18.04.2013 Views

MARATONA DE LEITURA – 5º ANO - Agrupamento Vertical de Avintes

MARATONA DE LEITURA – 5º ANO - Agrupamento Vertical de Avintes

MARATONA DE LEITURA – 5º ANO - Agrupamento Vertical de Avintes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />

<strong>MARATONA</strong>
<strong>DE</strong>
<strong>LEITURA</strong>
<strong>–</strong>
<strong>5º</strong>
<strong>ANO</strong>




<br />

Às
leitoras
e
aos
leitores:
utentes
do
CR/BE

<br />

(alunos
e
alunas,
professores
e
professoras,
familiares
e
parceiros
institucionais)
<br />


<br />


<br />

O
Centro
<strong>de</strong>
Recursos/Biblioteca
Escolar
do
<strong>Agrupamento</strong>
Adriano
Correia
<strong>de</strong>
<br />

Oliveira,
em
<strong>Avintes</strong>,
saúda‐vos,
<strong>de</strong>sejando
que
todas
e
todos
iniciem
ou
reiniciem
<br />

um
excelente
ciclo
<strong>de</strong>
leituras.
<br />


<br />

Os
textos
escolhidos
para
esta
Maratona
<strong>de</strong>
Leitura
do
<strong>5º</strong>
Ano
são
diversificados,
<br />

permitindo
o
encontro
com
diversos
temas.
Da
leitura
e
exploração
dos
mesmos
é
<br />

sempre
possível
estabelecer
a
ponte
para
a
temática
da
Saú<strong>de</strong>,
contribuindo,
assim,
<br />

esta
activida<strong>de</strong>
quer
para
a
<strong>de</strong>scoberta
<strong>de</strong>
temas
e
<strong>de</strong>
subtemas
alusivos
aos
<br />

projectos
em
curso
quer
assumindo‐se
como
motivação
<strong>de</strong>
leitura
<strong>de</strong>
diferentes
<br />

obras
a
<strong>de</strong>scobrir
no
CR/BE.
<br />


«A
Saú<strong>de</strong>
vai
ao
CR/BE…»
significa
também
que
«a
saú<strong>de</strong>
está
no
CR/BE»:
ler
<br />

significa
«estar
vivo»,
«ter
os
olhos
abertos»,
«ter
o
coração
disponível»,
«ser
feliz».
<br />


<br />


<br />

O
que
esperamos
dos
alunos
e
das
alunas
mas
também
dos
professores
<br />

e
das
professoras?
<br />


<br />

Colaboração
na
preparação
da
participação
na
activida<strong>de</strong>:
<br />


<br />

Para
po<strong>de</strong>rem
participar
convenientemente
nesta
gran<strong>de</strong>
activida<strong>de</strong>
<strong>–</strong>
<strong>MARATONA</strong>
<br />

DA
<strong>LEITURA</strong>
‐
façam
o
seguinte:
na
turma,
numa
aula
que
os
professores
<strong>de</strong>cidam
<br />

como
oportuna,
escolham
o
texto
que
cada
um
ou
cada
uma
vem
ler,
ao
CR/BE,
na
<br />

Maratona.
Cada
pessoa
só
po<strong>de</strong>
ler
um
texto.
Não
po<strong>de</strong>
haver
repetição
<strong>de</strong>
leitura
<strong>de</strong>
<br />

textos!
Há
textos
com
sequência,
pelo
que
um
grupo
<strong>de</strong>
leitores
<strong>de</strong>ve
assegurar
a
<br />

leitura
integral
do
texto.

<br />

Não
contem
a
ninguém
mas
saibam
que
há
textos
mais
fáceis
do
que
outros:
<br />

ponham‐se
na
pele
do
«Chico
Esperto»
e
escolham
bem,
<strong>de</strong>
acordo
com
as
vossas
<br />

competências
leitoras!
Participar
é
bom,
ler
em
público,
no
CR/BE,
ainda
é
melhor!
<br />



<br />

Presença
no
CR/BE:
Dia,
Hora
e
Professores
Acompanhantes
<br />

Devem
consultar,
no
placard
da
entrada
do
CR/BE,
o
dia
e
a
hora
em
que
vêm
ao
<br />

CR/BE
participar
na
Maratona
<strong>de</strong>
Leitura
e,
a
essa
hora
e
nesse
dia,
<strong>de</strong>vem
dirigir‐se
<br />

ao
CR/BE.
Para
facilitar…
<br />


<br />


<br />


<br />


<br />

Duração
da
Maratona
da
Leitura
do
<strong>5º</strong>
Ano
<br />

A
Maratona
<strong>de</strong>
Leitura
<strong>de</strong>mora
90
minutos!
<br />


<br />


<br />

Como
é
a
Maratona
da
Leitura
<br />


<br />

No
CR/BE
serão
projectados
os
textos,
que
se
encontram
no
menu
do
CR/BE,
<br />

na
página
da
escola.
Não
po<strong>de</strong>m
imprimir
os
textos.
Então,
como
os
lêem?
Po<strong>de</strong>m
<br />

e
<strong>de</strong>vem
consultá‐los
ou
em
casa
ou
no
Centro
<strong>de</strong>
Recursos/Biblioteca
Escolar:
têm
<br />

tempo
para
os
estudar
mas…
não
<strong>de</strong>ixem
para
a
véspera,
a
preparação
do
texto
e
a
<br />

realização
das
activida<strong>de</strong>s
que
<strong>de</strong>vem
fazer
com
os
vossos
familiares
e
amigos.

É,
no
<br />

dia
e
na
hora,
que
vêm
ao
CR/BE
participar
na
Maratona,
que
<strong>de</strong>vem
trazer
<br />

convosco,
o
«TPC»,
se
quiserem
obter
mais
pontos!
<br />


<br />

Ano
 Turma
 Dia
 Hora
<br />

(<strong>de</strong>…até)
<br />

Prof.
<br />

Acompanhante
<br />


<br />

<strong>5º</strong>
 A
 11
Out.
 8.30‐9.50
 EMRC/FC
<br />

<strong>5º</strong>
 B
 11
Out.
 10.10‐11.40
 LP/LP
<br />

<strong>5º</strong>
 C
 11
Out.
 13.35/15.05
 LP/LP
<br />

<strong>5º</strong>
 D
 12
Out.
 8.30/9.50
 LI/LI
<br />

<strong>5º</strong>
 E
 27
Out.
 10.10/11.40
 EA/EA
<br />

<strong>5º</strong>
 F
 11
Out.
 11.50‐13.20
 EA/EA
<br />

Na
qualida<strong>de</strong>
<strong>de</strong>
coor<strong>de</strong>nadora
do
CR/BE,
vou
realizar
a
Maratona
convosco:
cada
<br />

pessoa
ou
grupos
<strong>de</strong>
pessoas
serão
chamados,
or<strong>de</strong>nadamente,
para
lerem:
só
têm
<br />

que
conhecer
o
número
do
texto,
só
têm
que
estudar
a
sua
leitura
e,
finalmente,
só



têm
que
apresentar
o
vosso
«trabalho
<strong>de</strong>
casa»,
se
quiserem
obter
mais
pontos
ou
<br />

seja,
aproximarem‐se
da
meta
ou
alcançarem‐na.
<br />


<br />

Como
cada
maratonista
é
avaliado?
Quem
avalia
e
que
critérios
utiliza?
<br />


<br />

Numa
«Maratona
<strong>de</strong>
Leitura»,
todas
as
pessoas
lêem
o
texto
que
escolheram
e
<br />

prepararam‐se
muito
bem,
porque
é
mesmo
bom
participar!
<br />


<br />

Na
qualida<strong>de</strong>
<strong>de</strong>
coor<strong>de</strong>nadora
do
CR/BE
e
em
colaboração
com
os
vossos
<br />

professores
acompanhantes
avaliar‐vos‐emos,
<strong>de</strong>
acordo
com
os
seguintes
critérios:
<br />


<br />

Qualida<strong>de</strong>
da
leitura
<br />

efectuada
por
cada
<br />

maratonista,
distribuída
<br />

por
cinco
níveis:
<br />

1. Fraco
<br />

2. Não
satisfaz
<br />

3. Satisfatório
<br />

4. Bom
<br />

Qualida<strong>de</strong>
do
trabalho
<br />

efectuado
por
cada
<br />

maratonista
e
pelos
seus
<br />

familiares
ou
amigos
<br />

(criativida<strong>de</strong>,
<br />

originalida<strong>de</strong>
e
boa
<br />

relação
com
o
texto),
<br />

distribuída
por
cinco
<br />

níveis.
<br />


<br />


<br />

Máximo
<strong>de</strong>
pontuação
<br />

obtida
=
10
pontos!
<br />

5. Muito
bom
<br />


<br />


<br />

O
que
esperamos
dos
amigos
e
familiares
dos
alunos
e
das
alunas?
<br />


<br />

1. Colaboração
na
preparação
da
leitura
dos
textos
em
casa:
ouçam
os
e
as
<br />

maratonistas
e
motivem
os
vossos
filhos
e
as
vossas
filhas
para
lerem
<strong>de</strong>
<br />

forma
exemplar
o
texto,
que
lhe
compete;
<br />

2. A
partir
do
texto
que
o
vosso
filho
ou
a
vossa
filha
vem
ler
ao
CR/BE,
criem,
<br />

em
conjunto,
ou
um
objecto
em
três
dimensões
ou
um
<strong>de</strong>senho
ou
um
outro
<br />

texto
ou
surpreendam‐nos
com
algo
mais
criativo.
<br />

3. Compareçam,
no
dia
e
na
hora
marcada
para
a
Maratona
em
que
o
vosso
<br />

educando
ou
a
vossa
educanda
participa.
Acompanhem‐no
ou
acompanhem‐<br />

na
num
momento
tão
especial
e
tão
importante
como
este.
<br />

4. Aproveitem
a
ocasião:
escolham
um
dos
textos
que
mais
gostarem
e
venham
<br />

lê‐lo
ou
…venham,
apenas,
estar
connosco
e
conhecer
o
CR/BE!




