3. 0 tecido secretor é<br />
constituído ora por tubos,<br />
. ora por cellulas destinadas a<br />
y<br />
< encerrarem diversos ma te<br />
m e s , alguns d'elles muitas<br />
vezes imiteis para a planta,<br />
e que cValgum modo 1<br />
são re<br />
síduos da a l i m e n t a ç ã o ; os ca<br />
naes resinosos e os laticife<br />
ros (8) são exemplos d'este<br />
tecido.<br />
16. T e c i d o s m o r t o s .<br />
D'entre os tecidos mortos<br />
Fig. 11 - Fragmentos da epiderme m e r c c e mCllCãO especial O leão<br />
Lyrio, mostrando os estorna- « 1<br />
tos distribuídos por entre as cel- f . ^ „ COlldllClOr (lUC fÒriTUl OS<br />
lulas epidérmicas. , 1<br />
differentes vasos destinados<br />
a disseminarem no corpo db vegetal as matérias nutri<br />
tivas: agua, matérias sólidas, etc. Este tecido c caracte-<br />
risado por duas espécies de vasos: os tubos crivados, de<br />
membrana formada sempre de cellulosa, e os tubos le<br />
nhosos, de membrana sempre muito resistente. P ó d e m<br />
juntar-se a este grupo os vasos annelados, espiralados,<br />
raiados, etc. Os vasos formam-se, como dissemos, (8)<br />
pela resorpeão dos septos intermediários d'uma fila de<br />
cellulas (fig. 15).<br />
•>:> v<br />
A l é m do tecido conducíor, temos o x d e r e n c h y m a ,
(fig. 16) formado por cellulas de paredes muito espessas<br />
CELLULA VEGETAL 27<br />
e cuja cavidade interna desapparece ou se restringe enor-<br />
memente, e m virtude do engrossatnonto das paredes. Es-<br />
tas cellulas d ã o grande resistência e solidez ás regiões<br />
e m que se desenvolvem.<br />
Fig. 15*--Formação dos vasos no caule do Bambu. 1- Fig. 16 — Cellulas de<br />
CC, filas de cellulas destinadas a formarem um paredes muito esvaso:<br />
cl septos recentemente formados ; cV septos pessas, formando' o<br />
engrossados, em via de resorpção. — 2. Vaso pon- sclerenchyina<br />
tuado formado ; bb restos dos septos; p poros.<br />
17. A s s o c i a ç ã o d o s t e c i d o s : o r g a o s . a p p a r e -<br />
Ilios. Os difíerentes tecidos que acabamos de descrever<br />
associam-se de m o d o a c o n s t i t u í r e m i n s t r u m e n í o s desti<br />
nados á e x e c u ç ã o de qualquer acto vital, que se c h a m a m<br />
órgãos,<br />
Á r e u n i ã o ( F o r g à o s destinados a u m m e s m o fim cha<br />
ma-se a p p a r e t h o . Tal e o a p p u r e l h o t e g u m e a i n r que sorve<br />
para proteger o corpo da planta, etc.<br />
Os ó r g ã o s das plantas dividem-se e m órgãos d n a -<br />
ricão ou vegetaçãoi e e m órgãos de reprodacção. Nas plan-
28<br />
BOTÂNICA<br />
tas d'organisação adiantada os primeiros sao a raiz, o<br />
caule e as folhas, os segundos, nas Phanerogamicas,<br />
constituem a parte mais importante da flor.<br />
Q u a d r o da d i v i s ã o dos tecidos<br />
5. O protoplasma é urna substancia azulada, similbante á<br />
clara (Povo, mas tem uma composição instável, nutre-se e res<br />
pira, absorvendo oxygenio. Uma massa do protoplasma indivi-<br />
dualisada, com ou sem membrana limitante, é uma cellidu.<br />
6. Na grande maioria dos casos, o protoplasma apresenta<br />
no seu interior uma massa mais densa que é o núcleo. Este con<br />
tem na sua espessura granulos, e ás vezes um ou mais núcleos<br />
mais pequenos ou nucleolos.<br />
R E S U M O<br />
7. Além do núcleo, eneoutram-sc no protoplasma granidos<br />
de fôrma arredondada cbamados leucilos. Sào de tros cathego-<br />
rias: amylo-leucitos, cltloro-leucitos e htylro-leucitos. Os .dois pri<br />
meiros sào massiços; os últimos tèm no seu interior cavidades<br />
ebamadas vacuolos, cheias (Fum liquido chamado sueco cellular.<br />
s. Quasi sempre, o protoplasma cerca-se diurna membrana<br />
dMnvoluero, (pie alfeela ordinária mente fôrma arredondada, mas<br />
(jue é susceptível de modificações.<br />
\ Tecido conduetor.<br />
í Sclerencbyma.
CELLULA VEGETAL 29<br />
Desenvolvendo-se no sentido do eixo do vegetal, as cellulas<br />
formam as fibras. As paredes das fibras são geralmente espessas.<br />
A membrana cellular pôde apresentar internamente depó<br />
sitos variáveis: por tal motivo recebe a cellula nomes diversos.<br />
A membrana cellular rompe-se ás vezes, de modo que as<br />
cellulas juntas formam tubos ou canaes. Estes são de tres espé<br />
cies : tubos crivados, tubos lenhosos e canaes secretores.<br />
A membrana cellular é formada de cellulosa.<br />
9. Encontram-se no interior da cellula outras substancias,<br />
a saber: a chlorophylla, o amido, a inulina, o assacar, matérias<br />
gordas, substancias azotadas, gommas e substancias mineraes.<br />
10. As cellulas vegetaes nutrem-se e reproduzem-se. A nu<br />
trição etlectua-se á custa dos líquidos que levam a toda a parte<br />
matérias nutritivas.<br />
A reproducçfio executa-se pela divisão das cellulas, cujo nú<br />
cleo se divide em duas partes; cada uma das quaes forma como<br />
que u m centro (Uattracção em torno do. qual se junta o proto<br />
plasma.<br />
I I . As cellulas podem ser similhantes umas às outras, ape-<br />
zar de desempenharem funcçòes differentes; mais freqüentemente,<br />
a especialisação fuuccional acarreta modificações morphologicas.<br />
No primeiro caso, a estructura é homogênea; no segundo, hetero<br />
gênea.<br />
12. Os tecidos são formados por cellulas da mesma fôrma<br />
que desempenham o mesmo papel. Dividem-se em novos e adultos.<br />
13. Os tecidos novos formam os merislemas que secaracte-<br />
risam pela união estreita das cellulas e pela sua divisão activa.<br />
l i . Os tecidos adultos são constituídos por cellulas cuja<br />
evolução terminou. Dividem-se em vivos e mortos.<br />
15. Os tecidos vivos são de tres espécies: o parenchyma, a<br />
epiderme e o tecido secretor.<br />
O parenchyma é formado de cellulas de paredes delgadas,<br />
mais ou menos adherentes, e constitue as partes molles da planta.<br />
Pôde ser suberoso, verde ou lacunoso.<br />
A epiderme cobre o thallo ou o caule e as folhas, e é for<br />
mada por cellulas cuja camada exterior se acha transformada<br />
em cutina. Apresenta grande numero d^stomatos.
30 BOTÂNICA<br />
O tecido secretor é constituído ora por tubos ora por cellu<br />
las. contendo muita vez diversas matérias, algumas das quaes<br />
inúteis para a planta.<br />
16. Os tecidos mortos formam o tecido conduetor e o sele-<br />
renchgma. O primeiro é formado por duas espocies de vasos: os<br />
tubos crivados e os tubos lenhosos. O sclerenchgma è constituído<br />
por cellulas de paredes muito resistentes.<br />
17. Os tecidos formam órgãos; á reunião d'orgaos destina<br />
dos á mesma funeção chama-se apparelho.
ÓRGÃOS DE VEGETAÇÃO<br />
Rai%: formas, estructura e funccões<br />
18. Raizes: suas formas- Chama-se raiz a parte<br />
C A P I T U L O 11<br />
do eixo da planta desprovida de folhas e que o r d i n á r i a -<br />
mente cresce de cima para baixo, e se enterra no sólo.<br />
Se e x a m i n a r m o s u m Feijociro, quando c o m e ç a a des<br />
envolver-se, vemos que cia semente sáe u m corpo d i r i <br />
gido verticalmente, e que se chama raiz p r i n c i p a l o u<br />
gavião. Dentro e m pouco, v ê e m - s e rebentar da primeira<br />
outras raizes dirigidas horisontalmente, ás quaes per<br />
tence o n o m e de raizes s e c u n d a r i a s . Estas p o d e m ainda<br />
subdividir-se; as suas ultimas r a m i f i c a ç õ e s chamam-se<br />
r a d i c i d a s . 0 conjuncto das ultimas r a m i f i c a ç õ e s das rai<br />
zes tem o n o m e de cabellame.<br />
Quando a raiz principal é m u i t o desenvolvida e m<br />
r e l a ç ã o ás r a m i f i c a ç õ e s , d á - s e ao conjuncto o n o m e de<br />
raiz a p r u m a d a ; se as raizes secundarias são tão desen-
3°2 BOTÂNICA.<br />
volvidas como a principal, temos uma n\\z fasciculaáa<br />
ou fibrosa.<br />
Ila plantas, como o Trigo etc, que perdem cedo a<br />
raiz principal, e v ê e m - s e desenvolver, do caule, novas<br />
raizes que a substituem e que se c h a m a m adventicias.<br />
O Lyrio roxo (fig. 17) apresenta raizes adventicias em-<br />
toda a superfície do caule subterrâneo.<br />
19. Duração das raizes. A raiz pode viver ape-<br />
Fig. 17 — Rhizoma do Lyrio roxo<br />
nas u m anno, assim como toda a planta a que per<br />
tence, e diz-se a n n u a l , representando-se abreviadamente<br />
pelo symbolo a s t r o n ô m i c o do sol 0 . Tal é a Papoula, o<br />
Trigo, etc. P ô d e a raiz viver dois annos, dando a planta<br />
folhas no primeiro e as flores e fructos no outro. Recebe<br />
n'este caso o nome de biennal e representa-se pelo sym<br />
bolo de Marte
RAIZ 33<br />
nos e e n t ã o diz-se v i v a z o u p e r e n n e , representando-se<br />
ordinariamente pelo s y m b o l o de J ú p i t e r 2|_ Tal é o caso<br />
d o Carvalho, do Bordo, etc.<br />
20. Conformação e estructura das raizes. Para<br />
se estudar a c o n f o r m a ç ã o das raizes, examinemos plan<br />
tas que se f a ç a m germinar na agua oií e m sitio h u m i d o .<br />
Seja o Feijoeiro, que já nos serviu d'exemplo e que se<br />
d á b e m no m u s g o humedecido.<br />
• V e m o s que a extremidade de cada raiz termina e m<br />
ponta e apresenta u m a c ô r amareilada ; essa extremidade<br />
è coberta p ô r u m a m e m b r a n a que se applica sobre ella<br />
c o m o u m dedo de luva, e constitue a c o i f a o u p i l o r h i z a .<br />
A certa distancia d'essa extremidade^ observa-se e m<br />
toda a superfície u m a p e n n u g e m que, examinada ao m i <br />
c r o s c ó p i o , se reconhece que é constituída por uma 7<br />
quantidade de pellos, chamados pellos radicaes.<br />
grande<br />
E m f i m , as partes mais antigas da raiz n ã o t è m pel<br />
los e apresentam u m a c ô r mais carregada.<br />
Quanto á estructura, se examinarmos ao m i c r o s c ó <br />
pio u m a s e c ç ã o transversal da raiz do Feijoeiro (íig. 18),<br />
v e m o s que é f o r m a d a por duas partes: u m a exterior, o u<br />
casca e outra interior o u c y l i n d r o central.<br />
A casca (fig. 18, E) é composta de tres camadas. A<br />
exterior, ou c a m a d a p i h f e r a , é f o r m a d a por cellulas alon<br />
gadas, cuja m e m b r a n a está mais o u menos cutinisada (8).<br />
Interiormente fica o p a r e n c h y m a cortical, c o n s t i t u í d o por<br />
cellulas regularmente dispostas e m camadas, deixando<br />
entre si meatos maiores o u menores. Finalmente, a ca-<br />
m a d a mais interna da casca, que fica c o n t í g u a ao cylin<br />
d r o central, é a e n d o d e r m e , e é formada por cellulas<br />
3
BOTÂNICA<br />
de paredes resistentes e lenhosas apertadas umas contra<br />
as outras.<br />
O cylindro central encerra exclusivamente o appare-<br />
Iho conductor da raiz. N ' u m córte transversal vè-se que<br />
formado de duas ordens de fasciculos: lenhosos e libe-<br />
rianos (fig. 48, F e V). Os primeiros, t a m b é m chamados lâ<br />
m i n a s vasculares, acham-se dispostos e m f ô r m a de raios,<br />
de modo a formarem u m a estrella. Nos espaços deixados<br />
Fig. 18 — Corte transversal da raiz do feijão. Fe V representam<br />
os vasos da planta cortados.<br />
entre os fasciculos lenhosos ficam os fasciculos liberta-<br />
nos, formados de tubos crivados e cellulas alongadas.<br />
Finalmente, o intervallo que fica entre uns e outros é<br />
occupado por u m parenchyma (15) desprovido de vasos<br />
que se chama m e d u l l a .<br />
21. A raiz na serie das plantas. Ha plantas to<br />
talmente desprovidas de raizes: taes são as Thallophytas<br />
e as Muscineas (3). Deve notar-se, p o r é m , que algumas
Algas terminam n uma espécie de discos que lixam 2<br />
RAIZ >'<br />
planta ao solo, mas n ã o t è m f u n c ç õ e s de raizes, e quí<br />
os Musgos t è m pellos originados no caule que substi<br />
t u e m as raizes nas suas f u n c ç õ e s .<br />
Nas C r y p t o g a m i c a s vasculares (3) as raizes são sem<br />
pre adventicias e raras vezes engrossam.<br />
As G y m n o s p e r m i c a s (3) t è m quasi sempre raizes<br />
m u i t o ramificadas, c o m u m g a v i ã o b e m desenvolvido, que<br />
se t o r n a m lenhosas c o m a edade.<br />
Nas A n g i o s p e r m i c a s (3) c o n v é m estudar a raiz nas<br />
M o n o c o t y l e d õ n e a s e nas Dicotyledoneas. Nas Monocotyle-<br />
doneas a raiz principal atrophia-se, apparecendo raizes<br />
íasciculadas (18). Nas Dicotyledoneas, é f r e q ü e n t e o des<br />
envolvimento mais o u menos c o n s i d e r á v e l da raiz p r i n <br />
cipal que, nas plantas que v i v e m mais d ' u m anno, p ô d e<br />
engrossar e lenhificar-se bastante.<br />
22. Funcções das raizes. .São numerosas as fun<br />
c ç õ e s das raizes. Taes s ã o a fixação do vegetal, a respi<br />
r a ç ã o , a a b s o r p ç ã o , a digestão, e a a c c u m u l a ç ã o de re<br />
servas alimentícias.<br />
l.° F i x a ç ã o do vegetal. E m grande n u m e r o de ve<br />
getaes, as raizes servem para os fixar ao solo: tal é o que<br />
suecede c o m as raizes das arvores. Este resultado é de<br />
vido á a c ç ã o da gravidade sobre a extremidade da raiz 7<br />
e é u m caso particular da influencia que esta força exerce<br />
sobre o vegetal para lhe i m p r i m i r a p r ó p r i a direcção e<br />
que se c h a m a geotropismo. 0 geotropismo p ô d e ser p o <br />
sitivo o u negativo, conforme a parte e m via de cresci<br />
m e n t o segue o m e s m o sentido da força o u o opposto. Na<br />
raiz, o geotropismo é positivo.
36 BOTA MCA<br />
°2.° Respiração. As raizes precisam, para viver, de<br />
absorverem oxygenio e de exhalarem anhydrido c a r b ô <br />
nico. Respiram, portanto.<br />
Falte-lhes o ar e m o r r e m . Demonstram-n'o grande<br />
numero d'obscrvacões. Assim, quando o solo é muito<br />
duro e i m p e r m e á v e l aos gazes atmosphericos, as plantas<br />
c o m e ç a m a perdei- o vigor; mas, se o cavarmos para o<br />
tornarmos mais solto, recuperam o viço que tinham per<br />
dido. É principalmente por causa d'esta impermeabilidade<br />
que os solos argilosos são i m p r ó p r i o s para a cultura. De<br />
resto, comprehende-se que u m terreno muito duro seja<br />
obstáculo ao desenvolvimento do vegetal e á circulação<br />
da agua carregada de matérias alimentares da planta.<br />
S.° Absorpção. Para podermos determinar esta fun-<br />
cção das raizes, comparemos differentes Feijoeiros e m<br />
plena g e r m i n a ç ã o , uns a que cortemos as raizes, outros<br />
plantados em areia lavada e sècca e outros e m terra vegetal<br />
humida. Ao passo que os dois primeiros grupos de plan<br />
tas m o r r e m depressa, o terceiro desenvolve-se vigorosa<br />
mente. As raizes tiram da terra humida os alimentos de<br />
que a planta precisa; são, portanto, órgãos de a b s o r p ç ã o .<br />
As partes da raiz que estão encarregadas d'esta fun-<br />
c ç ã o são as que se encontram na vizinhança da extremi<br />
dade e que se reconhecem pelos pellos que as cobrem,<br />
os quaes por esse motivo receberam o nome de pellos<br />
•absorventes. Se, n ' u m Feijoeiro, cortarmos esta região, a<br />
planta morre tão rapidamente como aqucllas e m que as<br />
raizes se cortem por completo.<br />
A.° Digestão. 0 anhydrido carbônico emittido pela<br />
respiração da raiz exerce acção chimica sobre os saes do<br />
solo, tornando solúveis na agua alguns que o n ã o eram.
RAIZ 3 7<br />
Tal é o que suceede c o m os carbonates que passam ao<br />
estado de bicarbonatos. Por outro lado os pellos radi-<br />
caes t è m na camada mais exterior u m liquido ácido que,<br />
atravez da parede cellulosica, actua energicamente sobre<br />
as partículas sólidas da terra. Os carbonates de cal e<br />
magnesia, o phosphato de cal são assim dissolvidos e<br />
absorvidos. Esta f u n c c ã o cha-<br />
ma-se digestão, pela s i m ü h a n ç a<br />
(pie tem c o m a e l a b o r a ç ã o dos<br />
alimentos dos animaes.<br />
3.° R e s e r v a . - A s raizes po<br />
d e m servir ainda para a r m a <br />
zenar alimentos de reserva.<br />
A s s i m , as raizes aprumadas da<br />
Betarraba (fig. 19), do Nabo,<br />
e t c , desenvolvem-se m u i t o du<br />
rante os primeiros mezes de<br />
existência d'estas plantas, en-<br />
chendo-se de suecos e substan<br />
cias que depois s à o consumi<br />
das quando se desenvolvem as<br />
flores e fruetos. A estas raizes<br />
dá-se o n o m e de raizes-luber-<br />
culos.<br />
As Dhalias são t a m b é m rai-<br />
zes-tuberculos, mas as reser<br />
vas alimentares a c e u m u í a m - s e<br />
e m raizes adventicias.<br />
F i<br />
f -<br />
E a<br />
\<br />
z d e<br />
betarraba co*<br />
tendo grande reserva a assucar.<br />
°2;>. A p p l i c í u ; õ e s . 0 desenvolvimento das raizes<br />
adventicias ó m u i t o utilisado nas praticas culturaes, para
38 BOTÂNICA<br />
reproduzir as plantas por estacas ou por mergulhia,<br />
-como adiante veremos.<br />
N'alguns paizes, costuma passar-se u m rolo pelo<br />
Trigo ainda novo, de m o d o que fica deitado, e, tocando<br />
assim a terra por vários pontos, desenvolve maior nu<br />
mero de raizes adventicias. Cada planta de Trigo, rece<br />
bendo então maiqr quantidade de alimentos, dá flores<br />
mais numerosas e maior numero de sementes.<br />
Vi. Usos das raizes. Um certo numero de raizes<br />
(Cenoura, Nabo, etc.) são empregadas na alimentação do<br />
h o m e m ou dos animaes. Outras são utilisadas ha indus<br />
tria, como por exemplo a Betarraba, cultivada para a<br />
fabricação do assucar. Finalmente, algumas tem emprego<br />
na medicina, como a Jalapa, a Althea, etc.<br />
18 Chama-se raiz á parte da planta que ordinariamente<br />
R E S U M O<br />
cresce de cima para baixo, e se enterra no solo. Do corpo princi<br />
pal ou raiz principal partem outras menos \olumosas ou raizes<br />
secundarias.<br />
As raizes podem ser aprumadas, fusciculadas e atleenticias.<br />
19. Quanto á duração, as raives podem sei' animaes, bien-<br />
mes. rivazes ou iirrennes, conforme duram um, dois ou mais an-<br />
nos.<br />
20. Examinando uma raiz. \è-se rjue a extremidade é co<br />
berta por unia membrana especial chamada coifa e que as partes<br />
lateraes apresentam grande numero de pellos radicaes.<br />
iVum corte transversal distin»'uem-se duas camadas na raiz:<br />
a casca e o ajlindra central.<br />
A casca comprehcude a r((ma(la pilifera, o imrenchyma cor-
tical e a endoderme. O cyhndro central è formado por fasciculos<br />
RAIZ 39<br />
lenhosos e iiberianos, entre os quaes está uni parenchyma que con<br />
stitue a medufla.<br />
21. As Thallophytas não tèm raizes. As Cryptogamicas vas<br />
culares só as tèm adventicias e essas raras vezes engrossam. As<br />
Gymnospermicas tem Gavião bem desenvolvido e tornam-se lenho<br />
sas com a edade. Das Angiospermicas, as Monocotyledoneas tèm<br />
raizes fasciculadas pela atrophia da raiz principal ; e as Dicotyle<br />
doneas apresentam raizes que freqüentemente se desenvolvem<br />
ou lenhificam.<br />
22. As funcções ,das raizes são: a fixação do vegetal ao solo,<br />
a respiração, a absorpção, a digestão e a accumulaçào de reser<br />
vas alimentícias.<br />
23. O desenvolvimento das raizes adventicias è empregado<br />
na cultura para reproduzir as plantas por estaca ou mergulhia.<br />
Fazendo-se deitar o Trigo, também se tem em vista produzil-as.<br />
24. Algumas raizes são empregadas na alimentação; ou<br />
tras servem na industria; outras tèm applicações médicas.
C A P Í T U L O III<br />
Ó R G Ã O S D E V E G E T A Ç Ã O<br />
i<br />
C a u l e<br />
\<br />
: f e r i n a s » e s t r u c t u r a e f u n c ç õ e s<br />
45. Caule. Chama-se caule a parte do eixo da<br />
planta que ordinariamente se dirige de baixo para cima<br />
e supporta as folhas.<br />
Examinado no Feijoeiro ou no Amieiro (fig. 40),<br />
apresenta-se sob a f ô r m a d'um eixo central, tendo de<br />
distancia em distancia e x p a n s õ e s que se c h a m a m folhas.<br />
O angulo formado por estas e o caule chama-se axilla<br />
das folhas.-Denominam-se nós os pontos e m que se in<br />
serem as folhas, e eu Ire-nós ou me filhai! os os espaços'<br />
que as separam.<br />
Na extremidade superior do caule, os eutre-uós sào<br />
cada vez mais curtos e de mais recente f o r m a ç ã o . O topo<br />
é coberto pelas folhas mais novas que o protegem, con<br />
stituindo o chamado gomo terminal. Esta região deter<br />
mina o allongamento do caule e a f o r m a ç ã o de novas ftn<br />
Jhas.
Além do gomo terminal, o caule apresenta, quasi<br />
CAULE M<br />
sempre aos lados, nos â n g u l o s formados entre elle e as<br />
folhas, pequenas f o r m a ç õ e s similhantes ao g o m o termi<br />
nal e que se c h a m a m g o m a s axillares: estes gomos s ã o<br />
Fig. 20 — Fragmento de ramo cTAroieiro, mostrando o caule, as folhas<br />
e os^gomos.<br />
destinados a gerarem eixos secundários ou ramos, e<br />
observam-se e m grande n u m e r o na primavera.<br />
N e m todas as plantas t è m caule; n a l g u m a s , os en-<br />
tre-nós são tão pequenos que as folhas approximam-se
42<br />
BOTÂNICA<br />
muito, formando verdadeiras rosetas. Dá-se a essas plan<br />
tas o nome de acaules, mas esta designação n ã o é rigo-:.<br />
rosa e apenas se emprega por abreviatura. As plantas<br />
que não tem caule, no sentido rigoroso da expressão,<br />
são as Thallophytas, em que t a m b é m se n ã o encontram<br />
raizes nem folhas.<br />
0 caule c o m e ç a a apparecer nas Muscineas, e todas<br />
as plantas dos typos mais adiantados o possuem.<br />
46. Estructura do caule. A eslructura do caule<br />
varia com o typo a que a planta pertence. Examinal-a-<br />
hemos successivamente nas Muscineas, nas Crvptogami-<br />
cas vasculares e nas Phanerogamicas.<br />
1.° Muscineas. Sendo estas plantas simplesmente<br />
cellulares, toda a planta, e portanto o caule, é consti<br />
tuído por u m parenchyma que, nos Musgos mais simples,<br />
é h o m o g ê n e o , e nos mais perfeitos apresenta u m c o m e ç o<br />
de differenciação, sendo a parte central constituída por<br />
cellulas menores e de paredes mais delgadas. As cellulas<br />
exteriores, de paredes mais grossas, apresentam-se córa-<br />
das mais ou menos de vermelho, ao que devem estas<br />
plantas a còr que apresentam.<br />
4.° Cryptogamicas vasculares. T o m e m o s para exem<br />
plo o Polypodio vulgar, tão abundante e m todas as pare<br />
des. Se examinarmos ao microscópio o seu caule subter<br />
râneo, vemos que 6 formado por u m parenchyma, cer<br />
cado por u m certo numero de fibras e tubos crivados, a<br />
cuja associação se dá o nome de fasciculos libero-lenlio-<br />
sos. Estes fasciculos apresentam uma eslructura especial:<br />
a regiào lenhosa occupa o meio e forma, n u m corte<br />
transversal, uma espécie de oval allongada cujas extremi-
CAULE 43<br />
dades s ã o oecupadas por vasos annelados e espiralados<br />
m u i t o estreitos, ao passo que a região media,' de mais<br />
recente f o r m a ç ã o , apresenta largos vasos raiados ou es-<br />
calariformes. A região lenhosa é cercada por parenchyma<br />
liberiano associado a tubos crivados. T o d o o fasciculo é<br />
cercado por u m a camada de cellulas de paredes espessas,<br />
incrustadas de m a t é r i a s escu<br />
ras, que f o r m a m u m a espécie<br />
de bainha.<br />
W a l g u n s Fetos, e m que o<br />
caule lica sempre m u i t o delga<br />
do, p ô d e distinguir-se epider<br />
me, casca e cylindro cen<br />
tral.<br />
3.° Plia uerot/a m imts. A<br />
estructura do c a u l e n'estas<br />
plantas varia, podendo-se apre<br />
sentar dois typos: u m p r ó p r i o<br />
das MonocotyJedoneas, e outro<br />
das D í c o t v l e d o n e a s e G v m n o s -<br />
permicas.<br />
Nas Monocotvledoneas, se<br />
examinarmos ao m i c r o s c ó p i o<br />
u m corte transversal do caule,<br />
temos a distinguir duas cama<br />
das: a casca e o c y l i n d r o cen<br />
tral.<br />
0 cylindro central encerra<br />
Fig. 2i - Kaòcieui 1. jero-lenhoso<br />
cVunia Monoe^ cyledonea (Aco-<br />
)-us) ; vb vasos lenhosos ; lib.<br />
liber ; g bainha de sclerenchyma<br />
; l lacunas.<br />
o sysfhema conckictor do caule que se c o m p õ e de lasct-<br />
culos libero-len/wsos, disseminados por f ô r m a mais o u<br />
menos regular. Os fasciculos lenhosos estão mais juntos
44 BOTÂNICA<br />
na peripheria, e vão-se tornando mais affastados na re4<br />
giào central, onde existe uma zona de parenchyma des*,<br />
provida de fasciculos, (pie constitue a m é d u l l a propria<br />
mente dita.<br />
Pelo que respeita á constituição dos fasciculos<br />
(íig. 21), os tubos liberianos estão collocados no exte<br />
rior, e os vasos do lenho f o r m a m , n'um corte transver<br />
sal, u m crescente cuja concavidade os envolve, ás vezesj<br />
mesmo completamente, como se vè n ' u m grande numero<br />
de caules subterrâneos, e nomeadamente no Lírio roxo<br />
(fig. 22).<br />
A casca tem organisação simi-<br />
> < ^ C H ^ lhante á das Dicotyledoneas.<br />
X f ^ ^ ^ ^ ^ i . . / Nas Dicotyledoneas e Gymnos-i<br />
y ^ ^ ^ ^ m ^ . . V r permicas, se examinarmos u m corte<br />
X / S S j b ^ S c<br />
'°<br />
c a u<br />
'<br />
e<br />
-<br />
c o m u n l a<br />
f °<br />
r t e<br />
ampliação,;<br />
^ " ^ ^ ^ ^ G . j vemos que se c o m p õ e de duas re-<br />
> ^ giões: u m a externa, a casca ; outra<br />
Fig. 22-córte transversal<br />
cPum fasciculo li-<br />
interna, o cylindro central.<br />
bero-lenhoso cio caule A COSCO é COUStiluida POI' UITia<br />
cio Lyrio. vs vasos es- , - .<br />
piraiados; vr vasos camada mais ou menos espessa de^<br />
raiados, formando um<br />
1<br />
circulo em torno do parenclivma cujas cellulas externas<br />
liber l.<br />
1<br />
* rt<br />
estão muitas vezes cheias de chloro<br />
phylla; não c o n t é m vasos, e apenas é atravessada pelos<br />
que vão do caule para as folhas e gomos.<br />
V camada exterior do caule, ò formada pela epi<br />
d e r m e , cujas cellulas estão estreitamente unidas entre si<br />
e apresentam es toma tos (15) e pellos. A camada interna<br />
da casca, que limita a região central, é caracterisada por<br />
listarem as cellulas que a c o m p õ e m solidamente presas<br />
umas ás outras, constituindo o que se etíama a endo-
CAULE<br />
d e r m e . Muitas vezes, a,s cellulas da endoderme encerram<br />
numerosos g r ã o s d'amido.<br />
0 c y l i n d r o central encerra sempre o systhema con-<br />
ductor. É f o r m a d o por u m parenchyma e m que se acha<br />
u m certo n u m e r o de c o r d õ e s formados por vasos encos<br />
tados uns aos outros e a que.se chama fasciculos vascu<br />
lares.<br />
Os fasciculos estão dispostos ,á volta do eixo do<br />
caule e apresentam, n ' u m córte<br />
transversal, o aspecto d'ovaes<br />
que d e l i m i t a m pela sua r e u n i ã o<br />
uni circulo, cujo centro, occu-<br />
pado pelo parenchyma, recebeu<br />
o n o m e de m e d u l l a (fig. 23, m ) .<br />
A medulla emitte prolongamen<br />
tos que separam os diversos fas<br />
ciculos e se c h a m a m raios m e -<br />
dullares (fig. 23, r).<br />
Maior a m p l i a ç ã o mostra que<br />
os feixes vasculares são formados pela associação de te<br />
cidos diíferentes. A parte interna de cada fasciculo é for<br />
m a d a pelo lenho, a externa pelo liber (fig. 24). A região<br />
interna, l e n h o s a / é caracterisada por estarem todos os ele<br />
mentos que a c o m p õ e m endurecidos, e comprehende va<br />
sos annulares, espiralados, raiados, e pontuados, a que se<br />
j u n t a m fibras lenhosas, cellulas alongadas de paredes m u i<br />
grossas e parenchyma lenhoso.<br />
A parte liberiana de cada fasciculo é sempre externa,<br />
e c o m p õ e - s e de cellulas cujas.paredes são formadas de<br />
cellulosa pura, e m que se distinguem tubos crivados, es<br />
palhados no meio da região, fibras liberianas e o paren-<br />
•ec<br />
45<br />
Fig. 23 — Córte the.orico d'urn<br />
caule dicotyledonGo ; ec casca;<br />
end endoderme; Ib, fasciculo<br />
libero-lenhoso ; r raios<br />
me dullares ; m medulla.
46<br />
BOTÂNICA<br />
chyma liberiano. A reunião d'estas duas espécies de te<br />
cido conductor recebeu o nome, como d i s s é m o s , âejas-<br />
áculos vasculares ou Hbero-lenhosos.<br />
27. Funcções do caule. O caule serve para sup-<br />
portar as folhas, e tem outras funcções a desempe<br />
n h a r : 1.° como ó r g ã o geotropico; 2.° como órgão de<br />
respiração; 3.° como órgão de ü x a ç ã o de carboneo; 4.°<br />
Fig- 24—Córte transversal d'um fasciculo libero-lenhoso d'uui caule de Silva<br />
en, endoderme ; Ib, liber ; v, vasos lenhosos ; ec, casca.<br />
como órgão de transpirarão e c h l o r o v a p o r i s a ç ã o ; 5.°<br />
como órgão conductor e 6.° como ó r g ã o de reserva.<br />
l.° 0 caule como órgão geotropico. Geotropismo é<br />
a influencia que a gravidade tem no desenvolvimento da<br />
planta (22). 0 geotropismo do caule é negativo, visto que<br />
o seu crescimento se eífectua e m sentido inverso ao da<br />
força que sobre elle influe. Se collocarmos ura caule ho-<br />
risontalmente, vemos que elle dentro e m pouco se curva
CAULE 47<br />
para c i m a na r e g i ã o terminal, até que a sua extremidade<br />
fica vertical. Demonstra-se que este facto depende da<br />
gravidade, porquanto, se subtrairmos o caule á a c ç ã o<br />
d'esta força, fixando-o por exemplo a u m disco que gire<br />
lentamente n ' u m plano vertical, cresce e m linha recta na<br />
d i r e c ç ã o , qualquer que ella seja, e m que o tenhamos<br />
collocado.<br />
Influencia a n á l o g a tem a luz ( p h o t o t r o p i s m o j , o calor<br />
( t h e r m o t r o p i s m o ) e a h u m i d a d e ( h y d r o t r o p i s m o ) .<br />
2.° 0 caule como órgão de respiração. As diversas<br />
f u n c ç õ e s que o caule t e m a desempenhar só p o d e m exer<br />
cer-se, quando este ó r g ã o possa respirar, isto é, quando<br />
esteja n ' u m meio e m que exista oxygenio que elle absor<br />
va, exhalando anhydrido c a r b ô n i c o .<br />
Introduzindo u m a planta a que se tirem as folhas,<br />
ficando reduzida ao caule, n ' u m a campanula que tenha<br />
ar, observa-se que o oxygenio vae desapparecendo, sendo<br />
s u b s t i t u í d o pelo anhydrido c a r b ô n i c o .<br />
3.° 0 'caule como órgão de fixação do carboneo. Na<br />
m a i o r parte dos caules, as cellulas da casca, directa-<br />
mente expostas á luz, contem chloroleucitos ( 7 ) ; po<br />
d e m portanto concorrei' accessoriamente para a fixação<br />
do carboneo, visto c o m o sabemos que é propriedade<br />
fundamental da chlorophylla reduzir o anhydrido car<br />
b ô n i c o para se apoderar do carboneo, pondo e m liber<br />
dade o oxygenio (9). E m certos vegetaes (Espargo,<br />
Giesta) as folhas e s t ã o reduzidas a pequenas escamas o u<br />
s ó apparecem no v e r ã o , e verifica-se e n t ã o que as cellu<br />
las c o m chlorophylla s ã o m u i t o numerosas na casca do<br />
caule.<br />
4.° O caule como órgão de t r a n s p i r a ç ã o e de chlora-
48<br />
BOTÂNICA.<br />
vaporisação. 0 caule lança incessantemente vapor d'agua<br />
na atmosphera. É isto o que se chama transpirarão.<br />
Quando as cellulas epidérmicas se cutinisam, (8) a transpi-<br />
raçào vae enfraquecendo.<br />
A l é m d'este phenomeno, dá-se nas plantas verdes<br />
uma vaporisação cia agua que contem, ligada a acção da<br />
luz e da chlorophylla. É o que se chama chlorovaporisa-<br />
cão, e não se observa nas plantas desprovidas de chloro<br />
phylla, como os Fungos. A chlorovaporisação é muito<br />
mais intensa do que a transpiração.<br />
5.° 0 caule como órgão conductor. O caule serve<br />
para levar ás folhas, por meio dos vasos que encerra,<br />
as substancias alimentares tiradas do solo pelas raizes,<br />
e, inversamente, concorre para disseminar e m toda a<br />
planta os elementos preparados nas folhas.<br />
Basta cortar na base o caule d'uma planta e m plena<br />
vegetação para se ver que a superfície de córte da parte<br />
que fica na terra se cobre d ' u m liquido incolor que,<br />
sendo absorvido por meio de papel de chupar, se renova<br />
e m breve, tantas vezes quantas se repetir a experiência.<br />
Examinando a secção do caule, na occasião e m que re-<br />
apparece o liquido, percebe-se que as gottas s á e m dos<br />
vasos. Existem portanto no caule correntes de liquido,<br />
destinadas a disseminar as matérias alimentares: chama-<br />
se-lhes correntes de seiva.<br />
6.° 0 caule como órgão de reserva. E m varias plan<br />
tas, o caule accumula alimentos que são aproveitados<br />
quando a vegetação se renova.<br />
Assim, no tronco das arvores do nosso paiz, accu-<br />
mulam-se os alimentos, na epocha da queda das folhas.<br />
Algumas partes do caule s u b t e r r â n e o da Batata dilatam-
CAULE 49<br />
se, enchem-se de fecula e constituem os tuberculos d'esta<br />
planta, vulgarmente chamados bakitas (fig. 25). N o caule<br />
da Canna d'assucar accumula-se o assucar o r d i n á r i o .<br />
Fig. 25 — Um pé de batata mostrando que o caule se dilata n'alguns pontos<br />
V para formar tuberculos.<br />
28. D i v e r s a s e s p é c i e s de caules. Podemos clas<br />
sificar os -caules debaixo de pontos de vista differentes.<br />
Assim, attendendo á consistência e d u r a ç ã o , distinguem-se<br />
e m herbaceos e lenhosos. E m a t t e n ç ã o ao meio e m que se<br />
desenvolvem, ar o u terra, temos caules aéreos e caules<br />
subterrâneos.
