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Piscicultura feita em pequena escala na água doce - Anancy

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Agrodok 15<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong><br />

<strong>doce</strong><br />

Assiah van Eer<br />

Ton van Schie<br />

Aldin Hilbrands


© Fundação Agromisa, Wageningen, 2004.<br />

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida qualquer<br />

que seja a forma, impressa, fotográfica ou <strong>em</strong> microfilme, ou por quaisquer outros<br />

meios, s<strong>em</strong> autorização prévia e escrita do editor.<br />

Primeira edição <strong>em</strong> inglês: 1996<br />

Primeira edição <strong>em</strong> português: 2004<br />

Autores: Assiah van Eer, Ton van Schie, Aldin Hilbrands<br />

Ilustradores: Linda Croese, Oeke Kuller, Barbera Oranje<br />

Design gráfico: Janneke Reijnders<br />

Tradução: Maria<strong>na</strong> Moia<strong>na</strong><br />

Impresso por: Digigrafi, Wageningen, the Netherlands<br />

ISBN: 90-77073-93-0<br />

NUGI: 835


Prefácio<br />

Este Agrodok t<strong>em</strong> como objectivo fornecer a informação básica de<br />

como construir um tanque de peixes <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong>, com propósitos<br />

de adquirir as proteí<strong>na</strong>s diárias necessárias para subsistência.<br />

As práticas de piscicultura são muito diversificadas. Este manual enfoca<br />

sobre o cultivo de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong>. Nas zo<strong>na</strong>s tropicais, é mais<br />

comum a criação de peixe <strong>na</strong>s pisci<strong>na</strong>s para o peixe. Portanto a informação<br />

dada neste manual diz respeito a construção e a gestão de peixe<br />

nesses tanques.<br />

Prefácio 3


Índice<br />

1 Introdução 6<br />

2 <strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos 7<br />

2.1 Planificação de uma <strong>em</strong>presa de aquacultura 8<br />

3 Planificação de sitio e tipo de piscicultura 10<br />

3.1 Escolha de terreno 10<br />

3.2 Tipo de campos de aquacultura 16<br />

3.3 Outros métodos de piscicultura 21<br />

4 Practica de piscicultura 25<br />

4.1 Selecção de espécies de peixe 25<br />

4.2 Nutrição de peixe 28<br />

4.3 A transparência da <strong>água</strong> como indicador de fertilidade 31<br />

4.4 Saúde e doenças 33<br />

4.5 Reprodução 36<br />

4.6 Colheita de peixe 37<br />

4.7 Manutenção e controlo 41<br />

5 Cultura de carpa 46<br />

5.1 Carpa comum 47<br />

5.2 Carpa india<strong>na</strong> e chinesa 52<br />

6 Cultura de tilápia 56<br />

6.1 Produção de ovos 59<br />

6.2 Tanques de crescimento 60<br />

6.3 Alimentar e fertilizar 60<br />

6.4 Densidade de povoamento e níveis de produção 62<br />

7 Cultura de peixe gato 63<br />

7.1 Produção de ovos 64<br />

7.2 Incubação 66<br />

7.3 Produção de alvinos 67<br />

4<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


7.4 Tanques de crescimento 68<br />

7.5 Requisitos alimentares 68<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque<br />

69<br />

Anexo 2: Ampla variedade de espécies de peixes e sua<br />

comida preferida 82<br />

Anexo 3: Características de substâncias de cal 83<br />

Leitura recomendada 85<br />

Endereços úteis 89<br />

Índice 5


1 Introdução<br />

Este Agrodok t<strong>em</strong> como objectivo fornecer a informação básica de<br />

como construir um tanque de peixes <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong>, com propósitos<br />

de adquirir as proteí<strong>na</strong>s diárias necessárias para subsistência.<br />

