Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O ver<strong>de</strong> é alegre,<br />
mesmo se a lagarta<br />
recorta o galho e a folha <strong>de</strong> ferrugem,<br />
se sobre a grama há papéis e latas,<br />
pois vivemos no azul, que se respira<br />
e que se vê<br />
nos olhos <strong>de</strong> quem nasce.<br />
O fruto cai, amarelo.<br />
Calma. Espera.<br />
É lento este jardim. Lentos, os peixes<br />
com as flores que há no cinza. O cinza é belo.<br />
Como é belo o vermelho. Vê, não correm<br />
no <strong>de</strong>serto da tar<strong>de</strong> a cabra e o asno<br />
e sopram sobre a areia com seus cascos<br />
na relva ressequida? Vem do barro<br />
a água da moringa.<br />
A beleza caminha à tua frente.<br />
Despreza o tigre que há nela, mas<br />
não afasta o afago da urtiga.<br />
O que parece vão e sem mistério,<br />
como as rosas nos braços das meninas,<br />
não pára <strong>de</strong> nascer<br />
e faz-se eterno.<br />
136<br />
Alberto da Costa e Silva