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irAcemA - Dom Bosco

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ol1c - 08<br />

A virgem aponta para o estrangeiro e diz:<br />

– ele veio, pai.<br />

– veio bem. É tupã que traz o hóspede à cabana de Araquém.<br />

91<br />

iracema<br />

Assim dizendo, o pajé passou o cachimbo ao estrangeiro; e entraram ambos na<br />

cabana.<br />

iracema era a responsável por preparar o licor da jurema, uma bebida alucinógena<br />

que, segundo a crença, fazia com que os índios entrassem em contato<br />

com tupã, o seu deus, e com outros sonhos. mas para isso ela tinha que se<br />

manter virgem.<br />

iracema voltara com as mulheres chamadas para servir o hóspede de Araquém, e<br />

os guerreiros vindos para obedecer-lhe.<br />

– guerreiro branco – disse a virgem –, o prazer embale tua rede durante a noite;<br />

e o sol traga luz a teus olhos, alegria à tua alma.<br />

e assim dizendo, iracema tinha o lábio trêmulo, e úmida a pálpebra.<br />

– tu me deixas?<br />

– As mais belas mulheres da grande taba contigo ficam.<br />

– Para elas a filha de Araquém não devia ter conduzido o hóspede à cabana do Pajé.<br />

– estrangeiro, iracema não pode ser sua serva. É ela que guarda o segredo da jurema<br />

e o mistério do sonho. sua mão fabrica para o pajé a bebida de tupã.<br />

por estar martim com saudade de sua pátria e de seus pais, e sabendo ainda<br />

que ele deixara a sua noiva em Portugal, Iracema lhe prepara a bebida, para que<br />

ele os visse e matasse assim a sua saudade.<br />

– bebe!<br />

martim sentiu perpassar nos olhos o sono da morte; porém logo a luz inundou-lhe<br />

os seios d’alma; a força exuberou em seu coração. reviveu os dias passados melhor do que<br />

os tinha vivido: fruiu a realidade de suas mais belas esperanças.<br />

ei-lo que volta à terra natal, abraça a velha mãe, revê mais lindo e terno o anjo<br />

puro dos amores infantis.<br />

irapuã, chefe dos tabajaras, ao saber da presença do branco em sua tribo<br />

e de seu envolvimento com Iracema, por quem era apaixonado, enciúma-se e o<br />

desafia para um combate.<br />

– O coração aqui no peito de Irapuã ficou tigre. Pulou de raiva. Veio farejando a<br />

presa. o estrangeiro está no bosque, e iracema o acompanhava. Quero beber-lhe o sangue<br />

todo: quando o sangue do guerreiro branco correr nas veias do chefe tabajara, talvez o<br />

ame a filha de Araquém.

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