As práticas de piscicultura são muito diversificadas. Este manual enfoca<br />

sobre o cultivo de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong>. Nas zo<strong>na</strong>s tropicais, é mais<br />

comum a criação de peixe <strong>na</strong>s pisci<strong>na</strong>s para o peixe. Portanto a informação<br />

dada neste manual diz respeito a construção e a gestão de peixe<br />

nesses tanques.<br />

A primeira parte deste Agrodok (Capítulos 2 a 4) descreve os princípios<br />

da aquacultura, inclusive o local escolhido e o tipo de peixe cultivado.<br />

No capítulo 4 são apresentados ex<strong>em</strong>plos da prática de piscicultura,<br />

incluindo a selecção de espécies, a nutrição, aspectos de saúde,<br />

reprodução, colheita e manutenção dos tanques.<br />

A segunda parte (Capítulos 5 a 7) dá a informação específica sobre a<br />

cultura de carpa comum , tilápia e de peixe gato.<br />

6<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


2 <strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos<br />

Por séculos , <strong>em</strong> muitas partes do mundo, o peixe t<strong>em</strong> fornecido a dieta<br />

alimentar a uma importante parte da população. Durante os últimos<br />

c<strong>em</strong> anos, a captura de peixe t<strong>em</strong> crescido rapidamente devido as melhorias<br />

de tecnologia, inclusive o <strong>em</strong>prego de mais técnicas poderosas<br />

e equipamentos hidrofónicas. Apesar de que a excessiva captura de<br />

peixe t<strong>em</strong> sido travada nos últimos 15 anos, a sobre pesca já t<strong>em</strong> causado<br />

o decrescimento das existências mundiais de peixe e tornou-se<br />

um verdadeiro probl<strong>em</strong>a. A necessidade de aumentar a produção de<br />

peixe através do seu cultivo é urgente.<br />

O termo aquacultura significa todas as formas de cultura aquática dos<br />

animais e plantas <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>doce</strong>s, turvas ou salgadas.<br />

A aquacultura t<strong>em</strong> o mesmo objectivo que a agricultura: o de aumentar<br />

a produção de comida acima do nível que seria possível alcançar pela<br />

produção <strong>na</strong>tural. Como <strong>na</strong> agricultura, a tecnologia de piscicultura<br />

inclui a r<strong>em</strong>oção das plantas e animais indesejáveis e sua substituição<br />

por desejáveis espécies ou por cruzamento e selecção de espécies e o<br />

melhoramento de disponibilidades de comida atravéz da utilização dos<br />

fertilizantes.<br />

A piscicultura pode ser combi<strong>na</strong>da com a prática da agricultura, a criação<br />

dos animais e com a irrigação, o que pode conduzir a uma boa<br />

utilização de recursos locais e resultar <strong>em</strong> alta produção e altos lucros.<br />

Esta prática chama-se piscicultura integrada.<br />

Este assunto é extensivamente tratado no Agrodok no. 21.<br />

<strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos 7


8<br />

O peixe é fornecedor de protéi<strong>na</strong>s de alta qualidade para o consumo humano.<br />

Um lavrador pode integrar <strong>na</strong> sua fazenda a aquacultura para criar ingressos<br />

económicos adicio<strong>na</strong>is e melhorar a gestão das <strong>água</strong>s da fazenda.<br />

O crescimento de peixe nos tanques pode ser controlado e depende de<br />

tipo e as espécies de peixe que o piscicultor pretende cultivar.<br />

O peixe produzido nos tanques é propriedade própria. O piscicultor pode<br />

fazer a colheita quando desejar e com a segurança.<br />

Pescar <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s livres comuns é instável. O peixe dos tanques de piscicultura<br />

está s<strong>em</strong>pre disponível.<br />

Habitualmente o peixe nos tanques está disponível.<br />

É eficaz utilizar a terra das margens do tanque. Se a terra não for fértil para<br />

a agricultura ou se for muito custosa para dre<strong>na</strong>r, pode ser mais lucrativo<br />

utilizar a mesma terra para a piscicultura se esta é apropriadamente preparada.<br />

2.1 Planificação de uma <strong>em</strong>presa de<br />

aquacultura<br />

Terra, <strong>água</strong> e as condições climáticas são provavelmente os factores<br />

<strong>na</strong>turais mais importantes que dev<strong>em</strong> ser tomados <strong>em</strong> conta. Quando<br />

você escolher o lugar para aquacultura deverá considerar os efeitos<br />

que a actividade poderá causar ao ambiente. Naturalmente as áreas<br />

importantes para a ecologia, ex<strong>em</strong>plo dos viveiros de plantas <strong>na</strong>turais<br />

como as florestas e os mangais, não deveriam ser elegíveis para aquacultura.<br />