<br />

<strong>Avintes</strong>,
17
<strong>de</strong>
Setembro
<strong>de</strong>
2010
<br />

A
coor<strong>de</strong>nadora
do
CR/BE
<br />

Professora
Amélia
Rosa
Macedo
<br />


<br />

Índice
Remissivo
‐Textos
para
a
Maratona
<strong>de</strong>
Leitura
<br />


<br />

1. A
ABELHA
ZULMIRA

<br />

2. O
CÃO

<br />

3. O
SR.
SABEL
<br />

4. ALCUNHAS
<br />

5. ESTOU
FARTO
DA
ESCOLA
<br />

6. E
TU
ACREDITAS?
<br />

7. E
TU
ACREDITAS?
<br />

(continuação
do
texto
6)
<br />

8. E
TU
ACREDITAS?
<br />

(conclusão
do
texto
6)
<br />

9. AS
SOMBRAS
CHINESAS
<br />

10. AS
SOMBRAS
CHINESAS
<br />

(continuação
do
texto
9)
<br />

11. AS
SOMBRAS
CHINESAS
<br />

(continuação
do
texto
9)
<br />

12. AS
SOMBRAS
CHINESAS
<br />

(conclusão
do
texto
9)
<br />

13. BISCOITOS
<strong>DE</strong>
AZEITE
<br />

(Beira
Baixa)
<br />

14. A
AZEITONA
E
O
SEU
<br />

AZEITE
<br />

15. O
PINHEIRO
AMBICIOSO
<br />

16. O
PINHEIRO
AMBICIOSO
<br />

(conclusão
do
texto
15)
<br />

17. A
GAITA
MILAGROSA
<br />

18. A
GAITA
MILAGROSA
<br />

(conclusão
do
texto
17)
<br />

19. A
ZORRA
E
O
GALO
<br />


<br />


<br />


<br />

20. O
LEÃO
É
FORTE
COMO
<br />

A
AMIZA<strong>DE</strong>
<br />

21. PLOP!
<br />

22. PLOP!
(continuação
do
<br />

texto
21)
<br />

23. PLOP!
(conclusão
do
texto
<br />

21)
<br />

24. OS
FANTOCHEIROS
<br />

25. 
Barraca
<strong>de</strong>
Fantoches
<br />

26. 
Apresento
­me
<br />

27. O
DA
COLHER
<strong>DE</strong>
PAU
<br />

28. <strong>DE</strong>
ESCADOTE
P’RÀ
LUA
<br />

29. <strong>DE</strong>
ESCADOTE
P’RÀ
LUA
<br />

(conclusão
do
texto
28)
<br />

30. A
PRINCESA
Nº
46
734
<br />

31. A
PRINCESA
Nº
46
734
<br />

(continuação
do
texto
30)
<br />

32. A
PRINCESA
Nº
46
734
<br />

(continuação
do
texto
30)
<br />

33. A
PRINCESA
Nº
46
734
<br />

(conclusão
do
texto
30)
<br />

34. A
PRINCESA
Nº
46
734
<br />

(conclusão
do
texto
30)
<br />



<br />


<br />

TEXTO
1
<strong>–</strong>
A
ABELHA
ZULMIRA
<br />

BALTÉ,
Teresa.
A
Abelha
Zulmira
<br />


<br />


<br />

Era
domingo.
Para
Dona
Abelha
não
havia
domingos,
ou
melhor,
não
<br />

existiam
dias
da
semana.
Cada
dia
<strong>de</strong>
sol
ia
<strong>de</strong>
flor
em
flor
com
notícias
<br />

fresquinhas.
Era
uma
espécie
<strong>de</strong>
carteiro,
<strong>de</strong>
mensageira
porque,
enfim,
<br />

as
flores
não
têm
asas,
a
terra
pren<strong>de</strong>‐lhes
os
pés.
«Atrás
da
colina,
o
<br />

vale
está
coberto
<strong>de</strong>
trevo
amarelinho»,
zumbia.
Ou:
«A
amoreira
brava
<br />

continua
em
botão».
Ou:
«Há
um
ninho
com
passarinhos
novos
na
velha
<br />

alfarrobeira».
Ou
ainda:
«O
girassol
manda
estes
grãozinhos
<strong>de</strong>
pólen».

<br />


<br />

As
flores
agra<strong>de</strong>ciam‐lhe
os
recados
satisfeitas.
A
flor‐<strong>de</strong>‐laranjeira
<br />

oferecia‐lhe
um
pouco
<strong>de</strong>
néctar
cor
da
luz
do
luar,
a
papoila
acenava‐lhe
<br />

com
a
sua
cabecinha
ver<strong>de</strong>
negra,
a
piteira
abria‐lhe
a
corola
sem
a
ferir.

<br />


<br />

Nos
dias
<strong>de</strong>
chuva
Dona
Abelha
ficava
na
colmeia
a
cozinhar
mel.
Depois
<br />

enchia
os
favos,
vedava‐os
com
cera,
guardava‐os
na
<strong>de</strong>spensa,
muito
<br />

bem
guardados,
para
os
longos
meses
<strong>de</strong>
Inverno,
para
os
dias
solitários
<br />

em
que
as
amigas
flores
nem
sequer
para
recebê‐la
acordavam
do
seu
<br />

sono,
afrontavam
o
vento
e
o
frio.




<br />

TEXTO
2
<strong>–</strong>
O
CÃO
<br />

ARAÚJO,
Matil<strong>de</strong>
Rosa.
O
Sol
e
o
Menino
dos
Pés
Frios
<br />


<br />


<br />

Eu
vivia
naquela
quinta.
<br />

Quinta
com
muros,
com
um
tanque
geométrico
para
o
qual
caía
a
água
<br />

<strong>de</strong>
uma
larga
torneira.
<br />

Eu
fugia
da
quinta
lendo,
lendo
o
que
podia.
<br />

A
meu
lado,
sentava‐se
o
gran<strong>de</strong>
cão
que,
durante
o
ano,
estava
só,
<br />

entre
aqueles
muros.
Era
o
«Top».
<br />

Castanho,
<strong>de</strong>
olhos
mansos
e
bons.
<br />

«Top»,
<strong>de</strong>
vez
em
quando,
batia‐me
no
braço,
no
livro.
<br />

Como
se
me
dissesse:
<br />

‐Estou
aqui.
Lembra‐te
d
que
existo.

<br />

E
a
minha
mão
escorregava‐lhe
pela
cabeça
sedosa
e
triste.
<br />

E
olhava‐o,
pedindo‐lhe
que
me
<strong>de</strong>sculpasse
eu
estar
<strong>de</strong>satenta
à
sua
<br />

solidão
tão
humana.
<br />

Porque
«Top»,
assim,
ensinou‐me
a
enten<strong>de</strong>r
melhor
a
solidão
dos
<br />

homens.
O
valor
<strong>de</strong>
um
pequeno
gesto.
<br />

E
ensinou‐me
a
liberda<strong>de</strong>
imensa
que
é
o
olhar
preso
<strong>de</strong>
um
cão.
<br />

E
a
liberda<strong>de</strong>
<strong>de</strong>
tudo
que
contém
amor.




<br />

TEXTO
3
<strong>–</strong>
O
SR.
SABEL
<br />

LOSA,
Ilse.
A
Minha
Melhor
História
<br />


<br />


<br />

Um
dia
a
nossa
professora
mandou‐nos
escrever
uma
história.
<br />

‐
Uma
história
ao
vosso
gosto,
disse.
<br />

Como
a
imagem
das
pessoas
da
minha
al<strong>de</strong>ia
estava
sempre
<br />

viva
em
mim
e
não
havia
dia
em
que
não
me
viesse
à
i<strong>de</strong>ia,
era
<br />

o
mais
natural
que
as
escolhesse
para
assunto
da
minha
<br />

história.
<br />

«Gente
que
conheci»
foi
o
título
que
<strong>de</strong>i.
E
entre
muitas
outras
<br />

coisas
escrevi:
<br />


<br />

Havia
o
Sr.
Sabel,
violinista
e
professor
<strong>de</strong>
dança,
homem
alto
e
<br />

magro,
<strong>de</strong>
vinco
nas
calças
sempre
impecável,
<strong>de</strong>
lenço
<strong>de</strong>
seda
<br />

amarela
à
volta
do
pescoço
e
com
o
cabelo
negro,
luzidio
<strong>de</strong>
<br />

brilhantina.
Ao
tocar
o
violino
balouçava
o
corpo
e
marcava
o
<br />

compasso
com
os
pés.
A
grossa
verruga
castanha,
por
baixo
do
<br />

olho
esquerdo,
também
balouçava
ritmicamente,
fazendo
<br />

lembrar
a
cabeça
duma
velhinha
trémula
que
se
queixasse
dos
<br />

meninos
traquinas.




<br />

TEXTO
4
<strong>–</strong>
ALCUNHAS
<br />

GOMES,
Alice.
Contos
Risonhos.
Figueirinhas
Editora
<br />


<br />


<br />

Há
alcunhas
que
fazem
zangar,
e
as
pessoas
só
as
chamam
<br />

assim
pelas
costas.
O
Casmurro,
o
Lingrinhas
são
alcunhas
<br />

antipáticas;
e,
às
vezes,
até
se
tornam
motivo
<strong>de</strong>
grossa
<br />

pancadaria.
Mas
o
mais
velho
dos
irmãos,
o
Batata,
não
se
<br />

zangava,
pois
o
motivo
da
alcunha
não
era
nada
humilhante.
<br />

Ele
não
tinha
nariz
<strong>de</strong>
batata,
nem
era
gran<strong>de</strong>
comilão
<strong>de</strong>
<br />

batatas,
nem
era
um
gordalhufo
qualquer.
<br />

Era
muito
inteligente,
muito
aplicado,
e
dizia
a
toda
a
gente
que
<br />

queria
ser
lavrador.
<br />

Quando
a
família
ou
os
professores
perguntavam:
«O
que
<br />

queres
ser
quando
fores
gran<strong>de</strong>?»
<br />

‐
Lavrador
<strong>–</strong>
respondia
ele
logo.
<br />

Aos
pais,
que
não
tinham
quintas,
custava‐lhes
pensar
que
o
<br />

seu
menino
viria
a
ser
cavador
ou
mesmo
tractorista
nos
<br />

campos
das
outras
pessoas:
sujar‐se
todo,
chegar
a
casa
<br />

banhado
em
suor.
<br />

Mas
a
ele
ninguém
lhe
tirava
aquela
i<strong>de</strong>ia
da
cabeça.




