18.04.2013 Views

irAcemA - Dom Bosco

irAcemA - Dom Bosco

irAcemA - Dom Bosco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ol1c - 08<br />

CaRaCteRístiCas geRais<br />

87<br />

iracema<br />

José de Alencar soube como ninguém explorar o espaço que lhe era concedido<br />

no jornal. Criou colunas para suas crônicas, publicou seus romances de<br />

folhetim, já que era muito difícil conseguir quem os editasse em livros – vale<br />

a pena lembrarmos que a primeira editora nacional só surgiu no começo do<br />

século XX, fundada por Monteiro Lobato (1882-1948). Também não se deixou<br />

intimidar, escrevendo críticas e criando polêmicas, que fizeram dele um dos<br />

nomes mais respeitados, admirados e temidos no meio jornalístico da época.<br />

Alguns de seus romances, como senhora e lucíola, já deixavam transparecer,<br />

devido aos temas tratados, características realistas; já outros, como o<br />

guarani e iracema, fizeram de Alencar o maior romancista romântico de nossa<br />

literatura. o primeiro, quando publicado no diário do rio de Janeiro, sob a forma<br />

de folhetim, causou tanto impacto, furor e frenesi na época que era comum<br />

ver pessoas em círculo escutando um leitor de boa voz contar o capítulo do<br />

dia. Já iracema, uma das obras-primas de nossa literatura, é considerada um<br />

verdadeiro poema em prosa (ou uma prosa poética?), devido à beleza e à rara<br />

sensibilidade com que nos é contada a história de martim e iracema.<br />

conhecedor de nossa cultura indígena – assim como Gonçalves dias<br />

(1823-1864) na poesia –, Alencar, como vimos, escreveu três romances indianistas:<br />

o guarani (este também com valor histórico, daí ser considerado o introdutor do<br />

romance histórico na literatura brasileira), iracema e ubirajara. em o guarani, temos<br />

a figura do índio assimilando a cultura européia de Ceci e de sua família; em iracema,<br />

temos o contrário, isto é, a figura do europeu, no caso Martim, assimilando<br />

a cultura indígena de poti e iracema. em ubirajara, temos somente a presença do<br />

índio, já que, ao contrário das duas anteriores, que se passam por volta de 1600,<br />

esta se passa antes de 1500, portanto sem a presença do elemento branco. por<br />

isso, consideramos ubirajara o mais aborígene romance de Alencar.<br />

Quanto à linguagem, Alencar adotou a coloquial. Assim, encontramos<br />

alguns erros que não ferem gravemente a nossa gramática, mas que foram duramente<br />

criticados pelo seu conterrâneo Franklin Távora (1842-1888), autor de<br />

o cabeleira e iniciador da literatura regionalista nordestina. távora, que lutava<br />

por uma literatura tipicamente brasileira (e essa literatura, para ele, obrigatoriamente<br />

tinha de ser a nordestina, única região que não havia sido influenciada<br />

pelos costumes europeus, apesar das invasões holandesas e francesas),<br />

não se conformava que um cearense, assim como ele, escrevesse de maneira<br />

europeizada. Trocaram, então, farpas literárias: Távora sob o pseudônimo de<br />

Semprônio, Alencar, sob o de Cincinato.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!