Outro factor importante que necessita considerar é a qualidade<br />

e a quantidade da <strong>água</strong>. O tipo de aquacultura e as espécies de animais<br />

ou plantas que pod<strong>em</strong> ser cultivados, depende grand<strong>em</strong>ente das propriedades<br />

de lugar escolhido.<br />

Os riscos implicados por desenvolver a piscicultura também pod<strong>em</strong><br />

acentuar-se. O peixe para crescer e reproduzir-se necessita proteí<strong>na</strong>s.<br />

Isso significa que os peixes pod<strong>em</strong> tor<strong>na</strong>r-se concorrentes no consumo<br />

dos produtos que são desti<strong>na</strong>dos ao consumo humano. Além disso, o<br />

custo de produção é bastante alto. Portanto a criação de peixe nos<br />

tanques n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre pode competir com a pesca <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s livres,<br />

desde um ponto de vista fi<strong>na</strong>nceiro.<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


O alto investimento inicial e os custos de produção, b<strong>em</strong> como os riscos<br />

económicos implicados no estabelecimento de uma <strong>em</strong>presa de<br />

piscicultura são alguns factores importantes que o piscicultor deve<br />

considerar antes de aventurar-se no cultivo de peixe.<br />

? Fi<strong>na</strong>nças:<br />

Você pode fazer uma estimativa que inclui os custos da terra, assim<br />

como o capital que representa o peixe <strong>em</strong> stock, o valor de construção<br />

do tanque, o custo de mão-de-obra e o custo de produção e colheita.<br />

? Sitio:<br />

O solo t<strong>em</strong> que ter a capacidade de manter a <strong>água</strong>. Uma boa qualidade<br />

e quantidade de <strong>água</strong> deve estar disponível por razoável custo.<br />

O sítio deve ser cerca de casa e as eventuais perdas causadas por<br />

roubos dev<strong>em</strong> estar estimadas. A propriedade da terra assim como a<br />

permissão para a sua utilização dev<strong>em</strong> ser obtidas e reconhecidas. O<br />

terreno e as estradas dev<strong>em</strong> ser transitáveis e não dev<strong>em</strong> ser passíveis<br />

das cheias.<br />

? Povoamento de peixe:<br />

Você deve decidir se quer produzir seu próprio peixe <strong>em</strong> stock ou<br />

comprar. Se decide comprar deve certificar-se de que adquire um<br />

stock de peixe de boa qualidade. Se escolher produzir <strong>na</strong> sua propriedade,<br />

então deve possuir o espaço suficiente para a produção e<br />

manutenção das crias.<br />

? Colheita:<br />

Procura ter suficiente número de gente disponível, para a colheita.<br />

Procure encontrar um método que seja mais rentável para a pesca.<br />

Vai necessitar de facilidades de armaze<strong>na</strong>g<strong>em</strong> para a colheita de<br />

peixe.<br />

Mais informações sobre os factores acima citados serão abordadas<br />

com mais detalhes nos capítulos posteriores.<br />

Ao início de estabelecer a <strong>em</strong>presa de piscicultura, às vezes <strong>em</strong> forma<br />

de conselho técnico de extensão de serviços, <strong>em</strong> alguns casos, os futuros<br />

piscicultores pod<strong>em</strong> ter assistência ou mesmo adquirir a ajuda fi<strong>na</strong>nceira.<br />

<strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos 9


3 Planificação de sitio e tipo de<br />

piscicultura<br />

3.1 Escolha de terreno<br />

Uma justa escolha de lugar é provavelmente o factor mais importante<br />

para o sucesso de uma <strong>em</strong>presa de piscicultura. Contudo, o lugar ideal<br />

as vezes não está disponível.<br />

As vezes há conflictos com respeito a terrenos e à utilização da <strong>água</strong><br />

que dev<strong>em</strong> ser resolvidos. De esse modo deve fazer-se certos compromissos.<br />

Antes de tudo deve decidir quais as espécies de peixe que<br />

quer cultivar, de acordo com as disponibilidades de alimentos (produtos<br />

agrícolas) e fertilizantes (compostos ou estrume de animais).<br />

O tipo de piscicultura que planeia seguir vai determi<strong>na</strong>r o tipo de terreno<br />

a escolher. Para construir um tanque, você precisa considerar os<br />

factores seguintes: o tipo de solo, a qualidade e quantidade de <strong>água</strong><br />

disponíveis e a possibilidade que t<strong>em</strong> para dre<strong>na</strong>r o tanque.<br />