<br />

TEXTO
5
<strong>–</strong>
ESTOU
FARTO
DA
ESCOLA
<br />

ALMANAQUE.
Clube
Caminho
Fantástico
<br />


<br />


<br />

Estou
farto
da
escola
e
quero
começar
a
trabalhar
o
mais
<br />

<strong>de</strong>pressa
possível.
O
meu
cunhado
é
canalizador
e
eu
ando
a
<br />

apren<strong>de</strong>r
com
ele
e,
às
vezes,
até
falto
às
aulas
para
ir
fazer
um
<br />

serviço,
mas
ele
diz
que
é
preciso
ter
cuidado
por
causa
<strong>de</strong>
ser
<br />

proibido
o
trabalho
infantil.
Isto
é
uma
gran<strong>de</strong>
treta
porque
já
<br />

não
sou
criança
nenhuma.
Tenho
13
anos
mas
não
sou
criança.
<br />

Meço
1,58m,
peso
57,5
Kg
e
tenho
mais
força
que
o
meu
pai.
<br />

Não
me
interessa
nada
a
escola,
nem
os
estudos,
nem
a
área
<br />

escola
que
tem
um
tema
muito
estúpido.
Houve
umas
votações
<br />

e
escolheram
«Texto
é
vida».
Eu
não
gosto
<strong>de</strong>
teatro
e
não
hei‐<br />

<strong>de</strong>
participar
em
nada.
<br />


<br />

Sou
sócio
do
clube
e
se
quiserem
ponham
a
carta
na
revista
<br />

com
o
meu
nome
que
eu
não
me
importo.
<br />


<br />

Sou
Bruno
Feijão
e
toda
a
gente
me
conhece.




<br />

TEXTO
6
<strong>–</strong>
E
TU
ACREDITAS?
<br />

ROCHA,
Natércia.
Penas
Brancas
Pelo
Ar
<br />


<br />


<br />

Que
andas
a
fazer
com
esse
binóculo
ao
pescoço?
Carlos
<br />

<strong>de</strong>cidira
<strong>de</strong>ixar
cair
as
últimas
<strong>de</strong>fesas.
Tinha
<strong>de</strong>
falar
com
<br />

alguém
que
o
ajudasse.
Precisava
cumprir
a
promessa
feita
ao
<br />

pai
e
ainda
não
sabia
bem
o
que
lhe
competia
fazer.
Desabafou
<br />

com
a
tia,
falou
dos
ninhos,
uns
cheios
e
aquele
vazio…
<br />


<br />

‐Ah!
O
teu
pai
quer
que
<strong>de</strong>scubras
se
o
Pedro
e
a
Mafalda
ainda
<br />

vêm
fazer
ninho
naquela
casa?
<br />


<br />

‐
Pedro
e
Mafalda?
<br />


<br />

‐
Sim,
Pedro
e
Mafalda,
um
casal
<strong>de</strong>
cegonhas
<strong>de</strong>
que
gostamos
<br />

muito.
Isso
mesmo.
Quando
eu
e
o
teu
pai
éramos
pequenos,
<br />

esperávamos
pela
chegada
<strong>de</strong>les
como
um
anúncio
<strong>de</strong>
que
a
<br />

Primavera
já
estava
perto.
Dentro
da
casa,
sentados
junto
da
<br />

lareira,
falávamos
pela
chaminé
com
o
Pedro
e
a
Mafalda.
<br />


<br />

‐
Ó
tia,
olhe
que
eu
não
nasci
ontem…
essa
<strong>de</strong>
falar
com
as
<br />

cegonhas
é
forte…
<br />

‐
Pois
acredita,
falávamos
mesmo.



<br />

TEXTO
7
<strong>–</strong>
E
TU
ACREDITAS?
(continuação
do
texto
6)
<br />

ROCHA,
Natércia.
Penas
Brancas
Pelo
Ar
<br />


<br />


<br />


<br />

A
Mafalda
dizia‐nos
muitas
vezes
que
os
seus
filhos
haviam
<strong>de</strong>
<br />

nascer
sempre
aqui,
na
nossa
chaminé:
queria
que
os
seus
<br />

pequeninos
sentissem
junto
<strong>de</strong>les
uma
família
on<strong>de</strong>
todos
se
<br />

estimavam
e
eram
felizes.
As
cegonhas
ficam
um
mês
em
cima
<br />

dos
ovos,
a
chocá‐los,
sem
nunca
abandonarem
o
ninho,
e
<br />

durante
esse
tempo
falavam
dos
filhos,
das
viagens,
dos
<br />

alimentos,
das
companheiras
que
se
tinham
perdido,
daquelas
<br />

que
os
homens
tinham
morto
e
daquelas
que
os
homens
<br />

tinham
acarinhado.
O
Pedro
arranjava
tempo
para
nos
dizer
<br />

como
limpava
os
campos
<strong>de</strong>
ratos,
toupeiras
e
cobras.
Contava‐<br />

nos
as
longas
viagens:
dizia
que
encontravam
terras
planas
com
<br />

verdura
e
pântanos;
aqui
era
a
sua
morada
<strong>de</strong>
Verão
on<strong>de</strong>
<br />

tinham
os
filhos.
Em
Agosto
partiam,
primeiro
os
mais
velhos,
<br />

<strong>de</strong>pois
os
mais
novos,
às
vezes,
todos
juntos.



<br />

TEXTO
8
<strong>–</strong>
E
TU
ACREDITAS?
(conclusão
do
texto
6)
<br />

ROCHA,
Natércia.
Penas
Brancas
Pelo
Ar
<br />


<br />


<br />


<br />

Carlos
não
se
atrevia
a
interromper
a
tia:
aquilo
não
podia
ser
<br />

verda<strong>de</strong>,
mas
ela
parecia
tão
sincera…
Arriscou
a
pergunta
que
<br />

o
estrafegava:
<br />


<br />

‐
Como
posso
eu
reconhecer
a
Mafalda?
Ou
o
Pedro?
<br />

‐
É
tão
fácil!
Logo
que
chegarem,
instalam‐se
no
ninho
que
<br />

viste,
na
casa
das
cegonhas.
<br />


<br />

Estranho,
a
tia
nem
pensava
que
as
cegonhas
podiam
morrer.
<br />

Fazendo
contas
com
as
ida<strong>de</strong>s
do
pai
e
da
tia,
a
Mafalda
e
o
<br />

Pedro
<strong>de</strong>viam
andar
pelos
trinta
anos.
Isso
não
era
já
velhice
<br />

para
uma
cegonha?
E
o
pai
<strong>de</strong>via
pensar
da
mesma
maneira,
<br />

pois
lhe
dissera
para
falar
com
o
Pedro.
Que
afinal
não
era
<br />

quem
ele
pensara:
era
o
macho
do
casal
<strong>de</strong>
cegonhas
e
não
o
<br />

primo…
Que
confusão!




<br />

TEXTO
9
<strong>–</strong>
AS
SOMBRAS
CHINESAS
<br />

TORRADO,
António.
O
Mercador
De
Coisa
Nenhuma.
Civilização
Editora
<br />


<br />


<br />

Era
uma
vez
um
homem
chamado
Fu‐Hi.
<br />


<br />

Encerrado
nos
calabouços
<strong>de</strong>
um
palácio
imperial,
esquecido
<br />

pela
justiça
e
das
suas
próprias
culpas
esquecido
<strong>–</strong>
que
gran<strong>de</strong>s
<br />

não
eram,
com
certeza!
<strong>–</strong>
Fu‐Hi,
a
acreditar
nas
falas
dos
outros
<br />

presos
e
dos
carcereiros,
enlouquecera.

<br />


<br />

Já
antes
<strong>de</strong>víamos
ter
dito,
mas
ainda
vamos
a
tempo,
que
esta
<br />

história
se
passa
ou
passou
ou
talvez
se
tenha
passado,
há
<br />

muitos
e
muitos
séculos,
lá
para
as
bandas
da
China.
<br />


<br />

Pois,
segundo
contavam
os
carcereiros,
o
pobre
homem
<br />

per<strong>de</strong>ra
o
tino.
Se
ele
até
falava
com
a
sua
própria
sombra,
<br />

vejam
só.
<br />


<br />

De
facto,
quando
<strong>de</strong>scia
à
escura
prisão
um
raio
<strong>de</strong>
sol,
Fu‐Hi,
<br />

virado
para
a
pare<strong>de</strong>
banhada
pela
luz,
punha‐se
a
conversar
<br />

com
ele
próprio,
imitando
várias
vozes,
enquanto
fazia
<br />

esquisitos
movimentos
com
as
mãos.
<br />



<br />

TEXTO
10
<strong>–</strong>
AS
SOMBRAS
CHINESAS
(continuação
do
texto
9)
<br />

TORRADO,
António.
O
Mercador
De
Coisa
Nenhuma.
Civilização
Editora

<br />


<br />

Aos
ouvidos
do
imperador,
chegaram
um
dia
notícias
do
<br />

singular
prisioneiro
e
do
seu
comportamento
que
tanta
<br />

estranheza
causava,
Quis
saber
don<strong>de</strong>
ele
era,
porque
o
<br />

mantinham
preso
e
há
quanto
tempo,
mas
nenhum
dos
<br />

inten<strong>de</strong>ntes
lhe
conseguiu
dar
uma
resposta
que
o
satisfizesse.
<br />

Só
sabiam
que
o
prisioneiro
se
chamava
Fu‐Hi.
Mais
nada.
<br />


<br />

Então
o
imperador,
que
chegara
à
pouco
ao
trono
e
era
jovem
e
<br />

zeloso,
mandou
chamá‐lo.
<br />


<br />

‐
Não
me
têm
dado
boas
opiniões
a
teu
respeito
<strong>–</strong>
começou
o
<br />

imperador,
fingindo‐se
severo.
<strong>–</strong>
Dizem‐me
que
estás
louco
e
<br />

que
praticas
artes
mágicas…
Se
ainda
possuis
juízo
suficiente
<br />

para
me
respon<strong>de</strong>r,
conta‐me
a
tua
verda<strong>de</strong>.
<br />


<br />

E
o
prisioneiro
contou:
<br />


<br />

‐
Senhor,
estaria
efectivamente
doido
<strong>de</strong>
todo,
se
as
sombras
<br />

não
me
ajudassem
a
viver
entre
os
que
se
dizem
sãos
<strong>de</strong>
<br />

espírito.
Não
fossem
elas,
eu
já
teria
enlouquecido
<strong>de</strong>
vez.
<br />

‐
A
que
sombras
te
referes?