50 BOTÂNICA<br />
29. Caules herbaceos e lenhosos. Os caules do<br />
Feijão e cia Batata são sempre verdes e molles, par<br />
tindo-se facilmente. S é c c a m e m o r r e m todos os annos.<br />
São estes os, caules herlfaceos.<br />
N e m todos os caules são similhantes a estes. Se<br />
examinarmos os caules das arvores, do Carvalho, por<br />
exemplo, vemos que, sendo ao principio tenrõs como o<br />
do Feijão ou da Batata, se tornam ao cabo d ' u m ou dois<br />
annos mais escuros e adquirem maior dureza. Cortan-<br />
do-se transversalmente, vè-se que a maior parte da sua<br />
espessura é formada por u m a substancia dura a que se<br />
chama lenho. Denominam-se esses caules lenhosos, e per-<br />
t tencem a plantas que vivem mais d ' u m anno.<br />
.30. Engrossamento dos caules lenhosos. Os<br />
caules herbaceos n ã o augmentam muito e m grossura,<br />
por viverem -apenas u m anno; mas os caules lenhosos<br />
podem adquirir espessura muito considerável.<br />
Se examinarmos u m córte transversal do B o r d o com-<br />
m u m , (íig. 26) vemos que o seu centro é occupado pela<br />
medulla, que está envolvida por u m circulo de lenho, e<br />
que este ainda é rodeado por u m a camada delgada que<br />
é a casca. Entre a casca e o lenho existe u m a região de<br />
tecido em via de f o r m a ç ã o : é a zona geradora ou c a m <br />
bio, á custa da qual principalmente o tronco augmenta<br />
d'espessura. Esta região ó muito molle na primavera, o<br />
que permitte destacar c o m facilidade a casca do lenho.<br />
U tronco d ' u m Carvalho velho é formado quasi ex<br />
clusivamente pelo lenho: a casca é muito delgada, e a<br />
medulla que occupa o centro é pouco desenvolvida. Or<br />
dinariamente o lenho que está no centro d a tronco é es-
CAULE 51<br />
curo e duro, e constitue o x e r n e ; o que está junto á casca<br />
é amarello o u branco e f ô r m a o que se chama a l b u r u o .<br />
Esta p à r t e do caule, que representa sempre a r e g i ã o<br />
mais nova do lenho, é muitas vezes a ú n i c a viva e s ó<br />
ella é atravessada pelos líquidos da planta.<br />
A l é m d'eslas camadas, vê-se, n ' u m córte, que o<br />
tronco das arvores é sulcado de riscas que v ã o do centro<br />
Fig. 26 — Córte transversal do Bórão commum.<br />
á peripheria; estas regiões n ã o c o n t ê m vasos, são p o u c o<br />
resistentes, c t e m o n o m e cie raios m e d u l l a r e s .<br />
31. Caules aéreos. Os caules aéreos apresen<br />
tam-se c o m aspectos cliíferentes.<br />
N a m a i o r parte das vezes são ereclos, dispostos ver<br />
ticalmente ; os caules do Pinheiro, do Trigo, do Carvalho<br />
s ã o exemplo cio gue dizemos.<br />
\<br />
I
* J BOTÂNICA<br />
Convém, todavia, distinguir nos caules erectos algu<br />
mas espécies. Assim, os caules do Pinheiro e do Carva<br />
lho são mais largos na base do que no vértice tem forma<br />
cónica e dividem-se e m ramos numerosos: da-se-lhes o<br />
n o m e de troncos. Os caules do Trigo e do Centeio tem a<br />
mesma espessura em toda a sua extensão, salvo nos nos,<br />
onde são u m pouco mais grossos: são ordinariamente<br />
ò c o s nos entre-nós e massiços nos n ó s : da-se a estes<br />
caules o nome de colmos.<br />
Fig. 27 - Morangueiro : exemplo de caule reptante.<br />
Finalmente, os caules das Palmeiras t è m a mesma<br />
espessura na base que na parte superior; são cheios;<br />
rarissimamente se dividem e m ramos e só t è m folhas no<br />
vértice: dá-se-lhes o nome de espiques.<br />
Outras vezes, os caules são pouco consistentes para<br />
que se conservem verticaes, e então rastejam sobre o<br />
solo, recebendo o nome de reptantes. Taes são os esto-<br />
lhos do Morangueiro (líg. T t ) c de certos Rainunculos.<br />
Finalmente, u m certo numero de caules reptantes<br />
podem elevar-se quando encontrem na sua proximidade
CAULE<br />
pontos d'apoio, c o m o os que lhes fornecem os m u r o s o u<br />
arvores. Chamam-se esses caules trepadores. Uns trepam,<br />
enrolando-se e m torno de arvores o u estacas (Feijoeiro,<br />
L u p u l o , fig. 28), outros agarram-se por meio de c o r d õ e s<br />
resultantes da t r a n s f o r m a ç ã o das'folhas e que se c h a m a m<br />
g a v i n h a s (Ervilha, M e l ã o , fig. 29). Outros prendem-se<br />
por meio d'espinhos e aculeos, que s ã o d e p e n d ê n c i a s su-<br />
Pig. 28 —Lupulo. O caule está en- Fig. 29 — Ramo de Melão, apresentandorolado<br />
em torno d'uma estaca. • gavinhas.<br />
perficiaes da casca e ramos abortados (Roseira, Silva), o u<br />
por meio de raizes adventicias (Hera).<br />
."32. Caules subterrâneos. Os caules subterrâ<br />
neos, estando mettidos na terra, s ã o confundidos c o m<br />
as raizes e por isso se c h a m a r a m r h i z o m a s . Distin-<br />
guem-se, todavia, d'ellas porque desenvolvem folhas e<br />
gomos, ao passo que as raizes nunca d ã o folhas e raras<br />
vezes gomos.
54 BOTÂNICA<br />
Um bello exemplo de rhizoma é o do Sello de Salo<br />
m ã o (Convallaria p o l y g o n a l u m L ) . (fig. 30) Se arrancar<br />
mos u m a d'estas plantas, vemos u m c o r d ã o bastante<br />
longo que apresenta de distancia e m distancia dilata-<br />
ções, e, no meio d'ellas, pequenas i m p r e s s õ e s ou cica-<br />
Fig- 30- Sello de Salomão, mostrando o rhizoma e o caule aeteo.<br />
Jrizes que foram comparadas ás I m p r e s s õ e s que u m si-<br />
nele deixa no lacre. O rhizoma é terminado por u m<br />
caule aéreo que tem folhas e flores. Na base do caule<br />
a é r e o , vê-se u m pequeno gomo.<br />
Nos fins do estio, o caule aéreo murcha, deixando
no rhizoma uma nova cicatriz, de modo que pelo nu<br />
CAULE 55<br />
m e r o d'ellas fica indicado o dos annos da planta. O<br />
g o m o que existia na base do caule desenvolver-se-ha<br />
na primavera seguinte, f o r m a n d o u m novo caule a é r e o<br />
que terá a m e s m a sorte que o procedente.<br />
Os bolbos s ã o rhizomas de f ô r m a arredondada, or<br />
dinariamente envolvidos por folhas modificadas.<br />
N o Colchico e no A ç a f r ã o , o eixo do bolbo dilata-se<br />
m u i t o e apresenta u m pequeno n u m e r o de folhas m o <br />
dificadas o u escamas, seccas e delgadas. D á - s e a esses<br />
bolbos o n o m e de -bolbos sólidos (fig. 31). *<br />
Na A ç u c e n a , no Jacintho, as escamas s ã o m u i t o nu<br />
merosas e desenvolvidas, mas o caule que as sustenta<br />
é relativamente curto, recebendo o n o m e de prato. Na<br />
sua base desenvolvem-se raizes adventicias e m cada pe<br />
r í o d o de v e g e t a ç ã o .<br />
U m a s v e z e s / c o m o na A ç u c e n a , as escamas repre<br />
sentam, cada u m a , u m a folha inteira, e embricam-se umas<br />
á s outras; o bolbo chama-se e n t ã o escamoso (fig. 32).<br />
Outras ve^es, c o m o no Jacintho e na Cebola ordi<br />
nária, as escamas largas e delgadas envolvem-se umas<br />
á s outras, e correspondem á base e f u m a folha cuja por<br />
ç ã o superior é a é r e a e verde. D á - s e a esses bolbos o<br />
n o m e de e n t u n i c a d o s .<br />
Os bolbos regeneram-se todos os annos. Ora se for<br />
m a m no interior dos antigos bolbos, ora lateralmente,<br />
sendo este o m o d o de f o r m a ç ã o mais c o m m u m .<br />
Quando collocados e m circumstancias favoráveis ao<br />
seu desenvolvimento, as escamas a í f a s t a m - s e pouco a<br />
pouco, m u r c h a m , e o caule vae-se elevando e cobrindo<br />
de folhas, e mais tarde de flores e fruetos.
56 BOTÂNICA<br />
Algumas plantas, como a Batata, t è m nos caules<br />
s u b t e r r â n e o s massas arredondadas, irregulares, cuja su<br />
perfície apresenta depressões ou olhos d'onde partem ra<br />
mos quando collocados e m condições convenientes. Dá-se<br />
a essas massas o nome de tuberculos.<br />
Fig. 31 - Açafrão : bolbo solido. Fig. 32 — Açucena: bolbo escamoso.<br />
A razão que ha para considerar os bolbos e os tu<br />
berculos como caules, é que, examinando a sua super<br />
fície, se descobrem n elles os restos das antigas folhas,<br />
sob a forma de cicatrizes ou escamas, e se v ê e m gomos<br />
na axilla das folhas.
CAULE 57<br />
33. U t i l i d a d e e e m p r e g o d o s caules. Os caules<br />
das plantas lenhosas d ã o a madeira que se emprega o u<br />
c o m o material de c o n s t r u c ç ã o ou c o m o c o m b u s t í v e l .<br />
Os caules do Canhamo, do L i n h o , etc, servem para<br />
a f a b r i c a ç ã o de cordas e tecidos.<br />
Outros caules t è m grande i m p o r t â n c i a debaixo do<br />
ponto de vista alimentar: do caule da Ganna d'assucar<br />
retira-se m u i t o do assucar o r d i n á r i o ; o caule s u b t e r r â <br />
neo da Batata constitue u m alimento hoje empregado por<br />
quasi todos os povos, etc.<br />
34. M o d i f i c a ç õ e s d o s r a m o s . iYalgumas plantas,<br />
os ramos t o m a m o aspecto de folhas e substituem-n'as<br />
nas suas f u n c ç õ e s ; d á - s e a estes ramos espalmados e<br />
muita vez terminados e m ponte aguda o n o m e de elado-<br />
des, e p o d e m observar-se na Gilbarbeira. Outras vezes,<br />
u m r a m o deixa de se desenvolver, sécca na extremidade<br />
e torna-se agudo, constituindo u m espinho, que pode ser<br />
s i m p l e s c o m o no À b r u n h e i r o bravo, ou composto c o m o<br />
no Tojo mollar.<br />
C o n v é m distinguir os espinhos dos aculeos que s ã o<br />
simples d e p e n d ê n c i a s m u i t o superflciaes da casca, da<br />
qual se p ó d e m separar c o m muita facilidade, ao contra<br />
rio do que succede nos espinhos que só c o m l a c e r a ç ã o<br />
de tecidos se p o d e m arrancar.<br />
35. Gomos. 0 caule apresenta de distancia em<br />
distancia corpos ovoides que, pelo seu desenvolvimento,<br />
f o r m a m ramos o u folhas; são os g o m a s o u botões.<br />
Se e x a m i n a r m o s os b o t õ e s d ' u m a arvore, vemos que<br />
s ã o constituídos por pequenas escamas escuras, destina-<br />
• •
58<br />
BOTÂNICA<br />
das a protegerem contra o frio e a humidade os ramos<br />
e m via de f o r m a ç ã o (fig. 33, 34 e 35). Para melhor o<br />
realisarem, a parte inferior das escamas está coberta<br />
Fig. 33—Ramos Fig. 34 — Gomo cortado Fig. 35—Gomos de Chóucom<br />
gomos. longitudinalmente. po, representados no momento<br />
de desabrocharem.<br />
d'uma camada viscosa, como nos gomos do Clioupo, da<br />
Tilia e do Pinheiro, ou apresentam u m a pennugem se-'<br />
dosa, como nos do Salgueiro.<br />
Logo que se eleva a temperatura, e as plantas re<br />
c o m e ç a m a vegetar, vêm-se as escamas alTastar-se para
deixarem passar o novo rebento, e as folhas que des-<br />
abrocham.<br />
CAULE 59<br />
E x a m i n a n d o os b o t õ e s das arvores na primavera,<br />
reconhece-se que as folhas e ramos que devem appare-<br />
cer no v e r ã o estão completamente e s b o ç a d o s no f i m do<br />
inverno, de m o d o que se l i m i t a m a crescer depois de<br />
desabrocharem os b o t õ e s .<br />
25. ' O caule é a parle da planta que ordinariamente se di<br />
R E S U M O<br />
rige de baixo para cima e supporta as folhas. Forma uma espé<br />
cie de eixo central, apresentando de distancia em distancia nós<br />
d'onde partem folhas. Os espaços que ficam entre as nós, ou en-<br />
tre-nós, são cada vez mais curtos á medida que se approximam<br />
do, topo do caule que remata pelo gomo terminal. Lateralmente<br />
formam-se gomos áxillares.<br />
Ha caules cujos entre-nós são tão pequenos que as folhas<br />
ficam muito juntas, formando rosetas; chainam-se estas plantas<br />
acàúles, por abreviatura. As únicas plantas realmente desprov i -<br />
dás de caule são as thallophytas.<br />
26. A estructura do caule varia nas Muscineas, nas Crypto<br />
gamicas vasculares e nas Phanerogamicas.<br />
i.° Muscineas. N'eslas plantas, o caule é geralmente cons<br />
tituído por um parenchyma homogêneo. Nos de mais elevada or-<br />
ganisação, a parte central é constituída por cellulas mais peque<br />
nas e de membrana mais delgada.<br />
2.° Cryptogamicas vasculares* N'estes vegetaes, o caule é<br />
formado por um parenchyma cercado por u m certo numero de.<br />
fibras e tubos crivados, formando fasciculos libero-lenhosos.<br />
3." Phanerogamicas. Nas Monocotyledoneas, temos a dis<br />
tinguir casca e cylindro central. O cxlindro central contém o s\s-<br />
thema conçluctor, composto cie fasciculos libero-lenhosos dissemi<br />
nados, deixando no centro uma zona de parenchyma, a medulla.
60<br />
BOTÂNICA<br />
Os fasciculos lenhosos formam crescentes, na concavidade dos<br />
quaes estão os liberianos.<br />
As Dicotyledoneas e as Gymnospermicas também apresen<br />
tam casca e cylindro central. Os fasciculos do cylindro central<br />
formam um circulo que envolve a medulla.<br />
27. O caule, além de sustentar as folhas, serve como ór<br />
gão geotropico, como órgão de respiração, como órgão de fixa<br />
ção do carboneo, como órgão de transpiracão e chloro-vaporisa^<br />
ção, como órgão conductor e como órgão de reserva.<br />
terrâneos.<br />
28. Os caules podem ser herbaceos e lenhosos; aéreos e sub<br />
29. Os caules herbaceos são tenros e pertencem a plantas<br />
que duram um anno; os lenhosos são duros e pertencem a plan<br />
tas que duram mais.<br />
30. O engrossamento dos caules lenhosos faz-se pela ca<br />
mada existente entre o lenho e a casca e chamada camada gera<br />
dora ou cambio.<br />
31. Os caules aéreos podem ser: erectos, como o tronco, d<br />
colmo e o espique; reptantes; e trepaclores.<br />
32. Os caules subterrâneos ou rhizomas desenvolvem-se<br />
por baixo da terra. Qüando são arredondados, e o eixo é envol<br />
vido por folhas modificadas, têm o nome de bolbos; os bolbos<br />
pórlem ser sólidos, escatnosos e entunicados. Quando, sendo tam<br />
bém arredondados, apresentam depressões, cPonde partem ra<br />
mos, chamam-se taberculos.<br />
33. Os caules servem como combustível e como madeira<br />
de construcçào; para a fabricação de tecidos e-cordas; e como<br />
alimentos.<br />
U . Os ramos podem tomar o aspecto de folhas, e tèm o<br />
nome de cladodes, ou tornar-se agudos .pela suspensão do seu<br />
desenvolvimento e formarem os espinhos. Os espinhos distin-<br />
guem-se dos aculeos por se não poderem arrancar sem laceração<br />
dos tecidos do vegetal.<br />
35. Os gomos são corpos ovoides que se desenvolvem no<br />
caule e formam ulteriormente folhas ou ramos.
C A P I T U L O I V<br />
Ó R G Ã O S D E V E G E T A Ç Ã O<br />
F o l h a : s u a s f o r m a s » e s t r u c t u r a e f u n c ç õ e s<br />
F o l h a s . As folhas são l â m i n a s verdes que ap-<br />
parecem de distancia a distancia no caule. Cada u m a<br />
d'ellas c o m p õ e - s e d'uma parte larga e achatada chamada<br />
l i m b o , ligada ao caule por u m<br />
prolongamento a que se d á o<br />
n o m e de peciolo.<br />
A base do peciolo, isto é,<br />
a parte que fica e m contado<br />
c o m o caule, alarga-se algumas<br />
vezes, c o m o se vê no M i l h o , e<br />
recebe o n o m e de b a i n h a . D a<br />
folha, diz-se e n t ã o que é i n v a -<br />
g i n a n t e (fig. 36).<br />
Outras vezes, a base do pe<br />
ciolo apresenta aos lados duas<br />
Fig. 36 — Fragmento do caule do<br />
Milho mostrando folhas invagine.ntes.<br />
laihinas verdes, chamadas estipulas, e que e m ultima
62 BOTÂNICA<br />
analyse são apenas folhas modificadas: tal é o que sue- l<br />
cede nas folhas do L u p u l o , da Roseira (fig. 37), etc.<br />
D'estas diversas partes a mais importante é o limbo;<br />
e é mesmo a que ,falta mais raras vezes, ao passo que<br />
as outras n e m sempre existem. Quando, as folhas se<br />
acham reduzidas ao limbo, e n ã o t è m peciolo, diz-se que<br />
são sesseis ou rentes. Taes são as folhas do Goivo.<br />
37 Conformação e estructura das folhas.<br />
Examinemos u m a folha de Tilia, por exemplo (fig. 38).<br />
Fig. 37 — Folha de Roseira, apresentando na base duas estipulas, st.<br />
C o m p õ e - s e d'um tecido verde, no meio do qual se vêem,<br />
observando-a por transparência, grande numero de cor<br />
dões dirigidos e m diversos sentidos e formando uma es<br />
pécie de rede.<br />
Esses cordões partem do sitio e m que o peciolo<br />
continua c o m o limbo, e distribuem-se n'esta parte da<br />
folha, formando ramificações cada vez mais delgadas que<br />
vão terminar junto dos bordos. Dá-se a esses cordões o<br />
nome de nervnras.<br />
Examinadas a u m a grande a m p l i a ç ã o , vè-se que es-
FOLFTX<br />
?as nervuras s ã o formadas unicamente por tubos ou va<br />
sos que penetram no peciolo e por seu i n t e r m é d i o no<br />
caule, servindo para Jevarem para o corpo da planta os<br />
alimentos preparados pelas folhas, o u para transporta-<br />
Fig. 38 — Limbo d'uma folha de Tilia mostrando as nervuras.<br />
r e m os l í q u i d o s e substancias alimentares que as raizes<br />
trazem incessantemente para a planta.<br />
0 tecido que fica nos intervallos é u m tecido verde,<br />
c ò r que deve á chlorophylla. É f o r m a d o por cellulas
64<br />
BOTÂNICA<br />
pouco modificadas na sua f ô r m a e tem o nome de paren<br />
chyma (15). Este é coberto por u m a membrana delgada,<br />
crivada d'estomatos, que constitue a epiderme.<br />
i<br />
38. Funcções das folhas. As principaes funcções<br />
das folhas consistem no geotropismo e phototropismo;<br />
na respiração, na assimilação do carboneo, na transpira-<br />
ção e chlorovaporisação e ainda na f o r m a ç ã o da seiva<br />
elaborada.<br />
1.° Geotropismo e phototropismo. A gravidade in-<br />
flue sobre a folha do mesmo m o d o que sobre o caule<br />
(geotropismo). Qualquer que seja a sua direcção origina<br />
ria, a folha dispõe o seu limbo de m o d o que a face ven-<br />
tral íica voltada para o ceu e a face dorsal para a terra.<br />
Se se modificar esta direcção, a folha retoma-a.<br />
Similhantemente, a luz inílue sobre a direcção e<br />
crescimento da folha (phototropismo). Se a illuminação é<br />
egual d'ambos os lados, o crescimento é retardado por<br />
egual. Se a illuminação é uni-lateral, a folha curva-se<br />
para o lado da origem da luz.<br />
2.° Respiração. As folhas absorvem oxygenio e des<br />
envolvem anhydrido carbônico.<br />
Se collocarmos fóra, da acção luminosa u m a planta<br />
qualquer, o Feijoeiro por exemplo, por baixo d'uma<br />
campanula dentro da qual esteja encerrado u m vaso con<br />
tendo agua de cal ou de baryta, esta torna-se leitosa, por<br />
causa do anhydrido carbônico que se fôrma. A o mesmo<br />
tempo reconhece-se, analysando o ar da campanula, que<br />
contem menos oxygenio do que ao principio.<br />
As folhas respiram, portanto, como todas as partes<br />
da planta. Quando, p o r é m , expostas á luz, o phenomeno
FOLHA 65<br />
da r e s p i r a ç ã o fica mascarado pelo da a s s i m i l a ç ã o do car<br />
boneo mais intenso, porque as folhas c o n s o m e m m a i s<br />
a n h y d r i d o c a r b ô n i c o do que oxygenio, l a n ç a n d o de si<br />
mais oxygenio que a n h y d r i d o c a r b ô n i c o .<br />
3.° A s s i m i l a ç ã o d o carboneo. G r a ç a s ás folhas, p o <br />
d e m as plantas nutrir-se do carboneo que existe no ar,<br />
no estado d'anhydrido c a r b ô n i c o .<br />
Se collocarmos u m caule c o m folhas, depois de as<br />
termos b e m m o l h a d o , n ' u m a campanula cheia d'agua a<br />
que se addicione u m a pouca d'agua de Seltz, para lhe<br />
fornecer anhydrido c a r b ô n i c o , v e m o s que, sob a influen<br />
cia da luz, se desenvolvem pequenas bolhas de gaz que<br />
se r e ú n e m na parte superior da campanula. Esse gaz é o<br />
oxygenio.<br />
A o m e s m o tempo^ o a n h y d r i d o c a r b ô n i c o encerrado<br />
na agua que banha as folhas desapparece ao cabo d'al-<br />
g u m a s horas.<br />
Esta e x p e r i ê n c i a prova que as folhas absorvem o<br />
anhydrido c a r b ô n i c o que as cerca, f i x a m nos seus teci<br />
dos o carboneo, e desenvolvem oxygenio.<br />
Para que este p h e n o m e n o se produza s ã o precisas,<br />
todavia, duas c o n d i ç õ e s :<br />
r o p h y l l a .<br />
1,° A s f o l h a s d e v e m ser verdes, isto é, conterem chlo<br />
A s s i m , succede que as raizes e os ó r g ã o s que n ã o<br />
possuem c ô r verde s ã o incapazes d'absorver o anhydrido<br />
c a r b ô n i c o e d'exhalar exygenio. O m e s m o se d á c o m as<br />
folhas descoradas.<br />
2.° D e v e m as f o l h a s estar e x p o s t a s á luz.<br />
Se a campanula f ò r posta na obscuridade, nunca se<br />
observa o mais pequeno desenvolvimento d'oxygenio.
66<br />
BOTÂNICA<br />
Quando se deixa licar u m a planta durante muito<br />
tempo na obscuridade, n ã o p ô d e absorver o anhydrido<br />
carbônico, nem fixar o carboneo. Destróe-se então a ma<br />
téria corante, e as plantas tornam-se amarellas: diz-se<br />
que essas plantas se estiolam.<br />
4.° Transpiração. Chlorovaporisação. As folhas des<br />
e m b a r a ç a m a planta d'uma parte da agua existente no<br />
corpo da planta, e trazida pelas raizes.<br />
Se puzermos u m a planta c o m folhas no prato d'uma<br />
balança, e a equilibrarmos, notamos que, ao cabo de<br />
pouco tempo, tem d i m i n u í d o de peso. Se se repetir a ex<br />
periência, collocando por cima do vegetal u m a campa<br />
nula, vè-se que dentro e m pouco está coberta de agua<br />
na sua face interna, mantendo-se o equilíbrio e perma<br />
necendo portanto o peso o mesmo.<br />
E por as folhas expulsarem o vapor d'agua que os<br />
ramos conservados e m agua a consomem logo que lh'a<br />
deitam. É por causa da extialação do vapor cfagua que<br />
muitas plantas m o r r e m quando ha estiagem.<br />
C o n v é m distinguir no facto bruto da perda d'agua<br />
dois phenomenos differentes: a transpiração que se efíe-<br />
ctua constantemente lia planta e a chlorovaporisação que<br />
apenas se dá sob a influencia da luz e tem p ô r sede os<br />
chloroleucitos. Assim, u m a folha de Trigo que transpira<br />
1<br />
C C<br />
d'agua na obscuridade e 2,5<br />
tiolada, vaporisa mais cie I00<br />
c c<br />
C C<br />
ao sol quando está es-<br />
ao sol quando está verde.<br />
97,5 são portanto a parte da chlorovaporisação e 2,5 a<br />
da transpiração.<br />
5.° F o r m a ç ã o da seiva elaborada. A seiva trazida<br />
pelo caule segue pelos vasos contidos nas nervuras da<br />
planta e espalha-se no limbo. A chlorovaporisação faz con-
FOLHA 07<br />
centrar este liquido pela perda da agua, mas ao m e s m o<br />
tempo formam-se no parenchyma hydralos de carboneo,<br />
a m i d o e substancias albuminoides<br />
que s ã o retomadas pelos tubos cri<br />
vados existentes na parte inferior<br />
de cada nervura, e, dissolvidas<br />
n ' u m a pequena quantidade d'agua,<br />
constituem a seiva elaborada.<br />
39. Differentes espécies<br />
de f o l h a s . As folhas t è m appa-<br />
rencias m u i t o variadas, devidas<br />
principalmente á f ô r m a do l i m b o ,<br />
e á disposição das nervuras. Dis-<br />
p õ e m - s e ,tambem difterentemente<br />
no caule. D'abi se t i r a m elemen<br />
tos valiosos para a distincção das<br />
d inerentes espécies de folhas.<br />
40. D i s p o s i ç ã o das ner<br />
v u r a s . N'algumas plantas, sendo<br />
as folhas m u i t o estreitas, só t è m<br />
u m a nervura que as percorre e m<br />
toda a sua e x t e n s ã o . Na maior<br />
parte das plantas, as folhas pos<br />
suem varias nervuras que p ó d e m<br />
apresentar duas disposições diffe<br />
rentes :, o u s ã o parallelas umas<br />
as outras, c o m o succede no L y r i o pig. 39-Foihaa de Lyrio, mos-<br />
-» n N m i - trando as nervuras paralleroxo<br />
(íig. 39), na Tulipa, e e m ias.<br />
geral nas Monocotyledoneas; ou são reticuladas, isto (%
68<br />
BOTÂNICA<br />
dirigidas e m todos os sentidos, formando u m a rede, como<br />
se dá na TUia, e e m geral em todas as Dicotyledoneas.<br />
\s folhas reticuladas ainda podem apresentar-se de<br />
dois modos. Umas vezes, são atravessadas por u m a ner<br />
vura principal, d'onde partem outras mais pequenas,<br />
€ 0 r a o as barbas d'uma penna. Dá-se o nome de p e n m -<br />
jiervadas ás folhas que, como as do Castanheiro e da<br />
Tilia, apresentam essa disposição.<br />
Fig 40—Folha de malva: palmatinervada.<br />
N'outras plantas, as folhas de nervuras reticuladas<br />
n ã o apresentam nervura mediana, mas do ponto e m que<br />
o peciolo se liga ao limbo partem nervuras divergentes<br />
d'egual valor. Chamam-se essas folhas p a l m a l i n e r v a á a s :<br />
taes são as da Hera e da Malva (fig..40).<br />
41. Folhas simples e compostas. O bordo do<br />
limbo d'uma folha pode ser continuo, indiviso e então<br />
a folha tem o nome d'inteira, como succede no Lilaz.
FOLHA 61)<br />
Outras vezes, p o r é m , os bordos da folha são mais o u m e <br />
nos divididos, recebendo e n t ã o esta o n o m e de: c r e n a d a ,<br />
se o bordo tem pequenas divisões mais ou menos arre<br />
dondadas, n ã o inclinadas, para a base o u para o vértice<br />
da f o l h a ; serreada; se as divisões são agudas e inclina<br />
das c o m o os dentes d ' u m a serra; denteadas, se as d i v i -<br />
Fig. 41 —Folha palmatipavtida do Canhamo.<br />
s õ e s são agudas, mas n ã o inclinadas; lobadas, se as d i <br />
visões s ã o arredondadas e n ã o chegam ao meio do l i m b o .<br />
C o n f o r m e a profundidade das fendas, a folha chama-se<br />
f e u d i d a , se as divisões chegam até ao meio do l i m b o ;<br />
e p a r t i d a , se as divisões chegam quasi á nervura media<br />
( p i n n a l i p a r t i d a j ou ao peciolo ( p a l m a t i p a r t i d a ) , (fig. 41).<br />
Das folhas de l i m b o recortado approximam-se as fo<br />
lhas compostas, c o m o são as da Accacia e do Castanheiro-
70<br />
BOTÂNICA<br />
da índia. N'estas folhas, o peciolo é dividido, dando in<br />
s e r ç ã o a pequenas expansões ou foliolos, que simulam<br />
pequenas folhas com u m supporte c o m m u m .<br />
Estes foliolos estão umas vezes dispostos a direita<br />
e á esquerda das nervuras principaes, como suecede na<br />
Accacia e na Sensitiva, e então a folha recebe o nome de<br />
p e n u a d a (fig. 42); outras vezes estão aggrupados e m torno<br />
da extremidade do peciolo, como nos Oxalis, ou no Casta<br />
nheiro da índia; essas folhas denominam-se digitadas.<br />
A f ô r m a do contorno da foi lia simples é muito va<br />
riável. Por esse motivo recebe esta o nome de oval; ellt/-<br />
ptica; cordi forme, se tem a f ô r m a d ' u m c o r a ç ã o ; reni-<br />
j o r m e , se tem a fôrma d'um r i m ; espatulada, lanceolada;<br />
•mtjitttula, se tem a fôrma do ferro da seita, etc, etc.<br />
M. Disposição das folhas no caule. A maneira<br />
como as folhas se acham inseridas no caule n ã o é sem<br />
pre a mesma. Umas vezes a cada n ó corresponde u m a
FOLHA 71<br />
folha, c o m o no Trigo, no F e i j ã o , no Pecegueiro (fig. 43).<br />
As folhas chamam-se e n t ã o alternas.<br />
Outras vezes, as plantas apresentam varias folhas<br />
Fig. 43— Ramo de Pecegueiro mostrando a disposição das folhas no caule.<br />
presas no m e s m o n ó do caule, f o r m a n d o e n t ã o geral<br />
mente u m a coroa, cujo centro é occupado pelo caule.<br />
Essa coroa constitue o que se chama u m verticilio.<br />
É variável o n u m e r o das folhas d ' u m verticilio t
72<br />
BOTÂNICA<br />
quando ha duas, inseridas nas extremidades d ' u m mesmo<br />
diâmetro, as folhas recebem o nome ftoppostas, como<br />
Fig- 44—Ramo de Lupulo mostrando as folhas oppostas.<br />
Fig. 45 —Ramo de Loendro.<br />
são as do Lupulo (fig. 44); quando são tres, como no<br />
Loendro, chamam-se ter n a d a s (fig. 45).
FOLHA<br />
Quando se e x a m i n a m c o m a t t e n ç ã o as folhas alter<br />
nas, reconhece-se que a sna d i s p o s i ç ã o apresenta notável<br />
regularidade. Se t o m a r m o s para exemplo o Pecegueiro,<br />
e t r a ç a r m o s no caule u m a linha que una os pontos d'in<br />
s e r ç ã o das folhas successivas, descrevemos u m a espiral<br />
que encerra cinco folhas e m cada cluas voltas completas<br />
da espira. Descobre-se e n t ã o que as folhas estão dispos<br />
tas ao longo do caule e m cinco filas longitudinaes. A 6. a<br />
folha está sobreposta á á 7. a<br />
vamente.<br />
á 2,. a<br />
73<br />
e assim successi-<br />
Examinando-se u m r a m o d'Amieiro, vè-se que a es<br />
piral t r a ç a d a do m e s m o m o d o t è m tres folhas por cada<br />
volta completa, de maneira que as suas folhas estão dis<br />
postas segundo tres filas ao longo do caule, ficando a<br />
4 .<br />
a<br />
folha por cima da l .<br />
a<br />
, a 5. a<br />
por cima da 2. a<br />
, etc.<br />
E m f i m , n ' u m r a m o cFOlmo, as folhas estão alterna<br />
tivamente collocadas á direita e á esquerda d ' u m m e s m o<br />
plano. Dá se-lhes o n o m e de disticadas.<br />
43. Folhas modificadas. As folhas acham-se al<br />
gumas vezes m u i t o modificadas.<br />
Assim, já vimos (36) que as folhas p ó d e m estar re<br />
duzidas á bainha, faltando o peciolo e o limbo. Essas fo<br />
lhas, que se encontram nos caules s u b t e r r â n e o s , t è m o<br />
n o m e tfescamas.<br />
Outras vezes, o peciolo apresenta na sua base appen-<br />
dices lateraes, chamados estipulas.<br />
Nas v i s i n h a n ç a s das flores encontram-se por vezes<br />
folhas modificadas que lhes servem de p r o t e c ç ã o . Dá-se-<br />
lhes o nome de bracleas. Quando ha muitas bracteas por<br />
baixo d ' u m grupo de flores, recebe o conjuncto o n o m e
74, BOTÂNICA<br />
d'invólucro. Quando existe u m a só bractea, muito des<br />
envolvida, e que envolve grande numero de flores, cha-<br />
ma-se-lhe espalha.<br />
Temos t a m b é m a considerar as g a v i n h a s que são-<br />
órgãos filiformes contornados e m espiral, e enrolados<br />
e m torno dos corpos que sustentam a planta. Obser<br />
vam-se na Ervilha, no Melão, etc.<br />
44 A folha na serie vegetal. Os Fungos, as<br />
Algas e algumas Hepaticas n ã o t è m folhas. C o m e ç a m a<br />
apparecer nos Musgos, e n'estas plantas são sesseis, al<br />
ternas, muito approximadas e destituídas de nervuras.,<br />
Nas Cryptogamicas vasculares, as folhas são simples e<br />
muito pequenas, nos Lycopodios; e m forma d'escamas<br />
e adherentes, formando uma bainha dentada nos Equi-<br />
setos; freqüentes vezes compostas, comquanto possam<br />
ser simples, nos Fetos (frondes). Nas Gymnospermicas,<br />
as folhas são ordinariamente lineares, mas n algumas<br />
plantas d'este grupo são grandes e tèm o limbo dividido<br />
-ou composto. Nas Angiospermicas, as folhas são clifferen-<br />
tes, conforme a planta pertence ás Monocotyledoneas ou<br />
ás Dicotyledoneas. Nas Monocotyledoneas, predominam as<br />
folhas de limbo allongado e de nervuras para!leias; nas<br />
Dicotyledoneas, predominam as folhas de limbo largo e<br />
de nervuras ramificadas.<br />
lá .
36. Folhas são lâminas verdes que apparecem de distancia<br />
R E S U M O<br />
em distancia no caule. Compõetn-se de limbo e peciolo. Quando a<br />
base do peciolo é larga chama-se bainhu, e a folha invaginante.<br />
Na base da folha apparecem ás vezes lâminas membranaceas cha-<br />
rnadas estipulas. Quando o peciolo falta, chamam-se as folhas ses-<br />
seis.<br />
37. A folha é formada por um pareuchyma verde, em que<br />
estão disseminadas nervuras anastomosadas. As nervuras são for<br />
madas por vasos ou tubos que vêm do caule atravez do peciolo.<br />
O parenchyma da folha é coberto pela epiderme.<br />
38. As funcções das folhas consistem no geotropismo e<br />
phototropismo, na respiração, na assimilação do carboneo, na<br />
transpiração e chlorovaporisação e na formação da seiva ela<br />
borada.<br />
39. As folhas tèm apparencias diversas devidas á forma<br />
do limbo e á disposição das nervuras. A sua disposição no caule<br />
é lambem variável.<br />
40. As nervuras podem ser parallelas, ou reticuladas. Es<br />
tas ultimas dividem-se em penninervarias e patmatincr radas.<br />
41. As folhas podem ser inteiras, crenadas, serreadas, (/en<br />
teadas ou lobadas, consoante as divisões do limbo. Conforme a<br />
profundidade d'essas divisões, podem ser fendidas ou partidas.<br />
Dizem-se compostas quando o peciolo se divide, dando inserção aos<br />
foliolos. As folhas compostas podem ser pennadas e digitadas. A<br />
folha simples tem nomes variados, conforme a fôrma do limbo :<br />
oval, ellyptica, cordiforme, reniforme. espalulada, lanceotada, sa-<br />
gitada, etc, etc.<br />
41. As folhas são alternas quando de cada nó parte uma só<br />
folha, e verticüadas quando parte mais d'um:j. Se cada verticilio<br />
é composto de duas folhas chamam-se oppostas: se é formado<br />
por tres ternadas, etc As folhas alternas estão dispostas no caule<br />
segundo uma espiral. Quando as folhas estão collocadas alterna<br />
tivamente á direita e á esquerda d'um mesmo plano, chamam-se<br />
disticadas*<br />
75
76<br />
BOTÂNICA<br />
43. As folhas modificadas recebem nomes especiaes: esca<br />
mas, estipulas, bracteas e gavinhas.<br />
4i. Algumas plantas não tem folhas. Nos Musgos são ses-<br />
seis, alternas, muito approximadas. Nas Cryptogamicas vascula<br />
res, são simples e pequenas (Lycopodios); em forma d'escamas<br />
e formando bainha (Equiselos); compostas e excepcionalmente<br />
simples (Fetos). Nas Gymnospermicas são geralmente lineares.<br />
Nas Angiospermicas, as folhas das Monocotyledoneas tèm o limbo<br />
alongado e as nervuras parallelas, e as folhas das Dicotytedoneas<br />
tèm o limbo largo e as nervuras ramificadas.
C A P I T U L O V<br />
I d é i a H U m i n a r i a d a n u t r i ç ã o e r e s p i r a ç ã o<br />
Circulação da seiva. Funcção chlorophyllina.<br />
45. Absorpção. As raizes absorvem da terra<br />
d a s p l a n t a s<br />
Látex. Crescimento das plantas<br />
grande quantidade d'agua, tendo e m s o l u ç ã o substan<br />
cias mineraes. A agua e os saes circulam na planta por<br />
meio dos vasos e s ã o levados ás folhas.<br />
Estas fabricam, g r a ç a s á m a t é r i a verde que encer<br />
ram, e á custa do anhydrido c a r b ô n i c o da atmosphera<br />
e das substancias que lhes trazem as raizes, princípios<br />
immediatos n e c e s s á r i o s para o desenvolvimento do ve<br />
getal: a m i d o , assucar, substancias azotadas, etc. Estes<br />
princípios immediatos, depois de elaborados, s ã o disse<br />
minados por toda a planta, quer para serem utilisados<br />
immediatamente, quer para se armazenarem e m certos<br />
ó r g ã o s (bolbos, tuberculos, sementes) e f o r m a r e m diver<br />
sas reservas alimentícias que o vegetal mais tarde apro<br />
veita.