Solo<br />

Quando se determi<strong>na</strong> a qualidade do solo toma-se <strong>em</strong> conta estes dois<br />

factores:<br />

A produtividade e a qualidade da <strong>água</strong> de um tanque de piscicultura.<br />

Contudo, o solo deve ser ajustado pela construção de dique. Para determi<strong>na</strong>r<br />

justamente as duas mais importantes propriedades do solo,<br />

exami<strong>na</strong> a textura do solo (a composição de tamanho das partículas) e<br />

a permeabilidade do solo (o poder de o solo reter a <strong>água</strong>).<br />

O solo do fundo de tanque deve ser capaz de reter a <strong>água</strong> (t<strong>em</strong> que ter<br />

pouca porosidade ou infiltração da <strong>água</strong>). O solo pode também contribuir<br />

para a fertilidade da <strong>água</strong> ao fornecer os nutrientes. A textura do<br />

solo é composta por muitas partículas de argila. O melhor solo para a<br />

construção de um tanque t<strong>em</strong> muitas partículas de argila. As três for-<br />

10<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


mas para determi<strong>na</strong>r se o solo é adequado para a construção de um<br />

tanque são:<br />

1 O método de pressão;<br />

2 O teste de <strong>água</strong> do fundo;<br />

3 O teste de permeabilidade da <strong>água</strong>.<br />

1. O método de “squeeze” ou seja pressão (figura 1):<br />

A Molha uma mão cheia de solo com <strong>água</strong>, justamente para formar<br />

uma bola bonita;<br />

B Pressio<strong>na</strong> o solo <strong>na</strong> mão;<br />

C Se o solo formar uma figura ovalada ao abrir a mão, então o solo<br />

será adequado para a construção de tanque.<br />

Figura 1: O método de pressão (Chakroff, 1976).<br />

2 O teste de <strong>água</strong> do fundo de tanque (figura 2):<br />

Este teste deve ser feito durante o período seco para conseguir-se resultados<br />

confiáveis:<br />

A Cava um buraco com uma profundidade de um metro.<br />

B Cubra esse buraco com folhas, por uma noite para evitar a evaporação.<br />

Planificação de sitio e tipo de piscicultura 11


C Se o fundo do buraco estiver com <strong>água</strong> <strong>na</strong> manhã seguinte, você<br />

pode construir um tanque, mas deverá tomar <strong>em</strong> conta que vai<br />

provavelmente necessitar de mais t<strong>em</strong>po para dre<strong>na</strong>r o tanque, devido<br />

a que a <strong>água</strong> pode reencher o tanque com facilidade.<br />

D Se o buraco estiver s<strong>em</strong> <strong>água</strong> <strong>na</strong> manhã seguinte, não haverá probl<strong>em</strong>as<br />

de enchente como resultado de alto nível de <strong>água</strong> de lugar.<br />

O lugar será talvez adequado para a piscicultura.<br />

Figura 2: O teste de <strong>água</strong> do fundo de tanque (Viveen e al., 1985).<br />

Agora deve atestar a permeabilidade de terreno com respeito à <strong>água</strong>.<br />

3 Teste de permeabilidade de solo com relação à <strong>água</strong> (figura 3):<br />

A Encha de <strong>água</strong> até ao topo um buraco.<br />

B Cubra o buraco com folhas.<br />

C No dia seguinte o nível da <strong>água</strong> deverá ter baixado devido a filtração.<br />

As paredes do buraco têm ficado saturadas provavelmente<br />

com a <strong>água</strong> e pod<strong>em</strong> suportar melhor a <strong>água</strong>.<br />

D Reencha de <strong>água</strong> o buraco até ao topo.<br />

E Cubra uma vez mais com as folhas.Verifique o nível da <strong>água</strong> ao<br />

dia seguinte.<br />

F Se o nível da <strong>água</strong> é ainda elevado, significa que o solo é impermeável<br />

suficiente e é adequado para construir um tanque.<br />

12<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


G Se a <strong>água</strong> tiver desaparecido outra vez, o lugar não é adequado<br />

para construir uma pisci<strong>na</strong> para peixes, a menos que você cubra o<br />

fundo com um plástico ou com uma camada pesada de argila.<br />

Figura 3: Test de permeabilidade do solo com relação à <strong>água</strong> (Viveen<br />

e al., 1985).<br />

A elevação de um terreno, especialmente a elevação de uma vertente,<br />

determi<strong>na</strong>m a forma da construção de tanque. A incli<strong>na</strong>ção de terreno<br />

pode ser aproveitada para dre<strong>na</strong>r o tanque durante a colheita de peixe.<br />