TEXTO
11
<strong>–</strong>
AS
SOMBRAS
CHINESAS
(continuação
do
texto
9)
<br />

TORRADO,
António.
O
Mercador
De
Coisa
Nenhuma.
Civilização
Editora

<br />


<br />


<br />

Em
vez
<strong>de</strong>
respon<strong>de</strong>r,
Fu‐Hi
pediu
ao
Sol
que
lhe
mandasse
um
raio
bom.
<br />

Iluminou‐se
uma
das
pare<strong>de</strong>s
da
sala
do
trono
e,
sobre
ela,
começou
a
<br />

<strong>de</strong>slizar
um
cisne
negro.
A
sombra
<strong>de</strong>
um
braço
<strong>de</strong>
Fu‐Hi
era
o
pescoço
<br />

estendido
da
ave…
A
sombra
dos
<strong>de</strong>dos
esguios,
a
cabeça
e
o
bico…
<br />


<br />

‐
Este
cisne
vive
num
lago
negro
perto
da
minha
al<strong>de</strong>ia.
Muitas
vezes
lhe
<br />

<strong>de</strong>i
<strong>de</strong>
comer…
‐
disse,
tristemente,
Fu‐Hi.
<br />


<br />

De
súbito,
o
cisne
transformou‐se
numa
águia,
que,
<strong>de</strong>
perfil
se
colou
à
<br />

pare<strong>de</strong>,
recortada
pelos
<strong>de</strong>dos
ágeis
<strong>de</strong>
Fu‐Hi.
<br />


<br />

‐É
a
Águia
Cinzenta.
No
alto
da
montanha
protege
a
minha
al<strong>de</strong>ia.
E
<br />

tantas
vezes
a
vi
voar
sobre
a
minha
casa!
Acreditamos
nós,
lá
na
al<strong>de</strong>ia,
<br />

que
uma
pena
<strong>de</strong>la,
que
caia
num
telhado,
anuncia
felicida<strong>de</strong>.
<br />


<br />

Desapareceu
a
águia
e
veio
uma
borboleta.
<br />


<br />

‐
Não
tem
nome
esta
borboleta.
É
igual
a
tantas
outras
que
namoram
as
<br />

flores
do
meu
jardim,
lá
na
minha
al<strong>de</strong>ia…
<br />

Depois
surgiram
galos,
pombas,
macaquinhos,
veados
e
muitos
outros
<br />

bichos
que
traziam
ao
pobre
camponês
sauda<strong>de</strong>s
da
sua
al<strong>de</strong>ia.
<br />

Esculpidos
habilmente
pelas
mãos
<strong>de</strong>
Fu‐Hi,
projectados
na
pare<strong>de</strong>,
<br />

pareciam
ter
vida
<strong>de</strong>ntro.
Não
eram
sombras,
eram
recordações
vivas.




<br />

TEXTO
12
<strong>–</strong>
AS
SOMBRAS
CHINESAS
(conclusão
do
texto
9)
<br />

TORRADO,
António.
O
Mercador
De
Coisa
Nenhuma.
Civilização
Editora
<br />


<br />


<br />


<br />

Por
fim,
<strong>de</strong>senhou‐se
na
pare<strong>de</strong>
o
perfil
<strong>de</strong>
um
gato.
<br />


<br />

‐É
o
meu
gato,
senhor.
Chama‐se
Tiqui.
Quem
sabe
se
ainda
<br />

viverá?
<strong>–</strong>
e
Fu‐Hi
suspirou.
<br />


<br />

Foi‐se
o
raio
<strong>de</strong>
sol.
Desceram
as
sombras
espessas
da
noite
<br />

sobre
o
palácio
imperial.

<br />


<br />

Depois
<strong>de</strong>
um
longo
silêncio,
o
imperador
levantou
os
olhos
<br />

para
o
prisioneiro
e
disse:
<br />


<br />

‐
Volta
para
junto
dos
teus,
Fu‐Hi!
Volta
para
a
tua
al<strong>de</strong>ia.
Só
<br />

uma
condição
te
imponho:
contigo
irão
alguns
fidalgos
do
meu
<br />

séquito.
Terás
d
abrigá‐los
em
tua
casa;
terás
<strong>de</strong>
ensinar‐lhes
a
<br />

tua
arte
das
sombras.
Não
os
<strong>de</strong>ixes
regressar
ao
palácio,
<br />

enquanto
não
souberem
fazer
como
tu
fazes
as
águias,
as
<br />

borboletas,
os
cisnes,
os
gatos
…
<br />

E
quem
sabe
se
não
foi
assim
que
nasceram
as
sombras
<br />

chinesas…



TEXTO
13
<strong>–</strong>
BISCOITOS
<strong>DE</strong>
AZEITE
(Beira
Baixa)
<br />

MO<strong>DE</strong>STO,
Maria
<strong>de</strong>
Lur<strong>de</strong>s.
Cozinha
Tradicional
Portuguesa
<br />


<br />


<br />


<br />

6
ovos;
1,5
dl
<strong>de</strong>
azeite;
110g
<strong>de</strong>
açúcar,
farinha,
1
colher
<strong>de</strong>
<br />

sopa
<strong>de</strong>
aguar<strong>de</strong>nte.
<br />


<br />

Misturam‐se
os
ovos
com
o
açúcar,
o
azeite
e
a
aguar<strong>de</strong>nte.
Em
<br />

seguida
começa
a
juntar‐se
a
farinha
e
amassa‐se,
<strong>de</strong>vendo
a
<br />

massa
ficar
muito
trabalhada.
A
quantida<strong>de</strong>
<strong>de</strong>
farinha
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>
<br />

do
tamanho
dos
ovos.
A
massa
<strong>de</strong>ve
esten<strong>de</strong>r‐se
com
<br />

facilida<strong>de</strong>.
<br />


<br />

Ten<strong>de</strong>m‐se
os
biscoitos
em
forma
<strong>de</strong>
T
e
levam‐se
a
cozer
em
<br />

forno
quente,
em
tabuleiro
polvilhados
<strong>de</strong>
farinha.
<br />


<br />



<br />

TEXTO
14
<strong>–</strong>
A
AZEITONA
E
O
SEU
AZEITE

<br />

SCHNEI<strong>DE</strong>R,
Ernest.
A
saú<strong>de</strong>
pelos
alimentos
<br />


<br />


<br />

Diz
um
adágio
antigo
que
o
azeite
tira
todo
o
mal,
indicando
<br />

assim
o
que
ele
representa
para
o
homem.
<br />


<br />

A
oliveira
(Olea
europaea)
é
uma
árvore
que
atinge
<strong>de</strong>
6
a
10
<br />

metros
<strong>de</strong>
altura
com
abundantes
ramificações.
<br />


<br />

Actualmente
cultivam‐se
numerosas
varieda<strong>de</strong>s
<strong>de</strong>
oliveira:
na
<br />

Península
Ibérica,
nos
países
mediterrânicos,
na
Califórnia,
na
<br />

União
Sul‐Africana
e
no
Sul
da
Austrália.
<br />


<br />

A
cultura
da
oliveira
é
muito
antiga.
Os
Sumérios,
os
primitivos
<br />

habitantes
do
Sul
da
Babilónia,
já
conheciam
a
oliveira,
no
ano
<br />

4
000
antes
da
nossa
era;
os
Egípcios
também
mencionam
o
<br />

azeite
da
oliveira
no
papiro
<strong>de</strong>
Eber,
três
milénios
antes
da
Era
<br />

Cristã.



<br />

TEXTO
15
<strong>–</strong>
O
PINHEIRO
AMBICIOSO
<br />

JUNQUEIRO,
Guerra.
Contos
para
a
Infância
<br />


<br />

Era
uma
vez
um
pinheiro
que
não
estava
contente
com
a
sua
<br />

sorte:
«Oh!
Dizia
ele,
como
são
horrendas
estas
linhas
<br />

uniformes
<strong>de</strong>
agulhas
ver<strong>de</strong>s,
que
se
esten<strong>de</strong>m
ao
longo
dos
<br />

meus
braços!
Sou
um
pouco
mais
orgulhoso
que
os
meus
<br />

vizinhos,
e
sinto
que
fui
feito
para
andar
vestido
<strong>de</strong>
outro
<br />

modo.
Ah!
Se
as
minhas
folhas
fossem
<strong>de</strong>
oiro».
<br />


<br />

O
Génio
da
montanha
ouviu‐o
e,
no
dia
seguinte,
pela
manhã
<br />

acordou
o
pinheiro
com
folhas
<strong>de</strong>
oiro.
Ficou
radiante
<strong>de</strong>
<br />

alegria,
e
admirou‐se,
pavoneou‐se
todo,
olhando
com
altivez
<br />

para
os
outros
pinheiros,
que,
mais
sensatos
do
que
ele,
não
<br />

invejavam
tão
rápida
fortuna.
À
noite
passou
por
ali
um
ju<strong>de</strong>u,
<br />

arrancou‐lhe
todas
as
folhas,
meteu‐as
num
saco
e
foi‐se
<br />

embora,
<strong>de</strong>ixando‐o
inteiramente
nu
dos
pés
à
cabeça.
<br />


<br />

«Oh!
Disse
ele,
que
doido
que
fui!
Não
me
tinha
lembrado
da
<br />

cobiça
dos
homens.
Despiram‐me
todo.
Não
há
agora
em
toda
<br />

a
floresta
uma
planta
tão
pobre
como
eu.
Fiz
mal
em
pedir
<br />

folhas
<strong>de</strong>
oiro:
o
oiro
atrai
as
ambições.»
<br />

«Ah!
Se
eu
conseguisse
um
vestuário
<strong>de</strong>
cristal!
Era
<br />

<strong>de</strong>slumbrador
e
o
ju<strong>de</strong>u
avarento
não
me
teria
<strong>de</strong>spido.»




