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irAcemA - Dom Bosco

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ol1c - 08<br />

89<br />

iracema<br />

tendo como subtítulo lenda do ceará, daí não possuir o mesmo valor<br />

histórico contido em o guarani (que trata da fundação do rio de Janeiro), iracema<br />

é, portanto, uma obra alegórica sobre a colonização do ceará, podendo,<br />

perfeitamente, representar toda a colonização brasileira. desse modo, podemos<br />

considerar Moacir, o filho do sofrimento, não só o primeiro cearense, mas o<br />

primeiro brasileiro.<br />

São características românticas presentes em iracema: nacionalismo; idealização<br />

do índio como um herói (aí entra também a figura do guerreiro branco,<br />

Martim); sentimentalismo exagerado; retorno ao passado e sentimento de religiosidade<br />

cristã, como podemos perceber neste trecho:<br />

o cristão repeliu do seio a virgem indiana. ele não deixará o rastro da desgraça<br />

na cabana hospedeira. cerra os olhos para não ver, e enche sua alma com o nome e a<br />

veneração de seu deus:<br />

– cristo!... cristo!...<br />

Quanto ao foco narrativo<br />

narrado em terceira pessoa, o narrador, dotado de onisciência, isto é, sabe<br />

de tudo o que acontece com os seus personagens, mostra-se tão inspirado quanto<br />

qualquer exaltado poeta do período, deixando pelo caminho de sua narrativa<br />

um rastro de mensagens de amizade, amor, sabedoria, felicidade e família, que<br />

podemos sintetizar nesta fala de poti:<br />

– o guerreiro sem amigo é como a árvore solitária que o vento açouta no meio do<br />

campo; o fruto dela nunca amadurece. A felicidade do varão é a prole, que nasce dele e<br />

faz seu orgulho; cada guerreiro que sai de suas veias é mais um galho que leva seu nome<br />

às nuvens, como a grimpa do cedro. Amado de tupã, é o guerreiro que tem uma esposa,<br />

um amigo e muitos filhos; ele nada mais deseja senão a morte gloriosa.<br />

Quanto à linguagem<br />

como bem disse manuel bandeira, Alencar escreveu um romance que<br />

se parece mais com um poema. isso porque o romancista-poeta se utilizou de<br />

recursos estilísticos, principalmente de símiles e metáforas da fauna e da flora<br />

de nossa natureza, para a caracterização de seus personagens, tanto no aspecto<br />

físico quanto no emocional, fazendo com que eles surgissem amalgamados a<br />

essa natureza.<br />

– o gavião paira nos ares. Quando o nambu levanta, ele cai das nuvens e rasga as<br />

entranhas da vítima. O guerreiro tabajara, filho da serra é o gavião.<br />

– o guerreiro pitiguara é a ema que voa sobre a terra; nós o seguiremos como suas<br />

asas – disse iracema.<br />

– As lágrimas da mulher amolecem o coração do guerreiro, como o orvalho da<br />

manhã amolece a terra.

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