Terrenos completamente planos ou coli<strong>na</strong>s ou com incli<strong>na</strong>ções de mais<br />

de 2%-4% são i<strong>na</strong>dequados para construir tanques. Todas as incli<strong>na</strong>ções<br />

entre 2% e 4% pod<strong>em</strong> ser usadas para a construção de tanques.<br />

Um 2% de incli<strong>na</strong>ção de terreno significa que um determi<strong>na</strong>do ponto<br />

vertical de terreno decli<strong>na</strong> 2 cm ao longo de um metro de distância<br />

horizontal. Se o lugar é suficient<strong>em</strong>ente incli<strong>na</strong>do a dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> e a enchente<br />

de <strong>água</strong> ocorrerá com a acção da força de gravidade <strong>na</strong>tural. De<br />

Planificação de sitio e tipo de piscicultura 13


qualquer maneira, você deve tomar certas precauções para evitar a<br />

erosão dos diques do tanque.<br />

Água<br />

É importante para todos os sist<strong>em</strong>as de piscicultura, ter disponível<br />

uma boa qualidade de <strong>água</strong>. Mas é ainda mais importante ter disponível<br />

maiores quantidades de <strong>água</strong> para o sist<strong>em</strong>a de piscicultura. É necessário<br />

um constante abastecimento de <strong>água</strong>, não ape<strong>na</strong>s para encher<br />

o tanque mas também para fazer face às perdas causadas por filtração<br />

e evaporação (figura 4).<br />

Figura 4: Abastecimento e perda de <strong>água</strong> de um tanque de piscicultura.<br />

(Viveen e al., 1985). A: tubo de entrada da <strong>água</strong>; B: tubo<br />

de descarga da <strong>água</strong>; C: evaporação; D: filtração da <strong>água</strong>.<br />

Para investigar os recursos de <strong>água</strong> é muito importante notar:<br />

Que quantidade de <strong>água</strong> é disponível?<br />

Há <strong>água</strong> disponível <strong>em</strong> todas as estações do ano ou as disponibilidades<br />

da <strong>água</strong> são diferentes <strong>na</strong> sequência das estações do ano?<br />

Há probabilidade de ocorrer a poluição no lugar onde estão os recursos<br />

da <strong>água</strong>?<br />

De preferência, a <strong>água</strong> deveria estar disponível durante todo o ano. A<br />

possessão de várias fontes de <strong>água</strong> e suas desvantagens estão alistadas<br />

no quadro 1.<br />

14<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Quadro 1: Recursos de <strong>água</strong> e suas principais desvantagens<br />

Fonte de <strong>água</strong> Principal desvantag<strong>em</strong><br />

Precipitação<br />

‘Sky ponds’ tanque “céu”depende só da<br />

chuva periódica.<br />

Vazão<br />

O tange pode encher-se quando a <strong>água</strong> dos<br />

arredores corre para o tanque.<br />

Águas Naturais<br />

A <strong>água</strong> dos rios, riachos ou lagos pode ser<br />

desviada para o tanque.<br />

Fontes ou Nascentes<br />

A <strong>água</strong> subterrânea que encontrou uma<br />

saída para escapar para a superfície. Esta<br />

<strong>água</strong> é boa para a piscicultura por ser geralm<strong>em</strong>ente<br />

limpa.<br />

Poços<br />

Os poços pod<strong>em</strong> ser construídos onde há<br />

<strong>água</strong> subterrânea e a <strong>água</strong> pode ser elevada<br />

por meio de uma bomba.<br />

Dependência<br />

O abastecimento de <strong>água</strong> depende fort<strong>em</strong>ente<br />

da chuva e das flutuações periódicas<br />

Alta turvação<br />

Turvação é a quantidade de a de lodo <strong>na</strong><br />

<strong>água</strong>. Em caso de vazão a <strong>água</strong> será mais<br />

turva.<br />

Contami<strong>na</strong>ção<br />

Animais, plantas e a defecação de organismos<br />

pod<strong>em</strong> causar doenças. Há o perigo<br />

de pesticidas ou outro contami<strong>na</strong>nte da<br />

<strong>água</strong>.<br />

Baixo nível de oxigénio e t<strong>em</strong>peratura<br />

Baixo nível de oxigénio e t<strong>em</strong>peratura<br />

T<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong><br />

A t<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong> é um factor que você deve tomar <strong>em</strong> conta para<br />

qualquer que seja a espécie de peixe que quiser criar. Uma t<strong>em</strong>peratura<br />

de entre 20 e 30 graus centígrados é geralmente adequada para a<br />

piscicultura.<br />

Salinidade de <strong>água</strong><br />

A variação de salinidade de <strong>água</strong> (quantidades de sais dissolvidos <strong>na</strong><br />