<br />

TEXTO
16
<strong>–</strong>
O
PINHEIRO
AMBICIOSO
(conclusão
do
texto
15)
<br />

JUNQUEIRO,
Guerra.
Contos
para
a
Infância
<br />


<br />


<br />

No
dia
seguinte
acordou
o
pinheiro
com
folhas
<strong>de</strong>
cristal,
que
<br />

reluziam
ao
sol
como
pequeninos
espelhos.
Ficou
outra
vez
<br />

todo
contente
e
orgulhoso,
fitando
<strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosamente
os
seus
<br />

vizinhos.
Mas
nisto
o
céu
cobriu‐se
<strong>de</strong>
nuvens
e
o
vento
<br />

rugindo,
estalando,
quebrou
com
a
sua
asa
negra
as
folhas
<strong>de</strong>
<br />

cristal!
<br />


<br />

«Enganei‐me
ainda,
disse
o
jovem
pinheiro,
vendo
por
terra,
<br />

feito
em
bocados,
o
seu
manto
cristalino.
O
oiro
e
o
cristal
não
<br />

servem
para
vestir
os
bosques.
Se
eu
tivesse
a
folhagem
<br />

acetinada
das
aveleiras,
seria
menos
brilhante,
mas
viveria
<br />

<strong>de</strong>scansado.»
<br />


<br />

Cumpriu‐se
o
último
<strong>de</strong>sejo
e,
apesar
<strong>de</strong>
ter
renunciado
às
<br />

vaida<strong>de</strong>s
primitivas,
julgava‐se
ainda
mais
bem
vestido
do
que
<br />

todos
os
outros
pinheiros
seus
irmãos.
Mas
passou
por
ali
um
<br />

rebanho
<strong>de</strong>
cabras,
e
vendo
as
folhas
tenrinhas
e
frescas,
<br />

comeram‐lhas
todas
sem
lhe
<strong>de</strong>ixar
uma
única.
<br />


<br />

O
pobre
pinheiro
envergonhado
e
arrependido,
já
queria
voltar
<br />

à
sua
forma
natural.
Conseguiu
ainda
este
favor
e
nunca
se
<br />

queixou
da
sua
sorte.




<br />

TEXTO
17
<strong>–</strong>
A
GAITA
MILAGROSA
<br />

Viale
Moutinho
(recolha
<strong>de</strong>).
Contos
Populares
Portugueses
<br />


<br />

Havia
 numa
 terra
 um
 indivíduo
 que
 possuía
 uma
 gaita
 com
 a
<br />

virtu<strong>de</strong>
 <strong>de</strong>
 fazer
 bailar
 os
 ouvintes
 quando
 tocava.
 De
 uma
<br />

ocasião,
passava
um
sujeito
com
um
jumento
carregado
<strong>de</strong>
louça
e
<br />

o
dono
da
gaita
pôs­se
a
tocá­la.
<br />

Tanto
 o
 dono
 do
 jumento
 como
 este
 puseram­se
 logo
 a
 bailar,
 e
<br />

com
tantos
saltos,
que
em
pouco
tempo
a
louça
se
fez
em
cacos.
<br />

Gritava
o
dono
da
loiça
ao
tocador
da
gaita
que
não
tocasse,
mas
<br />

este
 só
 tirou
 a
 gaita
 dos
 lábios
 quando
 já
 não
 havia
 uma
 única
<br />

peça
<strong>de</strong>
louça
inteira.
Exasperado,
o
pobre
homem
foi
queixar­se
<br />

ao
juiz
e
o
tocador
foi
chamado
à
sua
presença.
<br />

­
És
acusado
<strong>de</strong>
ter
quebrado
a
louça
<strong>de</strong>ste
homem
<strong>–</strong>
disse
o
juiz
<br />

ao
gaiteiro.
<br />

­
Eu
não
sou
culpado.
Toquei
a
minha
gaita,
e
esse
senhor
e
o
seu
<br />

jumento
puseram­se
a
dançar.
<br />

­
Tens
contigo
a
gaita?
<br />

­Tenho.
<br />

­Toca
<strong>–</strong>
or<strong>de</strong>nou
o
juiz
sentado
na
sua
poltrona.
<br />

O
gaiteiro
tirou
a
gaita
do
bolso
e
pôs­se
a
tocar.
O
dono
da
louça,
<br />

que
 a
 esse
 tempo
 estava
 encostado
 a
 uma
 ca<strong>de</strong>ira,
 pegou
 na
<br />

ca<strong>de</strong>ira
e
bailou
com
ela.
O
juiz,
que
ia
tomar
uma
pitada
<strong>de</strong>
rapé
<br />

da
sua
caixa
<strong>de</strong>
ébano,
começou
a
pular
batendo
com
os
<strong>de</strong>dos
na
<br />

tampa
à
maneira
<strong>de</strong>
castanholas.
<br />


<br />


TEXTO
18
<strong>–</strong>
A
GAITA
MILAGROSA
(conclusão
do
texto
17)
<br />

Viale
Moutinho
(recolha
<strong>de</strong>).
Contos
Populares
Portugueses
<br />


<br />

A
mãe
do
juiz,
que
estava
entrevada
na
cama,
no
quarto
próximo,
<br />

levantou­se
 imediatamente,
 bailando,
 batendo
 as
 palmas
 e
<br />

cantando:
<br />


<br />


Vá
<strong>de</strong>
folia
<br />

Vá
<strong>de</strong>
folia,
<br />

Que
há
sete
anos
<br />

Me
não
mexia!
<br />


<br />

E
 assim
 se
 converteu
 o
 escritório
 do
 juiz
 numa
 animada
 sala
 <strong>de</strong>
<br />

baile,
 pois
 que
 até
 as
 ca<strong>de</strong>iras,
 os
 tinteiros
 e
 todos
 os
 móveis
 se
<br />

puseram
a
saltar
e
a
bailar.
<br />


<br />

Passados
momentos,
pediu
o
juiz
ao
tocador
que
cessasse
<strong>de</strong>
tocar
<br />

a
gaita,
e
o
homem
obe<strong>de</strong>ceu
imediatamente,
pois
viu
que
tanto
o
<br />

dono
da
louça
como
o
juiz
e
a
mãe
suavam
com
abundância.
<br />


<br />

O
juiz,
<strong>de</strong>pois
<strong>de</strong>
limpar
o
suor,
disse
para
o
tocador:
<br />


<br />

­
Po<strong>de</strong>s­te
ir
embora
sem
culpa
nem
pena,
porque
és
um
homem
<br />

que
 até
 curou
 a
 minha
 mãe,
 que
 há
 muitos
 anos
 se
 não
 podia
<br />

mexer
na
cama.
<br />

E
o
tocador
saiu
da
presença
do
juiz
muito
contente
e
satisfeito.
<br />


<br />

Não
diz
a
história
se
a
mãe
do
juiz
voltou
para
a
cama.



TEXTO
19
<strong>–</strong>
A
ZORRA
E
O
GALO
<br />

Conto
Tradicional
Português
(recolha
não
i<strong>de</strong>ntificada)
<br />


<br />


<br />

Empoleirado
numa
árvore
cantava
o
galo,
quando
passou
<br />

perto
a
zorra.
<br />

­
Gran<strong>de</strong>
novida<strong>de</strong>,
compadre
galo
<strong>–</strong>
gritou
a
zorra,
muito
<br />

alegre.
<br />

­Saiu
um
<strong>de</strong>creto
do
governo
que
manda
acabar
a
guerra
<br />

entre
 os
 animais
 e
 estabelecer
 a
 paz
 geral.
 Estou
<br />

contentíssima:
 <strong>de</strong>sça,
 compadre,
 estou
 com
 <strong>de</strong>sejo
 <strong>de</strong>
 o
<br />

abraçar.
<br />

­
 Esse
 <strong>de</strong>creto
 <strong>de</strong>
 que
 fala
 é
 já
 sabido
 e
 conhecido
 por
<br />

todos
os
animais?
<strong>–</strong>
perguntou
o
galo.
<br />

­
É
claro;
nem
a
ignorância
<strong>de</strong>sculpa
o
não
cumprimento
<br />

da
lei.
Por
que
faz
o
compadre
essa
pergunta?
<br />

­
Vejo
vir
do
nascente
alguns
caçadores
com
muitos
cães.
<br />

A
zorra,
mal
foi
informada
da
aproximação
dos
po<strong>de</strong>ngos,
<br />

galgos,
e
perdigueiros,
pôs­se
ao
fresco.
<br />

Então
o
galo
gritava­lhe:
<br />

­
Mostre­lhes
a
lei!
Mostre­lhes
a
lei!
<br />


<br />

Conto
Tradicional
Português
(recolha
não
i<strong>de</strong>ntificada)




<br />

TEXTO
20
<strong>–</strong>
O
LEÃO
É
FORTE
COMO
A
AMIZA<strong>DE</strong>
<br />

Contos
Populares
<strong>de</strong>
Angola.
Folclore
Quimbundo.
<br />


<br />

Dois
 amigos
 costumavam
 encontrar­se
 todos
 os
 dias.
 Numa
 das
<br />

conversas
um
<strong>de</strong>les
comentou:
<br />

­
Uns
leões
estão
a
aparecer
nas
redon<strong>de</strong>zas.
Tem
cuidado
com

a
<br />

tua
casa
para
evitares
um
<strong>de</strong>sgosto.
<br />

­
O
leão
não
po<strong>de</strong>rá
entrar.
Tenho
espingarda
e
lança.
<br />

­
Enganas­te,
porque
tu
não
po<strong>de</strong>s
lutar
com
o
leão.
<br />

­Tenho
a
certeza
que
posso.
<br />

Ambos
 riram
 e
 continuaram
 a
 conversar
 até
 que
 por
 fim
 se
<br />

separaram.
<br />

Passou­se
 um
 mês
 quando
 o
 rapaz
 que
 tinha
 avisado
 o
 amigo
<br />

arranjou
um
meio
<strong>de</strong>
se
transformar
em
leão
e
resolveu
atacar
o
<br />

camarada,
rugindo
ferozmente.
<br />

Arranhou­lhe
 a
 porta
 da
 casa
 e
 encontrou
 o
 amigo
 a
 dormir.
<br />

Levantou­o,
bateu­lhe
e
<strong>de</strong>sfez
tudo
o
que
encontrou.
<br />

Deixando
o
amigo
em
má
situação,
retirou­se
e
voltou
à
forma
<strong>de</strong>
<br />

homem.
<br />

No
outro
dia,
foi
visitar
o
amigo
que
atacara
e
este
disse­lhe:
<br />

­
Pobre
<strong>de</strong>
mim!
O
leão
veio
aqui
esta
noite
e
<strong>de</strong>struiu
tudo!
<br />