78<br />
BOTÂNICA<br />
As substancias de que a planta se nutre são tiradas<br />
do ar e do solo.<br />
46. Alimentos das plantas. As substancias que o vegetal<br />
tira do ar são o oxygenio e o anhydrido carbônico.<br />
As que o solo contém, muito mais numerosas, são consti<br />
tuídas por differentes saes em dissolução na agua; taes são: azo<br />
tatos e nomeadamente o de cal; saes ammoniacaes, e principal<br />
mente o chloreto d^mmonio; sulfatos, phosphatos e carbonatos<br />
de potássio, cálcio ou ferro.<br />
As substancias contidas no ar e a sua proporção não se al<br />
teram, existindo sempre em quantidade necessária para a ali<br />
mentação da planta, o que é devido á grande extensão da atmos<br />
phera e á clilfusão. O cultivador não tem, portanto, motivo de<br />
preoccupaçao por esse lado.<br />
Não succede o mesmo com os alimentos encerrados no solo<br />
que vão desapparecendo com as culturas successivas.<br />
Convém portanto fornecer ao terreno adubos mineraes ou<br />
orgânicos que lhe restituam as propriedades alimentares que te<br />
nha perdido.<br />
Pelo mesmo motivo se deve alternar a cultura de plantas<br />
cuja raiz se enterra profundamente. (Betarraba, etc.) com vege<br />
taes cujas raizes fiquem supeiiiciaes (Gramineas: Trigo, Aveia,<br />
Cevada).<br />
47. Circulação da seiva. Se cortarmos transversalmente, a<br />
pequená distancia de solo, um caule d'uma arvore nova ou d'uma<br />
planta herbacea, vemos que a superfície de secção começa a co<br />
brir-se d'um liquido incolor e que esse liquido se renova com ra<br />
pidez, visto que, se o tirarmos com papel de chupar, reappa-<br />
rece (27).<br />
Se examinarmos ao microscópio a secção do caule, vè-se<br />
que as gotas do liquido saem dos vasos do lenho. Servem estes<br />
portanto de conductores de líquidos que, vindos da raiz, se dk<br />
rigem para as folhas.<br />
Verifica-se que só os fasciculos lenhosos são encarregados<br />
dVsse transporte, cortando um ramo e mergulhando-o i^úma
NUTRIÇÃO DAS PLANTAS 79<br />
O<br />
/<br />
solução córada; não tardamos a reconhecer que o liquido vae<br />
subindo pouco a pouco, e por meio de secções transversaes suc-<br />
cessivas, podemos assegurar-nos de que só os vasos do lenho o<br />
conduzem.<br />
A' corrente que, atravez dos vasos do lenho, se dirige para<br />
as folhas chama-se seiva ascendente ou bruta.<br />
Por outro lado, examinando-se os tubos crivados do liber<br />
durante o período d'actividade do vegetal, reconhece-se que são<br />
percorridos por u m liquido em que ha substancia azotada e gra-<br />
nulos d'amido. Suppõe-se que os tubos crivados do liber são des<br />
tinados a conduzir da folha para as raizes substancias elabora<br />
das á custa dos materiaes arrastados pela seiva ascendente e por<br />
isso se dá o nome de seiva descendente ou elaborada a essa cor-<br />
rente em sentido inverso da primeira.<br />
Este modo de ver tem a seu favor a experiência seguinte:<br />
Se, n um ramo mettido no sólo, se destacar u m retalho circular<br />
de casca até á zona geradora, de modo que fique o lenho a des<br />
coberto, forma-se u m rebordo por cima do córte, desenvolven<br />
do-se raizes n'esta região.<br />
Admittia-se que a seiva ascendente, depois de elaborada,<br />
voltava ás raizes, dando-se a este movimento total o nome de<br />
circulação da seiva; é certo, porém, que a corrente de substan<br />
cias plásticas que circula nos vasos do liber, não tem a regulari<br />
dade da que circula no lenho. Essa corrente dirige-se sempre<br />
das folhas, onde os princípios immediatos são fabricados, para o<br />
logar em que tem de ser utilisados, isto é, para as raizes, para<br />
os caules ou para as folhas; podendo a direcção ser ascendente<br />
ou descendente.<br />
48. Respiração das plantas. Já precedentemente<br />
indicamos quaes os ó r g ã o s que desempenham esta func-<br />
ção. A r e s p i r a ç ã o das plantas consiste na a b s o r p ç ã o<br />
d'oxygenio e na e x h a l a ç ã o d'anhydrido c a r b ô n i c o . Prova-<br />
se este facto, c o m o dissemos, (27) introduzindo n ' u m a<br />
campanula u m r a m o qualquer guarnecido de folhas e u m<br />
copo contendo agua de cal o u m e l h o r agua de baryta.
80<br />
BOTÂNICA<br />
Dentro em pouco a agua de baryta apresenta u m preci<br />
pitado de carbonato de bario que se formou á custa do<br />
anhydrido carbônico exhalado. Esta experiência dá o<br />
mesmo resultado, quer a planta esteja exposta á luz quer<br />
na obscuridade.<br />
A respiração diífere da funcção clüorophyllina em se<br />
exercer continuamente e e m todas as plantas, ao passo<br />
que esta ultima funcção só se exerce nas plantas que<br />
tem chlorophylla, e quando expostas á luz.<br />
49. Funcção chiorophyllina. Logo que os materiaes nu<br />
tritivos estão encerrados nas cellulas verdes, a planta faz a syn-<br />
these das substancias orgânicas; de princípios mineraes fabrica<br />
substancias azotadas, hydratos de carboneo, etc.<br />
A formação dos hydratos de carboneo e em geral das subs<br />
tancias ternarias é devida unicamente á chlorophylla. A funcção<br />
d^sta substancia consiste na fixação do carboneo. Vimos que, se<br />
introduzirmos n um provete cheio d'agua ou melhor d'agua que<br />
tenha em dissolução anhydrido carbônico (agua de Seltz) um<br />
ramo guarnecido de folhas, se junta na parte superior do pro<br />
vete oxygenio quasi puro. Este phenomeno só se realisa quando a<br />
planta está exposta d luz (38). A funcção chloropkyllina, que assim<br />
se denomina este phenomeno, varia muito com a intensidade lu<br />
minosa, modiiicando-se egualmente com as differentes espécies<br />
vegetaes, algumas das quaes exigem luz muito viva para a de<br />
composição do anhydrido carbônico, ao passo que outras operam<br />
a mesma acção a uma luz fraca.<br />
Quanto á formação dos hydratos de carboneo, se examinar<br />
mos com o microscópio folhas de Musgos que hajam sido conser<br />
vados durante algumas horas na obscuridade, nota-se que os<br />
granulos de chlorophylla são perfeitamente homogêneos e trans<br />
parentes, ao passo que, expostos á luz, se vão carregando de<br />
corpusculos incolores, que o iodo tinge d^izul, reacção caracte<br />
rística do amido. O numero e volume destes granulos varia com<br />
a duração da exposição á luz.
0 mechanísmo de formação das substancias albuminoides é<br />
i<br />
NUTRIÇÃO DAS PLANTAS 81<br />
pouco conhecido: suppõe-se que sào devidas á combinação doá<br />
hydratos de carboneo com uma substancia azotada. Para a syn-<br />
these dos azotados não parece, todavia, indispensável a presença<br />
da chlorophylla, visto que taes substancias se formam nos Fungos.<br />
50. Plantas sem chlorophylla. As plantas que não têm<br />
substancia verde não podem viver n u m meio exclusivamente<br />
mineral: tèm de obter os seus elementos nutritivos no estado<br />
de substancias orgânicas, tirando-as doutros seres vivos, ani<br />
maes ou plantas. Taes sao os Fungos, as Bactérias, etc.<br />
Umas vezes, essas plantas vivem no corpo dos vegetaes ou<br />
animaes e recebem o nome de parasitas, como é por exemplo a<br />
Ferrugem do Trigo; outras vezes vivem nas matérias orgânicas<br />
provenientes da decomposição do corpo dos seres vivos, rece<br />
bendo o nome de saprophytas ou hamicolas; taes são os Fungos<br />
da madeira, etc.<br />
51. Transpiração e chlorovaporisação. Dá-se o nome de<br />
transpiração á funcção em virtude da qual a planta deixa evolver<br />
vapor d'agua.<br />
A quantidade de vapor d'agua perdido por uma planta é<br />
muito variável e depende da temperatura, da luz, da consistência<br />
herbacea ou lenhosa do vegetal, e, í f u m a mesma planta, da abun<br />
dância de suecos existente n'este ou u'aquelle órgão.<br />
A perda de vapor d'agua dá-se em todas as partes não mer<br />
gulhadas dos vegetaes, e são as folhas, nas plantas que as têm,<br />
os órgãos especialmente encarregados d'esta funcção. A saida<br />
do vapor d'agua dá-se principalmente pelos estomatos.<br />
Uma parte da agua exhalada é devida á,acção da chloro 1<br />
-phylla. Por este motivo se dá o nome de chlorovaporisação á<br />
funcção em virtude da qual a planta perde agua pela influencia<br />
da luz. Como ficou dito (38), esta funcção é muito mais activa do<br />
que a transpiração.<br />
52. Exsudação e digestão. Algumas vezes a planta, atra-<br />
vez da sua membrana exterior molle e permeável, deixa passar<br />
6
82<br />
BOTÂNICA<br />
uma pequena quantidade dXgua lendo em dissolução diversas<br />
matérias. É o que se chama exsudação.<br />
Se este liquido se põe em contado com partículas sólidas,<br />
ataca-as, dissolve-as, sendo depois absorvidas como se previa<br />
mente houvessem sido dissolvidas. Esta transformação (Puma<br />
substancia insolnvel iruma matéria solúvel, seguida da absorpção<br />
da substancia assim transformada, chama-se digestão.<br />
53. Seereçôes: látex. Os princípios elaborados pela planta<br />
e destinados a formar novos tecidos soffrem, antes de utilisados,<br />
modificações chimicas ainda mal determinadas. Como, porém/<br />
nem todas as substancias são utilisadas, ficani os chamados resí<br />
duos da nutrição, que pintem circular em canaes particulares,<br />
constituindo a grande massa do látex.<br />
O látex é um liquido leitoso, branco, amarello ou averme<br />
lhado, conforme as espécies vegetaes em que se observa, for<br />
mado de diversas substancias e tendo em suspensão pequenos<br />
glóbulos (pie lhe são a opacidade e a côr. Esses glóbulos são for<br />
mados por resinas, eautehouc etc, e ifalgumas plantas, taes<br />
como as Euphorbiaeeas, contém amido. As funcções do látex são<br />
ainda mal conhecidas: parece (pie em grande parte é inútil para<br />
a j>lauta.<br />
O late.r circula em tubos anasloniosados entre si e forma<br />
dos á cusla do parenchyma, como suecede na Celidonia, ou em<br />
canaes formados por um pequeno numero de cellulas que emit-<br />
tem ramificações para todas as parles do corpo, como acontece<br />
nas Euphorbiaeeas. O látex d'algumas plantas é objecto (Pactiva<br />
exploração. O rmitchouc é o látex solidificado d'um grande nu<br />
mero (rEuphorbiaceas : o apio é o lalex das Papavoraceas, etc.<br />
5i. Assimilação e desassimilaçao. O resultado final das<br />
funcções descriptas é a incorporação nos tecidos das plantas de<br />
elementos estranhos, e a elaboração que solírem è um acto pre<br />
paratório da svnlhese que o protoplasma efiectua, e se chama<br />
assimilação.<br />
Os inateriaes assim incorporados ao protoplasma alimentam<br />
o .crescimento. Mais tarde, sofirevn uma serie de decomposições.
chiftricas que os fazem tornar a descer Iodos os graus da escala<br />
NUTRIÇÃO DAS PLANTAS 8.S<br />
><br />
que tinhanrsubido ; este trabalho de decomposição chama-se
84<br />
BOTÂNICA<br />
Por outro lado, a dureza das camadas do lenho vae<br />
augmentando da peripheria para o centro, ao contrario<br />
do que succede nas Monocotyledoneas.<br />
O crescimento dos vegetaes c modificado pela acção<br />
da gravidade, da luz e do calor.<br />
A gravidade tendi 1<br />
a collocar o eixo da planta se<br />
gundo a sua própria direcção e a restabelecel-o n'essa<br />
direcção quando haja sido desviado d'ella. Esta acção<br />
dirigente da gravidade chama-se geotropismo e pôde ser<br />
positivo ou negativo. Diz-se (pie o geotropismo é posi<br />
tivo quando o crescimento se eflectua no sentido da gra<br />
vidade, como na raiz, e negativo quandQ se etfectua no<br />
sentido contrario, como no caule.<br />
A luz egual mente modilica o crescimento da planta,<br />
de modo que o eixo do vegetal lique na direcção dos raios<br />
incidentes. K o que se chama phototropismo. O phototro<br />
pismo varia com a intensidade luminosa. N u lio abaixo<br />
d'uma certa intensidade, cresce c o m ella, attinge o seu<br />
m á x i m o n'uma intensidade mediana, a partir da qual<br />
decresce, á medida que a intensidade augmenta.<br />
Emtim, a temperatura exerce uma acção decisiva so<br />
bre o crescimento da planta. Ksta acção varia com o<br />
grau de calor. Xullo abaixo d'um certo limite, o cres<br />
cimento accelera-se á medida que a temperatura se ele<br />
va, até que cessa n u m certo ponto. Se o aquecimento<br />
não se eflectua por egual, a planta inílecle-se, tornando-se<br />
eonvexa do lado em que a temperatura se avisinha da<br />
mais favorável ao crescimento, e concava do lado op-<br />
posfo. Chama-se thcrmotropismo a acção dirigente do ca<br />
lor sobre o crescimento da planta.<br />
Note-se (pie a temperatura mais favorável ao des-
NUTRIÇÃO DAS PLANTAS 85<br />
envolvimento das plantas varia c o m a espécie vege<br />
tal.<br />
50. Resumo da nutrição. Tendo em attencão<br />
tudo o que levamos dito, a n u t r i ç ã o vegetal compre-<br />
h c m l e :<br />
J . ° A absorpção dos princípios nutritivos, f u n c ç ã o<br />
que se executa principalmente pelas raizes;<br />
4.° 0 transporte da seiva (circulação) desde a raiz<br />
até á s folhas : atra vez dos fasciculos lenhosos no seu<br />
m o v i m e n t o asceucional, e dos fasciculos liberianos no<br />
descendente;<br />
3.° A respiração que fornece á planta o oxygenio,<br />
e se exerce e m todo o vegetal;<br />
.4,° A f u n c ç ã o chlorophyllina que tem por l i m a f i <br />
x a ç ã o do carboneo; é peculiar da chlorophylla;<br />
5.° A transpiração e a chlorovaporisação, e m vir<br />
tude das quaes a planta deixa evolver vapor d ' a g u à . A<br />
primeira eHectua-so e m todas as partes n ã o submersas<br />
do vegetal ; a segunda apenas por influencia da luz nas<br />
partes verdes da planta ;•<br />
0.° ' A c x s u d a ç ã o que v e m a ser a passagem de lí<br />
quido atravez da m e m b r a n a externa da planta. Este l i <br />
quido p ô d e , c o m o na raiz, exercer a c ç ã o sobre as sub<br />
stancias sólidas e m contado c o m a planta e dMnsoluveis<br />
tornal-as e m solúveis (digestão) '<br />
7.° As secreções, que t è m e m vista a f o r m a ç ã o do<br />
líquidos especiaes, que circulam' e m canaes p r ó p r i o s o<br />
dos quaes o principal é o l á t e x ;<br />
8.° A assimilação, phenomeno de synthese dos<br />
princípios immediatos da planta, e a d e s c m i m ü a ç ã o , e m
86 BOTÂNICA<br />
virtude da qual esses princípios immediatos são decom<br />
postos e restituidos ao reino mineral;<br />
0.° Como conseqüência do p r e d o m í n i o da assimi<br />
lação sobre a desassimilarão, o crescimento da planta.<br />
15. O vegetal tira da terra e do ar substancias que são<br />
R E S U M O<br />
elaboradas pelas folhas e constituem princípios immediatos que<br />
elle utilisa immediatamente ou armazena.<br />
Mu Os alimentos que a planta tira do ar sào o oxygenio e<br />
o anhydrido carbônico. Os que lira do solo sào azotatos, chlore-<br />
los, sulfates, phosphatos e carbonates»<br />
Como o solo empobrece, devem-se-lhe fornecer substancias<br />
aljmentares sob a fôrma (Tadubos. Além disto, nas culturas, de<br />
vem alternar-se plantas de raizes que se enterrem profunda<br />
mente, com outras de raizes superficiais.<br />
H. Ha nos vegetaes unia corrente de liquido que, alravez<br />
dos \asos do lenho, vae das raizes ás Tolhas: é a seiva ascendente.<br />
Atravez fios tubos do liber dá-se outra corrente em sentido con<br />
trario que se chama seira descendente<br />
íN. A respiração das plantas consiste na absorpção (foxy-<br />
iienio e na exhalação d*anh>drído carbônico.<br />
4U. A lixarão do carboneo nas cellulas é devida á ehloro-<br />
pJnlla que, em presença da luz, decompõe o anhydrido carbô<br />
nico. Assim se formam os Imlralos de carboneo. e talvez as<br />
-substancias azotadas.<br />
50. As plantas sem vChloroplnlta precisam d*obter os seus<br />
elementos nutritivos no estado de substancias orgânicas..<br />
51. As plantas deixam evolver vapor (Pagua ejn quinti-<br />
dade maior ou menor por meio da transpiração. l T<br />
ma grande<br />
parle do vapor d\gua exhalado deve-se á acção da \vu sobre a<br />
chloroph> lia. phenomeno a que se chama chlnrornporixação.<br />
53. As plantas deixam lambem passar uma certa quanti<br />
dade d'agua carregada de saes alravez da sua membrana limi-
NUTRIÇÃO DAS PLANTAS 87<br />
taute. É o que se chama exsadação. O liquido exsudado pode<br />
aetuar sobre partículas sólidas que estejam em eoutacto com a<br />
planta e transformal-as de insoluveis em solúveis (digestão).<br />
5o\ Os princípios immediatos elaborados pelas plantas são<br />
depois incorporados na massa do vegetal. Como nem todas as<br />
substancias são utilisadas, ficam os resíduos de nutrição que<br />
podem circular em canaes especiaes, formando a maior parte do<br />
látex. O látex é um liquido leitoso, branco, ama rei Io ou averme<br />
lhado, formado de di He rentes substancias e tendo em suspensão<br />
glóbulos de resina, cautchouc, etc,<br />
54. O termo tinal das funcções de nutrição é a incorpora<br />
ção das substancias absorvidas e elaboradas no protoplasma cel<br />
lular (assimilação). Por outro lado, os principies immediatos das<br />
plantas são desaggregados e decompostos (desassimilação), Do<br />
predomínio da primeira sobre a segunda resulta o auginento da<br />
massa do vegetal.<br />
55. O crescimento das plantas dá-se em altura e espessura.<br />
<<br />
O crescimento em altura faz-se á custa do gomo terminal.<br />
O crescimento em diâmetro varia nas Wonocotvledoneas e<br />
nas Dicotyledoneas. Nas primeiras, é pela formação de novos fas<br />
ciculos que recalcam os já formados. Nas segundas faz-se o cres<br />
cimento á custa da camada situada entre o liber e o lenho.<br />
T è m importância considerável no crescimento da planta a<br />
gravidade, a luz-e o calor. A influencia de cada um dVsles agen<br />
tes tem respectivamente o nome de geotropismo. photolropismo e<br />
thermotropismo.<br />
5(i. A nutrição das plantas eomprehende: a absorpção ; a<br />
circulação da seira; a respiração; a funcção chlorophyllina ; a trans<br />
piração e a chlorovaporisação: a exsadação e digestão ; as secreçoes<br />
e a assimilação.
Flor: organisação e formas. Icleia summaria<br />
C A P I T U L O V I<br />
Ó R G Ã O S D E R E P R O D U C Ç Ã O<br />
57. Flores: inflorescencia. Collocadas as plantas<br />
d a f e c u n d a ç ã o<br />
e m cireuinstâncias favoráveis, o seu corpo vae-se desen<br />
volvendo pela f o r m a ç ã o de novos ó r g ã o s : nas de orga-<br />
nisaçao superior, ao cabo d ' u m certo tempo, surgem ap-<br />
parelhos especiaes, ordinariamente coloridos, destinados<br />
á reproducção, que se c h a m a m flores.<br />
Os órgãos de reproducção, que as tlores encerram,<br />
são os estantes e os car pellos.<br />
Se estes órgãos se acham reunidos na mesma tlor,<br />
chama-se-lhe h e r m a p h r o d i t a ; no caso contrario, diz-se<br />
a ílor n a isentada.<br />
Dá-se o nome de ia florescência á disposição cias 11o-<br />
res sobre o caule.<br />
Algumas vezes, mas raras, as llores estão immcdia-<br />
tamente applicadas e como que colladas n u m eixo: di<br />
zem-se então sesseis ou rentes.
FLOR<br />
Matis f r e q ü e n t e s vezes, t è m c o m o supporte u m corpo<br />
mais ou menos allongado que se chama p e d u n e u l o , di<br />
zendo-se as flores pedit n a d a d a s .<br />
O pedunculo, e m vez de ser simples, pode dividir-se<br />
em. eixos s e c u n d á r i o s , terciarios, etc, (pe-<br />
dicellos). Se d á i n s e r ç ã o a muitas flores, di<br />
lata-se e tem o n o m e de receptaculo.<br />
Ha inflorescencias nnifloraes, isto é, e m<br />
que as flores que as constituem são solitárias;<br />
outras são bifloraes, trifloraes. multifloraes.<br />
As inflorescencias multifloraes são divi<br />
didas e m i n d e f i n i d a s , d e f i n i d a s e m i x t a s .<br />
58. I n f l o r e s c e n c i a s u n i i l o r a e s . As<br />
llores solitárias p o d e m occupar a extremi<br />
dade superior d ' u m caule ou d ' u m r a m ò o u<br />
estar collocadas na axilla d'uma folha ou<br />
d ' u m ramo.<br />
No primeiro caso a iuflorescencia, a l é m<br />
de imi/loral,ê t e r m i n a l ; no s e g u n d o , é axillar.<br />
E x e m p l o de inílorescencia terminal temol-o<br />
na Tulipa; de inílorescencia axillar na Violeta.<br />
59. I n f l o r e s c e n c i a s m u l t i f l o r a e s<br />
i n d e f i n i d a s . Pertencem a este grupo a es<br />
p i g a , a espadice, o a m e n l i l h o , o capitulo, o<br />
cacho, o c o r g m b o e a u m h e l l a .<br />
A espiga apresenta u m eixo c o m m u m<br />
único, n ã o articulado n e m carnoso, e m (pie estão cclladas<br />
as flores, inseridas lateralmente cada u m a na axilla d'uma<br />
bractea. Tal é o que succede na Verbena ofíicinal (fig. 46).<br />
14<br />
4 r<br />
8 9<br />
Fig. 46-Verbena<br />
officinal-<br />
Espiga."
90<br />
BOTÂNICA<br />
O amentilho c uma espiga formada de flores unise-<br />
ir l g. 47-Amíeiro. 0<br />
xuadas, cujo eixo esta articulado de ma<br />
neira que se destaca facilmente (fig. 47).<br />
E á família das Amentaceas que mais<br />
particularmente pertence esta forma d'in-<br />
florescencia.<br />
A espadicc (fig. i8) é uma espécie<br />
d'espiga d'eixo carnoso cujas flores uni-<br />
sexuadas, e muitas vezes eslerejs, são en<br />
volvidas por u m a grande bractea (espa<br />
lha), ás vezes colorida. Pertence esta in<br />
ílorescencia á família das Aroidaceas.<br />
^ P ü<br />
'<br />
f l<br />
° (üg- Pde ser conside-<br />
Amentuho. P a ( j 0 c o m o u m a espiga cujo eixo é dilatado<br />
e globuloso, (receptando) e envolvido pelas bracteas que<br />
Fig 48 — Espadicc da Calla. Fig. 49 — Alcacbofra : capitulo.<br />
f o r m a m u m invólucro ás Mores sesseis. Tal é a inflores-
FLOR m<br />
cencia da Alcaehofra, e das outras plantas pertencentes<br />
á família das Compostas.<br />
O cacho (fig. 50) é uma espiga cujas flores, em vez<br />
Fig. 50 — Cacho da líeseda de cheiro.<br />
de serem sesseis, s ã o supporladas cada u m a por u m
92<br />
eixo secundário ou pe.diccllo. Ha cachos simples e cachos<br />
compostos: alguns mesmo sào terminados por umallor.<br />
Esta inílorescencia encontra-se n'algumas Cruciferas, etc.<br />
O c o n j m b o (fig. 51) é u m a espécie de cacho cujos<br />
eixos secundários partem de dillerentes alturas do eixo<br />
principal, mas vão terminar todos a u m mesmo ntvel,<br />
formando uma superlicie horisontal. Encontra-se no Sa-<br />
hugueiro, no Azereiro, etc.<br />
Fig. 51 — Corymbo de peduneulos Fig. 52 - Cerefolio: uiubella<br />
deseguaes do Azereiro. composta.<br />
A umbella (üg. 52) é uma espécie de Gorymbo cu<br />
jos eixos partem da mesma altura, e são eguaes em<br />
dimensões. As IIores podem estar collocadas na axilla<br />
d'uma bractea, mas ás vezes faltam estes órgãos. Quando<br />
existem, f o r m a m e m torno dos eixos secundários uma<br />
espécie de collar que se chama invólucro.<br />
Esta f ô r m a d'inílorescencia pertence á família das
FLOR<br />
Urabelliferas, de que é exemplo a S a l s á ; mas ahi, a u m -<br />
bella é ordinariamente composta, quer dizer, Os eixos<br />
, . . v li ; */v v i / o<br />
s e c u n d á r i o s t e r m i n a m por umbellas mats-pt^-rèiras, o u<br />
u m b e l l u l a s , cercada cada u m a por u m pequeno invólu<br />
cro chamado involucello.<br />
Fig. 53 — Cimeira da Centaurea<br />
menor.<br />
93<br />
Fig. õi — Leucoium- Cimeira<br />
unipara.<br />
00. I n f l o r e s c e n c i a s m u l t i f l o r a e s d e f i n i d a s . As<br />
inflorescencias definidas c o m p r e h e n d e m apenas as c i m e i -<br />
ras, nas quaes o eixo p r i m á r i o e os s e c u n d á r i o s t e r m i <br />
n a m cada u m por u m a flor.<br />
A cimeira p ô d e ser b i p a r a o u unipara._ No p r i m e i r o<br />
caso, (fig. 53) encontram-se por baixo da ílor que p r i -
94<br />
BOTÂNICA<br />
meiro desabrochou e que termina o eixo principal, duas<br />
folhas ou bracteas oppostas, da axilla de cada uma das<br />
quaes parte u m eixo secundário terminado por uma flor.<br />
É isto o que succecle na Esteva, etc.<br />
No segundo, (fig. 54) o eixo primário que termina<br />
por u m a flor, apresenta u m a bractea da axilla da qual<br />
parte u m eixo secundário que termina t a m b é m por uma<br />
Fig. 55 — PivUtrim. Inílorescencia mixta : corymbo de cimeiras.<br />
' •"..•> :<br />
flor e assim sueeessivamente. E esta a intloresccncia da<br />
Borragem, etc.<br />
01. Inflorescencias mistas. A inílorescencia é<br />
mixta quando se acham reunidas algumas f ô r m a s de iu-<br />
iloresecneia n'uma mesma planta. Assim, por exemplo,<br />
u m corymbo formado de cimeiras (fig. 55) etc.<br />
:•
FLOR<br />
Q U A D R O D A S I N F L O R E S C E N C I A S<br />
Uma só flor \Na extremidade do caule — Inflor. unifloral terminal-<br />
{Infloresc. uniflora.es) |Na axilla das folhas —Inflor- unifloral axillar.<br />
as «<br />
I<br />
Eixo não articulado nem carnoso...<br />
} Eixo articulado : flores sesseis<br />
Espiga.<br />
Amentilho.<br />
§<br />
o to<br />
l 0 3 \s: « J Eixo carnoso: envolvido por espatha Espadicc.<br />
o 1 cS 1 ' Eixo desenvolvido: r receptaculo) .... Capitulo.<br />
u ^ H - c/3<br />
O V 1 E o<br />
I -<br />
(Espiga de flores pedieelladas Cacho.<br />
S *• ws —E I 1 Cacho tendo pedicel. á mesma altura Corymbo.<br />
T3 -2 \-S«ê*S §^1 Corymbo dè pedicellos eguaes par<br />
to ~<br />
*5<br />
tindo do mesmo ponto Umbclla.<br />
, x o<br />
£ I - terminado ( u m<br />
ã f n'uma flor (In-i_ .<br />
ramo inferiormente a<br />
. . > *<br />
flor...... Cimeira<br />
•<br />
unipara.<br />
D o i a<br />
1 flor. definidas)'<br />
r a m o s<br />
interiormente a flor.... Cimeira bipara.<br />
Inflorescencias mixtas.<br />
62. A flor: partes constituintes. Se tomarmos<br />
uni goivo, vemos que cada flor se acha presa á planta<br />
pelo p e d u n c a l ó .<br />
Na base da llor, vemos primeiro quatro l â m i n a s ver<br />
des, similhantes ás folhas, mas mais pequenas. D á - s e -<br />
lhes o nome de sepalas, e á sua r e u n i ã o o de calix.<br />
Tirando as sepalas, vemos que c o b r e m quatro l â m i <br />
nas maiores, cheirosas e de tecido mais delicado, diver<br />
samente coradas, que se c h a m a m pétalas e cuja r e u n i ã o<br />
tem o n o m e de corolla (fig. 56 e 57).<br />
Se tirarmos ainda a corolla, vemos por dentro u m<br />
certo n u m e r o de filamentos, que 110 sen t o p o apresen<br />
tam u m a dilatação: s à o os estames, cuja r e u n i ã o cons<br />
titue o a n d r o c m . Finalmente, no centro da flor, e conv><br />
tinuando o pedunculo, encontra-se u m corpo arredon<br />
dado, rematado por u m tubo cylindrico, cpie é o píslillo,<br />
95
96 BOTÂNICA<br />
o qual a seu turno ó composto de peças chamadas car-<br />
pellos.<br />
U m a flor, quando completa, compõe-se, portanto,<br />
de quatro partes que são, indo de fora para dentro, o<br />
a d i r , a corolla, os estornes e o pislilfo.<br />
X reunião das sepalas, das pétalas, etc, dá-se o<br />
nome de verticiiios da flor, e as peças que os constituem<br />
apresentam freqüentes vezes disposição alternada, cor<br />
respondendo, por exemplo, as pétalas ao intervallo das<br />
Fig. 56 - Flor do Goivo. Fig. 57 Pétala do Goivo.<br />
sepalas, etc. Ha, porém, numerosas exeepções a esta<br />
disposição.<br />
O numero das peças de cada verticilio é variável.<br />
Nas Dicotyledoneas, este numero é dois ou cinco ou múl<br />
tiplo d'estes algarismos, e a flor diz-se então dimera ou<br />
p e n t a m e r a ; nas Monocotyledoneas, e tres ou múltiplo de<br />
tres, e a flor diz-se trimcra.<br />
63. Flores incompletas. As flores não são sem<br />
pre compostas de todas asVpartes que mencionamos.<br />
Examinando as flores do Salgueiro ou da Betula,
FLOR 97<br />
vemos que algumas só contem os estames e outras o<br />
pistillo. S ã o tlores incompletas de duas e s p é c i e s : ílores<br />
d'estames e ilores de pistillo.<br />
O Carvalho, a Betula, (üg. 58) etc, t è m duas e s p é <br />
cies de Ilores no m e s m o i n d i v í d u o ; dá-se-lhes o n o m e de<br />
plantas m o n o i c a s .<br />
O Salgueiro, o Canhamo, etc, só t è m u m a espécie<br />
de Ilores no m e s m o indivíduo, e existem e n t ã o i n d i v í d u o s<br />
só c o m ílores de estames, e i n d i v í d u o s só c o m tlores de<br />
pistillo. Dá-se a estas plantas o n o m e de dioicas.<br />
Fig. 58 — Flores de Betula. Um grupo de flores de estames<br />
e uma flor isolada.<br />
As ílores de estames e pistillo reunidos tèm ordi<br />
nariamente as duas espécies de invólucros — calix e co<br />
rolla. Já n ã o succede o m e s m o , por exemplo, na flor do<br />
Jacintho, e m que ha apenas u m i n v ó l u c r o formado pela<br />
corolla e calix reunidos: d á - s e a este i n v ó l u c r o o n o m e<br />
de p e r i a n t h o . As Ilores do Salgueiro e do Choupo n ã o<br />
t è m i n v ó l u c r o e m torno dos estames o u do pistillo: cha-<br />
ma-se-lhes a pela Ias.<br />
64. Calix. O calix é o invólucro externo da tlòr.<br />
As p e ç a s que o constituem, ou sepalas, p ó d e n i es-<br />
7
98<br />
BOTÂNICA<br />
tar separadas ninas das outras, como ho Goivo, e o ca<br />
lix -recebe o nome de d y a l y s e p a l o ou polysepalo, ou es<br />
tar reunidas, e o calix chama-se gamosepálo ou m o n w -<br />
palo.<br />
Ha ílores em que o calix falta (fig. 59 e 60) e que<br />
se chamam aseyulas.<br />
O n u m e r o das sepalas varia muito d'uma .flor para<br />
Fig. 59 — Carão tia isca.<br />
Fior asepala.<br />
Kig. 60 — Suiva dos tintureit<br />
os. Flor asepala.<br />
outra. Ha as que t è m uma sepala e duas. Mais c o m m u m -<br />
mente, apresentam tres, quatro ou cinco, podendo mesmo<br />
ser este numero superior.<br />
As sepalas são, ou simílhantes umas ás outras, ou<br />
dissimilhantes: no primeiro caso, o calix è regular; n o<br />
segundo, irregular<br />
Algumas formas de calix gamosepalo regular tèm
nomes espeeiaes: o f f l i n d r i c o ; c a m p a a u l u d o , q u a n d ò e m<br />
forma de sino; t u r b i n a d o , quando e m turma de peru;<br />
vesiculoso, prismático, auguloso.<br />
Quanto á d u r a r ã o , o calix pode ser caduco, se çáe<br />
pouco tempo depois de desabrochar; e persistente n o<br />
caso contrario.<br />
Quapto á côr, o calix é ordinariamente verde, apre-<br />
sentamto estructura a n á l o g a á das folhas. Algumas ve-<br />
zes, porem, apresenta cores variadas, como no L y r i o ;<br />
diz-se e n t ã o pelaloide.<br />
05. C o r o l l a . A corolla c o invólucro interno da<br />
llor. K formada por foliolos geralmente coloridos, m e m -<br />
branosos, delicados, que se c h a m a m pé<br />
talas (fig. 01). As Ilores (pie as tem cha- ^<br />
mam-se p e t a l a d a s ; aquellas em' que fal<br />
tam chamam-se apetalas.<br />
As pétalas, quando completas, com<br />
p õ e m - s e de duas partes: u m a expandida,<br />
chamada l i m b o ou l a m i n a , e outra es-<br />
treita chamada u n h a . Quando esta falta,<br />
a pétala diè-se sessil.<br />
Da m e s m a f o r m a que as sepalas,<br />
podem as pétalas estar livres ou unidas<br />
entre si; no primeiro caso, a corolla é<br />
F i g<br />
* 6 1<br />
~ U m a<br />
? e t a r<br />
*-<br />
diali/petala ou p o l y p e t a l a ; no segundo, g a m o p e t a l a o u<br />
monopetala. ~ ,<br />
O n u m e r o das pétalas é m u i t o v a r i á v e l ; algumas<br />
corollas t è m apenas u m a o u duas; mais c o m m u m m e n t e r<br />
apresentam tres, quatro, cinco ou até mais.<br />
As pétalas p o d e m ser s i m i l h á n l e s umas ás outras^
BOTÂNICA<br />
Algumas formas de corolIas receberam nomes espe<br />
eiaes. Das corollas dialypetalas regulares, chamam-se:<br />
rosacea a que é formada por cinco pétalas, d'unha muito<br />
curta, como na Agrimonia (iig. 62); cruciforme a que<br />
é constituída por quatro pétalas d'unhas allongaclas, in<br />
clinadas sobre o limbo, como na Gouve; ou no Goivo<br />
(lig. 03); cravinosa, a que é formada por cinco péta<br />
las, cujo limbo está disposto como na rosacea, mas<br />
cujas unhas allongadas e perpendiculares ao limbo es<br />
Fig: 62 —Agrimonin : Corolla rosacea Fig. 63 — Goivo : corolla çrueiforine.. -<br />
tão encerradas no tubo do calix: tal é o que suecede no<br />
Gravo.<br />
Das corollas gamopolalas regulares, dá-se o nome<br />
de: fabulosa, á (pie c cylindrica, ou (piasi cyTmdrica,<br />
n ã o só no tubo da base, mas ainda no limbo que é di<br />
latado, como suecede no Girasot (fig. O í ) : r a m p a n u fada<br />
á que lem a forma (Tuma campanula, dilatando-se regu<br />
larmente desde a base, como se vè nas Gampainhas e<br />
na A b ó b o r a ; a f u n i l a d a a (pie tem a f ô r m a d r<br />
um funil,<br />
tubulosa ou não inferiormente, como suecede na,Cor-
FLOR 401<br />
riolla (fig. 05), etc.; a s a l r e a d a (fig. 06) a que tem u m<br />
tubo cylindrico, bruscamente dilatado no cimo, e m fôr<br />
m a de taça, como no J a s m i m e no Lilaz (fig. 66) ; ro<br />
d a d a , a que tem u m tubo m u i t o curto, e o limbo dila-<br />
lado e m fôrma de roda, c o m o se observa na B o r r a r e m ;<br />
Fig*. G4 — Gira sol. Corolla Fig. 65— Corriola. Corolla Fig. 66—Lilaz. Corolla<br />
tubulosa- afunilada. asalveada.<br />
g o m i l o s a , a que se alarga e m fôrma (Puma estreitada na<br />
parle superior, c o m o na Urze.<br />
Das corollas irregulares polypelalas d á - s e o n o m e<br />
de p a p i l m m m e a á (pie e formada por cinco pétalas, u m a<br />
das quaes, a superior e bastante larga, se chama estan<br />
darte ;/AS duas lateraes se c h a m a m a z a s . e as duas i n -
\ 0 2 BOTÂNICA<br />
fcriores f o r m a m pela sua reunião a navela ]<br />
(í\g. 67). À<br />
corolla ])apilionaceá observa-se no Feijão, na Ervilha, etc.<br />
Das corollas gamopelalas irregulares, cbama-so per-<br />
Fig. 07 — Corolla papilionacea : E estandarte ; A azas ; c naveta.<br />
l j<br />
'ig. tiÜ-Papào. Corolla personada Fig. ü (<br />
J — Salva . Corolla bilabiada.<br />
sanada ou muscarina (tig, 68) a que representa a fôrma<br />
tio ibeinho tl\um animal, como na llerva bezerra ;<br />
hindu á que lenr u m tubo miais ou menos longo dilatado<br />
e m dois lábios desoguaes, como na Salva (tig. 60) ; Hgi^;
FLOR<br />
103<br />
losa, aquella cujo tubo se dilata n ' u m l i m b o tendido ao<br />
c o m p r i d o e l a n ç a d o para traz, c o m o se observa no T a -<br />
raxaco o u Dente de leão.<br />
Pelo que diz respeito á d u r a ç ã o , ha corollas que v i <br />
v e m m u i t o pouco tempo, assim c o m o as ha que p o d e m<br />
persistir.<br />
As cores das pétalas são variadissimas e por vezes<br />
muito vivas.<br />
tíb\ Androceu. Chama-se mutmeu a reunião dos<br />
estames.<br />
Cada."estame c o m p õ e - s e essencialmente d ' u m sacco<br />
chamado aníhertt que contem o pollen ou pó fecun<br />
da u te. ,<br />
A anthera p ô d e ser supportada por u m corpo allon-<br />
gado chamado fllete; quando este falta, diz-se (pie a an<br />
thera é sessil.<br />
A a n t h e m vé. ordinariamente allongada no sentido<br />
vertical ou transversal, mas p ô d e ser globulosa. P ô d e ter<br />
u m a cavidade única e m que está encerrado o pollen, e<br />
diz-se e n t ã o n n i l o c u l a r ; mas é mais f r e q ü e n t e s vezes<br />
formada por dois compartimentos encostados, reunidos<br />
Cntre si por u m pequeno corpo de f ô r m a m u i t o variável<br />
chamado eonueclivo. Diz-se e n t ã o a anthera b i i o m U i r .<br />
Mais excepcionalmente, p ô d e ser maior o n u m e r o de<br />
compartimentos.<br />
A anthera abre-se ordinariamente por u m a lenda<br />
longitudinal situada no lado opposto ao da, i n s e r ç ã o do<br />
tilete. Se essa tenda está voltada para o interior da flor,<br />
a anthera é i n f r o r s a ; se está voltada para o exterior,<br />
diz-se e r l r o r m ; n'alguns casos, o m o d o c o m o o tilete se
104<br />
BOTÂNICA<br />
insere no conneclivo permitte á anthera voltar-se para<br />
fora ou para dentro e tem então o nome de versátil<br />
Clig. 70).<br />
Outras antheras abrem-se por orifícios situados no<br />
vértice ou na base do compartimento, como se observa<br />
na Urze e na Batata (tig. 71); ou ainda por espécies<br />
de válvulas q u è se abrem lateralmente, como suecede<br />
nas Laurineas (fig. 72).<br />
Fig 70 — AmaryUis<br />
anthera versátil-<br />
() pollen è formado por granulos muito finos, de<br />
cor variável, as mais das vezes amarellos, e de fôrmas<br />
egual mente muito variáveis (esphericos, ellypsoides, cú<br />
bicos, etc).<br />
Fig. 71 — Batata. Anthera<br />
abrindo-se por meio d'orifícios<br />
do vértice.<br />
Fig. 72 — Berbens-<br />
Anthera que se<br />
abre por válvulas<br />
lateraes.<br />
Cada u m dos granulos de pollen é u m a cellula, tendo<br />
ordinariamente duas membranas: u m a interna, muito<br />
elástica, a que se chama i atina, e outra externa e inex-<br />
tensivel, a que se dá o nomeVle extina. A superfície cVesta
FLOR 105<br />
p ô d e ser raiada, armeilada, facetada ou lisa, ou carre<br />
gada de papillas e até de a c i ü e o s (fig. 73-78).<br />
Fig. 73-8 — Grãos de pollen : á direita, um tubo pollinico.<br />
i<br />
N^ilgumas plantas, os granulos de pollen ficam adhe-<br />
rentes por meio d'uma substancia elástica (pie se p ô d e<br />
distender c o m ligeira traccao. As mas-<br />
sns assim formadas chamam-se poíli-<br />
n i d i a s (fig. 79).<br />
Aberta a anthera, o pollen sae<br />
para o exterior, e, se encontra con<br />
dições favoráveis de temperatura e<br />
humidade, desenvolve-se, g e r m i n a e m<br />
p r e s e n ç a do oxygenio do ar. Absorve<br />
agua e entumesce, e a i n t i n a , de<br />
baixo (Festa influencia, alonga-se, passa<br />
atra vez dos poros ou aberturas da<br />
Fig. 79- Herva contraveneno.<br />
Follinidias.<br />
exina e constitue assim u m tubo que se chama tubo<br />
pollinico e é muito maior do que o granido que o pro-
106<br />
BOTÂNICA<br />
duziii. A cellula polünica allongada é a cellula.masculina<br />
de fecundação.<br />
O fdete é o supporte da anthera. T e m ordinaria<br />
mente a forma d'um filamento cylindrico ou ligeiramente<br />
adelgaeado desde a base até ao vértice. Algumas vezes,<br />
é largo e similhante ás pétalas, com as quaes tem grande<br />
analogia morphologica. K effectivamente c o m m u m trans<br />
formarem-se os íiletes das .Idosas, Cravos, ele, em pé<br />
talas.<br />
Fig. 80 — Malva. Estames Fig. BI — Mil furada. Estames<br />
monadelphos. triadelphos.<br />
(Js estames sào muitas vezes livres em toda a sua<br />
extensão, mas podem unir-se pelos tiletes. Ha então<br />
(ulelphiü.<br />
Se os íiletes se r e ú n e m n ' u m só feixe, ha monadel-<br />
phia, como suecede na Malva (íig. 80); se se unem em<br />
dois, diudelpkiit, como na Polygala, na Fumaria etc ;<br />
se f o r m a m Ires ou mais, dá-se a polyudelphiu, como na<br />
Milfurada, (íig, 81) ele.
