irAcemA - Dom Bosco
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ol1c - 08<br />
93<br />
iracema<br />
outro, fogoso em amores, sonha que as mais belas virgens tabajaras deixam a<br />
cabana de seus pais e o seguem cativas de seu querer (...).<br />
o herói sonha tremendas lutas e horríveis combates, de que sai vencedor, cheio de<br />
glória e fama.<br />
enquanto estão sob o efeito da bebida, iracema, proibida de presenciar o<br />
ritual, aproveita para levar martim ao encontro de poti. Ao transporem as terras<br />
dos tabajaras, pisando já na dos pitiguaras, a índia dos lábios de mel revela a<br />
martim que o que houve entre eles não tinha sido um sonho, portanto ela não<br />
era mais virgem, muito menos a protegida de tupã. e já se considerava mulher<br />
de martim, que a aceita como tal. mas os índios tabajaras, já refeitos do ritual<br />
sagrado, perseguem-nos novamente. Quando tudo parecia perdido, surgem os<br />
guerreiros pitiguaras, chefiados por Jacaúna, irmão de Poti, que derrotam os<br />
tabajaras. iracema se entristece ao ver os cadáveres de seus irmãos no campo de<br />
batalha, enquanto os sobreviventes fugiam envergonhados.<br />
iracema silvou como a boicininga; e arrojou-se contra a fúria do guerreiro tabajara.<br />
A arma rígida tremeu na destra possante do chefe e o braço caiu-lhe desfalecido.<br />
soava a pocema da vitória. os guerreiros pitiguaras conduzidos por Jacaúna e poti<br />
varriam a floresta. Fugindo, os tabajaras arrebataram seu chefe ao ódio da filha de Araquém<br />
que o podia abater, como a jandaia abate o prócero coqueiro roendo-lhe o cerne.<br />
Os olhos de Iracema, estendidos pela floresta, viram o chão juncado de cadáveres de seus<br />
irmãos; e longe o bando dos guerreiros tabajaras que fugiam nuvem negra de pó. Aquele sangue<br />
que enrubescia a terra, era o mesmo sangue brioso que lhe ardia nas faces de vergonha.<br />
o pranto orvalhou seu lindo semblante.<br />
martim afastou-se para não envergonhar a tristeza de iracema.<br />
Ao chegarem ao litoral, martim e iracema se hospedam na tribo pitiguara.<br />
mas a índia não se sente à vontade vivendo numa tribo inimiga da sua. partem,<br />
então, à procura de uma terra que não fosse dominada pela grande nação “dos<br />
comedores de camarão”. Com o auxílio de Poti, Martim constrói a cabana na<br />
terra em que nasceria o próprio Alencar, mecejana.<br />
– estes campos são alegres, e ainda mais serão quando iracema neles habitar. Que<br />
diz teu coração?<br />
– o coração da esposa está sempre alegre junto de seu guerreiro e senhor.<br />
seguindo pela margem do rio, o cristão escolheu um lugar para levantar a cabana.<br />
Poti cortou esteios dos troncos da carnaúba; a filha de Araquém ligava os leques<br />
da palmeira para vestir o teto e as paredes; martim cavou a terra e fabricou a porta das<br />
fasquias da taquara.<br />
Quando veio a noite, os dois esposos armaram a rede em sua nova cabana; e o amigo<br />
no copiar que olhava para o nascente.