­
Por
que
não
fizeste
fogo
ou
não
lhe
meteste
a
lança?
<br />

­
Meu
amigo,
o
leão
é
forte
como
a
amiza<strong>de</strong>.
<br />


<br />


<br />


TEXTO
21
<strong>–</strong>
PLOP!
<br />

Contos
Populares
Chineses
(tradução
<strong>de</strong>
Patrícia
Joyce)
<br />


<br />

Há
 muitos,
 muitos
 anos,
 viviam
 seis
 coelhos
 numa
<br />

floresta
à
beira
dum
lago.
Um
belo
dia,
duma
das
maiores
<br />

árvores,
 caiu
 no
 lago
 um
 gran<strong>de</strong>
 fruto
 maduro.
 Ao
 bater
<br />

na
água,
produziu
um
som
cavo:
Plop…
<br />

Os
 coelhos
 apavorados
 com
 aquele
 ruído
 que
 não
<br />

conheciam,
 correram
 o
 mais
 <strong>de</strong>pressa
 que
 lhes
<br />

permitiram
as
suas
quatro
patas.
<br />

Uma
raposa
viu­os
naquela
correria
e
perguntou:
<br />

­
Porque
vão
vocês
a
fugir?
<br />

­
Vem
aí
o
Plop!
<strong>–</strong>
respon<strong>de</strong>ram
eles.
<br />

Quando
 tal
 ouviu,
 a
 raposa
 <strong>de</strong>satou
 a
 correr
 com
 eles.
<br />

Nisto
passaram
por
um
macaco
que
perguntou:
<br />

­
On<strong>de</strong>
vão
a
correr
tanto?
<br />

­
Vem
aí
o
Plop!
<strong>–</strong>
respon<strong>de</strong>u
a
raposa.
E
o
macaco
juntou­<br />

se
ao
grupo.
<br />

A
 notícia
 espalhou­se
 <strong>de</strong>
 boca
 em
 boca.
 Um
 veado,
 um
<br />

porco,
 um
 búfalo,
 um
 rinoceronte,
 um
 elefante,
 um
 urso
<br />

preto,
 um
 urso
 castanho,
 um
 leopardo,
 um
 tigre
 e
 um
<br />

leão,
corriam
já
também
numa
fuga
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada.
<br />

Não
pensavam
em
mais
nada
senão
em
fugir.
Quanto
mais
<br />

corriam,
mais
apavorados
se
sentiam.



TEXTO
22
<strong>–</strong>
PLOP!
(continuação
do
texto
21)
<br />

Contos
Populares
Chineses
(tradução
<strong>de</strong>
Patrícia
Joyce)
<br />

Perto
 da
 colina,
 vivia
 um
 leão
 com
 uma
 enorme
 juba.
<br />

Quando
viu
o
outro
leão
a
fugir,
rugiu
para
ele:
<br />

­
 Irmão,
 tens
 garras
 e
 <strong>de</strong>ntes
 e
 és
 o
 mais
 forte
 dos
<br />

animais.
Porque
vais
tu
a
correr
como
um
louco?
<br />

­
Vem
aí
o
Plop!
<strong>–</strong>
arquejou
o
leão
que
fugia.
<br />

­Quem
é
o
Plop?
…
On<strong>de</strong>
está
ele?...
<strong>–</strong>
perguntou
o
leão
<strong>de</strong>
<br />

juba
gran<strong>de</strong>.
<br />

­
Bem…
na
verda<strong>de</strong>
não
sei
<strong>–</strong>
gaguejou
ele.
<br />

­Então
para
quê
todo
este
alvoroço?
<strong>–</strong>
continuou
o
leão
da
<br />

juba
gran<strong>de</strong>.
<strong>–</strong>
Vejamos
primeiro
<strong>de</strong>
quem
se
trata.
Quem
<br />

te
falou
nele?
<br />

­
Foi
o
tigre.
<br />

O
curioso
leão
da
juba
gran<strong>de</strong>
interrogou
o
tigre
que
disse
<br />

que
 o
 ouvira
 ao
 leopardo.
 O
 leão
 voltou­se
 para
 o
<br />

leopardo
 e
 o
 leopardo
 respon<strong>de</strong>u
 que
 o
 ouvira
 ao
 urso
<br />

castanho.
 O
 leão
 perguntou
 ao
 urso
 castanho
 que
 disse
<br />

que
 o
 ouvira
 ao
 urso
 preto.
 O
 urso
 preto,
 o
 elefante,
 o
<br />

rinoceronte,
 o
 búfalo,
 o
 porco
 e
 o
 veado
 foram
 a
 seguir
<br />

interrogados,
um
por
um,
e
cada
um
<strong>de</strong>les
informou
que
o
<br />

ouvira
ao
outro.
Finalmente,
chegou
a
vez
da
raposa
que
<br />

disse:
<br />

­Foram
os
coelhos.
<br />


TEXTO
23
<strong>–</strong>
PLOP!
(conclusão
do
texto
21)
<br />

Contos
Populares
Chineses
(tradução
<strong>de</strong>
Patrícia
Joyce)
<br />


<br />


<br />

O
leão
dirigiu­se
aos
coelhos
que
bradaram
em
coro:
<br />

­
 Ouvimos
 nós
 seis,
 com
 os
 nossos
 próprios
 ouvidos,
<br />

aquele
horrível
«Plop»!
Vem
connosco
e
mostrar­te­emos
<br />

o
sítio
exacto
on<strong>de</strong>
o
ouvimos.
<br />

Guiaram­no
 até
 à
 floresta
 e,
 apontando
 para
 o
 lago,
<br />

disseram:
<br />

­
É
ali
que
está
o
terrível
Plop!
<br />

Precisamente
nesse
instante
caiu
da
árvore
outro
fruto
e
<br />

mergulhou
na
água
com
o
tal
terrível
Plop!
<br />

O
leão
pôs­se
a
rir.
<br />

­Viram
<strong>–</strong>
disse
ele
<strong>–</strong>
Viram
bem
o
que
é
o
«Plop»?
É
apenas
<br />

o
 ruído
 dum
 fruto
 quando
 cai
 na
 água.
 Que
 há
 nisto
 <strong>de</strong>
<br />

terrível
para
que
fujam
todos
a
correr
como
loucos?
<br />

Soltaram
um
suspiro
<strong>de</strong>
alívio.
O
pânico
<strong>de</strong>saparecera
por
<br />

completo.
<br />


<br />


<br />


<br />


TEXTO
24
<strong>–</strong>
OS
FANTOCHEIROS
<br />

Simões
Müller,
Adolfo.
A
Reviravolta
Dos
Fantoches.
<br />


<br />

­
 Mas
 que
 vinha,
 no
 fim
 <strong>de</strong>
 contas,
 a
 ser
 isso
 <strong>de</strong>
 fantocheiro?
 <strong>–</strong>
<br />

perguntava
 o
 sr.
 Tlim.Tlim,
 que,
 até
 então,
 só
 tinha
 ouvido
 falar
 <strong>de</strong>
<br />

fantochadas…
 Aliás,
 ao
 princípio,
 tomara
 mesmo
 por
 troça
 a
 i<strong>de</strong>ia
 do
<br />

sr.
 Malaquias.
 O
 dono
 do
 circo
 explicou­lhe,
 porém,
 pacientemente,
 o
<br />

que
eram
os
fantoches
e
o
interesse
que
tinham
como
espectáculo
para
<br />

a
criançada,
para
a
juventu<strong>de</strong>
e
até
para
as
pessoas
<strong>de</strong>
ida<strong>de</strong>.
<br />

Pouco
a
pouco,
o
sr.
Malaquias
foi­lhe
ensinando
não
só
o
que
era
um
<br />

fantoche,
 mas
 também
 um
 pouco
 da
 sua
 história
 <strong>de</strong>s<strong>de</strong>
 os
 tempos
<br />

remotos.
<br />

­
Sim
<strong>–</strong>
comentara
logo
o
Agapito.
<strong>–</strong>
Sim,
porque
no
princípio
do
mundo
<br />

não
havia
fantoches
com
certeza…
<br />

­
Quem
nos
garante
isso?
­
replicara
o
outro.
<strong>–</strong>
É
até
bem
possível
que
<br />

fosse
um
dos
primeiros
homens
<strong>de</strong>ssa
era
distante
que
imaginasse
um
<br />

boneco,
com
meia
dúzia
<strong>de</strong>
folhas
ou
tronquinhos
e
um
pequeno
fruto
a
<br />

fazer
 <strong>de</strong>
 cabeça.
 E
 que
 <strong>de</strong>pois,
 projectas
 à
 luz
 <strong>de</strong>
 um
 archote
 o
 seu
<br />

boneco
na
pare<strong>de</strong>
<strong>de</strong>
uma
caverna.
<br />

­Daí
 ao
 fantoche
 não
 iria
 muito
 tempo…
 Talvez
 algumas
 centenas
 <strong>de</strong>
<br />

anos…
Ou
milhares…
Mas
o
homem
também
não
tinha
pressa.
O
tempo
<br />

ainda
 não
 existia…
 Nem
 havia
 comboios
 para
 apanhar…
 O
 que
 é
<br />

verda<strong>de</strong>
 é
 que,
 numa
 ilha
 distante
 no
 meio
 do
 mar
 Índico,
 chamada
<br />

Java,
 ainda
 hoje
 os
 fantoches
 conservam,
 na
 língua
 local
 já
 se
 vê,
 um
<br />

nome
equivalente
ao
nosso
Zé
Broa
e
que
quer
dizer
<strong>–</strong>
sombra…
E
na
<br />