FLOR<br />
107<br />
Os estames p o d e m t a m b é m unir-se pelas anlberas;<br />
a essa r e u n i ã o dá-se o nome de syngenesia. Podem egual-<br />
mente estar colhidos ao estylete; e as plantas que apre<br />
sentam esta disposição f o r m a m u m a classe que L i n n e u<br />
designou c o m o nome de G y u a o t l r i n .<br />
O n u m e r o d'estames ( f u m a flor é muito variável.<br />
Assim a Valeriana apresenta apenas u m estame, ao passo<br />
que a Papoula pode ter algumas centenas.<br />
As d i m e n s õ e s relativas t a m b é m são variáveis. As<br />
Labiadas apresentam quatro estamos, dois maiores e dois<br />
mais pequenos, ao que se chama d i d y n o m i a ; e as Gru-<br />
ciferas tem seis, dois dos quaes mais curtos, ao que se<br />
d á o nome de telradyoooiio.<br />
Quantq á sua inserção e m relação ao ovaricf, os es<br />
tames são h y p o g i n o s , pen',yiw>s'ou epigioos, conforme se<br />
inserem por baixo, e m torno ou por cima d'elle.<br />
07 Gyneceu. Chama-se gyneceu ou pistillo á re<br />
união dos carpellos, isto e, ao quarto verlicillio da flor.<br />
A parle essencial do carpello è u m a cavidade, e m<br />
que estão encerrados os óvulos, que mais tarde d a r ã o<br />
as sementes, e que se chama õvnrio (íig. 82, o) sobre<br />
i,<br />
elle assenta u m corpo a I longa do, que é u m prolonga-<br />
mento filitorine do vértice do ova ri o, e (pie se chama es<br />
tylete (fig. 82, s t g ) ; e finalmente o estylete termina por<br />
u m corpo glandular, que se chama e s t y g m n (fig. 82, stig).<br />
O pistillo é formado^ pela m o d i f i c a r ã o de folhas,<br />
que se soldam nos bordos e se c h a m a m carpellares:<br />
pode ser s i m p l e s ou composto.<br />
Assim, por exemplo, na Ervilha ou no Feijão, o pis-<br />
lillo é f o r m a d o apenas por u m a folha carpellar J<br />
e, por-
108<br />
BOTÂNICA<br />
tanto, si w pies. Na Violeta, ou na Papoula, é constituído<br />
Fig. 82 — Gyneceu.<br />
Sty est-y-'<br />
lete ; stig estigma<br />
; o ovario.<br />
por mais do que uma folha carpellar, e<br />
compete-lhe o nome de composto. Quando<br />
dois ou mais carpellos estão approximados<br />
para constituírem o gyneeeu, podem uào<br />
eontrahir" adherencia, ou unir-se por al<br />
guma das suas parles. Algumas vezes é<br />
pelos estyletes, como suecede no Loendro,<br />
mas mais f r e q ü e n t e m e n t e é pelos ovarios.<br />
N'este caso, os estyletes ficam independen<br />
tes ou unidos total ou parcialmente.<br />
O estr/gma (íig. 82, stig) é u m corpo<br />
glandular (pie termina o estylete ou as-<br />
senta directamente sobre o ovario quando<br />
este falta. P ô d e ser simples, ou formado<br />
pela reunião dos estygmas de vários car<br />
pellos.<br />
A sua f ô r m a é extremamente variáveli<br />
globular, achatada, em f ô r m a de helice,<br />
etc. Seja p o r é m qual for essa f ô r m a , a superfície é ir<br />
regular e glandulosa, e coberta d 1<br />
viscoso.<br />
u m indueto levemente<br />
O estylete (íig. 82, sty) f é u m corpo mais ou me<br />
nos allongado que tica superior ao ovario. Pôde faltar<br />
e diz-se então o estvgma sèssil.<br />
Se o pistillo é simples, t a m b é m o estylete o é; mas,.<br />
quando o pistillo é composto, existem tantos estyletes<br />
como carpellos, podendo estar todos livres, soldados in<br />
completamente, ou totalmente reunidos.<br />
O ovario (lig. 82, o) é uma espécie de" sacco desti<br />
nado a alojar os óvulos.
FLOR 109<br />
Pode ser s i m p l e s ou composto, conforme o n u m e r o<br />
de folhas carpellares que entram na sua f o r m a ç ã o .<br />
Quando simples, tem apenas u m a cavidade e m que<br />
estão os ó v u l o s e diz-se u n i locutor mas, se se reuni<br />
r e m dois carpellos pelos ovarios, ficando intactas as pa<br />
redes de ambos elles, forma-se u m ovario de dois c o m <br />
partimentos: diz-se e n t ã o bilocuíar Do mesmo m o d o ,<br />
se tres, quatro, cinco ou mais carpellos se r e ú n e m nas<br />
mesmas c o n d i ç õ e s , o ovario recebe o n o m e de Irilocu-<br />
lar, q u a d r i l o c u l a r , q u i n q u e l o c u l a r . pluriloculor.<br />
Pode t a m b é m succeder que, reunindo-se vários car<br />
pellos n u m só corpo, d e s a p p a r e ç a m as paredes de se<br />
p a r a ç ã o , de m o d o que o ovario tenha apenas u m a cavi<br />
dade, apesar de formado por vários carpellos.<br />
A posição do ovario e m relação aos outros ó r g ã o s<br />
da flor ó variável: Assim, p ô d e estar livre no fundo da<br />
ílor, inserindo-se os estames por baixo d'eí)e, e diz-se<br />
entãor s u p e r i o r , recebendo os estames o n o m e de hypo-<br />
ginos; outras ve^es, acha-se mais ou menos soldado ao<br />
calix, quando os estames se inserem sobre ou e m torno<br />
d'elle, e recebe o n o m e de inferior, chamando-se os es^<br />
tames epigynos ou perigynos.<br />
Dentro da cavidade do ovario Encontram-se os óvu<br />
los. Estes acham-se tixos a u m a superfície mais ou me<br />
nos saliente que se chama p l a c a d a ; esta fixação p ô d e<br />
fazer-se directamente, e dizem-se então sesseis, mas or<br />
dinariamente acham-se presos, por meio d ' u m c o r d ã o<br />
alongado o u f u n i c u l o . A maneira como se acham distri<br />
b u í d a s as placentas chama-se placeatação.<br />
As placentas p o d e m occupar a parte interna das pa<br />
redes periphericas do ovario, e diz-se n este caso que a
110<br />
BOTÂNICA<br />
^ placentação é parietal, como se dá na Papoula, eíc.<br />
Mais freqüentes vezes, p o r é m , as placentas occupam a<br />
superfície dos septos de separação, como nas Solanaceas,<br />
ou os ângulos formados entre estes, como nos Geramos:<br />
diz-se então que a placentação e ariul. Algumas vezes o<br />
ovuio está inserido no fundo do ovario, ao que chama<br />
placentação basillar.<br />
Finalmente, os óvulos podem estar inseridos n'uma<br />
coiumna que se erga no centro do ovarip, como no Pão<br />
e queijo, e então diz-se a placentação central.<br />
08. Óvulo. Os óvulos são rudimentos de sementes.<br />
Consistem i f u m a massa arredondada de parenchyma, sem<br />
dilferenciaeão, chamada nucella. No centro da nucella<br />
existe uma grande cellula que constitue o sacco embryo-<br />
nario dentro do qual se desenvolvem ulteriormente ou<br />
tras cellulas, uma das quaes constitue a oosphèra, e é<br />
a cellula feminina de r e p r o d u c ç ã o .<br />
Quando se arranca o óvulo da placenta, vé-se no<br />
seu ponto d'inserção u m a eicatriz que se chama hilo.<br />
N ' u m óvulo h o m o g ê n e o , a extremidade.do e m b r y ã o op-<br />
posta ao hilo apresenta u m pequeno orifício destinado á<br />
passagem do tubo pollinico, e chamado nricropylo. Ao<br />
nível do micropylo, observa-se muitas vezes uma de<br />
pressão rodeada por u m rebordo. Este rebordo é o atlo-<br />
ramento, ao nível do micropylo, do invólucro ou tegth\<br />
mento da nucella.<br />
Quasi sempre este invólucro é formado por duas túni<br />
cas: uma externa — a p r i m i n a , e outra interna — a secun-<br />
dinu. Estes invólucros só adherem entre si e á nucella pof<br />
u m ponto, opposto ao micropylo e chamado chalazio.
FLOR 1íI<br />
i<br />
Os ó v u l o s prendem-se por meio d ' u m pequeno cor<br />
d ã o chamado f m k u l o . Este por vezes n ã o é visível : di<br />
zem-se e n t ã o os ó v u l o s sesseis.<br />
0 micropylo está no vértice de todos os ó v u l o s mos<br />
primeiros tempos da sua existência; e esta. disposição<br />
Fig. 83 — Óvulo orthotropico. Estados successivos de desenvolvimento;<br />
n nucella; s secundina; p primina ; ch chalazio-<br />
conserva-se e m muitos cFelles quf\ se c h a m a m rcctos ou<br />
ortholrqpicos, c o m o na Ortiga.<br />
Na maior parte dos casos, e m virtude d ' u m desen<br />
volvimento desigual, a situação do micropylo muda.<br />
Fig. 84—Óvulo campylotropico; á Fig. 85-Ovulo anatropico ; á esesquerda<br />
o hilo e o micropylo. querda o raphe.<br />
Crescendo só um dos lados do óvulo, o micropylo íica<br />
p r ó x i m o do hilo e chama-se o ó v u l o recorro ou c a m p y <br />
lotropico (íig. 84), c o m o é o das Cruciferas.<br />
Outras vezes o eixo da nucella conserva-se rectili-
1 J°2 BOTÂNICA<br />
neo, e todavia o micropylo fica p r ó x i m o do hilo em vir<br />
tude d'uma desigualdade de crescimento, que produz um<br />
reviramento da nucella. Ao longo do óvulo forma-se en<br />
tão uma espécie de c o r d ã o vascular que se chama raphe,<br />
e vae das paredes do ovario ao chalazio. É o óvulo re<br />
virado ou analropico (íig. 85). Tal é o que suecede na<br />
Nogueira, etc. Os óvulos estão encerrados na cavidade<br />
Fig. 8G-87 - Peonia. Disco formando um saccopetaloide.<br />
do ovario (Angiospermicas) ou ficam a descoberto (Gym<br />
nospermicas).<br />
69. Disco. Nectarios. O disco é uma protuberan-<br />
cia annular que circunda o ovario d'algumas flores.<br />
(fig. 86-87). Dimensões, consistência e côr variam mui<br />
tíssimo.<br />
São diversas as suas f u n c ç õ e s ; geralmente espesso<br />
e carnoso, segrega u m liquido doce chamado nectar que<br />
4
FLOR 113<br />
attráe os insectos. Por isso foi eomprehendido na cathe-<br />
goria dos ó r g ã o s que se c h a m a m nectarios.<br />
Ha, todavia, muitos outros nectarios glandulosos<br />
que pertencem, n ã o ao eixo, mas aos appendices íloraes.<br />
As sepalas, as pétalas (íig. 88), os estames abortados<br />
t è m muitas vezes, no fundo de ca<br />
vidades, ó r g ã o s glandulosos que se-<br />
gregam o nectar. Os Rainunculos,<br />
etc. t è m na base das peças do seu<br />
periantho u m a fosseta interna ta<br />
petada de tecido glandular. Os es<br />
tames das Laurineas s ã o m u i t a vez<br />
acompanhados de g l â n d u l a s late-<br />
raes secretoras do nectar. E m m u i <br />
tas Monocotyledoneas, este liquido<br />
é segregado por g l â n d u l a s septaes,<br />
assim chamadas porque estão si<br />
tuadas na espessura dos septos do<br />
ovario. 0 nectar vae d'ahi para o<br />
interior da ílor onde os insectos o<br />
sugam. 0 estygma pode algumas<br />
vezes ser assimelhado a u m nectario.<br />
E'ig. 88-Rainunculo-. Pétala<br />
com fosseta nectariíera-<br />
70. P a p e l d a flor: f e c u n d a ç ã o . Examinando u m<br />
Goivo na oceasião e m que vae florir, vemos que nas<br />
ílores e m b o t ã o c o m e ç a m as p e ç a s do calix e da co<br />
rolla a aífastar-se, apparecendo depois os estames e car<br />
pellos.<br />
Está aberta a f l o r ; mas dentro e m pouco o calix e<br />
a corolla m u r c h a m ; c á e m os estames; e fica apenas o<br />
pistillo. Este n ã o conserva o aspecto que tinha na flor ^<br />
8
114<br />
BOTÂNICA<br />
alonga-se, dilata-se e toma o nome de fructo (íig. 89).<br />
Terminando o crescimento, sécca t a m b é m e fende-se ao<br />
comprido, deixando cair as sementes, que se formaram<br />
á custa dos óvulos.<br />
Portanto, a flor do Goivo é destinada á formação do<br />
fructo: I o ovario que f ô r m a o fructo, e são os óvulos<br />
que f o r m a m as sementes.<br />
v Infere-se d'aqui que o pistillo é in-<br />
' dispensável para a f o r m a ç ã o do fructo;<br />
resta saber se basta para o formar.<br />
Se, na occasião e m que os Goivos<br />
vão desabrochar, cortarmos com thesou-<br />
ras finas, a uns o calix e a outros o calix<br />
*<br />
e a corolla, vemos que o fructo se forma<br />
nas mesmas condições que nas flores<br />
n ã o mutiladas. Portanto, calix e corolla<br />
n ã o são precisos para a formação do<br />
fructo.<br />
Se, n'outras flores, cortarmos, além<br />
do calix e da corolla, todos os estames,<br />
pig. so-Fructo do n ã o vemos m u d a n ç a alguma no*pistillo<br />
em^uas vXutas* das flores mutiladas, ao passo que nas<br />
v e m regularmente.<br />
que o não foram os fructos se desenvol<br />
Portanto, os estames são precisos para a formação<br />
do fructo. Androceu e gyneceu concorrem para a fecun<br />
dação. Os estames fornecem o pollen e os carpellos ou<br />
©vario o óvulo, existindo n'aquelle o protoplasma mas<br />
culino e n'este o feminino.<br />
O pollen cáe no estygma, cuja superfície irregular a<br />
r e t é m , fornecendo-lhe líquidos nutritivos. Á custa d'elles
FLOIl m<br />
e tio ar que respira, o granido de pollen desenvolve-se<br />
e produz u m longo tubo, chamado Uiho pollinico, ou<br />
cellula rnascnlina que, formado pela inlinn que passa<br />
atra vez das rupturas da erliiui, (66) desce atravez do es<br />
tylete, entra no ovario, penetra pelo micropylo do ó v u l o<br />
e chega ale ao sacco embryonario, pondo-se e m contado,<br />
c o m a oospheva, (68) o que constitue a f e c u n d a ç ã o . A<br />
ooyphertf fecundada constitue o ovo.<br />
Na ílor está tudo disposto para que esta f u n c ç ã o se<br />
possa dar. Nas ílores completas, t a m b é m chamadas hcr-<br />
n u t p h r o d i t n s por terem ó r g ã o s d'ambos os sexos, é fre<br />
q ü e n t e a f e c u n d a ç ã o do ó v u l o diurna flor pelo pollen da<br />
m e s m a flor. Quando os estames n ã o estão na m e s m a flor<br />
que o pistillo (flores n n i x e s u a d a s ) , ou n ã o estão na<br />
m e s m a planta, o pollen é transportado até ao estygma<br />
pelo vento, ou pelos insectos.<br />
A f e c u n d a ç ã o d'uma ílor pelo pollen da mesma ílor<br />
chama-se a u t o - f e c u n d n ç ã o ; quando esse phenomeno se<br />
d á á custa do pollen d^outra ílor, recebe o nome de fe<br />
c u n d a ç ã o c r u z a d a .<br />
A l é m do seu papel na f e c u n d a ç ã o , a ílor desempe<br />
nha as f u n c ç õ e s geraes da vegetação. G o m o os ó r g ã o s<br />
^ vegetativos, respira; transpira; chlorovaporisa e assi<br />
mila carboneo, quando t e m parenchymas verdes; é per<br />
corrida por correntes de seiva; e elabora productos de<br />
secreção.
116<br />
BOTÂNICA<br />
f E S I É 1 M O<br />
57. As tlores sào apparelhos destinados á reproducção üas<br />
'plantas. Os órgãos reproductores são os estames e os carpellos.<br />
:Se se acham reunidos na mesma llor, diz-se que esta é termo-.<br />
iphrodita: no caso contrario è uuisexuada.<br />
Chama-se inflorescência á disposição das tlores no caule.<br />
As flores estão inseridas no caule ou ramos por um corpo<br />
allongado chamado pedunculo. Quando falta, a ílor é w / 7 . Ha ín-<br />
florescencias unifloraes, bifloraes... multifloraes. Estas podem<br />
ser indefinidas, definidas e mixtas.<br />
axitlares,<br />
58. As intlorescencias unifloraes podem ser terminaes ou<br />
59. As inflorescencias indefinidas são a espiga, a espadicc,<br />
o amentilho, o capitulo, o cacho, o corymbo e a umbella.<br />
80. As inflorescencias definidas comprehendem apenas as<br />
cimeiras. Estas podem ser uni paras ou biparas.<br />
61. A inílorescencia é mixta quando se acham reunidas<br />
algumas turmas de inílorescencia u'uma mesma planta.<br />
0*2. A flor, quando completa, è composta de calix. corolla,<br />
estames e carpellos.<br />
63. Ha Ilores que só tèm estames ou só carpellos. Se se<br />
acham reunidas no mesmo indivíduo, chamam-se as plantas mo-<br />
noicas. Quando estão em indivíduos dilTerentes, as plantas sào<br />
dioicas.<br />
IValgumas Ilores, não é possível distinguir calix e corolla no<br />
invólucro floral. Chama-se então ao invólucro únicoperiantha. As<br />
ílores que não tèm invólucro chamam-se apetalas.<br />
64. O calix è o invólucro externo da llor. Pôde *evdiahi$e-<br />
palo ou gamosepalo conforme o numero das suas peças (sepalas).<br />
O numero das sepalas è variável. Conforme a simühança ou dis-<br />
similhanca d ellas, è regular ou irregular.<br />
O calix gamosepalo, quanto â forma, pode ser cglindrico,<br />
vampana/ado, turbinado, eesiculoso, prismático, angulam. Quanto<br />
á duração, è caduco ou persistente.<br />
65. A corolla è o invólucro interno da flor. É formado por
FLOR<br />
pétalas: o pôde ser diahipetala ou gamopetala. O numero de pela<br />
das é variável. Conforme a sua similhança ou dissimilhança, é re<br />
gular QM irregular.<br />
As corollas dial>pétalas regülares sHo as rosaceas, crucifor<br />
mes e cracinosus.<br />
As corollas gamopetalas regulares podem ser fabulosas, cam-<br />
paualadas, afuniladas, astdreadas e rodadas.<br />
lionacea.<br />
Das corollas irregulares polypetalas mereço menção a papi-<br />
Das corollas gamo|)etatas irregulares são notáveis as perso-<br />
nadas, as labiadas e as ligulosus.<br />
C>C). Chama-se androcen á reunião dVstamcs. Cada estamc<br />
eompòe-so de tres parles: anthera, pollen e /ilete.<br />
A anthera é uni ou hiloculur. Conforme o modo d'abertura.<br />
em relação á llor, chama-se inlrorsa, e.rlrorsá ou versátil.<br />
O pollen ó formado geralmente de granulos. Cada um dVllos<br />
ó uma cellula com duas membranas: intina o ertinu.<br />
O /ilete ó um filamento que sustenta a anthera. Quando os<br />
íiletes se reúnem, diz-se que ha adelphia. S" formam um só<br />
feixe, ha monadelphia : se dois, diadelphia\: se mais, potgadelphia.<br />
Quando os estames se reúnem pelas an th eras, dá-se a syngenesia.<br />
Se se reúnem os estames e os estyletes, ha gynundriu.<br />
W . Gyneceu ou pistillo ó a reunião de carpellos. Compóe-se<br />
cada um destes de tres parles: ovario, estglete e estjpjma.<br />
O pistillo pôde ser simples ou composto.<br />
O estggma é um corpo glandular, de forma irregular. Ter<br />
mina o estylete ou assenta directamente sobre o ovario.<br />
O estglete é um. corpo mais ou menos allongado. i<br />
que lica.<br />
superior ao ovario.<br />
O ovario é uma cavidade que encerra os óvulos que mais<br />
tarde formarão as sementes. Pode ser uni. bi, tri
118<br />
BOTÂNICA<br />
mam as sementes. Compõem-se da nucella em cujo interior está<br />
o sacco embrijonario, e sào envolvidos pela primina e secnndina.<br />
Dentro, do saceo embryonario existe a oosphera. ou cellula femi<br />
nina de reproducção. Os óvulos podem ser orthotropicos, campy-<br />
Jotropicos e a na trópicos. >.<br />
69. 0 receptaculo, quando coberto d'um tecido glandular<br />
que fôrma anuel em torno do ovario, constitue o disco. Nectarios<br />
são glândulas que segregam um liquido doce, chamado nectar.<br />
70. O destino da llor è para a fecundação. O ovario, depois<br />
de desenvolvido, fôrma o fructo. O óvulo desenvolvido e fecun<br />
dado fôrma a semente. A fecundação etfectua-se por meio do pol<br />
len que, caindo sobre o estxgma, dá togar a um tubo comprido<br />
{tubo pollinico) que, atraxez do eshlete, vae pôr-se em contado<br />
com os óvulos. Sr a fecundarão se faz pelo pollen da mesma llor<br />
dá-se a a ato-fecundação: se é pelo pollen doutra, é a fecundação<br />
cruzada.<br />
A flor tem, além d*esta função especial, as communs aos<br />
órgãos vegetativos.
C A P I T U L O V I I<br />
F r u c t o : d i v e r s a s e s p é c i e s fie f r u c t o s<br />
71. Fructo. Depois que o pollen eáe sobre o es-<br />
S e m e n t e : s u â e s t r u c t u r a<br />
tygma e se opera o acto da fecundação-, os i n v ó l u c r o s<br />
da ílor e os estames m u r c h a m e caem. Suecede o m e s m o<br />
ao estygma e ao .estylete, mas o ovario n ã o só persiste,<br />
mas toma notável desenvolvimento. Esse ovario desen<br />
volvido e chegado á m a t u r a ç ã o constitue o f r u c t o . As<br />
paredes do ovario f o r m a m o pericarpo ; os ó v u l o s fecun<br />
dados d ã o Jogar ás sementes.<br />
U m a flor (pie encerra u m só carpello produz u m s ó<br />
fructo, e o m e s m o suecede quando alguns carpellos es<br />
tão soldados de m o d o a f o r m a r e m u m s ó ' o v a r i a : no p r i <br />
meiro caso, porem, o fructo é s i m p l e s ; no segundo c o m <br />
posto.<br />
Nas ílores que t è m muitos carpellos livres, p r o d u <br />
z e m - s ç vários fruetos, -agrupados, e o fructo diz-se a g r e *<br />
g a d o ou polycarpico. - v
120<br />
BOTÂNICA<br />
72. P e r i c a r p o . ü pericarpo serve para proteger e<br />
conter as sementes, e é formado pelas paredes do ovario.<br />
C o m p õ e - s e geralmente de tres partes: epicarpo, meso-<br />
m r p o e endocarpo.<br />
O epicarpo é a membrana exterior que envolve o<br />
fructo. 0 ruesocarpo é a parte vascular que fica por baixo<br />
do epicarpo: attinge n'alguns fructos, como na cereja, ou<br />
na m a ç a (Íig. 90), grande desenvolvimento, recebendo<br />
Fig. \)0 — Fructo da Macieira.<br />
então o nome de sareocar-<br />
po. O endocarpo è a mem<br />
brana interna que forra a<br />
cavidade e m que estão en<br />
cerradas as sementes; u'al-<br />
guns fructos, como na ce-~<br />
reja, etc, adquire grande<br />
dureza e espessura, e cons<br />
titue o caroço.<br />
O pericarpo pode ser sim<br />
ples ou composto, conforme<br />
o numero de folhas carpel-<br />
lares (pie entram na, sua formação. Quando constituído<br />
por u m só carpello, é unilocular; no caso contrario, tem<br />
ordinariamente tantas cavidades quantos os carpellos sol<br />
dados, mas expecionalmente p ô d e ter u m a só, quando<br />
os carpellos se tenham reunido lateralmente pelos bordos.<br />
13. Sementes. A semente e a parte essencial do<br />
fructo, e a que pela sua g e r m i n a ç ã o dá logar a u m novo<br />
vegetal. " ,<br />
C o m p õ e - s e de duas partes: o legumerdo, e a amêndoa.<br />
O tegumento é formado por duas membranas sobre-
FRUCTO<br />
postas, a mais exterior das quaes,. resistente e espessa,<br />
se chama testa, ao passo que a interna, m u i t o mais del<br />
gada, tem o n o m e de l e g m e n . A testa é o desenvolvi<br />
mento da p r i m i n a , e o tegmen o da s e c u n d i n a (08). A s<br />
d nas membranas p o d e m algumas vezes estar soldadas,<br />
reduzidas a u m a ou faltarem por completo. O tegumento<br />
exterior apresenta muitas vezes na superfície arestas,<br />
pregas, pellos, sedas e filamentos; assim, no Algodoeiro,<br />
as sementes são envolvidas n'uma pennugem "sedosa, que<br />
se presta facilmente á fiação.<br />
Mg. 91—Âmeibãoeira.<br />
Embrião.<br />
Fig. 92 — Amenâoeira. Embrião,<br />
cujas cotyledones C<br />
estão affastadas e deixam<br />
ver o eauliculo T, a radicula<br />
R e a plutuula G.<br />
1-21<br />
Fig- 93 —Amenãoeira.<br />
Embryão (ampliado)<br />
cujas cotyledones foram<br />
tiradas em C.<br />
K, radicula. _C eauliculo.<br />
G. plumula.<br />
A a m ê n d o a comprehende o a l b u m e n e o e m b r y ã o . O<br />
albumen é u m a reserva nutritiva de amido, substancias<br />
gordas e m a t é r i a s albuminoides, destinada a nutrir o<br />
e m b r y ã o . - X ' u m grande n u m e r o de plantas pode, todavia,<br />
faltar .. ;<br />
A natureza do a l b u m e n é v a r i á v e l : é farinareo, no<br />
Trigo, na Cevada-, no M i l h o ; oleoso, no Ricino, no C rolou<br />
t i g l i u m ; corneo, no Cafe^eiro, etc.<br />
0 e m b r y ã o é u m vegetal e m miniatura (fig. 91-93),
122<br />
BOTÂNICA<br />
e resulta da divisão do ovo ou cellula primordial da<br />
planta. Distingue-se n'elle u m rudimento de caule, ou<br />
cauliculo, terminado d'um lado por uma pequena raiz,<br />
ou r a d i a d a , e do outro por u m gomo chamado gem~<br />
m u l a ou pia m u la. Do cauliculo, entre a radicula e a<br />
gemmula, nasce u m ou dois corpos mais ou menos vo<br />
lumosos que se chamam cotyledones, ou folhas cotyledo-<br />
nares. 0 e m b r y ã o é monocotyledoneo, quando apenas tem<br />
u m a cotyledon, e dicotyledoneo se tem duas. Nos Pinhei<br />
ros encontram-se de 3 a IA cotvledones verticilladas em<br />
torno da gemmula. 1<br />
Nas sementes que n ã o tem albumen, as cotyledo<br />
nes sào espessas e carnosas, como suecede na Ervilha,<br />
na Fava, etc. São as reservas nutritivas armazenadas<br />
n'estas cotyledones (pie fornecem ao vegetal os mate-,<br />
riaes de que carece, durante os primeiros tempos da sua<br />
existência. Nas sementes em que o albumen c muito<br />
desenvolvido, é esle que fornece os primeiros alimen<br />
tos.<br />
As sementes provenientes dos óvulos acham-se como<br />
elles presas ás placentas, por intermédio cios funkulós<br />
ou pados per me , ^ s e m e n t e S 611-<br />
contram-se producções superüciaes devidas ao desenvol<br />
vimento ctrcumscripto ou generalisado do invólucro. Dá-<br />
st>-lhes o nome de arilhos (íig. 0 W I 5 ) .
' 74. Classificação dos fructos. Os fructos divi<br />
dem-se e m serros e carnosos.<br />
FRUCTO 123<br />
Os primeiros t è m o pericarpo delgado e m e m b r a -<br />
noso, ou espesso e lenhoso; os segundos, chegando á<br />
m a t u r a ç ã o , t è m u m pericarpo carnoso, e ás vezes m u i t o<br />
suceulento.<br />
A . Fructos seccos. Os fructos seccos podem dividir-se<br />
e m dois grupos. Uns, quando maduros, abrem-se e dei-<br />
Fig. 96-97 — Trigo. Fructo inteiro e cortado ao comprido.<br />
i<br />
x a m cair as sementes, ao passo que as outras parles fi<br />
c a m adherentes á planta : são os dehiscentes. Outros n ã o<br />
se a b r e m e c á e m inteiros no solo; são os indehiscenfes.<br />
a ) F r u c t o s seccos iudehiscentes. Os fructos seccos in-<br />
dehiscentes p ó d e m ^ e o n t ç r u m a ou mais sementes. Os<br />
que c o n t é m u m a só semente são a cariopse, o aehenio e<br />
a s a m a r o . Os que c o n t é m mais do que u m a semente são<br />
a disa nutra e o p o h j ü c h t n i o .<br />
A cariopse ou grão (fig. 96-97) é u m fructo indehis-
424 BOTÂNICA<br />
cente d'uma só semente, que possue um pericarpo seceo<br />
e coriaceo, adherente á semenle, da qual difficihnente se<br />
separa. Tal é o fructo das Gramhieas : Trigo, Cevada,<br />
Aveia, Milho, etc.<br />
0 achenio (fig. 98) é u m fructo indehiscente, d'uma<br />
só semente, e possue u m pericarpo lenhoso ou coriaceo<br />
que n ã o adhere á semente, de modo que esta fica intacta<br />
Fig. 08 —Oardo. Achenio, com seu pappilho.<br />
depois da destruição do invólucro. Tal é o fructo do<br />
Cardo, do Cirasol, da Chicorea, ele. Alguns acheniçs tèm<br />
superiormente espécies de plumas, ou papillws que dào<br />
presa ao vento para a sua disseminação.<br />
A s a m t u a (íig. 99, 100) é u m fructo secco indehis<br />
cente, d'uma só semente, cujo pericarpo, coriaceo, se<br />
desenvolve de maneira a formar uma espécie de aza em<br />
torno do fructo: Tal é o fructo do Ulmeiro, etc.
FRUCTO<br />
À d i s a m a r a (fig. 101) differe do precedente e m ler<br />
duas sementes. Chegando á m a t u r a ç ã o , o fructo fende-se<br />
e m diias metades, tendo cada u m a sua aza, mas unidas<br />
Fig. 99, 100 - Ulmeiro. Fructo (samara) inteiro e aberto na sua<br />
porção central dilatada e que encerra a semente.<br />
por um pediculo. Mais tarde, cada metade do fructo cáe<br />
Fig. 101 — Bórdo. Disamara.<br />
separadamente. A disamara é característica dos Bordos.<br />
0 p o l y a c h c n i o é u m fructo secco, indehiscente, for-<br />
125
1<br />
BOTA M C A<br />
mado pela reunião de vários achenios u'um só corpo.<br />
Chegando á m a t u r a ç ã o , esses achenios separam-se uns<br />
Fig. 102-Salsa.<br />
diaclienio<br />
dos outros. Segundo o numero de achenios<br />
reunidos, o polyachenio recebe o nome de<br />
diaclienio, triachenio, etc. O fructo de todas<br />
as Umbelliferas (fig. 102) (Salsa, Cenoura,<br />
Funcho, etc.) e ura diaclienio.<br />
b) Fructos seccos dehiscentes. Os fructos<br />
seccos dehiscentes podem ser simples ou<br />
compostos, conforme o numero de 'carpellos que entram<br />
na sua f o r m a ç ã o . Os fructos simples são o follilho e a<br />
v a g e m ; os compostos a siliqua e a cápsula.<br />
Fig. 103 — Aconito. Follilhos<br />
dehiscentes.<br />
Fig. 104 — HeUeboro. Follilhos<br />
dehiscentes. »<br />
0 follilho v. u m fructo secco, dehiscente, sempre<br />
simples e composto d'um só carpello, contendo uma oü<br />
mais sementes. A abertura ou d e h i s c e n c i a ò o follilho<br />
faz-se por uma só fenda longitudinal. Tal é o fructo da<br />
A n é m o n a . 0 do Aconito (fig. 103), do HeUeboro (fig. 104),<br />
etc, ó formado de tres follilhos.
127<br />
A v a g e m (íig. 105) é u m fructo simples, sècco, de-<br />
hiscente, f o r m a d o por u m só carpello e lendo varias se<br />
mentes. Abre-se ao longo de duas suturas. É este o<br />
fructo das Papilionaceas, Feijão, Ervilha, Krvilhaca, etc<br />
Fig. 105 — Ervilha. Vagem. Fig. 100 — Couve. Siliqua.<br />
A siliqua (fig. 106), é um fructo sècco, dehiscente,<br />
formado de dois carpellos, e tendo duas cavidades, que<br />
encerram varias sementes. Abre-se por duas lendas, de<br />
baixo para cima, o u de c i m a para baixo, ficando o septo<br />
preso ao pedunculo. .Quando a siliqua é m u i t o curta
BOTÂNICA<br />
chama-se s i t i a d a . É este o fructo característico das Cru-<br />
ciferas, taes como o Goivo, a Couve, a Mostarda, etc.<br />
A. cápsula é u m fructo secco, dehisceute, formado<br />
de vários carpellos, contendo muitas sementes, e cara-<br />
cterisada pela forma arredondada, ou pouco .allongada.<br />
A sua dehiscencia faz-se por válvulas, por poros ou por<br />
u m operculo.<br />
Fig. 107-Fructo do Jacintho; Fig. 106 —Figueira do inferno. Dehiscencia<br />
Dehiscencia loculicida. septifragá,<br />
A dehiscencia valvular faz-se e m direcção longitu<br />
dinal, e pôde ser septicida, loculicida e septifragá. E' se<br />
pticida quando cada uni dos septos de separação se di<br />
vide e m dois, ficando distinctos os diílerentes carpellos.<br />
E loculicida quando a divisão se effectua pelo meio de<br />
cada carpello, arrastando cada u m a das válvulas u m se-<br />
pto com sementes á' m a r g e m (íig. 107). E' septifragá<br />
quando as paredes do fructo se separam e m válvulas<br />
sem arrastarem os septos que licam intactos no centro,<br />
onde f o r m a m outras tantas l â m i n a s verticaes (íig. 108).
FRUCTO 129<br />
A dehiscencia valvular septicida encontra-se na D e -<br />
daleira, no R h o d o d e n d r o n , etc.; a loculicida no L y r i o p<br />
na T u l i p a ; a s e p t i f r a g á na Urze, na Figueira do inferno,<br />
etc.<br />
A dehiscencia por poros o u p o r i c i d a d á - s e quando se<br />
f o r m a m na parede da c á p s u l a aberturas pequenas por onde<br />
s á e m as sementes, c o m o se v è na Papoula (íig. 109) etc.<br />
Fig. 109 - Fructo da Papoula :<br />
dehiscencia poricida.<br />
' A dehiscencia por operculo o u circular, dá-se quando<br />
se f ô r m a u m sulco a toda a cirenhiferencia da c á p s u l a ,<br />
pelo qual se effectua a s e p a r a ç ã o da parte superior, o u<br />
operculo, da inferior. Esta f o r m a de c á p s u l a observa-se no<br />
Morrião vermelho (fig. 110), etc.<br />
Fig. 110 — Fructo de<br />
Morrião vermelho :<br />
dehiscencia circular.
130<br />
BOTÂNICA<br />
B. Fructos carnosos. Os fructos carnosos dividem-se<br />
esmalmente è m indehiscenles e dehiscentes.<br />
a) Fructos carnosos indehiscenles. Estes fructos po<br />
d e m ter u m a ou mais cavidades. Os que tem apenas<br />
u m a cavidade s ã o : a d r u p a , a baga e o peponidio. Os<br />
que t è m varias cavidades f o r m a m u m a só espécie, o<br />
p o m o .<br />
Fig. 111-112. Cerejeira. Drupas inteiras, e uma Fig. 113. —Grozelha<br />
cortada ao comprido. Baga.<br />
A d r u p a (fig. 111-112) é u m fructo carnosq, simples,<br />
indehiscente, d'uma só semente. 0 pericarpo acha-se<br />
dividido em tres camadas: a externa membranosa, a<br />
media succulenta e a interna lenhosa. Esta ultima en<br />
volve a semente. São drupas todos os fructos de caroço:<br />
pecego, ameixa, cereja, etc.<br />
A baga (fig. H á ) é u m fructo carnoso, indehiscente,<br />
ordinariamente simples, mas contendo varias sementes.
FHUCTO 131<br />
0 pericarpo tem apenas duas camadas, u m a exlerna del<br />
gada e u m a interna succulenla. As sementes n ã o são<br />
envolvidas pela parte lenhosa do pericarpo. Taes são as<br />
uvas, ã grozelha, etc. As laranjas perdem ser considera<br />
das como bagas pluriloculares, tendo as cavidades cheias<br />
d'uma polpa que cerca as sementes.<br />
0 peponidio é uma grande baga com pericarpo bas<br />
Fig. 114. — Melão. Fepoüidio.<br />
tante espesso e suceulento. Contem grande numero do<br />
sementes, presas a placentas que f o r m a m u m a espé<br />
cie de septos. Taes s ã o os fructos da A b ó b o r a , do Me<br />
lão, (fig. Í U ) e das outras plantas da família das Cucur-<br />
bitaceas.
