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Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

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os passos dos homens nos tapetes<br />

e as palavras doces que não foram pronunciadas.<br />

A cada instante, um encontro inesperado:<br />

um peixe, uma gravata ou uma flor apenas entreaberta.<br />

Tuas mãos repelem a morte, enluvadas,<br />

e escrevem como se nada mais existira<br />

a não ser a torre da matriz <strong>de</strong> Combray.<br />

Proust, repercute em mim<br />

toda a tua agonia, companheiro.<br />

Deixa, Marcel, que recolha tua tristeza,<br />

como lágrimas num lenço,<br />

do tumulto das páginas <strong>de</strong> teus livros,<br />

e<br />

grave na minha boca<br />

o sentido mais oculto <strong>de</strong> tuas palavras.<br />

Teus olhos, no retrato,<br />

<strong>de</strong>rramam-se na bruma.<br />

E colocas, agora, mansamente,<br />

com requintes <strong>de</strong> estranha vaida<strong>de</strong>,<br />

uma flor – talvez orquí<strong>de</strong>a –<br />

na lapela.<br />

Aparição em Fortaleza<br />

Ruas e sombras <strong>de</strong> Fortaleza, meninas doces,<br />

árvores velhas on<strong>de</strong> esqueci a infância que foi<br />

tão triste e tão pouca, cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o amor<br />

está tombado a teus pés,<br />

116<br />

Alberto da Costa e Silva

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