<strong>água</strong>) é também um factor ambiental que deve ser considerado. Algumas<br />

espécies de peixes pod<strong>em</strong> resistir mais à grandes quantidades de<br />

sal <strong>na</strong> <strong>água</strong> que outras: Por ex<strong>em</strong>plo, a tilápia e o peixe gato são espécies<br />

que pod<strong>em</strong> resistir à diferente salinidade, desde <strong>água</strong> <strong>doce</strong> até à<br />

<strong>água</strong> realmente salgada. Enquanto que a carpa só tolera viver <strong>na</strong> <strong>água</strong><br />

<strong>doce</strong>.<br />

Planificação de sitio e tipo de piscicultura 15


Essas foram as qualidades de <strong>água</strong> seleccio<strong>na</strong>das que se julgamos<br />

mais importantes. Há ainda outras características que são facilmente<br />

controláveis, com adequadas medidas de manutenção. Essas medidas<br />

são descritas com maiores detalhes no Capítulo 4.<br />

3.2 Tipo de campos de aquacultura<br />

A piscicultura pode alcançar uma capacidade industrial <strong>em</strong>presarial ou<br />

também pode ser de uma <strong>escala</strong> reduzida composta de simples tanque<br />

de subsistência. Os sist<strong>em</strong>as de piscicultura pod<strong>em</strong> ser distinguidos<br />

<strong>em</strong> termos de níveis de ingressos.<br />

<strong>Piscicultura</strong> Extensiva<br />

Em termos económicos t<strong>em</strong> ingressos geralmente baixos. A produção<br />

de comida <strong>na</strong>tural joga um papel muito importante e a produtividade é<br />

relativamente baixa. Os fertilizantes pod<strong>em</strong> ser <strong>em</strong>pregues para aumentar<br />

a fertilidade e a produção de peixe.<br />

<strong>Piscicultura</strong> S<strong>em</strong>i-Intensiva<br />

T<strong>em</strong> entradas moderadas. A produção de peixe aumenta quando se<br />

<strong>em</strong>pregue os fertilizantes ou ração enriquecida. Isto significa que é<br />

mais custoso e mais trabalhoso mas o rendimento resultante é alto e<br />

compensa o trabalho.<br />

<strong>Piscicultura</strong> Intensiva<br />

T<strong>em</strong> ingressos altos. Os tanques são povoados com mais número de<br />

peixe possível. O peixe recebe a ração enriquecida e a comida <strong>na</strong>tural<br />

joga um papel insignificante. Em este sist<strong>em</strong>a os custos de alimentação<br />

são altos e os riscos aumentam, devido a alta densidade de povoamento<br />

que pode aumentar a possibilidade de doenças e a diminuição<br />

de oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>. O probl<strong>em</strong>a pode tor<strong>na</strong>r-se difícil de<br />

manobrar. Por causa de alto custo de produção, o produtor pode ver-se<br />

obrigado a subir o preço de peixe no mercado para tor<strong>na</strong>r a piscicultura<br />

economicamente eficaz.<br />

16<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Cultivo nos tanques<br />

A maioria de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong> é cultivado nos tanques de piscicultura.<br />

A <strong>água</strong> é geralmente ca<strong>na</strong>lizada directamente desde um lago, baía<br />

ou fonte <strong>na</strong>tural para o tanque. Uma vez que a <strong>água</strong> passou através de<br />

um tanque, essa <strong>água</strong> é dre<strong>na</strong>da ou parcialmente substituída. Isso para<br />

permitir que certa percentag<strong>em</strong> de <strong>água</strong> se mantenha <strong>em</strong> circulação.<br />