132<br />
BOTÂNICA.<br />
O pomo (fig. 115) é u m fructo carnoso, de varias.<br />
cavidades, encerrando muitas sementes, e indehiscente.<br />
E' formado de tres camadas, a externa membranosa, a<br />
media carnosa e a interna mais ou menos dura. Entram<br />
neste grupo a m a ç ã , a pera, etc.<br />
b) Fructos carnosos dehiscentes. São raros os fru<br />
ctos que f o r m a m este grupo e podem ser reduzidos a<br />
duas espécies: a cápsula drupacea e a cápsula carnosa.<br />
A cápsula drupacea e uma cápsula deuiscente, cujas<br />
Fig. 115 — Fructo da Macieira.<br />
paredes são molles e succulentas, e cuja semente é en<br />
volvida pela camada lenhosa do pericarpo. Tal é o fructo<br />
da Nogueira.<br />
A. cápsula carnosa é u m fructo plurilocular, tendo<br />
cada u m dos compartimentos u m a semente, e cujo peri<br />
carpo molle se abre na m a t u r a ç ã o , deixando sair as se<br />
mentes. Tal é o fructo do Castanheiro da Índia.<br />
75. Infructescencias. Dá-se o nome de infruetes-<br />
cencia á reunião de fructos n u m mesmo eixo. Resulta
FRUCTO 133<br />
n ã o d ' u m a ílor, mas d'uma inílorescencia. Taes são : a pi<br />
n h a , a g a l b u l a , a sorose e o sycone.<br />
A p i n h a (íig. 1 lf>) é u m a infructescencia de forma<br />
couica, formada pela r e u n i ã o de escamas mais ou menos<br />
resistentes. Tal é o fructo do Pinheiro, do L u p u l o , etc.<br />
Fig. 110 — Pinheiro. Pinha. Fig. 117 — Amoreira. Sorose.<br />
A galbula c uma espécie de pinha cujas escamas,<br />
longas na parte superior, lhe d ã o u m a f ô r m a arredon<br />
dada. É este o fructo do Cypreste.<br />
A sorose (fig. 117) é constituída por vários fructos<br />
soldados pela base n u m a só massa succulenta. Tal é o<br />
fructo da A m o r e i r a , do Ananaz, etc.
134<br />
BOTÂNICA<br />
0 sycone (fig. 118) é formado por u m receptaculo<br />
earnoso, cuja parte interna, concava, é forrada pelos fru-<br />
ctos que são achenios. E typo tf esta infructescencia o figo.<br />
76. Funcções geraes dos fructos. Os fructos,<br />
do mesmo modo que as flores, tem as funcções vegeta-<br />
Fig. 118 - Figueira. Sycone.<br />
tivas: respiram, transpiram, sào atravessados por cor<br />
rentes de seiva, chlorovaporisam e assimilam carboneo<br />
-eraquanto verdes, e elaboram secreeões.<br />
77. Utilidade dos fructos. Muitos fructos, e<br />
principalmente os fructos carnosos, são empregados na<br />
alimentação do h o m e m .
C A P I T U L O V I I I<br />
f t c p r o i I u c ç Â o d a s p l a n t a s<br />
Noções sobre os typos de reproducção uas Cr>plogamicas. Re<br />
producção das Phanerogamicas por semente e pelos órgãos<br />
de vegetação.<br />
78. Reproducção das plantas. A reproducção das plan<br />
tas pode ser asexaal ou sexual. Diz-se que a reproducção è ase<br />
xaal quando a nova planta resulta da divisão da primeira, e se<br />
xual quando para a formação d'um novo vegetal se torna neces<br />
sário o concurso de dois elementos diflerenciados. Como inter<br />
médio entre a reproducção sexual e asexual ha a reproducção<br />
por conjugação, em que é necessário o concurso de dois elemen<br />
tos, mas em que estes não estão diflerenciados.<br />
79. Reproducção das Cryptogamicas. Dá-se o nome de<br />
Cryptogamicas ás plantas que não tèm Ilores. l^ellas formavam<br />
os antigos botânicos uma só classe; mas o seu estudo mais des<br />
envolvido fez com que se dividissem em tres t> pos.<br />
Algumas d 1<br />
estas plantas são d ^ m a estructura perfeitamente<br />
homogênea, formadas ás vezes d'uma só cellula, e, quando for-
140<br />
BOTÂNICA<br />
macias por muitas, o parenchyma não se dilferenciã. D'estas plan<br />
tas, algumas sào inteiramente privadas de chioropiiyUa, outrâs<br />
tèm esta substancia, acompanhada ou não de pigmentos corantes.<br />
Comprehende este ty po as Algas (fue se encontram nas águas,<br />
os Fungos, que vivem como parasitas sobre os seres vivos, e os Li-<br />
chens, que se desenvolvem sobre as arvores, sobre as pedras e<br />
sobre a terra.<br />
O corpo d'estas plantas chama-se thalto, e ellas tém o nome<br />
de Thallophytas.<br />
Outras Cryptogamicas, as Muscineas, tèm ainda unia estru<br />
ctura bastante simples, mas já se encontra nVJIas um eixo com<br />
folhas chlorophylladas, mas sem raizes. São os Musgos que vivem<br />
nos muros, na terra; e as Hepaticas que st; encontram nos loga-<br />
res humidos.<br />
Ambos estes typos formam as plantas sem vasos ou não vas<br />
culares. Os vasos começam a apparecer nas Cryptogamicas vas<br />
culares, cujo corpo apresenta raiz, caule e,folhas, encontrando-se<br />
em todas estas partes um conjuncto de tecidos protectores, além<br />
de fasciculos libero-lenhosos com os quaes eommunicam os que<br />
estão encerrados nas nervuras das tolhas. O caule é cylindrico e<br />
as folhas possuem uma organisação bastante adiantada. Perten<br />
cem a este typo os Fetos que tomam por vezes grande desenvolvi<br />
vimento.<br />
A reproducção das Cryptogamicas pode ser sexual ou ase-<br />
xual. Nas Thallophytas mais elementares, a reproducção effectua-se<br />
por divisão ou segmentação do corpo da planta. Outras apresen<br />
tam á superfície gomos, e a reproducção è por gemmação. Mui<br />
tas d'ellas, porém, produzem no interior das cellulas ou.dos fila<br />
mentos ocos que as formam, pequenos corpos reproductores cha<br />
mados esporos, (Mg. 119) que, depois de livres, podem reproduzir<br />
novas plantas.<br />
Estes esporos, podem também formar-se á superfície de cel<br />
lulas que lhes servem de supporte e se chamam hasidios. Cada<br />
basidio sustenta um ou vários esporos.<br />
Freqüentes vezes, os esporos, em vez de serem nus, estào<br />
envolvidos em saccos chamados esporaãgios, thecas ou ascas, sac-<br />
cos que podem estar livres, mas que mais ordinariamente estão
REPRODUCÇÃO DAS PLANTAS 141<br />
alojados em cavidades chamadas conccptaculos. imuts ou arche-<br />
gonios, segundo as plantas em qu3 se consideram.<br />
Na grande maioria (festas plantas ha também reproducção<br />
sexual. A primeira fôrma de reproducção sexual é por meio'de<br />
elementos não (Merendados. Assim, n'algumas Algas, unem-se<br />
Fig. 119 - Bodelha. Esporos em germinação.<br />
duas cellulas para formarem outra que depois se fragmenta e<br />
desenvolve. Chama-se a este phenomeno conjugação (íig. 120).<br />
Mais geralmente, os elementos sexuaes são diflerenciados.<br />
0 órgão masculino é geralmente uma cellula, cujo protoplasma<br />
Fig. 120 — Algas conjugadas. Zignema e Spirogyra.<br />
se divide em fragmentos eguaes, cada um dos quaes toma uma<br />
fôrma ovoide ou espiralada. Saindo da cellula-mãe, estes corpos<br />
movem-se na agua como se fossem animaes, com o auxilio de<br />
celhas vibràteis: tèm o nome
142<br />
BOTÂNICA<br />
Tanto os oogonios como os antherozoides que lhes devem<br />
fecundar o conteúdo apresentam-se ás vezes separados ou reuni<br />
dos em pequenos corpos vegetativos, chamados prothallos, proto-<br />
ventas ou proembryões.<br />
Da fecundação da oosphera pelo anlherozoide resultam os<br />
ovos, também chamados oosporos.<br />
80. Reproducção das Phanerogamicas. A reproducção<br />
das Phanerogamicas pode eliectuar-se de dois modos: ou por<br />
meio de sementes ou por meio dos órgãos de vegetação.<br />
A reproducção por meio de sementes è muito mais geral do<br />
que a outra. A reproducção pelos órgãos de vegetação, menos fre<br />
qüentemente observada na natureza, emprega-se para multiplicar<br />
as arvores de fructo ou as plantas ornamentaes dos nossos climas.<br />
81. Reproducção por semente. Germinação<br />
das sementes. Quando a semente chega á maturação, o<br />
e m b r y ã o (pie encerra deixa de desenvolver-se e passa ao<br />
estado de vida latente, em que pode ficar por muito<br />
tempo. Quando, p o r é m , a semente fòr collocada em con<br />
dições favoráveis, o e m b r v ã o continuará o seu desenvol-<br />
vimento interrompido, 1<br />
nutrindo-sc das reservas, que tem<br />
e m torno de si e f o r m a r á e n t ã o o vegetal adulto. Quando<br />
a semente sáe d'este estado de vida latente diz-se que<br />
g e r m i n a e o conjuncto de phenomenos que n'ella se dão<br />
n'esle momento tem o nome de germinação da semente.<br />
82. Condições necessárias á germinação. Para<br />
que se eifectue a g e r m i n a ç ã o é preciso que se realisem<br />
certas eondições, u.mas inherentes á própria semente,<br />
outras dependentes do meio. As primeiras chamam-se<br />
internas ; as segundas e.cfenms.<br />
Condições internas. Para que u m a semente seja ca<br />
paz de germinar, é preciso, e m primeiro logar, que seja
oa, isto é, que encerre por baixo dos tegumentos um<br />
REPRODUCÇÃO DAS PLANTAS \ M<br />
e m b r y ã o b e m c o n f o r m a d o e m todas as suas partes.<br />
E m segundo logar, é n e c e s s á r i o que a semente es<br />
teja madura, isto é que as suas reservas nutritivas se<br />
jam assimiláveis immediatamente.<br />
E m í i m , é preciso que esteja viva, isto é, que ainda<br />
se ache n o estado de vida latente que lhe é p r ó p r i o . As<br />
sementes que t è m reservas amylaceas ou aleuronicas con<br />
servam-se vivas durante m u i t o tempo, mas as que t è m<br />
u m a l b u m e n corneo resistem pouco, bastando a exsica-<br />
ção para m o r r e r e m .<br />
Condições externas. Para que u m a semente germine,<br />
precisa, a l é m dos requisitos que acabamos d'enumerar r<br />
d'agua, oxvsenio e calor.<br />
A a
BOTÂNICA<br />
lho germina entre 9 o<br />
,5 e 46°,2, mas desenvolve-se me<br />
lhor a 33°,7<br />
Phenonienos d a g e r m i n a ç ã o - Quando se<br />
r e ú n e m estas condições, a semente c o m e ç a a germinar,<br />
e dão-se n'ella phenome-<br />
nos d'ordem chimica e<br />
d'ordem morphologica.<br />
Plienomenos chimicos.<br />
Quando c o m e ç a a germi<br />
nação, a respiração tor<br />
na-se muito activa, e d'ahi<br />
resulta uma grande quan<br />
tidade de calor que é fá<br />
cil de reconhecer. IVeste<br />
momento, formam-se na<br />
semente fermentos espe-<br />
ciaes chamados diastases,<br />
destinados a concorrerem<br />
para u m a espécie de di<br />
gestão das reservas ali<br />
mentares, tornando-as so<br />
lúveis e assimiláveis.<br />
Plienomenos morpho-<br />
logicos. A o mesmo tempo,<br />
Fig. 121-Desenvolvimentod'um feijão. Q e m b r y ã o modífl-<br />
cações de forma. Examinemos o phenomeno no Feijoeiro<br />
(íig. 121). Sob a inlluencia da humidade, a semente in<br />
cha e a epiderme rasga-se ao nivel do micropylo, saindo<br />
por essa abertura a radicula que se enterra no solo e<br />
vae constituir a raiz da nova planta. Quando a raiz
REPRODUCÇÃO DAS PLANTAS<br />
adquire u m certo c o m p r i m e n t o , o cauliculo t a m b é m se<br />
allongae dirige-se e m sentido inverso ao da raiz. A o p r i n <br />
cipio forma u m a ansa, mas depois ergue-se, levantando<br />
as cotyledones que se aftastam, t o m a n d o grosseiramente<br />
u m aspecto de folhas. Mais tarde a p l u m u l a desenvolve-se<br />
e produz as primeiras folhas normaes.<br />
N e m sempre os phenomenos da g e r m i n a ç ã o se d ã o<br />
exactamente c o m o indicamos. As cotyledones do feijão<br />
saem fora da terra e por isso se c h a m a m e p i g e a s ; outras<br />
vezes, p o r é m , as cotyledones ficam soterradas e diz-se<br />
então que são h y p o g e a s .<br />
84. Reproducção pelos órgãos de vegetação. A repro<br />
ducção pelos órgãos de vegetação pode eífectuar-se pelos gomos,<br />
(35) pelos bolbos (32) e por meio dos ramos, constituindo a re<br />
producção por estacas ou por mergulhia. N<br />
íazer-se por meio das folhas.<br />
85. Reproducção por estacas. Se cortarmos um ramo de<br />
T ,<br />
alguns casos, pode<br />
•Geranio ou de Loendro, e mergulharmos a sua extremidade na<br />
terra ou na areia humida, e algumas vezes até em agua pura,<br />
esse ramo continua a viver durante alguns dias. Durante esse<br />
tempo, veem-se desenvolver, na parte inferior do ramo, raizes<br />
adventicias que podem tornar-se bastante numerosas para nutri<br />
rem o ramo que as formou. Chama-se estaca ao ramo que dá ori<br />
gem, quando plantado, a uma nova planta.<br />
Esta operação é empregada freqüentemente para a repro<br />
ducção de plantas ornamentaes e d'algumas fructeiras; para a<br />
realisar, lança-se m ã o ordinariamente dos ramos, mas podem<br />
aproveitar-se n'alguns casos as folhas. Assim se conseguem mul<br />
tiplicar as Begonias.<br />
86. Estacas naturaes. A natureza offerece grande numero<br />
d'exemplos d'estacas naturaes. As batatas, por exemplo, (íig. 122)<br />
10
BOTÂNICA<br />
reproduzem-se geralmente d'este modo. Os caules subterrâneos<br />
d*esta planta dilatam-se em tuberculos que se separam pela<br />
destruição dos caules que os uniam. Plantados na primavera;<br />
obtem-se tantas novas plantas, quantos olhos apresenta o tuber-<br />
culo. D*ahi nasce o processo de partir as batatas ao plantal-as.<br />
Fig. 122— Um pó de batata.<br />
87. Mergulhia. Ha plantas que se não podem reproduzir<br />
por meio dVstacas, porque os ramos que se separam da planta<br />
mãe morrem antes de terem produzido raizes adventicias desti<br />
nadas a sustenlal-as. Podem, todavia, reproduzir-se pela opera<br />
ção chamada mergulhia.
REPRODUCÇÃO DAS PLANTAS<br />
A mergulhia (íig. 123) consisto cm enterrar os ramos que<br />
devem dar novas plantas, sem os separar da planta mãe. Estes<br />
ramos desenvolvem raizes adventicias na parle enterrada ; quando<br />
estão bastante desenvolvidas, cortam-se os ramos e oblem-se tan<br />
tos vegetaes disLinctos quantos eram os ramos enterrados. A<br />
mergulhia é muito empregada nas vinhas.<br />
Fig. 123 — Mergulhia.<br />
88. Mergulhia natural. Existem na natureza muitos exem<br />
plos de mergulhia. Assim, os morangueiros emittem caules muito<br />
delgados (estolhos) que rastejam pela terra, e produzem de dis<br />
tancia em distancia raizes adventicias, Apparecem depois as fo<br />
lhas e forma-se uma planta distincta. Os Rainunculos e as Silvas<br />
multiplicam-se t a m b é m por estacas naturaes.<br />
89. Enxertos. O enxerto é uma operação que tem em vista<br />
a multiplicação das arvores ou arbustos e consiste em transplan<br />
tar para o caule d'um vegetal u m ramo ou gomo d'outra planta.<br />
1 1
148<br />
BOTÂNICA.<br />
P,r. uuc o enxerto dê resultado, é preciso que fique em relação<br />
oTsbeí dos dois indivíduos,.para que a seiva descendente una<br />
nromptameule as partes que foram postas em contado.<br />
1<br />
O enxerto não pode produzir-se indiferentemente d'uma<br />
Fig- 124 - Enxertia de approxe.<br />
arvore para outra; nunca se effectua entre uma Macieira e uma<br />
Pereira, ao passo que esta se enxerta bem no Marmelleiro bravo,<br />
no Espinheiro, e na Sorveira.<br />
As principaes espécies denxeilia são: a enxertia (Yapproxe,<br />
de garfo e de borbjdfui.<br />
A enxertia iVapproxe ou por appro.n maçao, (hg. w>»
REPRODUCÇÃO DAS PLANTAS 149<br />
siste em unir duas plantas próximas por meio de entalhes que se<br />
correspondam, até que esteja completa a união, depois do que se<br />
separam.<br />
A enxertia de garfo (tig. 125) consisto em implantar u m<br />
ramo d'um vegetal ifoutro, de modo que o liber d*um corres<br />
ponda ao outro.<br />
A enxertia de borbulha ou (Vescudo (íig. 12(5) consiste em<br />
transplantar d'uma planta para outra uma porção de casca com<br />
um olho ou borbulha.
150<br />
BOTÂNICA<br />
R E S U M O<br />
78. A reproducção das plantas pode ser sexual ou asexuat.<br />
Ha outra forma intermedia de reproducção que se chama por<br />
conjugação.<br />
sexual.<br />
79. Nas Cnptogamieas, a reproducção pode ser asexuat e<br />
Nas TballophUas, pôde eifectuar-se por segmentação das<br />
cellulas que as constituem, pela producção de gomos, e ainda<br />
pelo desenvolvimento de esporos. Estes podem estar supportados<br />
pelos basidios; mas acham-se mais vezes em saccos chamados es-<br />
porangios, thecas, ou ascas, encerrados em cavidades chamadas<br />
conceptaculos, urnas ou archegonios<br />
Na maioria destas plantas ha também geração sexual. Esta<br />
pode elfecluar-se por meio dVlementos não ditferenciados; mas<br />
geralmente os elementos sexuaes são apparentes. O elemento de<br />
fecundação masculino é representado pelos anthera :o ides. O oi\<br />
gão feminino é o oogonio, que contém o protoplasma fecundavel<br />
(oospkera). Oogonio e anlherozoide podem existir n'um corpo ve-<br />
getativo (prothallo, protouema ou proembryão).<br />
80. A reproducção das Phanerogamicas etfeclua-se por<br />
meio de sementes e dos órgãos da vegetação.<br />
81. Chegando a semente á maturação, passa ao estado de<br />
vida latente. Quando, depois, colloeada em condições favoráveis,<br />
o e m b n ã o desenvolve-se nulrindo-se das reservas alimentares<br />
que tem em lorno de si. É o que se chama germinação.<br />
81. Para a germinação são precisas condições internas e<br />
r.clernas. Como condições internas, é preciso que a semente seja<br />
J)oa, madura o viva. Como condições externas, sào indispensáveis<br />
para o desenvolvimento da semente a agua, o oxygenio e o calor.<br />
Ho. Quando a semente começa a germinar, dão-se n'ella.<br />
plienomenos chimicos e morpholo^ieos Os plienomenos chimicos<br />
consistem principalmente na formação de diastases que tornam<br />
solúveis as reservas alimentares. Os plienomenos morphologieos<br />
consistem na laceração do episperma, na saida da raiz e no des<br />
envolvimento do caule e das Colhas.
REPRODUCÇÃO DAS PLANTAS 151<br />
84. A reproducção pelos órgãos de vegetação pode effe-<br />
ctuar-se pelos gomos, pelos bolbos e por meio dos ramos. Tam<br />
bém pode eífectuar-se pelas folhas.<br />
85. A reproducção por estaca consiste na separação d*um<br />
ramo da planta-mãe o qual, enterrado na terra, ganha raizes<br />
adventicias e dá logar a u m novo vegetal.<br />
86. A natureza offerece grande numero d'exemplos desta<br />
cas naturaes. Tal é o que suecede na Batata, etc.<br />
87. A mergulhia consiste em enterrar os ramos que devem<br />
dar novas plantas sem os destacar da planta-mãe.<br />
88. Existem na natureza exemplos de mergulhia. Assim<br />
suecede no Morangueiro que emitte estolhos que ganham raizes<br />
adventicias.<br />
89. O enxerto consiste em transplantar para o caule cTum<br />
vegetal um ramo ou gomo cToutra planta. Para (pie de resultado,<br />
é preciso que fique em contacto o liber das duas plantas. Ha tres<br />
espécies principaes cTenxerto: de approxe, de garfo, e de bor<br />
bulha.
90. Nomenclatura e classificação botânicas.<br />
C A P I T U L O I X<br />
T a v i n o m i a<br />
Para distinguirmos as plantas umas das outras e nos po<br />
dermos referir a ellas, torna-se necessário, n ã o só dar-<br />
lhes nomes, mas dispol-as e m grupos constituídos pelas<br />
que t è m caracteres de maior ou menor s i m ü h a n ç a , ao<br />
que se chama classificar. 0 conjuncto de regras a que<br />
obedecem os nomes scienti ticos dos vegetaes. chama-se<br />
nomenclatura botânica ; as regras seguidas na classifica<br />
ção constituem a l a x i n o m i a .<br />
91. Indivíduo. Todo o ser vivo é mn individuo.<br />
Esta palavra que, lilteralmente, quer dizer indivisível,<br />
applica-se com o l i m de fazer sentir que cada ser vivo<br />
forma ordinariamente uma entidade distincta isolada. U m<br />
Carvalho, u m Choupo, u m p é de Trigo são outros tantos<br />
indivíduos.
TAXINOMIA<br />
/i<br />
153<br />
92. R a ç a s : v a r i e d a d e s . Se c o m p a r a r e m p é s dif-<br />
ferentes de Trigo, cultivados e m sitios diíTerentes, notam<br />
que n ã o s ã o todos eguaes; mas, apezar d'isso, u ã o os<br />
confundem n e m c o m a Cevada, n e m c o m a Aveia, n e m<br />
com qualquer outra planta.<br />
A r e u n i ã o cfindividuos c o m caracteres c o m m u n s<br />
constitue u m a v a r i e d a d e . Quando esta tem caracteres<br />
de constância que se transmittem á posteridade toma o<br />
nome de raça.<br />
93. Espécie. Por muito que se distanciem as va-<br />
riedadés e as raças, e m todo o caso n i n g u é m deixa de<br />
reconhecer que d e r i v a m d ' u m a f o r m a mais ou menos<br />
constante. Pessoa alguma deixa de differençar o Milho,<br />
do Trigo, da Cevada; s ã o outras tantas espécies.<br />
Chamam-se assim os grupos de seres que c o m -<br />
quanto dissemilhantes debaixo d'alguns pontos de vista<br />
secundários, s ã o completamente idênticos nos seus cara<br />
cteres fundamentaes que se transmittem e m g e r a ç õ e s<br />
successivas e portanto se perpetuam.<br />
Excepcionalmente, duas espécies p o d e m fecundar-se,<br />
ao que,se chama h y b r i d a ç à o , recebendo o produeto o<br />
nome de h j/br ido. O h y b r i d o tem ordinariamente cara<br />
cteres i n t e r m é d i o s aos das espécies que lhe deram ori<br />
gem ; se se reproduz, parte da d e s c e n d ê n c i a assimelha-se<br />
á planta que forneceu a cellula masculina; outra parte<br />
assimelha-se á que deu a cellula feminina, e a restante<br />
é constituída por i n d i v í d u o s dissemilhantes entre si. Se<br />
ainda se eflectua segunda g e r a ç ã o dá-se o m e s m o , e den-<br />
tro e m pouco a fórma h y b r í d a desapparece, absorvida<br />
pelas espécies que a p r o d u z i r a m .
BOTÂNICA<br />
! H . G ê n e r o s . Se compararmos a Couve e o Nabo,<br />
reconhecemos que são duas espécies distinetas; mas<br />
t a m b é m notamos que entre ellas existem notáveis simi-<br />
lhanças. O mesmo se dá com o Trevo de cheiro e o Trevo<br />
branco.<br />
Á reunião (Testas espécies que t è m entre si simi-<br />
Ihanças evidentes dá-se o nome .de gêneros. A Couve e o<br />
Nabo pertencem ao mesmo g ê n e r o ; e o Trevo de cheiro<br />
e o Trevo branco estão nas mesmas condições.<br />
Muito excepcionalmente, dois gêneros próximos, po<br />
dem produzir Jrgbridos.<br />
95. Famílias, ordens, classes, typos. Quando<br />
se comparam os differentes gêneros, reconhece-se que<br />
alguns t è m e m c o m m u m certo numero de caracteres<br />
importantes, ao passo que outros differem em quasi<br />
tudo: os gêneros mais similhantes entre si t è m o nome<br />
de famílias. As famílias (pie apresentam entre si laços<br />
de s i m ü h a n ç a agrupam-se para constituírem ordens /as<br />
ordens, a seu turno, reunindo-se, f o r m a m classes; e es<br />
tas por sua vez f o r m a m , pelo agrupamento, typos.<br />
Das detinições que acabam de dar-se, conclue-se<br />
que a maior s i m ü h a n ç a existe entre as plantas da mesma<br />
variedade. Ainda é grande entre plantas da mesma es-<br />
pecie, mas* vae diminuindo cada vez mais quando se<br />
passa para o gênero, para a família, para a ordem, para<br />
a classe, para o typo. Para se fixarem estas idéias, sir-<br />
vamo'-nos do artiücio apresentado por Vau-Thieghem,<br />
A d m i t í a m o s que haja na planta dez caracteres ou gru<br />
pos de caracteres a comparar; representemos cada u m<br />
d'estes caracteres pelo algarismo 1 quando seja constante
TAXIN0M1A 155<br />
e por 0 quando seja v a r i á v e l , e disponhatnos os signaes<br />
da esquerda para a direita, segundo o valor decrescente<br />
do caracter, representando o primeiro á esquerda o grupo<br />
de caracteres mais importante, e o u l t i m o á direita o m e <br />
nos valioso. P o d e m e n t ã o resumir-se os quadros da clas<br />
sificação d'cste m o d o :<br />
Planta.. ., .. ... 11111111II<br />
Variedade 1111111 MO<br />
..Espécie J111III 100<br />
G ê n e r o : 111II11000<br />
Família... 11II110000<br />
Ordem 1111100000<br />
Classe .. .. 1111000000<br />
Typo 1110030000<br />
Reino 1100000000<br />
Seres vivos 1000000000<br />
9o. N o m e n c l a t u r a . A nomenclatura adoptada e m<br />
botânica, c o m o de resto e m tocla a historia natural, ba-<br />
sea-se na a d o p ç ã o de dois termos para a i n d i c a ç ã o de<br />
cada.espécie: é portanto u m a nomenclatura binaria. U m<br />
d'csses termos designa o g ê n e r o , e o outro a espécie.<br />
A Couve e o Nabo, pertencendo a ura m e s m o gê<br />
nero, terão c o m o e x p r e s s ã o g e n é r i c a a palavra Brassica ;<br />
as espécies s e r ã o designadas respectivamente pelas pa<br />
lavras Oleracea e N a p u s .<br />
Como se vê, os nomes do g ê n e r o e da espécie s ã o<br />
em latim, o que é devido a ser u m a língua universal<br />
mente ccmliecida. Os nomes vulgares de m o d o a l g u m<br />
se poderiam aproveitar, visto que v a r i a m c o m as re<br />
g i õ e s .<br />
1<br />
"<br />
0 norhe especifico é seguido da inicial o u primeiras
BOTÂNICA<br />
lettras do botânico (jiie primeiro descreveu a espécie.<br />
Assim, por exemplo, se escreve: Rosa C a n i n a L . (Linneu).<br />
97. Classificações. Classificar é distribuir em gru<br />
pos. Conforme a base adoptada para essa divisão, podem<br />
as classificações ser naturaes ou artificia es. Estas, cha<br />
madas t a m b é m systhemas, adoptam bases variadissimas;<br />
as mais vulgarisadas tomaram como elemento de dis-<br />
tincção as modificações d'um só órgão. Aquellas, tam-<br />
bem chamadas methodos, baseam-se sobre caracteres ti<br />
rados de todos os órgãos.<br />
Os systhemas tem a vantagem de serem .d'um uso<br />
muito €ommodo, determinando-se com facilidade o grupo<br />
e m (pie tèm de ser collocado o objecto a classificar, mas v<br />
aparte o conhecimento do caracter e m que o systhema<br />
assenta, nada mais se fica sabendo.<br />
Com os methodos dá-se o inverso; a classificação é<br />
mais diflicil, mas o objecto classificado fica conhecida<br />
completamente.<br />
98. Systhemas vegetaes. Systhema de Linneiu<br />
0 que acabamos de dizer das classificações e m geral ap-<br />
plica-se e m toda a sua extensão ás classificações vege<br />
taes. I/entre os systhemas botânicos, o mais notável é o<br />
de Linneu, celebre naturalista sueco. Basea-se nas modi<br />
ficações importantes dos ó r g ã o s de r e p r o d u c ç ã o das plan<br />
tas, estames e carpellos, e comprehende M divisões pri<br />
marias ou classes, que depois se dividem e m ordens ou<br />
divisões secundarias.<br />
As treze primeiras classes são fundadas n a numera<br />
dos estames; a decima-qnarta e a decima-quinta na sua
grandeza relativa; as tres seguintes, na reunião dos es<br />
TAX1N0MIA 157<br />
tames pelos íiletes; a decima-nona na r e u n i ã o dos esta<br />
mes pelas antheras; a v i g é s i m a na r e u n i ã o dos estames<br />
com os earpeltos ; a vigesima-primeira, vigesima-segunda<br />
e vigesima-terceira na s e p a r a ç ã o das .flores masculinas e<br />
das ílores femininas; a vigesima-quarta na a u s ê n c i a de<br />
estames e carpellos.<br />
SYSTHEMA DE LINNEU<br />
l. a<br />
classe: Monandria. Comprehende as plantas<br />
que l è m u m estame, ex. a Valeriana.<br />
2. a<br />
3. a<br />
4 a<br />
dos lintureiros.<br />
tata.<br />
5. a<br />
6. a<br />
7. a<br />
classe: D i a n d r i a . Dois estames, ex. o Lilaz.<br />
classe: T r i a n d r i a . Tres eslames, ex. o Trigo.<br />
classe: T e t r a n d i a . Qualro estames, ex. a Ruiva<br />
classe: P e n t a n d r i a . Cinco estames, ex. a Ba<br />
classe: H e x a n d r i a . Seis estames, ex. a Tulipa.<br />
classe: H e p t a n d r i a . Sete estames, ex. o Cas<br />
tanheiro da índia.<br />
8. a<br />
9. a<br />
10. a<br />
l l .<br />
a<br />
classe: O c t a n d r i a . Oito eslames, ex. a Urze.<br />
classe: E n n e a n d r i a . Nove estames, ex. o Junco.<br />
classe: D c c a n d r i a . Dez estames, ex. o Gravo.<br />
classe: D o d e c a n d r i a . De onze a vinte estames,<br />
ex. a Rezeda de cheiro.<br />
12. a<br />
classe: l e o s a n d r i a . Mais de vinte estames, in<br />
seridos sobre o calix, ex. a Roseira.<br />
13. a<br />
classe: P o l y a n d r i a . De vinte a cem estames,<br />
inseridos por baixo do ovario, ex. a Papoula.<br />
14. a<br />
classe: D i d y i i a i í i i a . Quatro estames, dois dos<br />
quaes mais pequenos do que os outros, ex. a Digital.
158<br />
15. a<br />
BOTÂNICA<br />
classe : T è t r a d y n a n i i f l . Seis estames, dois dos<br />
quaes mais pequenos do que os outros quatro,, ex,. a<br />
Couve.<br />
l(>. a<br />
classe: M o n a d e l p h i a . Estames em numero va<br />
riável, reunidos pelos íiletes n ' u m só feixe, ex. a Malva.<br />
17. a<br />
classe: D i a d e l p h i a . Estames e m numero va<br />
riável soldados pelos íiletes e m dois feixes distinetos, ex.<br />
a Polygala.<br />
18. a<br />
classe: P o l y a d e l p h i a . Estames reunidos pelos<br />
íiletes em tres ou mais feixes distinetos, ex. a Laran<br />
jeira.<br />
19. a<br />
classe: Syngenesia. Cinco estames reunidos e<br />
soldados pelos antheras: flores ordinariamente compos<br />
tas : ex. o Malmequer.<br />
20. a<br />
classe: G y n a n d r i a . Estames reunidos n'um só<br />
corpo com os carpellos, ex. as Orchideas.<br />
2 1 .<br />
a<br />
classe : M o n e c i a . Flores masculinas e flores<br />
femininas distinetas, mas reunidas n ' u m mesmo indiví<br />
duo, ex. o Carvalho.<br />
22.<br />
i l<br />
classe: Diecia. Flores masculinas e tlores fe<br />
mininas em indivíduos difterentes, ex. a Mercurial.<br />
23. a<br />
classe: P o l y g a m i a . Flores hermaphroditas,<br />
tlores masculinas e flores femininas reunidas n ' u m mesmo<br />
indivíduo ou em indivíduos difterentes, ex. a Parietaria.<br />
24. a<br />
classe: C r y p t o g a m i a . Plantas cujas Ílores sào<br />
invisíveis, ou muito pouco distinetas, ex. o Feto macho.<br />
0 systherna de Linneu tem o defeito de n ã o atten-<br />
der ás analogias existentes entre as difterentes espécies<br />
de vegetaes, reunindo n ' u m mesmo grupo plantas muito<br />
dissemilhantes, ou distribuindo e m classes diílerentes<br />
plantas dY)rganisação muito parecida. As únicas classes
em que os vegetaes estão grupados Éituralmente são: a<br />
TAXIXOMIA 159<br />
Didynamia, a Tetradynamia e a Syngcnesia (14. a<br />
, 15. a<br />
19. a<br />
classes) que correspondem á s famílias naturaes das<br />
Cruciferas, das Labiadas e das Synantheraceas.<br />
99. Systhema de Brotero. Uma das modilicaeões<br />
mais notáveis do systhema de L i n n e u foi devida ao cele<br />
bre botânico portuguez Brotero. A base d'esse systhema<br />
é a contagem dos* estames férteis pelo n u m e r o das an-<br />
theras. Gomprehende \'i classes, a saber:<br />
l .<br />
a<br />
classe: M o n a n t h e r i a . Gomprehende as plantas<br />
que t è m u m a anthera, ex. a C h a r a vulgaris.<br />
2. a<br />
maninho. }<br />
3. a<br />
4. a<br />
Verbena.<br />
5. a<br />
: Genciana.<br />
lipa.<br />
6. a<br />
7. a<br />
classe: D i a n t h e r i a . Duas antheras, ex. o llos-<br />
classe: T V i a n t h e r i a . Tres antheras, ex. o Trigo.<br />
classe: T e t r a n t h e r i a . Quatro antheras, ex. a<br />
classe: P e n t a n t h e r i a . Cinco antheras, ex. a<br />
classe: H e x a n t h e c i a . Seis antheras, ex. a T u -<br />
classe: H e p t a n t h e r i a . Sete antheras, ex. o Cas<br />
tanheiro da índia. v<br />
leira.<br />
8. a<br />
9. a<br />
Loureiro.<br />
queja.<br />
10. a<br />
classe: O c t a r i t h e r i a . Oito antheras, ex. a Avel-<br />
classe: E n n e a n t h e r i a . Nove antheras, ex. o<br />
classe: D e c a n t h e i i a . Dez antheras, ex. a Car<br />
1 1 / classe: P o l y a n t h e r i a . Mais de dez antheras,<br />
ex. a Rosa.<br />
e
160<br />
12. a<br />
BOTÂNICA<br />
classe: C r y p t a n t h e r i a . Plantas sem órgãos<br />
sexuaes apparentes, ex. o Feto macho.<br />
100. Methòdos. Methodo de Jussieu. 0 me-<br />
thoclo natural de Jussieu, tem e m vista agrupar os vege<br />
taes pelas suas analogias. Para isso, é necessário estu-<br />
dal-os em todas as suas particularidades, determinar os<br />
seus caracteres, e graduar-lhes a importância, isto é<br />
subordinal-os. Quer dizer isto que o caracter que servir<br />
para o estabelecimento da família, deve ter mais impor<br />
tância do que o que serviu para se estabelecer o gênero<br />
e assim successivamente.<br />
Jussieu estabeleceu tres typos fundamentaes, tirando<br />
os caracteres do e m b r y ã o . Esses typos s ã o :<br />
as A c o t y l e d o n e a s ou C r y p t o g a m i c a s , eompre-<br />
hendendo as plantas que n ã o t è m e m b r y ã o , e portanto<br />
sem cotyledones;<br />
as M o n o c o t y l e d o n e a s , comprehendendo todas as<br />
plantas cujo e m b r y ã o tem apenas u m a cotylédon;<br />
as D i c o t y l e d o n e a s , comprehendendo as plantas<br />
cujo e m b r y ã o tem duas cotyledones.<br />
Divisão e m classes. Estes tres typos foram divididos<br />
e m classes, tendo e m vista caracteres de segunda ordem,<br />
tirados da inserção dos estames e da f ô r m a da corolla.<br />
Às Acotyledoneas, que n ã o t è m tlores distinetas, for<br />
m a r a m apenas u m a classe : a Acotyledonia.<br />
O typo das Monocotyledoneas f o r m o u tres classes,<br />
segundo os estames eram hypogynos, perigynos ou epigy-<br />
nos, denominadas respectivamente M o n o h y p o g i n i a , Mo-<br />
noperigynia, e M o n o e p i g y n i a .<br />
O typo das Dicotyledoneas foi primeiro dividido em
TAXINOMIA 161<br />
tres grupos s e c u n d á r i o s : D i c o t y l e d o n e a s apetalas, m o n o -<br />
petalas, e p o l y p e t a l a s . Depois, cada u m d'estes grupos<br />
foi dividido e m classes, segundo o m o d o d'inserção dos<br />
estames, a saber:<br />
as Dicotyledoneas apetalas e m tres classes: E p i s t a -<br />
m i n i a , P e r i s t a m i n i a e H y p o s t a m i n i a ;<br />
as Dicotyledoneas m o n o p e l a l a s e m quatro classes:<br />
HypoGorollía, Pericorollia, E p i c o r o l l i a - s y n a n t h e r i a e E p i -<br />
corollia-corysantheria;<br />
as Dicotyledoneas p o l y p e t a l a s e m tres classes: E p i -<br />
petalia, H y p o p e t a i i a e P e r i p e t a l i a .<br />
E m f i m , a ultima classe, chamada D i c l i i d a , eompre-<br />
hende todàs as plantas de flores unisexuadas.<br />
Divisão e m f a m í l i a s , etc. A divisão das classes e m<br />
famílias, _ d'estas e m g ê n e r o s , etc. repousa sobre o m e s m o<br />
principio da s u b o r d i n a ç ã o dos caracteres. Se, para a di<br />
visão e m typos, se l a n ç o u m ã o dos caracteres tirados<br />
do e m b r y ã o , e, para a divisão e m classes, de caracteres<br />
da corolla e dos estames, para se f o r m a r e m as famílias,<br />
tomaram-se os que se referem á estructura do fructo, ao<br />
numero dos estames, á sua r e u n i ã o pelos filetes, etc.<br />
Caracteres menos importantes tirados da f ô r m a das<br />
flores, da inílorescencia, e t c , servem para a divisão das<br />
famílias e m g ê n e r o s ^ d'estes e m e s p é c i e s e ainda para a<br />
distineção entre variedades.