China,
 na
 Birmânia,
 no
 Japão,
 também
 se
 encontram
 vestígios
 <strong>de</strong>sses
<br />

fantoches,
<strong>de</strong>ssas
sombras
do
passado.
<br />


<br />



<br />

TEXTO
25
<strong>–</strong>
BARRACA
<strong>DE</strong>
FANTOCHES
<br />

Galhoz,
Maria
Aliete
<br />


<br />

Em
 frente
 da
 barraca
 <strong>de</strong>
 fantoches,
 Zé
 olhava.
 Em
 cada
<br />

mãozinha
 fechada
 uma
 castanha
 passava­lhe
 para
 as
<br />

palmas
 um
 calor
 cada
 vez
 mais
 brando.
 No
 quadrado
<br />

aberto
<strong>de</strong>
lona,
entre
as
cortinas
azuis,
um
toureiro
lutava
<br />

com
 um
 touro,
 bravo
 e
 negro.
 No
 meio
 da
 gritaria
 dos
<br />

garotos
 o
 touro
 caiu
 vencido
 e
 o
 toureiro
 gritou
 «olé»,
<br />

acenando
com
a
capa
encarnada.
<br />


<br />

Era
o
fim
da
função.
O
homem
saiu
<strong>de</strong>trás
da
barraca
com
<br />

uma
ban<strong>de</strong>ja
e
os
garotos
foram
brincar
mais
longe.
Das
<br />

janelas
atiravam
moedas.
Zé
esten<strong>de</strong>u
o
braço
e
o
homem
<br />

baixou­se
mais,
até
o
tamanho
<strong>de</strong>le.
Uma,
e
<strong>de</strong>pois
outra,
<br />

as
duas
castanhas
caíram
na
ban<strong>de</strong>ja.
<br />

­
Uma
é
pró
boi.
Tadinho
do
boi
…
<br />

O
 homem
 entrou
 na
 barraca
 e
 abriu
 as
 cortinas.
 Os
<br />

garotos
voltaram.
Voltou
o
toureiro,
<strong>de</strong>
capa
encarnada,
e
<br />

o
 touro,
 bravo
 e
 negro.
 Lutaram.
 No
 fim,
 vencedor,
 o
<br />

toureiro
 guarda
 a
 espada
 que
 ia
 matar
 o
 touro.
 E
<br />

galhardamente
 oferece­lhe
 uma
 castanha,
 como
 prémio
<br />

<strong>de</strong>
ser
também
valente.
Pulos
e
palmas,
palmas
e
pulos;
e
<br />

gritos
dos
garotos.
Zé,
no
meio
<strong>de</strong>les,
é
o
mais
alegre.



TEXTO
26
<strong>–</strong>
APRESENTO
­ME
<br />

Losa,
Ilse
<br />


<br />

Apresento­me.
 O
 meu
 nome
 é
 Felismina.
 Mais
<br />

exactamente
Felismina
Pinto
Coelhinho.
Mas
como
toda
a
<br />

gente
 me
 chama
 apenas
 Felismina,
 gostava
 que
 vocês
<br />

também
 o
 fizessem.
 De
 resto
 é
 nome
 bonito.
 Faz
 pensar
<br />

em
alegria,
boa
disposição,
histórias
engraçadas,
música,
<br />

dança
e
muitas
mais
coisas
que
se
apreciam.
<br />


<br />

Sou
uma
mulher
franca,
directa.
Hipocrisias
e
imposturas
<br />

aborrecem­me.
 Gosto
 <strong>de</strong>
 falar
 ás
 crianças
 e
 aos
 adultos
<br />

mas
 sobretudo
 às
 crianças.
 É
 que
 as
 crianças
 enten<strong>de</strong>m,
<br />

logo
à
primeira,
o
que
quero
dizer.
Os
adultos,
esses
não
<br />

sabem
 escutar,
 com
 atenção:
 estão
 sempre
 distraídos
 a
<br />

cismar
 nisso
 e
 naquilo
 e
 não
 sei
 em
 que
 mais.
 Procuro
<br />

vencer
 as
 dificulda<strong>de</strong>s
 da
 vida.
 Po<strong>de</strong>m
 crer
 que
 quase
<br />

sempre
o
consigo.
<br />


<br />

E
 sabem
 porquê?
 Porque
 não
 me
 <strong>de</strong>ixo
 levar
 por
<br />

ninguém!
<br />


<br />

Um
gran<strong>de</strong>
abraço
da
Felismina
<br />


<br />



<br />

TEXTO
27
<strong>–</strong>
O
DA
COLHER
<strong>DE</strong>
PAU
<br />

Miranda,
Maria
Natália.
Hoje
há
Robertos
<br />


<br />


<br />

Os
fantoches
feitos
<strong>de</strong>
colheres
<strong>de</strong>
pau
são
muito
usados
<br />

para
 realizar
 as
 engraçadas
 cenas
 <strong>de</strong>
 pancadaria,
 por
<br />

serem
resistentes
e
fazerem
muito
barulho.
<br />


<br />

Da
 parte
 mais
 funda
 da
 colher
 faz­se
 a
 cabeça.
 Da
 mais
<br />

saída
faz­se
a
cara.
<br />


<br />

Quem
quiser
po<strong>de</strong>
pintar
a
colher
duma
cor
que
se
adapte
<br />

ao
papel
que
ela
irá
<strong>de</strong>sempenhar
como
personagem.
<br />


<br />

O
 cabelo
 será
 feito
 <strong>de</strong>
 ráfia,
 <strong>de</strong>
 lã
 ou
 <strong>de</strong>
 qualquer
 outro
<br />

material
que
possa
ser
colado.
Olhos
e
boca
pintam­se
ou
<br />

recortam­se
em
tecido
e
colam­se.
<br />


<br />

Veste­se
o
roberto
com
o
mesmo
fato
em
forma
<strong>de</strong>
manga
<br />

comprida
 e
 estreita
 com
 a
 abertura
 no
 pescoço
 e
 as
<br />

manguinhas
 dos
 lados.
 O
 fato
 cola­se
 ou
 ata­se
 bem
 à
<br />

parte
do
cabo
pegada
à
cabeça.
<br />


<br />


TEXTO
28
<strong>–</strong>
<strong>DE</strong>
ESCADOTE
P’RÀ
LUA
<br />


Simões
Müller,
Adolfo.
A
Reviravolta
Dos
Fantoches.
<br />


<br />


<br />

Já
 agora
 <strong>de</strong>ixem­me
 apresentar­lhes
 o
 Zeca
 Lino,
 mais
<br />

conhecido
 simplesmente
 pelo
 Calino,
 e
 o
 seu
 primo,
 um
<br />

ano
 mais
 novo,
 o
 Zeca
 Paz,
 a
 quem
 todos
 chamavam
 o
<br />

Capaz.
 E
 a
 verda<strong>de</strong>
 é
 que
 estes
 nomes
 assentavam­lhes
<br />

como
 uma
 luva,
 pois
 enquanto
 o
 Zeca
 paz
 era
 muito
<br />

sensato,
 muito
 ajuizado,
 o
 Zeca
 Lino
 era
 <strong>de</strong>
 uma
 gran<strong>de</strong>
<br />

ingenuida<strong>de</strong>,
sempre
pronto
a
meter
os
pés
pelas
mãos,
a
<br />

misturar
os
alhos
e
os
bugalhos.
<br />


<br />

Vou
contar­lhes,
a
propósito,
uma
das
suas
patetices,
que
<br />

<strong>de</strong>ra
 brado
 alguns
 anos
 atrás.
 O
 pai
 <strong>de</strong>le,
 o
 Sr.
 António
<br />

Lino
 Paz,
 tantas
 vezes
 lhe
 dissera:
 «o
 menino
 anda
<br />

sempre
na
Lua»
que,
um
dia,
o
Zeca
convenceu­se
mesmo.
<br />

E
então,
já
que
andava
na
Lua,
resolveu
fazer
uma
viagem
<br />

ao
mar
das
estrelas.
Se
os
americanos
lá
tinham
ido,
por
<br />

que
 não
 havia
 ele,
 um
 português,
 <strong>de</strong>
 fazer
 o
 mesmo?
 O
<br />

Zeca
havia
reparado
que,
em
certas
ocasiões,
a
Lua
toma
a
<br />

forma
 <strong>de</strong>
 um
 barco.
 Pareceu­lhe,
 pois,
 que
 seria
 essa
 a
<br />

melhor
oportunida<strong>de</strong>
para
a
sua
passeata
pelo
céu.
<br />


<br />


TEXTO
29
<strong>–</strong>
<strong>DE</strong>
ESCADOTE
P’RÀ
LUA
(conclusão
do
texto
28)
<br />

Simões
Müller,
Adolfo.
A
Reviravolta
Dos
Fantoches.
<br />

Ora,
naquela
noite,
a
Lua,
que
mais
lembrava
uma
falua,
apareceu
<br />

por
 <strong>de</strong>trás
 da
 laranjeira
 pequena
 do
 quintal.
 Quando
 todos
 em
<br />

casa
 estavam
 já
 <strong>de</strong>itados,
 o
 Zeca
 saltou
 da
 cama
 sem
 fazer
 o
<br />

menor
 ruído,
 e
 foi,
 pé
 ante
 pé,
 buscar
 a
 escada
 do
 jardineiro,
 o
<br />

cabo
 <strong>de</strong>
 uma
 vassoura
 e
 uma
 toalha
 que
 ficara
 estendida
 para
<br />

secar.
Atou
o
pano
ao
pau
e
pôs
tudo
ao
ombro
como
se
fosse
uma
<br />

ban<strong>de</strong>ira.
Trepou
pela
escada
que
encostara
com
mil
cautelas
ao
<br />

tronco
da
laranjeira
e,
uma
vez
lá
no
alto,
<strong>de</strong>pois
<strong>de</strong>
espetar
o
pau
<br />

entre
a
folhagem,
à
maneira
<strong>de</strong>
mastro
com
vela,
ficou
à
espera
<strong>de</strong>
<br />

que
a
Lua
se
aproximasse
para
ele
embarcar.
<br />


<br />

Entretanto,
 os
 pais
 do
 Zeca,
 tendo
 ouvido
 barulho
 no
 quintal,
<br />

chegaram
à
janela
para
saber
o
que
se
passava.
Qual
não
foi
o
seu
<br />

espanto
ao
verem
o
Zeca
empoleirado
na
árvore!
Assim
<strong>de</strong>
longe,
<br />

dava
a
impressão
<strong>de</strong>
estar
<strong>de</strong>
facto
na
Lua…
os
pais
<strong>de</strong>sceram
ao
<br />

quintal,
 fizeram
 vir
 o
 filho
 para
 baixo,
 repreen<strong>de</strong>ram­no
<br />

suavemente,
 e
 que
 fosse
 para
 a
 cama
 sonhar
 com
 os
 seus
<br />

brinquedos.
<br />


<br />

No
 dia
 seguinte,
 o
 Zeca
 paz,
 quando
 soube
 daquela
 aventura
<br />

nocturna
 do
 primo,
 explicou­lhe,
 muito
 sensatamente,
 io
 que
<br />

queria
dizer
«andar
na
Lua».
<br />


<br />


<br />


<br />


TEXTO
30
<strong>–</strong>
A
PRINCESA
Nº
46
734
<br />

Gomes
Ferreira,
João
<strong>–</strong>
Aventuras
<strong>de</strong>
João
Sem
Medo
<br />


<br />

Era
<strong>de</strong>
noite
e
João
Sem
Medo
acampara
na
clareira
<strong>de</strong>
um
souto
<br />

prateado
<strong>de</strong>
luar.
A
brisa
ligeira
<strong>de</strong>spenteava­lhe
os
cabelos
com
o
<br />

seu
 fole
 voador
 e,
 ao
 longe,
 ressoava
 o
 coaxar
 das
 rãs
 no
<br />

costumado
ensaio
do
orfeão
nocturno…
<br />

­
Toca
a
dormir
<strong>–</strong>
aconchegou­se
o
rapaz
no
chão
macio
<strong>de</strong>
musgo.

