Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

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Murmúrio Meu pai, a tua essência superou o tempo e a sorte: deixaste atrás de ti alguém que ficou a morrer. 5 de setembro Quando nos criaram, as mãos do deus já estavam cansadas. Por isso, somos frágeis e mortais. E amamos, para resgatar o que no deus foi sonho. De manhãzinha, para Miguel Repara, Miguilim, nos passarinhos, que são de um céu contrário ao das estrelas, a jogar o pião, a pular cercas, a correr com o arco e, sem certezas, Poemas 137
a ir de chão em chão, enquanto elas não abrem em rosa os seus botões e, presas nas gaiolas do sempre, rodam eternas. Repara, Miguilim, nos pequeninos grãos na ponta da grama, vê os grilos como pandorgas contra as brisas verdes, o ouro velho no ventre das abelhas, e ouve o que te digo: o que é menino não chega a velho jamais, não adoece de seriedade, não se pui, não passa, não usa paletó, nem põe gravata. Repara, Miguilim, que não se aparta da viagem o barco que na praia se limpa dos mariscos, que traz d’água aquele instante em que o sono acaba e nos devolve a casa e o que é concreto num ramalhete de mistura ao sonho. Por isso te direi: repara, o incerto vôo do inseto, sendo breve, o longo lançar de ponte sobre o vão do eterno imita, Miguilim, e o feio é belo. O amor aos sessenta Isto que é o amor (como se o amor não fosse esperar o relâmpago clarear o degredo): ir-se por tempo abaixo como grama em colina, preso a cada torrão de minuto e desejo. 138 Alberto da Costa e Silva
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Page 5 and 6: as despedidas na ponte dos poentes,
Page 7 and 8: que lascava no eido. - O boi, entã
Page 9 and 10: Soneto rural As mãos do pobre e a
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Page 13 and 14: 4 E, no entanto, lá dentro, falam
Page 15 and 16: Soneto a Vera Estavas sempre aqui,
Page 17 and 18: e não meu filho. Usciamo a riveder
Page 19 and 20: galinhas amarradas juntas pelas per
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Page 51 and 52: Anunciação Havia uma velha espera

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