18.04.2013 Views

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

Aleijadinho - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Deste lado solar, <strong>de</strong>sprezas, mudo,<br />

o que sabes virá porque marcado<br />

na morte que vais sendo, o sonho alçado<br />

ao espaço que passa, este amor breve,<br />

pois é feito <strong>de</strong> tempo e o tempo ce<strong>de</strong>.<br />

Eis tuas mãos. As suas linhas, cego,<br />

o solitário sol, o rio vazio,<br />

o saibro sob os pés, o choro inútil<br />

e tudo o que feriste nos <strong>de</strong>screvem,<br />

num rogo <strong>de</strong> beleza, sujo e puro.<br />

Do centro crepuscular, dali tens tudo.<br />

2<br />

Vinha a tristeza.<br />

Como a velha, ao mormaço, lenta, vinha,<br />

a carregar o feixe <strong>de</strong> gravetos.<br />

Como o velho, o lenço sobre o rosto,<br />

a cobrir o cancro do nariz.<br />

Como usados sapatos. E os cavalos,<br />

na manjedoura, a sacudir as moscas.<br />

Como a passagem da sombra sobre a relva,<br />

o epitáfio do ver<strong>de</strong>. Como o instante<br />

em que a tristeza<br />

vem.<br />

Tua, a espera que flui. Longe <strong>de</strong> ti,<br />

o céu inseparável da viagem.<br />

E aqui, o estar cortado,<br />

Poemas<br />

123

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!