<br />

Antes
 porém
 <strong>de</strong>
 cerrar
 as
 pálpebras,
 relanceou
 os
 olhos
 para
 o
<br />

firmamento.
 E
 num
 sobressalto
 <strong>de</strong>
 surpresa,
 solevantou­se,
<br />

apoiado
 nos
 cotovelos,
 para
 se
 certificar
 bem
 do
 que
 via…
 nada
<br />

menos
nada
mais
do
que
esta
frase,
escrita
a
carvão
na
Lua
Cheia,
<br />

que
soletrou
<strong>de</strong>vagar:
<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />

­
 Olá,
 se
 andam!
 <strong>–</strong>
 recostou­se
 <strong>de</strong>
 novo
 João
 Sem
 Medo
 <strong>de</strong>
 mãos
<br />

cruzadas
na
nuca,
a
divertir­se
com
idiotices
para
adormecer.
<strong>–</strong>
E
<br />

no
entanto
ainda
não
me
honraram
com
a
apresentação
<strong>de</strong>
vários
<br />

entes
 fantásticos,
 como
 a
 Bicha
 <strong>de</strong>
 sete
 cabeças,
 por
 exemplo.
<br />

Podiam
i<strong>de</strong>alizar
uma
especial
para
mim,
com
sete
cabecinhas
<strong>de</strong>
<br />

meninas
doces
e
sete
laços
nas
tranças
estrigadas
…
<br />


<br />



<br />

Andamos com pouca imaginação.<br />


TEXTO
31
<strong>–</strong>
A
PRINCESA
Nº
46
734
(continuação
do
texto
30)
<br />

Gomes
Ferreira,
João
<strong>–</strong>
Aventuras
<strong>de</strong>
João
Sem
Medo
<br />


<br />

E
João
Sem
Medo
não
arredava
os
olhos
da
Lua
à
espera
<br />

da
 resposta
 aos
 seus
 pensamentos,
 que
 não
 <strong>de</strong>morou
<br />

muito:
<br />


<br />


<br />


<br />


 cabeleireiro. Como calcula levam muito<br />

tempo a tratar dos penteados.<br />


<br />


<br />


<br />

­
 E
 as
 princesas?
 <strong>–</strong>
 propôs
 ele,
 fascinado
 com
 aquela
<br />

conversa,
através
da
Lua,
com
o
Mago­Mor
dos
<strong>de</strong>dos
<strong>de</strong>
<br />

carvão.
<strong>–</strong>
Já
conheci
um
príncipe,
por
sinal
com
orelhas
<strong>de</strong>
<br />

burro.
Vá!
Salta
agora
uma
princesa
com
asas
na
cabeça,
<br />

se
quiserem
Mas
uma
princesa
a
valer.
<br />


<br />

A
réplica
não
<strong>de</strong>morou,
quase
simultânea:
<br />


<br />


<br />


<br />


<br />

As bichas <strong>de</strong> sete cabeças foram ao<br />

Só há uma princesa livre.<br />

A nº 46 734. Serve?<br />



<br />

TEXTO
32
<strong>–</strong>
A
PRINCESA
Nº
46
734
(continuação
do
texto
30)
<br />

Gomes
Ferreira,
João
<strong>–</strong>
Aventuras
<strong>de</strong>
João
Sem
Medo
<br />


<br />

­
 Pois
 que
 venha
 a
 princesa
 nº
 46
 734
 <strong>–</strong>
 encomendou
 João
 Sem
<br />

Medo.
<br />


<br />


<br />


<br />


<br />

Com
esta
última
mensagem
as
letras
<strong>de</strong>liram­se
<strong>de</strong>vagarinho
e
a
<br />

Lua
 cresceu,
 cresceu
 até
 quase
 exce<strong>de</strong>r
 o
 triplo
 da
 Lua
 vulgar
 e
<br />

inundar
<strong>de</strong>
luz
roxa
a
paisagem
que
parecia
enlouquecida.
<br />


<br />

Entretanto
 João
 Sem
 Medo
 especulava
 sobre
 o
 processo
 <strong>de</strong>
 a
<br />

princesa
nº
46
734
entrar
em
cena.
Por
alguma
porta
rasgada
<strong>de</strong>
<br />

imprevisto
no
musgo
do
solo?
Ou
<strong>de</strong>sceria
da
Lua
Tripla
por
uma
<br />

escada
<strong>de</strong>
corda
e
seda?
...
<br />


<br />

Não
 precisou,
 porém
 <strong>de</strong>
 aventar
 mais
 hipóteses
 porque,
 neste
<br />

ponto,
soou
uma
melodia
ténue
<strong>de</strong>
flauta
e
numerosos
anõezinhos
<br />

<strong>de</strong>
 cabeças
 <strong>de</strong>
 ouriço
 <strong>de</strong>
 castanhas,
 barbas
 <strong>de</strong>
 milho,
 corpos
 <strong>de</strong>
<br />

bugalhos,
 com
 quatro
 ramitos
 espetados
 à
 laia
 <strong>de</strong>
 braços
 e
 <strong>de</strong>
<br />

pernas,
 <strong>de</strong>sataram
 a
 dançar
 num
 tropel
 <strong>de</strong>
 bailarino
 maluco
 em
<br />

redor
<strong>de</strong>
João
Sem
Medo.
<br />


<br />

Prepara-te, então.


TEXTO
33
<strong>–</strong>
A
PRINCESA
Nº
46
734
(continuação
do
texto
30)
<br />

Gomes
Ferreira,
João
<strong>–</strong>
Aventuras
<strong>de</strong>
João
Sem
Medo
<br />


<br />


<br />

À
flauta
juntaram­se
<strong>de</strong>pois,
em
ritmo
<strong>de</strong>
duen<strong>de</strong>s,
vários
<br />

instrumentos
 in<strong>de</strong>cisos
 que
 completaram
 a
 orquestra
<br />

natural
 ambiente
 <strong>de</strong>
 pios
 <strong>de</strong>
 mocho,
 ruídos
 <strong>de</strong>
 folhas
<br />

secas,
pingos
<strong>de</strong>
água
nas
pedras,
chocalhos
longínquos
…
<br />


<br />

Finda
a
dança,
o
chefe
dos
Ouricinhos,
<strong>de</strong>
barrete
na
mão
<br />

(um
barretinho
saloio
vermelho),
saudou
João
Sem
Medo
<br />

com
 muita
 poli<strong>de</strong>z
 e
 especou­se
 na
 frente
 do
 rapaz,
 à
<br />

espera
que
este,
agora
<strong>de</strong>
cócoras
para
po<strong>de</strong>r
contemplá­<br />

lo
à
vonta<strong>de</strong>,
lhe
dirigisse
a
palavra.
<br />


<br />

­
On<strong>de</strong>
está
Sua
Alteza
a
Princesa
nº
46
734?
<strong>–</strong>
perguntou
<br />

então
 João
 Sem
 Medo
 com
 ironia
 respeitosa,
 sem
<br />

<strong>de</strong>sperdiçar
tempo
com
ro<strong>de</strong>ios
hipócritas.
<br />


<br />

­
 A
 Princesa
 nº
 46
 734?
 …
 Vossa
 Excelência
 refere­se
 à
<br />

filha
do
Rei
do
Castelo
On<strong>de</strong>
Ninguém
Entra
nem
Entrará?
<br />


<br />

­Pois
claro
…
afirmou
João
Sem
Medo
com
<strong>de</strong>scaramento
<br />

manifesto
<strong>de</strong>
quem
conhecia
a
princesa
<strong>de</strong>
criança.



TEXTO
34
<strong>–</strong>
A
PRINCESA
Nº
46
734
(conclusão
do
texto
30)
<br />

Gomes
Ferreira,
João
<strong>–</strong>
Aventuras
<strong>de</strong>
João
Sem
Medo
<br />


<br />

O
anãozinho
mirou­o
com
os
seus
olhos
<strong>de</strong>
grãos
<strong>de</strong>
milho
<br />

doirado
e
condoeu­se:
<br />


<br />

­
Sabe­se
lá
on<strong>de</strong>
pára
a
Princesa
…
Quem
lhe
pôs
a
vista
<br />

em
 cima?
 Vive
 há
 séculos
 afastada
 dos
 homens,
 sempre
<br />

jovem
e
igual,
no
Castelo
Da
Perfeição
das
Nuvens,
don<strong>de</strong>
<br />

agora
 <strong>–</strong>
 dizem
 <strong>–</strong>
 <strong>de</strong>sapareceu
 raptada
 pelos
 Dragões
 …
 E
<br />

per<strong>de</strong>ram­lhe
o
rasto.
<br />


<br />

João
 Sem
 Medo
 sorriu.
 Sorriu
 e
 pensou:
 ­
 «Nestas
<br />

histórias
 <strong>de</strong>
 princesas
 o
 enredo
 nunca
 varia.
 A
 princesa
<br />

foge
 (ou
 é
 arrebatada
 pelos
 monstros,
 ou
 entristece,
 ou
<br />

bebe
 algum
 elixir
 <strong>de</strong>
 Morte
 provisória),
 o
 pai
 aflige­se,
<br />

promete
 mundos
 e
 fundos
 a
 quem
 a
 <strong>de</strong>sencantar
 e,
 no
<br />

último
 acto,
 eis
 que
 irrompe
 em
 apoteose
 o
 Cavaleiro
<br />

eleito
que
a
salva
e
casa
com
ela.
É
infalível.»
<br />


<br />


<br />


<br />


<br />


<br />

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!