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101. C l a s s i f i c a ç õ e s m o d e r n a s . C l . de V a n T i e -<br />
g h e m . 0 m e t h o d o de Jussieu foi diversamente m o d i f i <br />
cado pelos b o t â n i c o s que se lhe seguiram; de Candolle,<br />
Richard, Brogniart, etc. O conhecimento mais perfeito<br />
dos vegetaes permittiu estabelecer grupos, e accentuar<br />
separações n ã o entrevistas no tempo de Jussieu. N ó s<br />
adoptamos n'este livro a classificação de V a n T h i e g h e m ,<br />
que é a seguinte :<br />
Divisão e m typos. Van T h i e g h e m divide o reino v e <br />
getal e m dois sub :reinos: p l a n t a s n ã o vasculares, ou s e m<br />
raizes e p l a n t a s vasculares ou c o m raizes.<br />
Cada u m d'estes sub-reinos é dividido e m dois typos.<br />
As plantas n ã o vasculares f o r m a m dois typos: as<br />
Thallophytas, o u plantas sem folhas; e as M u s c i n e a s , que<br />
já apresentam estes appendices.<br />
As plantas vasculares dividem-se e m dois typos, con<br />
forme apresentam o u n ã o ílores: são as C r y p t o g a m i c a s<br />
vasculares e as P h a n e r o g a m i c a s .<br />
Divisão dos t y p o s e m classes — 1. As T h a l l o p h y t a s s ã o<br />
divididas e m duas classes, correspondendo á a u s ê n c i a o u<br />
presença, nas plantas que constiluem o typo, d'algum p i -<br />
gmento c ó r a d o . S ã o os F u n g o s , e m que ha a u s ê n c i a de<br />
chlorophylla; e as A l g a s , e m que existe u m pigmento<br />
córado.<br />
I I . As M u s c i n e a s dividem-se e m duas classes: H e -<br />
paticas e M u s g o s . Nas primeiras, os esporos resullanles<br />
da divisão do ovo ficam encerrados no archegonio alé a<br />
maiuração ; as segundas apreseniam pedunculos que sup-<br />
portam u m a c á p s u l a cheia d'esporos.<br />
I I I . As C r y p t o g a m i c a s vasculares dividem-se e m<br />
tres classes: F i l i c i n e a s , E q u i s e t i n e a s e L y c o p o d i n e a s .
m<br />
BOTÂNICA<br />
As Filicincas são caracterisadas por apresentarem<br />
folhas grandes, chamadas frondes, enroladas e m fôrma<br />
de baculo quando novas; as Equisetineas, por apresen<br />
tarem grande numero de ramos verticillados: as Lyeopo-<br />
dineas por terem raizes e caules diehotomos.<br />
IV. Finalmente, as P h a n e r o g a m i c a s dividem-se em<br />
Gymnospermicas e Angiospermicas, conforme as semen<br />
tes estão ou n ã o encerradas n'uma cavidade fechada. As<br />
G y m n o s p e r m i c a s constituem u m a sô classe: as Angios<br />
permicas dividem-se e m duas classes: Monocotyledoneas<br />
e Dicotyledoneas.
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166<br />
R E S U M O<br />
90. Para distinguir as plantas é necessário dar-lhes nomes<br />
a distribuil-as em grupos. O conjuncto de regras para nomear<br />
scientiíicamente os vegetaes tem o nome de nomenclatura botâ<br />
nica ; as regras seguirias na classificação constituem a taxinomia.<br />
91. Todo o ser vivo é um indicai ao.<br />
92. Chama-se variedade á reunião dMudividuos com cara<br />
cteres communs; e raça á variedade que tem caracter de perma<br />
nência.<br />
93. Espécie ó um grupo de seres idênticos nos caracteres<br />
fundamcntaes que se transmittem á posteridade.<br />
Excepcionalmente, duas espécies podem fecundar-se, ao que<br />
se chama lit/bridação, dando-se ao producto o nome de hybrido.<br />
91. A reunião de espécies similhantes chama-se gênero.<br />
Ainda excepcionalmente, pôde haver hybridos de gêneros.<br />
95. A reunião de gêneros similhantes é uma família; a<br />
reunião de famílias é uma ordem; a reunião cTordens é uma<br />
classe; a reunião de classes é um typo.<br />
96. O conjuncto de regras adoptadas para a designação dos<br />
vegetaes chama-se nomenclatura botânica. A adoptada e binaria.<br />
designando um termo o gênero e outro a espécie.<br />
97. Classificar é distribuir em grupos. As classificações po<br />
dem ser naturaes ou methodos ; e artificiaes ou systemus.<br />
98. O syslema de Linneu baseia-se no numero, grande/a<br />
relativa, etc. dos estames Comprehende 2í classes: Monandria,<br />
Diandriu, Triundria, Tetrandin, Pentandria, Hccandria, Heptan-<br />
dria, Octandria, Enneandria, Decandria, Dodeeandria, Icosandria,<br />
Polyandria, Didgnamia, Tetrudynumia, Monadelphia, Biadelphia,<br />
Polyadetphia, Sgngenesiu, Gyuandriu, Monecia. Diecia, Poiggamia<br />
e Cryplogamiu.<br />
99. O sxsthema de Brotero basea-se no numero dos esta<br />
mes férteis, eontamb-se pelas antheras. Comprehende 12 classes :<br />
Monantheria, Diantheria } Triantheria, Tclrantheria, Pentantheria.<br />
He.rantheria, Heptuntheriu, Octanlheria, Enneantheria, Decanthe-<br />
r m , Potguntheria e Cryptantheria.
100. O methòdo de Jussieu mira a aggrupar os vegetaes<br />
TAXINOMIA i 67<br />
•r'<br />
pelas suas manifestas analogias. Comprehende quinze classes :<br />
Acotyledonia, Monohypogynia, Monoperiyynia, Monoepgiyniu, Epis-<br />
taminia, Petístaminia, Hypostaminia. Hypocorollia, Pericorollia,<br />
Synanthrria, Corysantheria, Epipetalia, Hypopetaluu Peripetalia e<br />
Diclinia.<br />
101. A classificação de Van Tieghem está em harmonia com<br />
os mais recentes conhecimentos botânicos. Comprehende quatro<br />
typos: Thallophytas, Muscineas. Cryptogamicas vasculares e Pha<br />
nerogamicas.<br />
As Thallophytas formam duas classes : Fungos e Algas*<br />
As Muscineas formam outras duas: Hepaticas e Musgos-<br />
As Cryptogamicas vasculares comprehendem as Filiei nius, as<br />
Equisetineas e as Lycopodineas.<br />
As Phanerogamicas dividem-se em Gymnospermicas e Angios<br />
permicas. As primeiras formam uma só classe ; as segundas divi<br />
dem-se èm Monocotyledoneas e Dicotyledoneas.
TitalBopliytas<br />
102. Caracteres geraes. As Thcdlophylas caracte-<br />
C A P I T U L O X<br />
I T Y P O<br />
risam-se pela ausência completa de vasos. 0 apparelho<br />
vegétativo é formado por u m a cellula só, ou por vá<br />
rias ; mas, ainda n'esse caso, o parenchyma é quasi ho<br />
m o g ê n e o , n ã o se dilTerenciando e m tecidos. Este appa<br />
relho vegétativo tem o nome de thallo.<br />
A r e p r o d u c ç ã o faz-se por esporos e por ovos.<br />
Os esporos podem formar-se exteriormente ao corpo<br />
e chamam-se cxogenicos, ou interiormente e denomi<br />
nam-se endogenkos. 0 sacco que os contem recebe, n^ste<br />
caso, o nome de esporangio.<br />
A l e m d'estes esporos que se podem chamar f u n d a -<br />
meutaes, ha outros accessorios que se f o r m a m e m con<br />
dições determinadas, e só germinam e m meios espe-<br />
ciaes: são os conidios.<br />
t
Os ovoá ou oosporos formam-se pela reunião de dois<br />
THALLOPHYTAS 469<br />
germens que p o d e m ser similhantes o u differentes. N'este<br />
ultimo caso, o elemento masculino é o a n t h e r o z o i á e e o<br />
feminino a oosphera. A cellula e m que se f o r m a m os an-<br />
therozoides é u m a n t h e r i d i o e aquella e m que se f o r m a<br />
a oosphera é u m oogonio.<br />
As Thallophytas dividem-se em duas classes, ca-<br />
Fig. 127 — Cogumelo das iguarias.<br />
racterisadás pela p r e s e n ç a o u a u s ê n c i a de chlorophylla.<br />
As Thallophytas sem chlorophylla s ã o os F u n g o s ; as<br />
que são providas cTesta m a t é r i a corante chamam-se A l <br />
gas.
170<br />
103. l .<br />
a<br />
BOTÂNICA<br />
classe: F u n g o s . Os Fungos são Thallo<br />
p h y t a s sem chlorophylla, sem raizes, sem caules, sem<br />
folhas, e cuja r e p r o d u c ç ã o se effectua geralmente por<br />
esporos.<br />
Se examinarmos u m dos mais conhecidos represen<br />
tantes d'esta classe, o Cogumelo das iguarias (fig. 127),<br />
vemos que é formado por uma parte exterior ao sólo,<br />
Fig. 128 - Basidios com os<br />
esporos.<br />
em f á r m a de guarda-sol, a que<br />
se chama chapéu, supportado por<br />
u m cabo grosso, que tem o no<br />
me de pé.<br />
O chapéu é por cima branco<br />
e liso, mas por baixo é cor de<br />
rosa, castanho ou negro, apre<br />
sentando grande numero de pe<br />
quenas l â m i n a s verticaes salien<br />
tes, que irradiam do centro para<br />
os bordos, e são pregas {Puma<br />
espécie de membrana chamada"<br />
h y m c n i o . Examinadas essas lâmi<br />
nas c o m u m vidro d'augmento,<br />
vê-se que o aspecto avelludado<br />
que t è m é devido a grande quan-<br />
tidade'de pequenas saliências, cha<br />
madas basidios (fig. 128) algumas<br />
das quaes são coroadas por qua<br />
tro pequenos esporos.<br />
Quando estes corpos se desprendem, germinam, mas<br />
n ã o dão logar a Cogumelos, como os que acabamos de<br />
indicar.<br />
0 esporo, desenvolvendo-se, dá logar a uma serie
THALLOPHYTAS<br />
de filamentos ramificados, e que se c h a m a m m y c e l i o<br />
(fig. 129). O mycelio mais tarde desenvolve á superfície<br />
os guarda-soes e m que f a l í a m o s e que constituem o a p -<br />
parelho esporifero.<br />
N e m todos os Fungos t è m a fôr<br />
ma que indicamos, mas todos etles<br />
apresentam mycelio, c o n s t i t u í d o geral<br />
mente por filamentos m u i t o t ê n u e s ,<br />
simples ou ramificados. Este mycelio<br />
insinua-se, para se nutrir, quer no<br />
sólo, quer e m certos ó r g ã o s dos vege<br />
Fig. 129 — Mycelio.<br />
taes ou animaes, porquanto os Fungos, n ã o tendo chlo<br />
rophylla, e sendo, portanto, incapazes de formar os<br />
hydrocarbonados, precisam encontrar estas substancias<br />
já formadas. Os filamentos do mycelio p o d e m reunir se<br />
n'um corpo duro chamado sceleroto, c o m o se d á por exem<br />
plo na Cravagem de centeio, empregada e m medicina.<br />
104. E s p é c i e s p r i n c i p a e s . K espantoso o n u <br />
mero d'especies que encerra esta classe. A l g u m a s d'ellas<br />
são comestíveis, taes s ã o o C a p ã o dos pobres, a T u -<br />
bara, o Cogumelo das iguarias, etc. Outras, p o r é m , en<br />
cerram venenos violentos; e infelizmente n ã o é fácil se-<br />
paral-as das que servem para a nossa a l i m e n t a ç ã o .<br />
0 Agarico do carvalho, o u Isca de couro, serve para<br />
a preparação da isca, etc.<br />
Pertencem t a m b é m aos Fungos os diíferentes Bolores<br />
que se f o r m a m no p ã o , nos l í q u i d o s assucarados, etc.;<br />
a Cravagem de centeio que, misturada c o m os alimentos,<br />
produz a gangrena das extremidades; difterentes f e r m e n -<br />
tos figurados que s ã o agentes de f e r m e n t a ç õ e s , e d'entre
172<br />
BOTÂNICA<br />
os quaes citaremos o Saccharomyces cerevisiae, ou leve<br />
dura de cerveja (fig. 130) que determina a transforma<br />
ção do assucar e m álcool; a flor do vinho, a do vina<br />
gre, etc.<br />
105. 2 a<br />
Fig. 130 — Levedura da cerveja.<br />
classe: A l g a s . C a r a c t e r e s geraes. As<br />
A l g a s são Thallophytas, qtiasi sempre aquáticas, e provi<br />
das de chlorophylla. O seu thallo<br />
affecta f ô r m a s muito variadas,<br />
ramifieando-se freqüentemente e<br />
constituindo outras vezes lâmi<br />
nas delgadas e frágeis (fig. 131).<br />
Tomaremos, como exemplo,<br />
a Bodelha ou Carvalho marinho<br />
que o mar arremessa á praia e<br />
cobre as penedias e m todo o<br />
nosso littoral (fig. 132). A sua<br />
cor é verde-bronze carregado, e<br />
a sua forma ó a de lâminas acha-<br />
Fi g. isi - capea. tadas e recortadas. Sustenta-se na
THALLOPHYTAS<br />
agua # custa de cavidades cheias d'ar; o que fez dar á<br />
Bodelha o n o m e de F u ç o vesiculoso. A l é m d'estas dilata-<br />
ções, a planta que descrevemos apresenta outras cavi-<br />
dades que se abrem para o exterior por meio de poros<br />
Fig. 132 — Bodelha.<br />
guarnecidos de pellos. Estas cavidades, chamadas conce-<br />
pkteulos, encerram ó r g ã o s femininos o u masculinos. Os
174 BOTÂNICA<br />
primeiros (íig. 133) são oogomos, que encerram oosphe-<br />
4<br />
o_><br />
•<br />
Fig. 13.-* — Bodelha. Coneeptaculo feminino.<br />
Fig. 134 — Bodelha. Conceptaeulo masculino-<br />
ras, os segundos (fig. 134) são antheridios, e m que estão
contidos antherozoides que<br />
THALLO<br />
nadam por meio de celhas<br />
vibrateis e vão fecundar a<br />
oosphera.<br />
N e m todas as Algas s ã o<br />
similhantes na f ô r m a e no<br />
modo de r e p r o d u c ç ã o . Ha-as<br />
extremamente simples, for<br />
mando massas gelatinosas,<br />
eomo os Nostocs (fig. 135).<br />
Os limos que v i v e m na agua<br />
Fig 135 — Nostoc.<br />
doce são formados apenas<br />
por tubos c o m septos que os<br />
dividem n ' u m certo n u m e <br />
ro de cavidades, n'algumas<br />
das quaes se desenvolvem<br />
os esporos, e n'outras" os<br />
an|herozoides (fig. 136). A l <br />
gumas d'ellas apresentam<br />
uma f ô r m a especial de* re<br />
producção, por c o n j u g a ç ã o .<br />
Os seus tubos divididos<br />
unem-se dois a dois, esta-<br />
TAS J75<br />
Fig. 136 — Limo. Tubos divididos encerrando<br />
órgãos reproductores mas<br />
culinos e femininos.
176<br />
BOTÂNICA<br />
belece-se c o m m u n i c a ç ã o fmtre elles nos pontos de con-<br />
tacto, e o c o n t e ú d o d'um dos segmentos de tubo vasa-se<br />
no outro, fundindo-se com o seu conteúdo, resultando<br />
da fusão a f o r m a ç ã o d'um ovo (fig. 137).<br />
106. Espécies principaes. Algumas Algas mari<br />
nhas são úteis. Ricas e m matérias gelatinosas, algumas<br />
d'ellas são alimentares : assim a A l g a perlada serve para<br />
fazer u m a espécie de geleia. Outras, pela sua riqueza<br />
e m soda e iodo, servem para a p r e p a r a ç ã o d'estas subsr<br />
Fig. 137 — Algas conjugadas. Zignema e Spirogyra.<br />
tancias. Os Fucos são empregados e m toda a costa como<br />
adubos, e podem servir como alimento ao gado.<br />
0 chamado Musgo da Corsegaj} u m a reunião d'Al<br />
gas vermifugas. 0 F . saccharinas que apparece nas nos<br />
sas praias encerra u m principio assucarado, a m m -<br />
nite, etc.<br />
As Bactérias são espécies de algas que determinam<br />
plienomenos curiosissimos: umas fabricam substancias<br />
corantes, como a que dá a côr ao pus azul; outras pro<br />
duzem luz; outras segregam fermentos solúveis-; outras
THALLOPHYTAS<br />
produzem pelo seu desenvolvimento no organismo do<br />
homem ou .dos animaes d o e n ç a s terríveis (tuberculose,<br />
carbnnculo, etc.)<br />
107. Lichens. Caracteres gera es. Os Lichens<br />
são, por muitos b o t â n i c o s , considerados c o m o associações<br />
d'Algas e Fungos. Observados no estado perfeito, são for-<br />
Fig. 138 — Pulmonaiia dos Carvalhos.<br />
177<br />
mados de crustas, placas o u m e m b r a n a s , fixas aos ro<br />
chedos, ou aos troncos das arvores. As suas p o r ç õ e s l i <br />
vres podem ser mais o u menos ramificadas, ou recor<br />
tadas, de m o d o que representam filamentos arborescen-<br />
tes. T è m côr cinzenta, amareila ou anegrada. A sua<br />
consistência é ^ecca e raras vezes molle e carnosa. A<br />
massa dos seus ó r g ã o s vegetativos chama-se íhallo, e é<br />
12
178 BOTÂNICA<br />
unicamente cellulosa, mas o tecido cortical é mais denso,<br />
ao passo que o interior, chamado h y p h a , é filamentoso<br />
e molle. E' entremeado de glóbulos ordinariamente nu<br />
merosos, muitas vezes esverdeados, que se chamam go-<br />
nidios, e por alguns botânicos são considerados como<br />
algas unicellulares.<br />
Os órgãos de fructiíicação são e m forma de taças<br />
escavadas, de contorno f r e q ü e n t e m e n t e circular, e rece<br />
beram o nome de apothecias. A sua concavidade é tape<br />
tada por u m hymenio que supporta cellulas (ascas) em<br />
cujo interior se desenvolvem esporos. Entre as ascas<br />
acham-se filamentos estéreis, ou paraphgses. Os esporos,<br />
depois de saírem das ascas, germinam e formam u m<br />
prothallo.<br />
108. Espécies principaes. A Pulmonar ia dos<br />
Carvalhos (fig. Iá8) e o chamado impropriamente Musgo<br />
islandico t è m applicações m é d i c a s , como calmantes. As<br />
Rocellas fornecem matérias corantes e nomeadamente a<br />
urzella. Nas regiões polares, crescem lichens que os ani<br />
maes d'essas regiões aproveitam para a sua alimentação.<br />
I0°2. As Thallophytm earaclerisam-se pela ausência de va<br />
R E S U M O<br />
sos. O apparelho vegétativo ê formado por uma ou varias cellu<br />
las ; mas, mesmo ifesle caso, o parenchyma é quasi homogêneo.<br />
A reproducção faz-se por esporos e ovos. Dividem-se em Fungos e<br />
Algas.<br />
103. Os Fungos sào plantas sem chlorophylla, sem raizes,<br />
sem caules, sem folhas e cuja reproducção se eflectua por espo-
THALLOPHYTAS<br />
ros. Estes geralmente sào supporlados pelos basidios. O esporo<br />
desenvolvendo-se íopna o mycelio.<br />
104. Alguns Fungos são comestíveis; outros encerram ve<br />
nenos violentos. O Agarico serve para a preparação da isca. Per<br />
tencem também aos Fungos os dilterentes Bolores, a Cr ar agem de<br />
centeio e alguns fermentos figurados.<br />
105. As Algas são Thallophytas quasi sempre aquáticas e<br />
providas de chlorophylla. A reproducção etlectua-se pela acção<br />
dos antherozoides sobre as oospheras; algumas, porém, repro-<br />
duzem-se por conjugação.<br />
106. Algumas Algas são ricas em matérias gelatinosas, e<br />
alimentares. Os Fucos são empregados como adubo e para a ali<br />
mentação dos animaes. As Bactérias produzem luz, matérias co<br />
rantes etc, ou determinam pelo seu desenvolvimento doenças<br />
terríveis.<br />
107. Os Lichens são associações d^Algas e Fungos í) seu<br />
thallo é entremeado de glóbulos ^sverdeados, chamados gonidios.<br />
Os órgãos de fructiíicação tem a forma de taças, chamadas apo<br />
thecias.<br />
108. Alguns Lichens são empregados na medicina. Outros<br />
dão matérias corantes appreciadas. Nos pólos, alguns servem<br />
para a alimentação dos animaes.
II TYPO<br />
Muscineas<br />
109. Caracteres geraes. 0 apparelho vegétativo<br />
C A P I T U L O X I<br />
das Muscineas acha-se diferenciado e m caule e folhas,<br />
excepto 11'algumas f ô r m a s inferiores.<br />
A r e p r o d u c ç ã o é sexual e asexual.<br />
A r e p r o d u c ç ã o asexual elíectua-sc por meio de pro-<br />
pagulos, corpo* achatados e de contornos arredondados<br />
que se f o r m a m n'urna espécie de cestas que se desenvol-<br />
v e m á superfície do thallo.<br />
A geração sexual efíectua-se por meio (Yantheridios<br />
e oogonios, mas estes o r g à o s apresentam disposições es-<br />
peciaes.<br />
0 antheridio é uma espécie de sacco ovoide dilatado<br />
e m forma de m a ç a , cuja parte interior 6 formada pelas<br />
cellulas m à e s dos anlherozoides.<br />
0 oogonio toma o nome de urc/iegonio e tem a forma
d'uma garrafa de gargalo allongado o ordinariamente<br />
MUSCINEAS | 8 |<br />
torcido. O bojo da garrafa, ou venlre, encerra a oos<br />
phera.<br />
Depois da f e c u n d a ç ã o , forma-se u m e m b r y ã o espo-<br />
rifero o u esporogonio. Postos os esporos e m liberdade,<br />
por dehiscencia d'estc ó r g ã o , g e r m i n a m , formando u m<br />
-filamento chlorophyUiano c h a m a d o prol on em a. K nas ra<br />
mificações d'este p r o l o n e m n que apparecem ao cabo d ' u m<br />
certo tempo gomos que se desenvolvem formando caule<br />
c folhas.<br />
110. 3. a<br />
classe: Hepaticas. Caracteres gera es.<br />
Tomaremos c o m o exemplo a H e p a l i c a d a s fontes, que<br />
cresce nos logarcs h u m i d o s . Apresenta-se sol) a f ô r m a<br />
de placas membranosas verdes, recortadas, d'uma estru<br />
ctura simplicissima.<br />
A superfície do thallo v è e m - s e ó r g ã o s reproduetores<br />
asexuados c sexuados. Os primeiros, chamados concepta-<br />
culos, acham-se situados a certa distancia des bordos<br />
do thallo. N o fundo de cada conccptaculo encontra-se<br />
u m certo n u m e r o de pequenas l â m i n a s pluricellulares,<br />
chamadas p r o p a gaios. Quando chegam a u m certo des<br />
envolvimento, destacam-se do conceptaculo e c á e m no<br />
solo h u m i d o , onde p r o d u z e m u m thallo similhante ao<br />
primitivo.<br />
Os ó r g ã o s reproduetores sexuados .são representados<br />
por ramos d ' u m centimetro, que nascem á beira do<br />
( thallo. Estes ramos, que t è m o n o m e de reccpluailos,<br />
são de "duas e s p é c i e s : uns t è m os ó r g ã o s masculinos ou<br />
antKendios, e os outros os ó r g ã o s femininos ou arche-<br />
gonios. Uns e outros s ã o formados d ' u m pedunculo cy-
m<br />
BOTÂNICA<br />
lindrico, terminado, por u m prato que supportâ os órgãos<br />
reproduetores.<br />
Os receptaeulos masculinos (íig. \ 3 9 ) tem a forma<br />
d'um disco lenticular, c m cuja espessura estão os aiithe-<br />
ridios, contendo os antherozoides.<br />
Os receptaeulos femininos (íig. 140) t è m u m prato<br />
o u chapéu profundamente recortado e m oito a dez lobu-<br />
los differentes, em que se f o r m a m os órgãos femininos<br />
ou archegonios. Depois de fecundada, a cellula feminina<br />
Fig. 139 — Hepatica das fontes. Fig. 140 Hepatica das fontes<br />
Órgãos masculinos Órgãos femininos.<br />
do archegonio ou oosphera desenvolve-se n'um embryão<br />
esporiíero ou esporogonio que fica incluído no archegonio<br />
até á maturação, dos esporos. E este ultimo caracter que<br />
distingue as Hepatieas dos Musgos.<br />
A Hepatica das fontes foi e m tempo empregada como<br />
diurelico, e para combater as d o e n ç a s do fígado.<br />
111. 4. a<br />
classe: Musgos. Caracteres gemes.<br />
Tomemos como exemplo o Polgtricho ou A vença d o u r o ,<br />
musgo extremamente c o m m u m .
MUSCINEAS<br />
1 m<br />
Os seus caules delgados e m u i t o numerosos (íig. 141)<br />
são vestidos de pequenas folhas alternas, de o r g a n i s a ç ã o<br />
Fig. 141 —Avenca cVouro. Pés masculinos e femininos.<br />
tào delicada, que atravez d'ellas se vè a luz. Durante al-<br />
>. guns meze's a planta n ã o apresenta mais nada, mas n ' u m
1$4 BOTÂNICA<br />
momento determinado, vèem-se if alguns pés de Polytrn<br />
cho longas sedas rígidas terminados por saceos verdes<br />
chamados urnas ou cápsulas, cuja tampa ou parte su<br />
perior se chama operculo (fig. 141, 2, 3, 4). A urna é<br />
cpiasi sempre coberta por uma espécie de barrete cha<br />
mado coifa. Dentro da urna estão uns saccos (esporan-<br />
gios) contendo os esporogonios.<br />
Outros pés de Polytricho n ã o tem urnas: formam,<br />
com as folhas, umas pequenas rosetas, q u ê depois v ê m<br />
a ciar u'uma espécie de cestas, contendo saccos que são<br />
os antheridios d'onde mais tarde se escapam os anthe-<br />
rozoides fecundantes (íig. 141). Ha portanto pés mascu<br />
linos e femininos. Os Musgos são plantas dioicas.<br />
0 que diííerencia os Musgos das tlepaticas é que os<br />
esporogonios cedo abandonam o órgão e m que se for<br />
maram, ao contrario do que suecede n'aquellas plantas.<br />
Os Musgos tèm poucas applicações. Cobrem a terra,<br />
conservando-lhe a verdura, servem para formai\camas<br />
dos gados e acondicionar objectos frágeis. Algumas es<br />
pécies aquáticas decompondo-se f o r m a m a t u r f a . (Geolo<br />
gia, 69).<br />
R E S U M O<br />
109. í) apparelho vegétativo das Muscineas acha-se dilfe-<br />
reneiado em caule e folhas. A reproducção é sexual e asexual.<br />
Esta faz-se por propagulos; aquella por meio de anlheridios e oogo-<br />
nios.<br />
Pela fecundação torma-se um embryão esporifero, o esporo-<br />
gonio ; libertos os esporos, germinam, formando, o protonenm.<br />
As Muscineas comprehendem as Hepalicas e os Musgos.<br />
\ 10. Nas Hepaticas, a reproducção asexual faz-se por meio
MUSCINEAS 185<br />
de propagulos, encerrados em conceptaculos. A reproducção se<br />
xual effectua-se por meio de receptaeulos, uns dos quaes tem os<br />
órgãos masculinos e outros os femininos. A cellula feminina de<br />
pois de fecundada fica encerrada no archegonio até á maturação<br />
dos esporos.<br />
111. Nos Musgos, os esporogonios estão encerrados em ar*<br />
nas ou cápsulas cobertas por coifa*. Os anlheridios formam uma<br />
espécie de cestas. Os esporogonios cedo abandonam o órgão em<br />
que se formam.
Cryptogamicas vasculares<br />
112. Caracteres gcraes. As Cryptogamicas vas<br />
C A P I T U L O X I I<br />
I I [ T Y P O<br />
culares distinguem-se dos outros typos até agora estu<br />
dados por apresentarem uni apparelho vegétativo em que<br />
se dislingue caule, folhas e raizes. A existência de raiz<br />
arrasta comsigo a d'um systhema libero-lenhoso, e por<br />
tanto a presença de vasos.<br />
O esporo das Cryptogamicas vasculares produz sem<br />
pre uma espécie de corpo achatado, parecido com um<br />
thallo, e que se chama prol índio. Veste corpo desenvol<br />
vem-se os orgàos reproduetores, antheridios e arehego-<br />
nios. iValgumas d'estas plantas, estas duas espécies ^ór<br />
gãos encontram-se no mesmo prothallo, mas ifoutras os<br />
dois sexos estão e m prolhallos diversos. A estructura do<br />
antheridio varia com os difterentes grupos. O archegonio<br />
é bastante símilhante ao das Muscineas.<br />
As Cryptogamicas vasculares dividem-se em tres<br />
classes: Filieincas, L y c o p o d i n e â s e Equisetineas, cara-<br />
eterisadas, a l é m de particularidades no modo de repro-
C RYPT0GA MIC AS V ASC ULAUES<br />
ducção: por apresentarem as primeiras, grandes folhas<br />
com nervuras abundantes; as segundas por conterem<br />
geralmente ramos verticillados; e as ultimas por terem<br />
as plantas (jue a c o m p õ e m raizes e caules forquilliados.<br />
Fig. 142 - Feto macho- A. Planta inteira — B Fronde — C. Farte d'esta arapliada,<br />
com dois soros - B. Esporangio — F. O mesmo abrindo-se — G-<br />
Prothallo amplificado — G' Prothallo - H. Porção mais amplificada do<br />
prothallo, mostrando os archegonios e antbcridios — l. Antheridio.<br />
W S . 5. a<br />
J87<br />
classe F i l i c i n c a s . Os Fetos sào plantas<br />
providas de caule c raizes. Nas que se encontram nos<br />
nossos climas, e o Feio m a c h o (fig.. H i ) p ô d e servir-nos
188<br />
BOTA MCA<br />
de typo de referencia, o caule é s u b t e r r â n e o : é ü m rhi<br />
zoma. Tem raizes delgadas que se enterram no solo, e<br />
grande numero de frondes. Chamam-se frondes as folhas<br />
d* estes vegetaes (pie de ordinário c o n t é m e m determina<br />
das épocas os órgãos de r e p r o d u c ç ã o asexuada. Nos pri<br />
meiros tempos da existência, apparecem ordinariamente<br />
enroladas em forma de baculo.<br />
A posição dos órgãos reproduetores é bastante va<br />
riável nos Fetos. Xo Feto macho apparecem em grupos,<br />
chamados soros, na face interior das frondes (fig. 142, C).<br />
Estes soros estão cobertos por uma lamina, o induzio.<br />
Cada soro comprehende vários saccos ou esporangios que<br />
se abrem na m a t u r a ç ã o pela acção d'um pequeno rebordo<br />
elástico (fig. 142, E). Saem então os esporos que,-pela<br />
g e r m i n a ç ã o , produzem u m a pequena lamina verde que<br />
se chama prothallo e em que se desenvolvem os órgãos<br />
da reproducção sexuada que são anlheridios e arckego-<br />
nios (fig. K 2 , d, G \ II). Nos anlheridios, estão os an-<br />
therozoides, munidos de colhas vibrateis, que penetram no<br />
archegonio para lhe fecundarem o conlheudo (fig. 142,1).<br />
Assim se f o r m a m os ovos que, pelo seu desenvolvi<br />
mento dão logar a frondes similhantes ás do Feto adulto.<br />
m e n s õ e s .<br />
Os Fetos, nos paizes querpes, attingem grandes di<br />
114. Espécies prineipaes. Alguns Fetos tèm uti<br />
lidade. O Velo macho é empregado para matar a bicha<br />
solitária; a Aeenca utilisa-sc para o fabrico de xaropes<br />
peitoraes. Outras espécies que tiveram applicações mé<br />
dicas estão hoje abandonadas. Muitas cultivam-se come<br />
plantas ornameutaes.
CRYPTOGAMICAS VASCULARES 180<br />
Os Fetos fizeram parte integrante da v e g e t a ç ã o dos<br />
primeiros p e r í o d o s g e o l ó <br />
gicos e nomeadamente do<br />
permo-carbonico. Nas suas<br />
camadas encontram-se ves<br />
tígios numerosos de S p h e -<br />
nopleris, Pecopteris (fig.<br />
143) e Névropteris.<br />
115. 6. a<br />
Classe. Kqili- Fig. 143 - Pecopteris.<br />
setineas. Tomemos como typo de descripeíio a Camíünha (E,<br />
Fig. Ui — Cavallinha. Germinação e apparecimento das primeiras folhas.<br />
jluciatüe L) que entre nós se encontra nos lugares li úmidos,<br />
desde o fim do inverno (íig. 144;.<br />
%
190<br />
BOTÂNICA<br />
Fig. 145 - Cavallinha. A. Planta inteira — B. Espiga - CG. Uma das suas<br />
escamas vista por cima e por baixo - D. Esporangio — E. Esporo cercado<br />
pelos seus elasterios— F. O mesmo com os elasterios abertos.
GKYPT0UAM1GAS VASCULARES 191<br />
Pela germinação dos esporos (Festa planta, fórmam-se pro-<br />
Ihallos masculinos e femininos.<br />
O prothallo masculino tem grandes antheridios que deixam<br />
sair numerosas vesiculas contendo cada uma o seu anlherozoide<br />
volumoso, formado por duas ou tres voltas despira.<br />
O prothallo feminino tem archegonios em que se distingue<br />
um collo e uma cavidade que contém a oosphera. Esta, em vir<br />
tude da acção dos antherozoides que penetram no archegonio,<br />
transforma-se n'um oosporo.<br />
O oosporo fôrma primeiro o embryão que desenvolvendo-se<br />
dá uma cavallinha. Mais tarde, o caule c formado por artículos<br />
ocos prolongados para cima por uma bainha foliacea, de dentes<br />
verticillados, em numero variável (iig. 115-A). Cada eutre-nó é<br />
formado por um tubo central, e por um invólucro exterior cons<br />
tituído por tubos numerosos, e cannelado á superfície. Do nó<br />
nascem muitas vezes ramos verticillados similhantes ao caule, e<br />
ífestes ramos ou em ramos especiaes apparecem os órgãos da<br />
reproducção asexuada. Formam espigas (fig. lío-B) cujo eixo tem<br />
uma espécie de cravos (Íig. U5-CG), por baixo da cabeça dos<br />
quaes se vêem saccos que são esporangios (fig. 145-D). bestes<br />
saccos estão encerrados os esporos que sào notáveis pelos movi<br />
mentos bruscos que apresentam e que<br />
são devidos a filamentos elásticos ou<br />
elasterios que os envolvem (tig. 145-EF).<br />
N"algumas Equisetineas pôde o mesmo<br />
prothallo conter órgãos masculinos e<br />
femininos.<br />
116. Espécies principaes Os<br />
Equisétos actuaes têm poucas applica-<br />
ções; apenas as paredes duras e incrus<br />
tadas de silica dos seus caules os fazem<br />
procurar para polir a madeira eos me-<br />
taes.<br />
Nos períodos geológicos, os Equi<br />
Fig. 146 " Annularia.<br />
sétos desempenharam um papel muito mais importante do que<br />
hoje têm. Esta classe era então representada por arvores, ás
192 BOTAM CA<br />
vezes muito grandes, cujos vestígios se encontram em especial<br />
nas rochas do systhema permo-carbonico. Taes eram por exem<br />
plo as Annalarias (fig. 146) e as Calamites (fig. 147).<br />
117. 7. a<br />
classe : Lyeopodineas. As Lyco-<br />
podineas sào plantas que tèm prothallo e apre<br />
sentam, ora uma, ora duas espécies d'espo-<br />
ros: os pequenos ou vücrosporos e os grandes<br />
ou macrosporos. Ordinariamente são de peque<br />
nas dimensões, e tèm ramos cobertos de folhas<br />
Fig. 147 - caiamites p e ( j u e i i a S i alternas, iuibricadas, além d'um<br />
rhizoma commum<br />
Fig. 148 = SelaKiuella.<br />
Nas Selaginellas, (fig. 148) pequenas L\copodineas de folhas<br />
imhricadas e de compridas raizes, observam-se nas extremidades
CRYPTOGAMICAS VASCULARES 493<br />
dos ramos férteis da planta normal espigas (fig. 140' na axilla de<br />
cujas escamas se vêem saccos de duas grandezas: uns maiores<br />
(macrosporangios) contém os macrosporos, e outros mais pequenos<br />
(microsporangios) contém os microsporos (fig. 150-1 r>2).<br />
Os macrosporos germinando dão logar a um pequeno pro<br />
thallo onde se desenvolvem apenas urchegonios ou órgãos fe<br />
mininos.<br />
Os microsporos dáo origem a u m rudimento de prothallo em<br />
que formam.os unthcrozoides. Estes penetrando no archegonio<br />
Fig. li^-Lycopodio.<br />
Espiga cTesporangiosi<br />
— Lycopoãio. Esporangios.<br />
fecundam a oosphera que n elle existe, e dão logar á formação do<br />
embryão, o qual desenvolvendo-se produz uma planta egual á<br />
primitiva Selagiaetta.<br />
N'algumas Lycopadineas produz-se apenas uma única espé<br />
cie de esporangios que germinando dão um prothallo com arche-<br />
gonios e antheridíos.<br />
•118. Espécies principaes. Os esporos d^ma espécie de<br />
Lycopodio, o Lyeopodiam clàvatnm formam um pó susceptiyel de
194<br />
BOTÂNICA<br />
se inílammar quando projectado sobre um corpo em ignição, pro<br />
priedade que se aproveita para produzir nos theatros clarões e<br />
relâmpagos. O mesmo pó serve para polvilhar as escoriações da<br />
pelle das creanças, e para envolver as pillulas com o fim d'im-<br />
pedir a sua adhesão.<br />
As Lycopodineas tem geralmente pequenas dimensões, o<br />
que não succedia nos períodos geológicos. Encontram-se nas ro<br />
chas (jue lhes correspondem e nomeadamente no permo-carbo-<br />
nico, vestígios de granàes Lycopodineas (Sigillaria e Lepidoden-<br />
dronj cujo caule chegava a adquirir 1 metro de diâmetro.<br />
R E S U M O<br />
112. As Cryptogamicas vasculares tem apparelho vegéta<br />
tivo composto de caule, folhas e ramos. O esporo d'estas plan<br />
tas produz um prothallo em que se desenvolvem antheridios e<br />
archegonios. IValguns casos, os órgãos sexuaes são supportados<br />
por prothallos dilferentes. Dividem-se em tres classes: Filiei-<br />
neas, Equisetineas e Lycopodineas.<br />
113. Os Fetos tèm caule e raizes. Os seus órgãos reprodu<br />
etores estão na face, inferior das frondes, formando soros que fre<br />
qüentemente se acham cobertos pelo induzia. Dos soros saem<br />
os esporos que pelo desenvolvimento dão logar ao prothallo em<br />
que se encontram antheridios e archegonios.<br />
114, Alguns Fetos tem applicaçòes úteis. O Feto macho ê<br />
tenifugo; a acenca é empregada para a fabricação de xaropes<br />
peitoraes. Os Fetos tiveram grande desemolvimenlo no systhema<br />
permo-earbonico.<br />
115. Nas Equisetineas, a germinação dos esporos dá geral<br />
mente logar a prothallos masculinos e femininos/ Nos primeiros<br />
formam-se anlherozoides volumosos; nos segundos desenvol<br />
vem-se archegonios aguçados. Pela acção do antherozoide sobre<br />
o archegonio formam-se oosporos que, desenvolvendo-se, dão lo<br />
gar a um caule formado dVarliculos ocos, de cujos nós nascem<br />
ramos verticillados. ^algumas plantas d^sta classe o mesmo<br />
prothallo tem órgãos masculinos e femininos.
CRYPTOGAMICAS VASCULARES 195<br />
116. As paredes duras e incrustadas de silica dos caules<br />
dos Equisetineas serveiji para polir a madeira e os metaes.<br />
Nos períodos geológicos os Equisetos tiveram grande des<br />
envolvimento (systhema permo-carbonico.<br />
117. Nos Lycopodineas encontram-se duas espécies de es<br />
poros: microsporos e macrosporos. Todos são plantas de pequenas<br />
dimensões, de folhas alternas e imbricadas.<br />
118. Os esporos do L. clacatum formam u m pó que se in-<br />
llamma ao contacto d'uma chamma. E empregado nos theatros<br />
para imitar relâmpagos. O mesmo pó serve para polvilhar as es<br />
coriações e para envolver as pillulas. Os Lycopodios tiveram no<br />
táveis dimensões n'alguns períodos geológicos (permo-carbonico).
Phanerogamicas<br />
119. Caracteres geraes. As Phanerogamicas sao.<br />
C A P I T U L O X l l l<br />
I V T Y P O<br />
plantas que tem Ílores e cuja r e p r o d u c ç ã o se eflectua por<br />
meio cie sementes.<br />
Todas as Phanerogamicas apresentam raiz, caule e<br />
folhas, mas cliíferem principalmente pela c o n f o r m a ç ã o da<br />
ílor e do fructo.<br />
Assim, no lioivo e no Lyrio, o pistillo apresenta<br />
sempre na base u m sacco, o ovario, contendo no seu<br />
interior u m a ou muitas cavidades, dentro das quaes es<br />
tão encerrados os óvulos, que depois se transformam<br />
e m sementes. A todas as plantas que, como estas, tèm<br />
u m ovario fechado, cabe o nome de A n g i o s p e r m i c a s , Para<br />
n'ellas se verem os óvulos, é preciso cortar ao comprido<br />
ou transversalmente o ovario.<br />
N ã o suecede «isto no Pinheiro. N'esta planta ha flo<br />
res de duas espécies: umas contem apenas os eslames,<br />
outras os pistillos. Estas apresentam-se reunidas debaixo
PHANEROGAMICAS 197<br />
da f ô r m a de pequenas massas ovoides eollocadas na ex<br />
tremidade dos ramos. S ã o as p i n h a s . A pinha é formada<br />
por grande n u m e r o de l â m i n a s delgadas ou escamas,<br />
cada uma das quaes apresenta dois ó v u l o s completamente<br />
a descoberto. Cada escama f ô r m a u m a llor; os ó v u l o s ,<br />
e mais tarde as sementes, n ã o estão encerrados n ' u m ova-<br />
»<br />
rio; são n u s .<br />
As plantas que, c o m o o Pinheiro, n ã o t è m ovario<br />
chamam-se G y m n o s p e r m i c a s . Basta tirar-lhes as escamas<br />
para se avistarem os ó v u l o s . Pertencem ás Gymnosper<br />
micas os Gyprestes, os Abetos, os Teixos, etc.<br />
Ha c o n v e n i ê n c i a , ainda, e m estabelecer u m a divisão*<br />
nas Angiospermicas. Se examinarmos u m a semente de<br />
Feijoeiro,- vemos que o e m b r y ã o apresenta duas cotyle<br />
dones; o m e s m o suecede no Goivo, na Batata, etc. Mas<br />
se estudarmos u m a semente de Trigo vemos que ella<br />
possue u m a só c o t y l e d ò n . D'ahi a distineção e m Dico<br />
tyledoneas e M o n o c o t y l e d o n e a s , conforme o e m b r y ã o pos<br />
sue duas o u u m a c o t y l e d ò n .<br />
0 Feijão, a Batata, o Carvalho são exemplos de D i <br />
cotyledoneas ; o Jacintho, o Trigo, a Cevada pertenceu*<br />
ás Monocotvledoneas.<br />
3.<br />
•c| -<br />
* Sementes nuas j Classe v m ~ Gymnospermicas.<br />
t ] f \ cotyledòn — Classe<br />
g I i ix': Monocotyle-<br />
* 1 Sementes contidas l i m , i í W l l p l , m i p a s V doneaa.<br />
* i iVum ovario Angiospei nucas < 2 c o L yi edones—Clas-<br />
6 I x<br />
p.| í iieas.<br />
> \<br />
/ sex: Dicotyledo
l u<br />
V I I I CLASSE<br />
C S y m n o s p c r m i c a s<br />
20. Coniferas. 0 P i n h e i r o . Se examinarmos ura<br />
Pinheiro na primavera, vemos que tem ílores masculi<br />
nas e femininas. As primeiras f o r m a m u m a espécie de<br />
a m m t i l h o , e acham-se reduzidas<br />
aos estames cujas antheras tem<br />
duas cavidades.<br />
As llóres femininas (fig. 153)<br />
estão encerradas nas pinhas, for<br />
madas por bracteas que apresen<br />
tam na face superior lâminas mais<br />
delgadas que se chamam esca<br />
m a s ; é sobre ellas que se encon<br />
tram os óvulos.<br />
Fig. 153-pinha de üores de Ouando os eslames compleyistillo,<br />
com uma d'eásas . ,<br />
üores isolada, mostrando os taram o seu desenvolvimento,<br />
óvulos.<br />
rompem-se as antheras, e o pol<br />
len, arrastado^pelo vento, é levado ás pinhas femininas;<br />
introduz-se entre as escamas e determina a sua transfor<br />
m a ç ã o em sementes.<br />
E m seguida a este momento, as ílores d'estames<br />
m u r c h a m e c á c m , ao passo que as outras crescem e en-
GYMNOSPERMICAS<br />
190<br />
grossam. De delgadas que eram, as escamas tornam-se<br />
espessas e applicam-se de encontro u m a s ás outras, de<br />
modo que protegem as sementes (fig. 154).<br />
Quando estas chegam á m a t u r a ç ã o , as escamas da<br />
pinha affastam-se e as sementes c á e m no sólo.<br />
Examinando-se u m curte transversal do Pinheiro,<br />
vê-se u m a casca delgada que cerca u m lenho muito de<br />
senvolvido, dividido e m cama<br />
das concentricas.<br />
As folhas do Pinheiro s ã o<br />
geralmente largas, estreitas e pi<br />
cantes, e t è m o n o m e de a g u <br />
lhas. Persistem durante o i n <br />
verno.<br />
0 Pinheiro apresenta canaes<br />
particulares e m que se amontoa<br />
uma m a t é r i a resinosa, , que ás<br />
vezes escorre pelas tendas da<br />
casca.<br />
121. Caracteres geraes<br />
das C o n i f e r a s . Se estudarmos<br />
comparativamente o Pinheiro, o<br />
Abeto, o Cypreste, e t c , encon<br />
tramos entre estas plantas dif- ^<br />
ferentes pontos de contacto. Todas s ã o arvores de caule<br />
ramificado, de folhas simples e pequenas, muitas ve<br />
zes em. f ô r m a s d'agulhas, tendo sementes c o m tegu-<br />
mento lenhoso o u m e m b r a n o s o e f r e q ü e n t e s vezes ala<br />
das. O fructo p ô d e ser u m a pinha acuminada (Abieli-<br />
neas); ou globosa ( C u p r e s s i n e a s ) , ou ser u m a espécie
200<br />
BOTÂNICA<br />
de baga, formada pela reunião de escamas rarnosas<br />
(Taxineas).<br />
H l . E s p é c i e s principaes. A madeira das Coni<br />
feras é muito empregada e m toda a ordem de constru-<br />
cções. O Pinheiro braço serve principalmente para a ex-<br />
fracçao do alcatrão e do pez e fornece a maior parte da<br />
therebentina empregada no commercio. O Pinheiro lari-<br />
cio dá a chamada therebentina de Veneza. O P i n a s bal-<br />
samen produz o balsamo de Canadá, empregado em me<br />
dicina e na montagem das p r e p a r a ç õ e s microscópicas- O<br />
Zirnbro serve para a p r e p a r a ç ã o de bebidas aromaticas e<br />
tem emprego medico como diuretico e expectorante. A<br />
Sabina tem applicacòes medicinaes, etc, etc. São co<br />
mestíveis as sementes d'algumas espécies, taes como o<br />
Pinheiro manso.<br />
Fig. 155 — Walchia.<br />
No período permo carbonico, as Coniferas, como em<br />
geral as Gymnospermicas, tiveram notável representação<br />
e m numero e d i m e n s õ e s . Sirvam de exemplo as W a l c h i a<br />
(íig. 155), representadas na flora fóssil do Bussaco.
GYAJNOSPERNICAS 201<br />
R E S U M O<br />
119. As Phanerogamicas sào planlas com Ilores, cuja repro<br />
ducção se eltectua por sementes. Dividem-se em Angiospermicas<br />
e Gymnospermicas. As Angiospermicas dividem se em Monocotyle<br />
doneas e Dicotyledoneas.<br />
120. O Pinheiro apresenta na primavera ílores masculinas<br />
e femininas. As flores femininas, que estão collocadas na axilla<br />
de escamas, desenvolvem-se uiteriormente, adquirindo as esca<br />
mas grande dureza. As folhas do Pinheiro são muito estreitas e<br />
persistentes.<br />
121. As Coniferas são arvores de caule ramilicado, de fo<br />
lhas simples e pequenas, muita vez em forma cPagulhas, tendo<br />
sementes com invólucro lenhoso ou memhranoso e ; freqüentes<br />
vezes alado. O fructo é geralmente uma pinha, mas pôde ser uma<br />
baga.<br />
122. A madeira das Coniferas é empregada nas eonstru-<br />
cçòes. D'algumas ^espécies de Pinheiro extrae-se o pez, a there<br />
bentina, o alcatrão. O Pinas- balsamea produz o balsamo do Ca<br />
nadá. O Zimbro serve para a preparação de bebidas aromalicas.<br />
Esta planta e a Sabina tèm applicações médicas. Comem-se as se<br />
mentes do Pinheiro manso. As Coniferas tiveram grande desen-<br />
volvimenlo no systhema permo-carbonico.
IX CLASSE. MONOCOTYLEDONEAS<br />
12á. Caracteres geraes. As plantas (Testa classe<br />
C A P I T U L O X I V<br />
A n g i o s p e r m i c a s<br />
são caraeterisadas pela existência d'um e m b r y ã o d'uma<br />
só cotyledòn, pela estructura das raizes que são fibro-<br />
sas, sem formações secundarias, pela eslructura interna<br />
do caule, cujo tecido fundamental se n ã o divide em me<br />
dulla e casca, estando os feixes fibro-vasculares disse<br />
minados no tecido fundamental, pelas folhas de nervaçào<br />
não reticulada, e finalmente pelas ílores trimeras (62).<br />
Estudaremos, d'cntre as Monocotyledoneas, as L i -<br />
liaceas, as tridiaceas, as Juncaceas, as Gramineas, e as<br />
Palmeiras.<br />
124. Liliaeeas. As Açucenas (JJUnm) que deram o nome<br />
a esta família servirão também para estudar os seus caracteres.<br />
Se desenterrarmos um pé de Açucena, encontramos a uma certa
MONOCOTYLEDONEAS<br />
203<br />
profundidade u m bolbo, que apresenta na base uma coroa de<br />
raízes. Cortando-se • este bolbo longitudinalmente, vè-se uue a<br />
parte central é occupada pelo caule, muito curto, e de fôrma co<br />
nica. Aos lados do caule estão inseridas as escamas, mas estas só<br />
estão lixas na metade inferior do caule, a parte superior acha-se<br />
coberta por folhas pequeníssimas, e termina por um cacho uue<br />
representa as ílores rudimentares<br />
.;-\<br />
Vè-se que o bolbo da Açucena è uma planta inteira. Si «a-<br />
Fig. 156 —Flor cTAçucena.<br />
mos o seu desenvolvimento. Na primavera, veremos sair do<br />
meio das escamas superiores o vértice do caule que já estava<br />
formado no bolbo, e as folhas que o cobriam espandem-se. O<br />
caule cresce muito rapidamente e chega a ter um metro d'al-<br />
tura, as ílores desabrocharn, e, como sào terminaes, o caule ou<br />
os ramos deixam de crescer logo que se abrem as flores do vér<br />
tice.<br />
Se examinarmos uma d'estas flores (íig. 156), vemos que é<br />
formada de seis lâminas brancas, dispostas era dois verticilios,
BOTÂNICA<br />
de tres cada um, e que constituem o único invólucro da llor ou<br />
perianlho.<br />
Tirando as ditíerentes perus do perianlho, encontramos íio<br />
interior seis estamos eguaes. Em Um, no centro da flor, encon<br />
tra-se o pistillo, constituído por um ovario globuloso, por urn'es<br />
tylete muito longo, e por um est\gma dilatado, dividido em Ires<br />
partes. Cortando o ovario transversalmente, vcem-se tres cavi<br />
dades que encerram os óvulos. O fructo é uma cápsula de tres<br />
compartimentos. loculicida.<br />
IÍJ, Caracteres das Liliaeeas. Se compararmos as Açu-<br />
cenas com as Tulipas, com os Jacinthos^ com o Colchico, etc.<br />
|2fi. Espécies principaes. Sào nume<br />
encontramos entre estas plantas analogias<br />
que levaram os botânicos a juntal-as na<br />
mesma família, que tem os caracteres se<br />
guintes :<br />
Sào plantas cujo caule é um rhizoma ou<br />
um bolbo, e cujas Ilores petaloid.es apresen<br />
tam seis divisões, seis estames, um ovario<br />
de ires cavidades e cujas sementes tem um<br />
albumen desenvolvido.<br />
rosíssimas as Liliaeeas e podem estabele-<br />
Fig. 157 —Fructo do eor-so diílereutes grupos uVsta família.<br />
Jacintho<br />
1<br />
-<br />
O primeiro grupo tem por typo a Açu<br />
cena: encerra as Liliaeeas de fructo secco (lig. 157) e d*um só<br />
estvlote. Comprehende plantas ornamentaes, taes como ás Tu<br />
lipas, os Jaeinlhos, as Coroas de rei ; pertencem-lhe as Lilia<br />
eeas alimentares, do gênero Ali htm, taes .como o Alho, (Aíliitm<br />
salivam), a Cebolla (A, cepa) etc. cujos bolbos sào comestíveis<br />
por encerrarem grande quantidade d assucar misturado com sub<br />
stancias aromalieas de sabor picante. Fazem parte egualmente<br />
(Feste grupo Liliaeeas medieinaes, conio as difterentes espécies<br />
d'Aloes, cujas folhas deixam sair, quando se cortam, um sueco<br />
amargo que, resinilicando-se, constitue o aloes dos pharmaceu-<br />
ticos.
Finalmente, outro grupo é consti<br />
MONOCOTYLEDONEAS<br />
205<br />
Outro grupo é constituído pelos Col-<br />
chicos (fig. 158) que dilTerem das Lilia^<br />
ceas precedentes em possuírem tres es<br />
tyletes. Estas plantas dão ílores cor de<br />
rosa ou de lilaz no outomno, appare-<br />
cendo as folhas e os fructos na primavera<br />
seguinte. O caule é um bolso escamoso,<br />
e é venenoso.<br />
Fig. 159-Ramo florido d'Espargo.<br />
tuído pelos Espargôs (fig. 150) que se dis<br />
tinguem da Açucena e do Colchico pelos<br />
fructos que sào bagas e pelo estylete que<br />
é único. O Espargo tem um rhizoma que<br />
158-coichico officinai. desenvolve caules aéreos cujas folhas es-
200<br />
BOTÂNICA-<br />
tão reduzidas a pequenas escamas collocadas na base dos ramos.<br />
A parte comestível do Espargo é a extremidade do caule, ainda<br />
tenra e não desenvolvida.<br />
Pertencem também a este grupo plantas oruamentaes taes<br />
Fig. 160 - Flor do Lyrio cortada longitudinalmente.<br />
como o L\rio convalle, que também tem applieaçoes em medi<br />
cina, o Sello de Salomão, etc.<br />
127. Família das Irhliaceas. O Lyrio. Se examinarmas<br />
um Lyrio (tig. IGO), vemos que apresenta um periantho de seis di<br />
visões, tres das quaes estão erectas e tres recurvadas. Pelo côrle<br />
do periantho, vèem-se tres estames. No centro da ílor encontra-se
o pistillo cujo ovario tem tres cavi<br />
riantho. Os estygmas estão livres e<br />
formam tres lâminas bastante lar<br />
gas, da mesma côr que as peças do<br />
periantho.<br />
O caule do Lyrio é um rhí-<br />
zhoma, em que se desenvolvem ra<br />
mos animaes, com folhas em forma<br />
cPespada (ensiformes). Ficam collo<br />
cadas alternativamente á direita e<br />
á esquerda dos rebentos aéreos:<br />
são, portanto, folhas dislicadas.<br />
Se examinarmos o Açafrão<br />
(lig. 161), encontramos" um bolbo<br />
solido formado pelo engrossamento<br />
do caule, mas as tlores apresentam<br />
a mesma disposição.<br />
128. Caracteres das Iridia-<br />
ceas. O exame comparativo do Ly<br />
rio, do Açafrão, da Crista de gallo,<br />
etc, permitte estabelecer os se<br />
guintes caracteres das Iridiaceas:<br />
MONOCOTYLEDONEAS 207<br />
São plantas cujailor têm u m<br />
periantho de seis divisões, tres es<br />
tames e u m ovario inferior de tres<br />
cavidades.<br />
129. Espécies principaes.<br />
Quasi todas as Iridiaceas são plan<br />
tas ornamentaes: taes são o Lyrio,<br />
a Espadana, a Jxia, etc.<br />
O Açafrão, de que entre nós<br />
se encontram duas espécies, é cul<br />
tivado por causa da côr araarella<br />
que se extràe dos estygmas d'esta<br />
planta. O rhizoma do Lyrio, secco<br />
ig. 161 —Açafrão Planta inteira,<br />
cortada longitudinalmente.
208<br />
BOTÂNICA<br />
e pulverisado, tem um cheiro característico, algum tanto simi-<br />
Ihante ao da Violeta» e é empregado pelos perfumistas.<br />
130. Juncaceas. O Junco. 0<br />
131. Caracteres das Jun-<br />
Junco (íig. 162) é uma planta her~<br />
bacea que vive nos logares humi-<br />
dos, á beira dos ribeiros, ou nos<br />
pântanos.<br />
O Junco apresenta um caule<br />
subterrâneo ou rhizoma, um caule<br />
aéreo verde e muitas vezes folhas<br />
muito estreitas, invaginantes. As<br />
flores, muito pequenas e numero<br />
sas, apparecem no verão; cada<br />
uma d'ellas compõe-se d'um pe<br />
riantho de seis divisões verdes, ou<br />
escuras, envolvendo seis estames<br />
dispostos em dois verticilios. No<br />
centro encontra-se j) pistilLo, for<br />
mado por um ovario globuloso de<br />
tres cavidades, terminado por tres<br />
estyletes allongados. O fructo é uma<br />
cápsula de tres cavidades.<br />
Os Juncos parecem-se pela<br />
constituição da llor e pela fôrma<br />
do fructo, com as Liliaeeas, de<br />
que se distinguem pelo perian<br />
tho. <br />
cacéas. Os Juncos e as Luzulas, por<br />
apresentarem notáveis similhanças v<br />
Fig. 162-Junco. foram reunidas n^uma mesma fa<br />
mília cujos caracteres são os seguintes: plantas vivazes de ílores<br />
pequenas, com um periantho verde ou castanho, de tres ou seis<br />
estames, e um ovario com uma ou tres cavidades, terminado por<br />
Ires estyletes.
MONOCOTYLEDONEAS 209<br />
As Juncaeeas são representadas pelos Juncos e pelas L u -<br />
zulas (Íig. 163). "<br />
132. Espécies principaes. Os Juncos são empregados<br />
para atilhos, colmados e para a fabricação de cestos, estei<br />
ras, etc.<br />
133. Palmeiras.<br />
A p a l m e i r a l e q u e . As<br />
flores da Palmeira le<br />
que t è m u m periantho<br />
de seis divisões, con<br />
tendo seis estames, e,<br />
no centro, o pistillo de<br />
tres carpellos solda<br />
dos; o ovario t e m tres<br />
cavidades. A p r e s e n t a<br />
portanto flores comple- Fig. íes-Fior da Luzuia.<br />
tas.<br />
^'outras Palmeiras, como, por exemplo, na Palmeira<br />
anã, as flores s ã o incompletas, tendo umas apenas os<br />
seis estames, e as outras o pistillo, mas sempre o pe<br />
riantho apresenta seis divisões.<br />
As folhas das Palmeiras s à o formadas d*um l i m b o<br />
e d ' u m peciolo alongado. O l i m b o é ao principio in<br />
teiro, mas crescendo lacera-se. O caule das Palmeiras<br />
é cylindrico e n ã o apresenta ramificações. \] u m cs-<br />
pique.<br />
134. Caracteres das Palmeiras. As plantas que<br />
acabamos d'estudar f o r m a m u m a familia — a das Palmei<br />
ras, — cujos caracteres s ã o os seguintes: arvores o r d i -<br />
14
210<br />
BOTA MCA<br />
nariamenle de grande porte, de caule eyiindrico, não ra<br />
mificado, guarnecido de folhas no cimo. As flores são<br />
verdes, muito pequenas, tendo uni periantho de seis di<br />
visões, Ires, seis ou mais estames e u m ovario trilocu-<br />
lar, com tres eslyletes e tres estigmas.<br />
As Palmeiras habitam os paizes quentes, mas podem<br />
cultivar-se entre nós e e m geral no sul da Europa. No<br />
Algarve ha uma palmeira espontânea, a C h a m m r o p s Jiu-<br />
D I M s L. ou P a l m e i r a das vassouras.<br />
•135. Espécies principaes. Sua utilidade. As<br />
Palmeiras tem grande utilidade para os habitantes das<br />
regiões tropicaes. A madeira e empregada para os mes<br />
mos usos que as dos nossos climas; as folhas servem<br />
para fabricar vassouras, esteiras, cestos e cordas. Os to<br />
pos dos ramos (palmitos) são comestíveis, assim como<br />
os fructos e sementes. Taes são as tamaras, fructos da<br />
Pitam ix duri gli fera, e as nozes de Coco, fructo do Co<br />
queiro (Coros irucifera)\<br />
Da medulla do S a g a s f a r i n i f e r a e\trae-se uma es<br />
pécie do fecula, chamada sagn. Outras Palmeiras, taes<br />
como a A r e n g a sacchnrifera, fornecem, poi incisões no<br />
caule, u m liquido 1<br />
muito rico e m asswcar, que pode<br />
transformar-se em vinho e agua-ardente.<br />
Outras Palmeiras fornecem cera, (pie se desenvolve<br />
nas folhas, como a Arvore da Cera (Ceroxilon andicola)<br />
ou u m oleo, o oleo de Palma, fornecido pelo E l m s Gai-<br />
neensis. E m f i m , a semente da Phitelephas 6 tão dura<br />
que se emprega, com o nome de m a r f i m vegetal, para os<br />
mesmos usos que o m a r f i m ordinário.
}\0.\ O COT YLE 1)0 N E A S<br />
211<br />
136. G r a m i n e a s . O T r i g o . Se examinarmos u m a<br />
Pig. 164 — Espiga do Trigo.<br />
espiga
2 H BOTÂNICA<br />
mcllas (fig. 106). Ordinariamente, a glumella exterior é<br />
maior do que a ou ti a, terminando, n'algumas espécies<br />
de Trigo, por u m a aresta comprida f p r a g a a a j .<br />
No interior das glumeilas encontram-se tres estames<br />
(íig. 167), cujas anlheras tem u m tilete bastante com<br />
prido. No centro acha-se o pistillo que é formado por<br />
u m ovario globuloso d'uma só cavidade, terminado por<br />
dois estygmas cobertos de pellos.<br />
As glumas e glumeilas são bracteas; o periantho é<br />
Fig. 166—Flor de Trigo isolada Fig. 167 — Flor de trigo sem<br />
e envolvida pelas glumeilas. gluinellas.<br />
representado por duas pequenas lâminas difficeis de ver<br />
e chamadas g l u m e l h d a s .<br />
Quando o pollen cáe sobre o e s l y g m a ^ q ovariô<br />
transfortna-se n u m fructo que, na m a t u r a ç ã o , enche<br />
todo o intervallo deixado enlre as glumeilas. Este fructo<br />
contem apenas uma semente. O (pie se chama u m grão<br />
de Trigo é o fructo completo.<br />
Cortando-se u m grão de Trigo ao comprido, (fig.<br />
168-169) vè-se a a m ê n d o a no interior dos invólucros do<br />
fructo.e da semente. Esjji é formada pelo e m b r y ã o e pelo<br />
albumen.
Quando o Trigo está maduro, separam-se os grãos<br />
MÒXOCOTYLEDOMÍAS áfrl<br />
dá espiga por meio de mangoaes ou machinas. É o que<br />
se chama bater o trigo.<br />
Os g r ã o s s ã o todavia acompanhados das glumeilas<br />
que se apartam por meio da peneira.<br />
O caule do Trigo é cylindrico, e apresenta de dis<br />
tancia a distancia n ó s d'onde partem folhas invaginantes.<br />
Fig. 168-1G9 — Trigo. Fructo inteiro e cortado ao comprido.<br />
O íntervallo que fica entre os n ó s é oco. Esta espécie de<br />
caule pertence a todas as (Iramineas e tem o nome de<br />
colmo.<br />
• lo7. Caracteres das Gramineas. Comparando o<br />
Trigo, c o m o Centeio, c o m a Aveia, vemos que estas<br />
«i • ><br />
plantas possuem á m e s m a c o n f o r m a ç ã o , motivo porque<br />
foram reunidas í f u r n a família — a dos (rramineas — cujos<br />
caracteres se p o d e m reduzir aos seguintes:<br />
S ã o plantas de flores dispostas e m espigas ou e m<br />
cachos d'espigas, de periantho pouco visível. 0 caule é
Í 1 4 BOTAMCA<br />
aéreo, ordinariamente oco, e apresenta de distancia éín<br />
distancia nós, d'onde partem folhas invaginantes. A flor<br />
tem Ires estames e u m ovario simples. 0 fructo c uma<br />
cariopse.<br />
1;>8. Espécies principaes. Nenhuma família, bo<br />
tânica tem tanta importância na alimentação do homem<br />
e dos animaes.<br />
Assim o Trigo, o Centeio, o Milho e o Arroz são<br />
cultivados quasi por toda a parte, e diariamente empre<br />
gados para nosso sustento. A Cevada, em germinação,<br />
.serve para a preparação da cerveja. A Aveia, as Poas,<br />
as Feslucas, etc, são utilisadas como forragens. Com<br />
u m certo Azevem forma-se geralmente a relva dos jar<br />
dins. A Catina d'Assucar, originaria da índia, fornece o<br />
assucar, a aguardente de eanna e o Rh u m . 0 Bambu,<br />
graminea arborescente das regiões equatoriaes, tem cau<br />
les de mais de vinte metros d'altura, c o m que se fabri<br />
c a m esteiras, cestas, etc. A Alfa ( S t i p a tenacisuma), além<br />
de servir para os mesmos fins, o empregada para o fa<br />
brico do papel. A Grama serve para preparar uma tisana<br />
emolliente. Alguns Oramineas, taes como os Fenos, tèm<br />
Jim cheiro agradável.<br />
R E S U M O<br />
143. As McHücohjlrdoneas são plantas cujo embryão tem<br />
apenas uma cotvledon, cujas rai/es sào lihrosas, cujo caule.se<br />
nâo pode distinguir em casca e medulla, cujas Tolhas não sào re<br />
ticuladas e iinalmcnle cujas Ilores sào trimeras.<br />
lií. A Açucena ó o t\po das Liliaeeas.
135. Os caracteres das Liliaeeas são os seguintes: são plan<br />
MONOCOTYLEDONEAS 215'<br />
tas cujo caule é u m rhizoma ou u m bolbo, cujas Ilores polaloides<br />
apresentam seis divisões, seis estames. e um ovario de tres cavi<br />
dades e cujas sementes tèm u m albumen desenvolvido.<br />
P2(>. Podem estabelecer-se diüerentes grupos n'esta famí<br />
lia. 0 primeiro tem por typo a Açucena. e pertencem a elle plan<br />
tas ornamentaes, como as Tulipas, os Jaeinthos e as Coroas de<br />
rei ; plantas alimentares como o Alho e a Ceholla; c plantas me-<br />
diçinaes, como o Alues. Outro grupo tem j)or typo os Colehicos<br />
que differem do grupo precedente, por terem tres estyletes. Fi<br />
nalmente, outro grupo é formado pelos Espargos, cujos fructos<br />
são bagas e (|ue tem um estylete único. A este.grupo pertence o<br />
L>rio couvalle e o Sello de Salomão.<br />
I w<br />
27. O Lyrio pude ser considerado o typo das Iridiaceas.<br />
128. Os caracteres das Iridiaceas são os seguintes: sào<br />
plantas cuja flor tem u m periantho de seis divisões, tres esla<br />
mes, e u m ovario inferior de tres cavidades.<br />
129. A maior parte das Iridiaceas sào ornamentaes: taes<br />
sào o Lyrio, a Espadana, etc. O Açafrão é cultivado pela cor ama-<br />
rella que se extrae dos estygmas. O rhizoma do Lyrio reduzido a<br />
pó é empregado pelos perfumistas.<br />
'Ceas.<br />
130. O Junco pode ser considerado como typo das Junca-<br />
131. As Juncaceas são plantas vivazes, de Ilores pequenas.<br />
com periantho verde ou castanho, de seis estames. com um o\a-<br />
rio cPuma ou tres cavidades, terminado por Ires estyletes.<br />
132. Os Juncos empregam-se para atilhos. colmados e para<br />
fabricar esteiras, cestos, etc.<br />
íeque.<br />
133. Consideramos como typo das Palmeiras a Palmeira<br />
134. As Palmeiras são arvores de grande porte, de caule<br />
c\lindrico, com folhas no cimo (espique). As Ilores são verdes,<br />
muito pequenas, tendo, um periantho de seis divisões, 3, (> ou<br />
mais estames, ovario trilocular. com tres estygmas. Sào originá<br />
rias dos paizes quentes, mas pódem cultivar-se em todo o sul da<br />
Europa. No Algarve, cresce espontaneamente uma espécie.<br />
135. As Palmeiras têm grande utilidade. A madeira é em-
BOTA M C A<br />
pregada para eonslhicçòes: as tolhas para fabricar esteiras. Os<br />
lopos dos ramos, os fructos e as sementes d'algumas espécies são<br />
comestíveis. D'algumas tira-se assucar e fecula; doutras, cera e<br />
oleo de palma. A semente da Phitdephas é dura como o marfim.<br />
130. O Trigo é o typo das Gramineas.<br />
137. Os caracteres das Gramineas'sào os seguintes: suo<br />
plantas cujas Ílores se acham dispostas em espigas ou cachos<br />
d^spigas, de periantho pouco visível, de 3 eslames e ovario sim<br />
ples, cujo caule é geralmente um colmo, cujas folhas são inva-<br />
ginan|es e cujo fructo é uma cariopse.<br />
138. Nenhuma família tem a importância que esla tem na<br />
alimenlaçào do homem. A Cevada, o Centeio, o Milho e o Arroz^<br />
sào cultivadas com esse fim. A Cevada em germinação serve para<br />
a fabricação da cerveja. A Cauna do Assucar fornece o assucar,<br />
a aguardente de canna e o rhum. Do Bambu fazem-se esteiras e<br />
cestos. A Grama tom emprego em medicina.
X CLASSE. DICOTYLEDONEAS<br />
139. Caracteres geraes. As plantas d'esta classe<br />
C A P I T U L O X V<br />
.1 n g i o s p e r m i c a s<br />
são earacterisadas pela existência d ' n m e m b r y ã o de duas<br />
cotyledones; pela o r g a n i s a ç ã o da raiz cujo cylindro cen<br />
tral engrossa, f o r m a n d o novo lenho e novo liber; pela<br />
o r g a n i s a ç ã o interna do caule que é formado de casca,<br />
zona geradora e lenho de camadas concentricas; pelas<br />
folhas de nervuras anastomosadas; e pelas ílores que<br />
são pentameras o u tetrameras.<br />
As Dicotyledoneas dividem-se e m dois grupos: ! °<br />
as C à m o p e t a l a s ; l.° as Dialypetalas e Apetalas.<br />
Dicotyledoneas gamopelalas<br />
H O . Solanaceas. A B a t a t a . A llatata (Íig. 170),<br />
floresce no v e r ã o . Cada u m a das suas tlores c o m p õ e - s e<br />
d'um calix de cinco divisões, envolvendo u m a corolla ro<br />
dada que apresenta o m e s m o n u m e r o de divisões. A co<br />
rolla dá i n s e r ç ã o aos estames que são l a m b e m cinco. As
218 BOTÂNICA<br />
antheras (Testes estames estão juntas umas contra as<br />
outras, de modo que f o r m a m uma espécie de tubo que<br />
cerca o pistillo (íig. 171, B). A dehiscencia das antheras<br />
eíTectua-se pelo vértice (íig. 171, C). No eixo cio tubo<br />
Fig. 170 — Batata. Kaino florido.<br />
constituído pelos estames encontra-se o pistillo que tem<br />
a forma d'uma garrafa, cuja parte dilatada corresponde<br />
ao ovario.<br />
Eslc v duplo, encerra grande numero çTovulos, e<br />
V
DICOTYLEDONEAS 219<br />
transforma-se depois n ' u m a baga (üg. 1 7 1 , D, E) que<br />
c o n t é m numerosas sementes, cada u m a das quaes en<br />
cerra u m e m b r y ã o recurvado (íig. 1 7 1 , F G).<br />
A Batata é u m a herva americana, introduzida na<br />
Europa, pouco tempo depois da descoberta da America.<br />
V i * 171 - Batata A. Flor — B A mesma cortada longitudinalmente — C.<br />
^ ' V i ^ l S d ^ - D: Fructo E. o mesmo cortado transversalmente<br />
— F. Semente—G- a mesma cortada longitudinalmente;<br />
K uma planta vivaz. A parte aérea é constituída por vá<br />
rios ramos verdes, guarnecidos de folhas alternas e ter<br />
minados por tlores dispostas e m f ô r m a de cimeira. A<br />
parte s u b t e r r â n e a é c o n s t i t u í d a , a l é m da raiz, por cau<br />
les s u b t e r r â n e o s e m que se desenvolvem tuberculos, nos
220<br />
BOTÂNICA<br />
quaes existe grande quantidade de íeeula. Sào esses lu-><br />
berculos que constituem a parte comestível da Batata. ;<br />
Ao terminar o estio, murcha a planta. Só ficam os'<br />
tuberculos que podem passar o inverno no solo para se<br />
desenvolverem na primavera. Então, de cada u m dos<br />
olhos, nascem rebeníos, grelos, cada u m dos quaes é u m<br />
ramo. A Batata é u m dos vegetaes mais úteis ao homem.<br />
141. Caracteres dos Solanaceas. A llerva-moura,<br />
a Dulcamara, o Tomateiro apresentam notáveis similhan-<br />
ças com a Batata, no que respeita ã constituição daílòr,<br />
e ainda e m relação a outros caracteres. São todas plan<br />
tas de folhas alternas, simples, sem estipulas. Nas flores,<br />
regalares, predomina o numero de cinco pecas. 0 ova<br />
rio apresenta ordinariamente dois compartimentos com<br />
muitas sementes. O fructo é uma baga ou uma cápsula.<br />
142. Espécies principaes. As Solanaceas contém<br />
grande numero de plantas proveitosas.<br />
Algumas d'ellas s ã o alimentares: taes são, além da<br />
Batata, a Beringella, o Tomate, e o Pimento.<br />
Outras, m u i t o r m e u o s u s , tèm grande, emprego na<br />
medicina: taes são a Belladoua, o Meimcndro, a Figueira<br />
do inferno e o Tabaco. As folhas (festa planta, depois<br />
de.preparadas, constituem o ,tahaeo de f u m o , d'uso tão<br />
geueralisado. São egualmente usadas c o m fim therapeu-<br />
tico a Dulcamara e a llerva-moura que são menos tóxi<br />
cas. A acção das Solanaceas venenosas dirige-se princi<br />
palmente aos centros nervosos.<br />
Outras, finalmente, são cultivadas como plantas or<br />
namentaes; taes são as Petunias.
DICOTYLEDONEAS 2 2 1<br />
U3. Rubiaceas. A Ruiva dos tintureiros. Cultiva-se tud-<br />
guns pontos do nosso<br />
paiz esta 1<br />
planta que<br />
aliás pouco diiíere tia<br />
Grania brava (íig. 172)<br />
que cresce esponta<br />
neamente em quasi<br />
todos os lugares.<br />
As pequenas Ilo<br />
res da Granza só po<br />
dem examinar-se bem<br />
€om uma lente. A co<br />
rolla apresenta quatro<br />
ou cinco divisões, mas<br />
T r<br />
destaca-se diurna só<br />
peça quando se arran<br />
ca: é portanto gaino-<br />
pelala. Alternas com<br />
as suas divisões, es<br />
tão outros-tantos pe<br />
quenos estames que<br />
também se despren-<br />
_ dem com a corolla<br />
(íig. 173). Destacados,<br />
porém, corolla e esla<br />
mes, não se observa<br />
o ovario; fica por baixo, e apenas o estylete. dividido em dois<br />
ramos terminados cada um por uma<br />
/ dilatação stygniatica, se vè no centro<br />
da.flor. A Ruiva dos tintureiros não<br />
tem calix a envolver a corolla.<br />
Cortando-se transversalmente<br />
o 0\ario, vè-se que é formado por<br />
dois comparlinientos, cada um dos<br />
quaes encerra um óvulo. 0 mesmo<br />
suecede ao fructo que suecede ao<br />
ovario. Quando maduro, é earnoso,<br />
Fig. 172 — Granza ou Bmva dos Tintureiros-<br />
P i<br />
*<br />
1<br />
] ^ t ^ Z ^<br />
u i v a
222 BOTÂNICA<br />
e apresenta duas divisões, contendo cada qual uma semente,<br />
a menos que uma d'essas divisões deixe de desenvolver-se. As<br />
sementes tèm um albumen duro o corneo, e um embryão<br />
grande.<br />
A Ruiva dos tintureiros e uma planta herbacea, cujo caule<br />
é prismático, e apresenta verticilios formados por seis folhas.<br />
1U. Caracteres das Rubiaeeas. O Amor do hortelào e a<br />
Raspa-lingua que cresce espontaneamente no nosso paiz e se<br />
emprega pai a promover, a coagulaeãodô leite apresentam grande<br />
similhança com as Granza*. Da comparação com estas plantas e<br />
ainda com outras, menos conhecidas mas não menos uleis, re<br />
sulta o estabelecimento de caracteres communs.<br />
As Bubiaceas são plantas lierbaceas. arbustos ou-arvores, de<br />
folhas oppostas ou verlicilladâs. sendo no primeiro caso. acom<br />
panhadas de estipulas. O calix, quando não adhereuie ao ovario.<br />
apresenta quatro ou cinco sepalas pequeníssimas; a corolla, re- v<br />
guiar, tem ordinariamente cinco pétalas ; é o mesmo o numero<br />
distamos; o ovario è sempre inferior, tendo, um estxlete e dois<br />
estygmas. O fructo, ordinariamente secco, pode ser carnoso.<br />
1 i-5. Espécies principaes. As Rubiaeeas dos nossos cli<br />
mas são pouco importaiiles, a nao ser a Baica dos tintureiros que<br />
é cultivada, especialmente em Franca, porque da raiz se extrae<br />
uma substancia corante vermelha muito apreciada.<br />
Xao suecede o mesmo com as espécies exóticas, havendo<br />
tres que prestam grandes serviços ao homem: o Cafezeiro, a<br />
Quina e a Ipoeaeuauha,<br />
O Cafezeiro (fig. 17í) é um arbusto originário da Abyssinia.<br />
e cultivado em muitas outras regiões, de Ilores brancas, dispos<br />
tas em cymeiras, com os caracteres das outras Rubiaeeas, e cujo<br />
fructo è uma drupa contendo duas pequenas sementes applica-<br />
das uma contra a outra pela sua face inlerna, que é achatada. K<br />
a semente que, depois de torrada o moída, serve para preparar<br />
a infusão agradibilissima chamada café, conhecida de todos.<br />
A Quina é a casca de vários arbustos ou arvores do gênero<br />
Cinchona. originários da America meridional (fig. 175). A Cm-<br />
i
DICOTYLEDONEAS<br />
Fig. 174 — Cafezeiro,
BOTÂNICA<br />
clionirCáhmirl a mais rica em qainina, é uma arvore, cuja aí-<br />
Fig. 175 — Çinchotui liarno Üorido.<br />
Ura pôde ser dupla da do homem, de folhas oblongas, de flores
DIGOTYLEDONEAS 225<br />
dispostas em eymeiras, acompanhadas de bracteas. A corolla, ga-<br />
mopetala,apresenta cinco divisões; os estames são t a m b é m cinco<br />
e açlia-m-*e inseridos no tubo da corolla. O estylete é do mesmo<br />
comprimento que este possue. O fructo é uma cápsula oval.<br />
Fig. 176 — Ipecacuanha.<br />
A Quina e o seu principal alcalóide, a qnimna, são medica<br />
mentos preciosos no tratamento das febres. Tanto ella como o<br />
Cafezeiro são boje cultivados nas nossas possessões ultramarinas.<br />
A Ipecdcaanha (fig. 176) tem as tlores em capitulo, o calix
226 BOTÂNICA<br />
go mosepaJo, a corolla afunilada^ dividida superiormente em cinco<br />
lobulos. O fructo é uma drupa pouco carnosa, encerrando as se<br />
mentes que se separam na maturação.<br />
en ergicas.<br />
A raiz rt-esta planta é dotada de propriedades vomitivas<br />
Ií6. Cucurbitaeeas. O Melão. O Melão é cultivado por<br />
causa do seu fructo carnoso.<br />
Fig. 177 — Melão.<br />
É uma planta cujo caule rasteja pelo solo ou trepa agar-<br />
rando-se por meio de gavinhas, e cujas folhas, muito grandes,<br />
estão, como o caule, cobertas de pellos rudes (íig. 177).
As ílores do Melão são lambem bastante grandes, e ha-as<br />
DICOTYLEDONEAS 2 2 7<br />
de ditas espécies: umas coulèm apenas os eslames e outras en<br />
cerram apenas o pistillo. A corolla lauto (rumas como doutras.<br />
é formada de cinco pétalas soldadas na base.<br />
As ilores masculinas (fig. 178) contem tres eslames, um dos<br />
quaes é mais pequeno que os outros. Os dois primeiros tèm as<br />
antheras contornadas e alfectando a fôrma de dois SS encosta<br />
dos ; o outro tem uma anthera cuja fôrma é d uni S simples.<br />
As tlores femininas (íig. 179) apresentam um ovario inferior,<br />
Fig. 178—Melão. Flor masculina, Fig. 179 — Melão. Flor feminina,<br />
cortada longitudinalmente. cortada longitudinalmente.<br />
d'um só compartimento, em que os óvulos estão dispostos em<br />
tres filas. O ovario apresenta superiormente um estylete curto<br />
que tem tres estygmas. ^<br />
Quando o pollen ê transportado pelos insectos ou pelo venlo^<br />
o ovario transfórma-se n'um fructo volumoso (peponidio), coria<br />
ceo no exterior, carnoso no interior, e contendo grande numero-<br />
de sementes.
BOTÂNICA<br />
147. Caracteres geraes das Cacurbitaceas. A A bobeia,<br />
o Pepino, a Coloqumtida, cultivada nos jardins botânicos, a Norça<br />
branca oa Bryonia, que cresce espontaneamente, tèm caracteres<br />
muito similhantes: por isso formata uma mesma família, a das<br />
Cacurbitaceas. J(<br />
Sào todas plantas herbaceas, cujo caule ora se estende pelo<br />
solo. ora se prende por meio de gavinhas, cujas folhas e caule<br />
são cobertas de pellos ásperos, tendo ordinariamente o$ estâmes<br />
Fig. 180 — Melão.<br />
m o pistillo em Ilores separadas. Os estames tem as antheras"coi<br />
tornadas em fôrma de S. O fructo é quasi sempre um peponidi<br />
(fig. 180), apresentando uma cavidade central em que as semei<br />
tes, muito numerosas, estão prezas por meio de filamentos.<br />
14-8. Espécies prineipaes. O homem emprega na sua %\<br />
mentação algumas espécies de Cacurbitaceas: taes são a Afy<br />
hora, o Pepino, o Melão e a Melancia.
Outras espécies tèm applicaeòes médicas. Assim a Coloquin-<br />
DICOTYLEDONEAS 229<br />
tida tem um fructo cuja polpa é muito amarga e purgativa; o<br />
• Pepino de S. Gregorio, que cresce espontaneamente na Beira e<br />
na Estremadura, serve paia a preparação d'um purgante enér<br />
gico: a Norça branca ou Bryonia, t a m b é m espécie indígena, gosa<br />
de propriedades análogas.<br />
v Finalmente, a Cabaça, que t a m b é m é comestível, serve para<br />
fazer reservatórios em que se guarda o vinho.<br />
Fig. 181 — Raiz de Cenoura brava.<br />
D f e o t y l e d o n e a t i p o l y p e t a l a s<br />
149. Ümbelliferas. A Cenoura. A Cenoura (íig. 181), qu< -<br />
é cultivada por causa da sua raiz amarei Ia ou avermelhada, ali<br />
mentar, encontra-se t a m b é m espontaneamente, tendo então o<br />
nome de Cenoura brava. Floresce no estio.
230<br />
BOTA MCA<br />
As suas tlores apresentam bastante simühança com as da<br />
Ruiva dos tintureiros: como cilas, tèm um ovario inferior, de<br />
dois compartimentos, um óvulo em cada divisão, cinco pétalas e<br />
cinco estames.<br />
Fig. 182 — Flor de Cenoura (ampliada).<br />
Mas ha difTerenças: o calix. comquanto muito curto, tem<br />
cinco pequenas peças que cercam a parte superior do ovario: e<br />
as cinco pétalas, em vez distarem reunidas n'uma só peça, estào<br />
Fig. 183 — Cenoura. Flor (ampliada) cortada longitudinalmente.<br />
livres, sendo todas eguaes ifalgumas Ilores e deseguaes n outras.<br />
Ha, portanto, Ilores de cenoura de corolla polgpetala regular e<br />
outras de corolla irregular (Íig. 182 e 183).
DICOTYLEDONEAS 231<br />
Os cinco estames sào alternos com as pétalas e iuscrem-se<br />
nos intervallos que estas deixam entre si, por cima do ovario.<br />
0 estylete, único, divide-se em dois ramos, cada um dos<br />
quaes tem uma pequena cabeça stigmalica. A base do estylete<br />
ó acompanhada' d'um disco glanduloso que cobre o ovario.<br />
0 fructo é muito especial; compòo-sc de duas partes, co<br />
bertas por lâminas espinhosas, sois das quaes sào grandes e ou<br />
tras seis mais pequenas. 5jTa maturação, as duas metades do<br />
fructo separam-se uma da outra. Cada uma dVHas é um achenio,<br />
eo fructo total u m tiiachenio. A semente encerra um pequeno em<br />
bryão, e um albumen corneo. A raiz da Cenoura é aprumada; o<br />
caule é herbaceo e as folhas, muito delicadamente recortadas, são<br />
odoriferas.<br />
Cada uma das Ilores é provida d"um pequeno pé ou pednn-<br />
tulot Todos os pedunculos partem d"um ponto, no vértice do<br />
eixo secundário, e chegam quasi á mesma altura, lista inílores<br />
cencia chama-se uma umbella e é característica d*esta famila. Na<br />
base da umbella véem-se bracteas cuja reunião constituí 1<br />
lucro.<br />
150. Caracteres geraes das Umbelliferas. Camparan-<br />
t<br />
o invó<br />
do-se o Aipo e a Salsa com a Cenoura, reconhecem-se notáveis<br />
sirnilhauças que de resto se encontram n outras espécies. Formam<br />
a família das Umbeliiferas, cujos caracteres sào os seguintes. Sào<br />
plantas aromaticas, com as tlores dispostas em fôrma (Fumbelhr<br />
d^vario adhereute, de folhas alternas sem estipulas, e cujo fru<br />
cto é formado por dois achenios soldados, (jiiachenio).<br />
151. Espécies principaes. A família das Umbelliferas,<br />
^pezarde muito natural na sua organisação, apresenta espécies<br />
de muito dilferentes propriedades.<br />
As raizes d'algumas plantas dV.sta família são carnosas e<br />
alimentares: taes sào a Cenoura e o Aipo, etc: outras.são em<br />
pregadas'como condimentos: taes são a Salsa, a Alcaraua, o<br />
Funcho, o Endro, o Aniz, o Coeulro, o Oerefolio, os Comiuhob,<br />
«te; finalmente outras, são venenosas, como a grande e a pe<br />
quena Cicuta, que tèm algum emprego na medicina.
232<br />
BOTÂNICA<br />
152. Ribesiaceas. A Groselheira. É hoje bastante culti<br />
vada entre nós esta planta cujo fructo serve para a preparação<br />
d'um xarope apreciado. É um arbusto de folhas palmatiloba-<br />
dás. Floresce na primavera, e as suas flores formam cachos pen<br />
dentes. Cada flor e composta dTini calix gamosepalo de cinco di<br />
visões, (Fuma corolla de cinco pétalas, e de cinco estames. O<br />
pistillo apresenta um ovario inferior, soldado ao tubo do calix.<br />
Este ovario tem apenas uma cavidade,,em que existem duas fi-<br />
Fig. 184 — Groselha. Baga Fig. 185 — Cacho de fructos<br />
de groselha.<br />
Ias crovulos inseridos por meio de placentas pariotaes. Fica-lhe<br />
suprajacente um estylete biiido. O fructo da groselheira ê uma<br />
baga globulosa (pie encerra varias sementes (tig 184 e 185).<br />
153. Caracteres das Ribesiaceas. São cultivadas egual-<br />
mente a Groselheira preta, e a Groselheira espim, das quaes a<br />
primeira é empregada lambem para a fabricação de licores. Os<br />
caracteres comparados (Festas plantas são os seguintes: arvores<br />
ou arbustos de folhas alternas palmatilobadas; tlores dispostas<br />
ordinariamente em cachos; calix gamosepalo, com cinco divi-
sões ; cinco pétalas e cinco estames; o ovario adh crente; o fructo<br />
uma baga.<br />
154. Espécies principaes. lndicamol-as já: sao a Grose<br />
DICOTYLEDONEAS 238<br />
lheira vermelha, a negra e a espim ou uva do norte. Servem para<br />
a preparação de xaropes ou de licores.<br />
Fig- 186 — Videira* Cacho em rlor.<br />
455. A m p e l l i d e a s . A V i d e i r a . N ã o são fáceis<br />
de ver as ílores da Videira, planta que n i n g u é m ha<br />
que d e s c o n h e ç a (fig. '186). I 7<br />
, todavia existem, e a el-
BOTÂNICA<br />
Ias é devido ô perfume que em junho se exhala das.vi<br />
nhas.<br />
Colhendo então u m cacho e m tlor e examinando-o<br />
com u m microscópio, vè-se que cada ílòr tem u m cálice<br />
curto, e u m a corolla de cinco pétalas esverdeadas, colhi<br />
das pelos bordos. Ordinariamente, estas pétalas n ã o se<br />
separam umas das outras quando a flor desabrocha,<br />
mas destacam-se todas ao mesmo tempo pela base, e<br />
Fig. 187-Videira- Flor muito Fig. 188 — Videira. Flor muito ampliada,<br />
ampliada, cuja corolla se depois da queda da corolla.<br />
destaca pela base.<br />
f o r m a m .uma espécie de coita (íig. 187). Este levanta<br />
mento das pétalas é produzido pelos estames que são<br />
cinco, oppostos ás pétalas, e cujos íiletes ao principio<br />
estão enrolados, mas depois se levantam. As antheras<br />
t è m dois compartimentos e abrem-se por duas tendas<br />
lonuitudinaes.<br />
Tirando-se as pétalas e os estames, apenas se vc na<br />
llor o pistillo, sendo fácil reconhecer
Fig. 189 — Videira. líamos com folhas e
236<br />
BOTÂNICA<br />
estygma. Dentro do ovario encontram-se quatro peque<br />
nos óvulos que se observam b e m c o m u m a lente.<br />
Quando o ovario é fecundado, transforma-se n ' u m<br />
fructo, primeiro pequeno, verde e duro, mas que, de<br />
pois de maduro, se torna maior, molle e muito suma-<br />
rento. E" a m m . Entre a peite delgada que a cobre e as<br />
sementes e m pequeno numero que encerra, ha u m a<br />
poípa molle e assucarada: portanto é u m a baga. E o<br />
sumo d'esta polpa, obtido pelo esmagamento das uvas,<br />
que, depois de fermentado, constitue o viaho.<br />
A Videira (fig. 189) & u m arbusto de longos ra<br />
mos flexíveis que se c h a m a m sarmentos. As folhas<br />
são alternas, palmadas ou digitadas. E m frente da<br />
maior parte das folhas, a Videira tem gavinhas ou<br />
abraços.<br />
- ' . 156. Caracteres das Ainpellideas. Examinando<br />
as difterentes variedades de Videiras, e a Vinha virgem,<br />
cultivada nos jardins, estabelecem-se os caracteres d'esta<br />
família. São os seguintes :<br />
Arvores ou arbustos, de folhas alternas, tendo ga<br />
vinhas oppostas ã maior parte d'ellas; tlores esverdeadas<br />
e m cachos pendentes; calix muito curto; corolla de<br />
cinco pétalas, soldadas entre si e m f ô r m a de coita; ciuco<br />
estames oppostas ás pétalas; ovario superior de dois com<br />
partimentos, tendo cada u m dois óvulos ; estylete muito<br />
curto, terminado por u m estyma deprimido.<br />
157 Espécies principaes. A Vinha virgem me<br />
rece apenas m e n ç ã o por ser cultivada nos jardins para<br />
r<br />
cobrir as paredes e caranmnclieis. E a Videira p r ó p r i a -
mente dita a única espécie importante d'esta família. O<br />
DICOTYLEDONEAS 237<br />
n u m e r o das suas variedades chega a 1500. .lulga-se que<br />
é originaria da A r á b i a . A cultura d'esta planta occupa<br />
e m todos os paizes larga superticie de terreno. N i n g u é m<br />
ignora que o v i n h o é u m dos ramos mais importantes<br />
d o nosso c o m m e r c i o .<br />
458. Rosaceas. O Morangueiro. Ninguém ha<br />
que d e s c o n h e ç a o Morangueiro que floresce durante a<br />
m a i o r parte da primavera e do estio.<br />
Cada u m a das suas flores c o m p õ e - s e d ' u m calix.<br />
Fie. 190 — Flor de Morangueiro Fig- 191 - Flor de Morangueiro cortada<br />
inteira. ao comprido.<br />
de cinco sepalas patentes, e d ' u m a corolla de cinco p é <br />
talas que alternam c o m as primeiras (íig. 190 e 191).<br />
As p é t a l a s s ã o brancas e t a m b é m patentes, de m o d o<br />
que a corolla é r o d a d a . Os estames, m u i t o numerosos,<br />
o c c u p a m o centro da flor e cercam o pistillo. Este<br />
f ô r m a u m a massa dilatada e m bola, coberta d ' u m<br />
grande n u m e r o de carpellos contendo cada u m apenas<br />
u m ó v u l o .<br />
A o chegarem á m a t u r a ç ã o , estes carpellos transfor<br />
m a m - s e e m fructos seccos (achenios) m u i t o pequenos.
238<br />
Mas, cmquanto os lVuctos amadurecem, o receptaculo<br />
e m que estão inseridos dllaia-se, e torna-se carnoso,<br />
apresentando ligeiras depressões,<br />
cada uma das quaes serve para<br />
anichar u m fructo (fig. 192). Este<br />
receptaculo desenvolvido constitue<br />
o morango.<br />
0 Morangueiro é u m a planta<br />
herbacea cujas folhas compostas<br />
são formadas por tres foliolos. O<br />
caule emitte numerosos ramos<br />
Fig. 192 — Fructo do Moraiin chamados braços, (estolhos) que<br />
gueiro: achenios supportá- - , , ' .<br />
dos por um receptaculo em cada no desenvolvem raízes<br />
caruoso. , . , 1 „<br />
adventicias, de m o d o que se for<br />
m a m n ?<br />
esses pontos novos Morangueiros (íig. 193).<br />
A l é m do fructo, de tão agradável sabor, o Moran-<br />
Fig. 193 — Morangueiro: caule reptaute.<br />
gueiro presta serviços ao h o m e m . A raiz e as folhas<br />
t è m usos médicos, como diurelicos e levemente adstrin<br />
gentes.
159. A Roseira. Á Roseira brava (íig. 194) co<br />
m e ç a a florir e m maio ou j u n h o .<br />
DICOTYLEDONEAS 2 3 9<br />
0 calix é f o r m a d o de cinco sepalas verdes collo<br />
cadas por cima do receptaculo. A corolla é composta<br />
egualmente de cinco pétalas que alternam com as pe<br />
Fig. 194 - Roseira. Ramo florido.<br />
ç a s do calix. T i r a n d o as pétalas, licam dentro do ca<br />
lix, que é persistente, os estames que são m u i t o n u -<br />
eomnondo-se cada u m d'elles d ' u m tilete m u i t o
240<br />
BOTÂNICA<br />
delgado e de u m a pequena anthera de dois comparti-<br />
mentos (fig. 195).<br />
Tirando-se todos os estames, vè-se apenas o rece<br />
ptaculo e m f ô r m a cie taça, mas pela sua abertura sáe<br />
u m corpo e s b r a n q u i ç a d o , allongado, co<br />
berto de pennugenr (íig. 196). Esse cor<br />
po é formado pela reunião dos estyletes<br />
que se continuam c o m os ovarios en<br />
cerrados no receptaculo. Cada u m dos<br />
ovarios, na m a t u r a ç ã o , v e m a formar<br />
Fig. 195 — Moseira. Flor cortada ao comprido.<br />
um achenio. O receptaculo desenvolve-<br />
se, tornando-se carnoso.<br />
As ílores das Roseiras que se cul<br />
tivam nos jardins n ã o t è m apenas a s ^ ^ ^ - i T m ^ p t e .<br />
cinco pétalas de que f a l í a m o s : são do- tá aberto para mos-<br />
I 1 t r a r 0 0 V U j o q u e c o n .<br />
bradas, isto é os estames m o d i ü c a m - s e , tem,<br />
tornam-se estéreis, e desenvolvem-se como se fossem<br />
verdadeiras pétalas.<br />
Mas, sejam as tlores simples ou dobradas, as Ro-
DICOTYLEDONEAS 241<br />
seiras t è m os m e s m o s caules e as mesmas folhas. S ã o<br />
ordinariamente arbustos cuja casca está coberta de acu-<br />
leos triangulares. Per outro lado, as folhas s ã o compostas,<br />
formadas ordinariamente por cinco foliolos, e apresen<br />
t a m n o ponto d ' i n s e r ç ã o sobre o caule pequenas l â m i n a s<br />
allongadas, que s ã o estipulas (fig. 197).<br />
160. Caracteres das Rosaceas. Tanto o Moran<br />
gueiro, c o m o a Roseira s ã o Rosaceas. A esta familia per<br />
tencem outras plantas m u i t o conhecidas: a Macieira, a<br />
• - •«.<br />
Fig. 197 — Folha de roseira, apresentando na base duas estipulas, sU<br />
Pereira, a A m e n d o e i r a , etc. Estes vegetaes differem al<br />
g u m tanto nos seus.caracteres, mas os mais i m p o r t a n <br />
tes p o d e m reduzir-se aos seguintes. S ã o plantas de flo<br />
res regulares, de estames numerosos e d'ovario livre.<br />
A s flores s ã o simples o u compostas, e f r e q ü e n t e m e n t e<br />
providas de estipulas. O fructo é v a r i á v e l : p ô d e ser u m<br />
achenio, u m follilho, u m a baga, u m a drupa o u u m p o m o .<br />
161. Espécies principaes. Grande numero ^ar<br />
vores frueteiras cultivadas nos nossos pomares perten-
cem ás Rosaceas. Taes são a Macieira, a Pereira, a.<br />
BOTÂNICA<br />
Amendoeira, a Cerejeira, o Pecegueiro, etc.<br />
O gênero Rosa tem varias espécies que se encon<br />
tram nos jardins como plantas ornamentaes. Algumas<br />
d'ellas são empregadas na medicina, e m virtude do tan-<br />
nino que c o n t é m .<br />
O Louro-cerejo, a Potentilha, etc, tem egualmente<br />
usos médicos. A primeira c o n t é m u m veneno m u i t o<br />
enérgico, o ácido cyanhydrico, que t a m b é m se encontra<br />
n'outras plantas da mesma família.<br />
Finalmente, algumas plantas d'esta família fornecem<br />
madeiras muito apreciadas. Haja vista a Cerejeira, a Pe<br />
reira e a Sorveira, muito empregadas na marcenaria.<br />
162. Papilionaceas. O Feijoeiro. O Feijoeiro é extrema<br />
mente cultivado por toda a parte: ninguém deixará de coube-<br />
cel-o. As suas flores (fig. 198) dispostas em eachos habitualmente<br />
FÍ*. im-Feijoeiro. Flor ampüada.<br />
axillares ou lateraes são irregu<br />
lares e tèm o npme de papilio<br />
naceas. O calix è curto, com<br />
quatro ou cinco divisões. A co<br />
rolla é eomposta de cinco péta<br />
las: na parte superior da flor.<br />
encontra-se uma pétala grande,<br />
estendida que se cliama.^/u-<br />
darte (fig. 199); aos lados ficam<br />
d u M<br />
P l e n a s pétalas, eguaes,<br />
chamadas azas; e finalmente, por<br />
baixo, uma ou duas soldadas para formarem uma saliência maior<br />
ou menor, tèm o nome de naveta (fig. 200).<br />
Tiradas as pétalas, encontram-se os estames cuja fôrma è<br />
torcida em espiral e moldada sobre a da naveta. São dez os es<br />
tames e diadelphos, estando nove reunidos pelos filetes e um se<br />
parado.
O pistillo o formado por um ovario em fôrma de sacco al<br />
DICOTYLEDONEAS 2 4 3<br />
longado, terminado por um estylete curvado e u m estygma co<br />
berto de pellos.<br />
Fig. 199 — Corolla papilionacea : E estandarte ; A azas ; c naveta.<br />
Effectuada a fecundação,/o pistillo transforma-se no fructo<br />
que é uma vagem pendente, achatada, cujas duas metades ou<br />
válvulas se separam, deixando em liberdade as sementes, N'estas<br />
sementes em fôrma de rhim, a amêndoa constitue todo o em<br />
bryão ; não tèm albumen (fig. 201).<br />
Fig. 200 — Feijoeiro. Naveta. Fig. 201 — Semente do Feijoeiro.<br />
As folhas do Feijoeiro tèm ordinariameute tres foliolos gran<br />
des, ovaes e acuminados, com u m peciolo comprido/<br />
O Feijoeiro é geralmente uma planta trepadeira e portanto<br />
não pôde sustentar-se verticalmente. Por esse motivo se lhe col-<br />
9
244<br />
BOTÂNICA<br />
locam a par estacas em que se enrola. As .sementes são comes<br />
tíveis e mesmo todo o fructo quando está tenro.<br />
163. Caracteres das Papilionaceas. A Fava, a Ervilha, o<br />
Trevo, etc., tèm notáveis similhanças com o Feijão, no que res<br />
peita â constituição da ílor e do fructo. Por este motivo foram<br />
englobadas na mesma família que recebeu o nome de Papiliona<br />
ceas pela simühança que se quiz ver entre a sua ílor e uma bor<br />
boleta. Os seus caracteres são os seguintes :<br />
São plantas de folhas quasi sempre compostas, com estipu<br />
las ; o calix gámosepalo tem 5 divisões deseguaes; a corolla é<br />
formada por cinco pétalas e irregular; os estames são geralmente<br />
dez, e diadelphos; o pistillo tem um ovario (filma cavidade; o<br />
fructo é uma vagem; as sementes não têm albumen.<br />
i -<br />
X<br />
164. Espécies principaes. Poucas famílias botânicas en<br />
cerram plantas de tanta utilidade, tanto debaixo do ponto de<br />
vista alimentar, como debaixo do ponto industrial.<br />
A Ervilha, a Fava, o Feijão, a Lentilha, o Grão de bico, são<br />
empregadas na alimentação do homem/<br />
A Luzerna, o Trevo, o Sanfeno, são excellentes forragens<br />
para os animaes.<br />
Algumas plantas, d'està família fornecem madeiras aprecia<br />
das: haja vista o Palissandro e o Pau rosa, provenientes de Pa<br />
pilionaceas arborescentes.<br />
A tintura ria aproveita a árvore do anil cultivada na Índia,<br />
China, etc, cujas folhas fornecem pela fermentação uma maté<br />
ria corante muito apreciada, e o Piorno dos Tintureiros, espon<br />
tânea entre nós, que dá uma substancia amareíla.<br />
Algumas plantas (festa família têm emprego em medicina.<br />
Tal é o Alcaçuz, cujo caule subterrâneo encerra um principio as-<br />
sucarado, espectorante; o Physostyyma cenenosum, cujo fructo, a<br />
fava do Calabar, encerra um veneno violento, a eserina ; a Al-<br />
quitira, que fornece uma gomma muito empregada, etc<br />
Finalmente, algumas plantas são cultivadas nos nossos jar<br />
dins. Tal é, para não mencionarmos outras menos conhecidas, a<br />
Glycinia.
DICOTYLEDONEAS 2 4 5<br />
-165. C r u c i feras. A C o u v e . A Couve cultivada<br />
(fjg. 202) t e m flores regulares e hermaphroclitas, u m<br />
calix de quatro sepalas onguiculadas, quatro g l â n d u l a s<br />
oppostas ás duas sepalas internas, u m a corolla polype-<br />
tala regular, de quatro pétalas<br />
oppostas duas a duas, e seis<br />
estames tetradynamicos, isto<br />
é, quatro grandes e dois pe<br />
quenos. Ò gyneceu é for<br />
mado por dois carpellos u n i <br />
dos n ' u m ovario p r i m i t i v a <br />
mente u n i l o c u l a r c o m duas<br />
placentas parietaes, mas que<br />
se torna biloCular pela for<br />
m a ç ã o tardia d ' u m falso se-<br />
pto. 0 fructo é u m a siliqua<br />
allongada, e m que estão dis<br />
postas sementes desprovidas<br />
d'albumen.<br />
166. Caracteres ge-<br />
raes ü a s C r n c i f e r a s . A<br />
Couve, o Pastel dos tintu<br />
reiros, o Nabo, o Goivo apre<br />
sentam, pelo que diz respeito<br />
á OrganisaçãO da flor e dO , F i g. m - C o u v e . Cachos de flores.<br />
fructo, s i m i l h a n ç a s n o t á v e i s .<br />
Por este m o t i v o f o r a m reunidas ir*uma m e s m a família<br />
sob o n o m e de C r u á f e r a s que lhe v e m da f ô r m a espe<br />
cial da corolla.<br />
Os seus caracteres p ô d e m reduzir-se aos seguintes:
246 BOTÂNICA<br />
São plantas herbaceas cujas flores estão dispostas em<br />
cacho; o calix apresenta quatro sepalas; a corolla regu<br />
lar t a m b é m é formada de quatro pétalas; os estames são<br />
seis, sendo quatro grandes e dois, pequenos; o ovario<br />
tem dois estygmas. 0 fructo é uma siliqua (fig. 203)- e<br />
as sementes não tem albumen.<br />
Fig. 203 — Couve. Siliqua. Fig. 204— Babanete bravo o cultivado.<br />
Na organisação do fructo notam-se algumas diíTe-<br />
renças nos Gmciferas; assim no Pastel dos tintureiros é<br />
u m a silicula. A sua dehiscencia que se eflectua geral<br />
mente por lendas longitudinaes pôde, no Rabanete bravo,<br />
fazer-se por estrangulamentos correspondentes aos espa<br />
ços existentes entre as sementes.
167. Espécies principaes. As Cruciferas encer<br />
DICOTYLEDONEAS 347<br />
ram m a t é r i a s sulfuradas que lhes d ã o u m sabor acre e<br />
picante. Muitas d'ellas s ã o anti-escorbuticas, e nomeada<br />
mente o Rabano, c o m cuja raiz se prepara u m xarope<br />
com estas propriedades.<br />
A maior parte das Cruciferas são alimentares. Os<br />
Nabos e os Rabanetes caracterisam-se pela quantidade<br />
d'alimentos de reserva que a r m a z e n a m nas raizes. Nas<br />
Couves, as reservas accumulam-se no g o m o terminal,<br />
nos gomos axillares, ou na inílorescencia.<br />
As sementes d'algumas plantas d'esta família encer<br />
ram m a t é r i a s oleosas, e nomeadamente o Colza fornece<br />
u m oleo empregado na i l l u m i n a ç ã o .<br />
cação d J<br />
0 Pastel dos tintureiros foi empregado para a fabri<br />
uma substancia corante azul; a .Mostarda é e m <br />
pregada na meza e t e m a p p l i c a ç õ e s m é d i c a s . Outras<br />
Cruciferas cultivam-se c o m o plantas ornamentaes, eomo<br />
suecede c o m o Goivo.<br />
168. Amentaceas. O Carvalho. Se examinarmos<br />
u m Carvalho na primavera, veremos n'alguns ramos, no<br />
meio de b o t õ e s meios abertos, filamentos delgados que<br />
supportam ílores masculinas.<br />
Estas ílores abrem-se gradualmente, e cada u m a<br />
d'ellas se c o m p õ e d ' u m certo n u m e r o de pequenas esca<br />
mas, contendo seis^a dez estames, de íiletes m u i t o delga<br />
das; os filamentos que lhes d ã o i n s e r ç ã o são amenfi<br />
lhos (fig. 205). As ílores d'estames estão collocadas ao<br />
longo dos ramos e s ã o as primeiras a apparecer quando<br />
se, abrem os b o t õ e s .<br />
Alguns dias mais tarde, vè-se na extremidade dos
248<br />
BOTÂNICA<br />
ramos e na axilla das folhas outra ordem de flores que<br />
são as flores femininas (fig. 206). Estão dispostas e m es<br />
pigas maià ou menos allongadas, estando cada u m a d'el-<br />
—f; V,<br />
Fig. 205 — Ramo de carvalho, sup^portando amentilhos<br />
coin ílores masculinas.<br />
Ias cercada pelo que se chama cúpula. No centro encon<br />
tra-se o pistillo, constituído por u m ovario de tres cavi<br />
dades, tendo cada u m a dois óvulos, ovario que é termi<br />
nado por u m estylete c o m tres estygmas (fig. 207 e 208).
DICOTYLEDONEAS<br />
.' A o cabo de pouco tempo,' depois do pollen ter caldo<br />
sobre as ílores femininas, os amentilhos s é c c a m . e c á e m ,<br />
e o pistillo transforma-se<br />
n ' u m fructo secco, con<br />
tendo u m a ú n i c a semen<br />
te, porque todos os ó v u <br />
los menos u m abortam.<br />
0 fructo, cercado na base<br />
pela c ú p u l a , constitue a<br />
g l m u l e (fig". 209).. . .<br />
A semente está exa-<br />
ctamente cheia pelo e m <br />
b r y ã o , sendo ambas as<br />
cotyledones carnosas.<br />
As folhas do Carva-<br />
Fig. 206 — Ramo de Carvalho com flores<br />
femininas.<br />
, -i a -<br />
lho s ã o alternas, recortadas e providas d'estipulas: o<br />
Fig. 207--Carvalho: flor<br />
feminina cortada ao<br />
comprido.<br />
Fig. 208—Carvalho.<br />
flor feminina inteira.<br />
Fig. 209 —Fructo do Car<br />
valho.-<br />
tronco p ô d e adquirir espessura considerável e altura de<br />
quarenta a cincoenta. metros.
250<br />
BOTÂNICA<br />
169. Caracteres das A n i e n t a ç e a s . Se comparar<br />
mos o Carvalho, a Nogueira e o Salgueiro, encontramos<br />
notáveis similhanças entre estas plantas, motivo porque<br />
foram incluídas n'uma só família, sob o nome de A m e n -<br />
taceas, nome que deriva da inílorescencia. Os seus cara<br />
cteres podem resumir-se e m que são apetalas, sempre, :<br />
arborescentes, e em que as Ílores masculinas estão sem<br />
pre dispostas e m amentilho. ; %<br />
170. Espécies principaes. As arvores que fazem<br />
parte" cTesta família, (o Carvalho, a Faya, o Castanheiro)<br />
são excellentes materiaes de construcção, eu fornecem<br />
b o m combustível. Algumas sementes servem para a sus<br />
tentação do h o m e m , graças á quantidade de fecula que<br />
encerram, como suecede c o m o Castanheiro ; outras ser<br />
v e m para a p r e p a r a ç ã o de certos óleos, como a No<br />
gueira, e a Faya. A casca espessa e esponjosa do Sove-<br />
reiro (Quercas saber) depois de preparada, forma a cor-<br />
tiça. Do Salgueiro estrae-se a salicina e o ácido salici-<br />
Uco, empregado e m medicina, no tratamento do rheu-<br />
matismo.<br />
0 Vimieiro que fornece os vimes é u m a espécie de<br />
Salgueiro. Do Carvalho d'Alepo p r o v é m a noz de galha,<br />
excrescencia arredondada produzida pela picadeüa d'um<br />
insecto, empregada para a fabricação dá tinta d'escre-<br />
cre, etc.
RESUMO<br />
139. As Dicotyledoneas são caracterisadas por ,um em<br />
D I C O T Y L È D Ò J X E A S 251<br />
bryão de duas-cotyledones; pela organisação da raiz que en<br />
grossa formando novo lenho e novo liber; pela disposição do<br />
caule em que se distingue casca, zona geradora e lenho; pelas<br />
folhas de nervuras anastomosadas e pelas tlores que são penta-<br />
meras ou tetrameras.<br />
Dividern-se em : l.°Gamopetalas; 2.° Diah pétalas e Apetalas.<br />
140. A Batata é o typo das Solanaceas.<br />
-14K Os caracteres das Solanaceas são os seguintes. São<br />
plantas de folhas alternas,, simples e sem estipulas. As Ilores têm<br />
ordinariamente cinco peças. O ovario apresenta duas cavidades.<br />
O fructo è uma baga ou uma cápsula. v<br />
142. Algumas Solanaceas são alimentares (Batata, Berin-<br />
gella, etc.) Outras, muito venenosas, sào empregadas na medi<br />
cina, (Meim_endro, Belladona, etc) onde também se applicam ou-^<br />
tras menos tóxicas (Dulcamara, etc.) Outras sào ornamentaes (Pe-<br />
tunias).<br />
143. A Granza ou Rateados tintureirospode ser conside<br />
rada como typo das Rubiaeeas.<br />
144. As. Rubiaeeas são plantas herbaoeas, arbustos ou ar<br />
vores, de .folhas oppostas ou vertici liadas, sendo no primeiro<br />
caso acompanhadas de estipulas. O calix, se não ó adherente ao<br />
ovario, tem quatro ou cinco sepalas pequeníssimas ; a corolla<br />
tem cinco pétalas; ovario, sempre inferior, temu m estylete e<br />
dois estygmas.<br />
145. A Granza é cultivada pela matéria corante, vermelha<br />
252 BOTÂNICA<br />
J 18, Algumas Cucurbitace&s são empr egadas na alimenta<br />
ção do homem (Abóbora, Pepino, etc.) Outras têm emprego em<br />
medicina (Coloquintida, Pepino de S. Grego rio, etc.)<br />
feras.<br />
149. A Cenoura pode ser lida como typo das Umbelli<br />
150 As Umbelliferas são plantas aromaticas, de ílores dis<br />
postas em umbella, d^ovario adherente, de folhas alternas sem<br />
estipulas, e cujo fructo é um diaclienio.<br />
151. Algumas Umbelliferas sào alimentares (Cenoura, Aipo,<br />
etc.); outras são empregadas como condimentos, (Salsa, Coentro,.<br />
etc); oiitras ainda são venenosas (Cicuta).<br />
152. A Groselheira pode ser considerada como typo das<br />
Ribesiaceas.<br />
153. As Ribesiaceas sào'arvores ou arbustos de folhas al<br />
ternas palmadas; tem as flores dispostas ora cacho; o calix ga<br />
mosepalo, com cinco divisões ; cinco pétalas e cinco estames;<br />
ovario adherente; como'fructo* uma baga.<br />
154. Differentes espécies de Groselheira'servem, para a fa<br />
bricação de xaropes.<br />
155. A Videira é o typo das Ampellideas.<br />
156. As Ampellideas são arvores ou arbustos, de-folhas al<br />
ternas, tendo gavinhas oppostas á maior parle dVlIas; têm flores.<br />
esverdeadas de cachos pendentes, e calix muito curto, a corolla<br />
de cinco pçtalas sóldadas*em fôrma de coifa ; os estamos são op-<br />
postos ás pétalas; o ovario superior de duas cavidades, tenda<br />
cada uma dois óvulos; o estylete muito curto, terminado por<br />
um estygma deprimido.<br />
cPesta família são ornamentaes (Roseiras) e outras tem usos me-<br />
dicinaes (Louro-cérejo, Potentilha).<br />
DICOTYLEDONEAS 253<br />
\ r<br />
162. O Feijão é typo das Papilionaceas.<br />
\í 163. As Papilionaceas tem folhas compostas, com estipulas.<br />
O calix é gamosepalo e tem cinco divisões deseguaes; a corolla,<br />
irregular, tem cinco pétalas, os estames são geralmente dez e<br />
diadelphos, o fructo é uma vagem; as sementes não têm albu-<br />
merí.<br />
164. Muitas Papilionaceas servem para a alimentação do<br />
homem (Ervilha, Fava, Feijão) ou dos animaes (Luzerna, Trevo 9<br />
Sanfeno). Algumas espécies fornecem madeira muito apreciada<br />
BOTÂNICA.<br />
Í N D I C E )<br />
CAPITULO I<br />
Cellula vegetal: sua vida e fôrmas, princípios immediatos<br />
elaborados nos vegetaes. Tecidos vegetaes: sua classifi<br />
Pagina?<br />
cação e caracteres . . .. 10<br />
CAPITULO I I<br />
Raiz: fôrmas, estructura e funcções . 31<br />
CAPITULO III<br />
Caule: turmas r estructura e funcções . . . 40<br />
CAPITULO IV<br />
Folhas: suas fôrmas, estructura e funcções . . 61<br />
- CAPITULO V<br />
ldeia summaria da nutrição e respiração das plantas. Cir<br />
culação da seiva. Funcção chlorophyllina. Látex. Cresci<br />
mento das .plantas 77<br />
CAPITULO VI<br />
Flor : organisação e fôrmas. Idéia summaria da fecundação 88
256<br />
BOTÂNICA<br />
CAPITULO VII<br />
Fructo: diversas espécies de fructos. Semente: sua estru<br />
ctura . . . . .<br />
CAPITULO VIII<br />
Reproducção das plantas. Noções sobre os typos de repro<br />
ducção nas Cryptogamicas. Reproducção das Pheneroga-<br />
micas por semente e pelos órgãos de vegetação<br />
CAPITULO IX<br />
Taxinomia . . .<br />
I Typo: Thallophytas — l .<br />
CAPITULO X<br />
a<br />
classe: Fungos — 2 .<br />
Algas . . . .<br />
II Typo: Muscineas — 3. a<br />
Musgos<br />
CAPITULO XI<br />
classe: Hepaticas — 4. a<br />
CAPITULO XII<br />
III Typo: Cryptogamicas vasculares—5. a<br />
neas — 6. a<br />
neas . * .<br />
classe: Equisetineas — 7. a<br />
IV Typo: Phanerogamicas — 8. a<br />
Angiospermicas — 9. a<br />
Angiospermicas — 10. a<br />
CAPITULO XIII<br />
CAPITULO XIV<br />
a<br />
classe:<br />
classe:<br />
classe: Filiei-<br />
classe: Lycopodi<br />
classe : Gymnospermicas.<br />
classe : Monocotyledoneas.<br />
CAPITULO XV<br />
classe: Dicotyledoneas . ,
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