Contudo o sist<strong>em</strong>a de alta produção só substitui a <strong>água</strong> evaporada ou<br />

perdida pela filtração e não se faz a descarga de <strong>água</strong>. Em geral a corrente<br />

da <strong>água</strong> reduz a produção de peixe nos sist<strong>em</strong>as de piscicultura<br />

das regiões tropicais.<br />

Os tanques de piscicultura pod<strong>em</strong> ser de tamanhos distintos, desde os<br />

de um tamanho reduzido a poucas cente<strong>na</strong>s de metro quadrado até<br />

aqueles tanques que alcançam vários hectares. Em geral os pequenos<br />

tanques são usados para a criação e produção de peixe pequeno. A<br />

produção nos tanques com mais de 10 hectares é difícil e dificulta a<br />

sua administração. Por isso esses tanques não são muito atractivos<br />

para os piscicultores. Os ex<strong>em</strong>plos de tanques aqui apresentados são<br />

ape<strong>na</strong>s de tipo que o produtor pode tratar de construir, dependendo dos<br />

recursos locais, equipamento e outras condições.<br />

Em geral os tanques estão localizados <strong>em</strong> terrenos ligeiramente incli<strong>na</strong>dos.<br />

Eles são de formato rectangular ou quadrado, com os diques e<br />

as bases das incli<strong>na</strong>ções b<strong>em</strong> termi<strong>na</strong>dos; não dev<strong>em</strong> deixar filtrar a<br />

<strong>água</strong> subterrânea ou <strong>água</strong> dos arredores. É importante que haja <strong>água</strong><br />

suficiente disponível para encher todos os tanques dentro de um período<br />

razoável e manter o mesmo nível da <strong>água</strong> num certo período de<br />

t<strong>em</strong>po. Você deve preferir tanques que facilmente pod<strong>em</strong> dre<strong>na</strong>r completamente<br />

quando chega o momento da colheita. Os lados incli<strong>na</strong>dos<br />

pod<strong>em</strong> ser de 2:1 ou 3:1 (cada meter da altura precisa de 2 ou 3 metros<br />

de distância horizontal) o que vai permitir o acesso fácil da <strong>água</strong> e não<br />

encoraja o crescimento de vegetação e ajuda a combater o probl<strong>em</strong>a<br />

da erosão. Para prevenir o roubo de peixe, deve colocar-se postes de<br />

bambu ou ramas de árvores no tanque que constituirão uma camuflag<strong>em</strong><br />

e tor<strong>na</strong>rão a pesca furtiva impossível. Um outro método para<br />

Planificação de sitio e tipo de piscicultura 17


manter os ladrões longe de tanque é construir o tanque o mais perto<br />

possível de sua casa.<br />

As características mais importantes de tanques são apresentadas no<br />

quadro 2.<br />

Quadro 2: Características de um bom tanque de piscicultura.<br />

Localização Escolha um lugar ligeiramente incli<strong>na</strong>do e construa o tanque tomando<br />

as vantagens de elevação do terreno.<br />

Contrução Os tanques dev<strong>em</strong> sser cavados no solo; eles estarão parcialmente<br />

acima e parcialmente dentro do solo; eles dev<strong>em</strong> ser contruídos ao<br />

nível de elevação origi<strong>na</strong>l do terreno. Os declives ligeiros e as bases<br />

dev<strong>em</strong> ser respeitados durante a construção, porque eles vão prevenir<br />

a erosão e a filtração; O solo deve conter um mínimo de 25% de argila.<br />

Rochas, capim, ramos e outros objectos indesejáveis dev<strong>em</strong> ser elimi<strong>na</strong>dos<br />

dos diques.<br />

Profundidade Nas margens, a profundidade deve ser de 0.5-1.0 metro; O tanque<br />

deve ser ligeiramente mais incli<strong>na</strong>do nos lados onde estão situados os<br />

tubos de dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> e a profundidade da parte mais funda deve alcançar<br />

1.5-2.0 m; Nas regiões nortenhas do globo se exige que os tanques<br />

sejam mais profundos, por causa da ameaça de gelo no inverno que<br />

pode matar o peixo.<br />

Configuração O melhor formato de tanques é rectangular ou quadrado.<br />

Lado incli<strong>na</strong>do Construa o tanque com 2:1 ou 3:1 de incli<strong>na</strong>ção <strong>em</strong> todos os lados.<br />

Dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> As válvulas de entradas e tábuas de impedimentos dev<strong>em</strong> ser disponíveis.<br />

A dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> não deve durar mais de 3 dias.<br />

Fontes de afluência<br />

Volume total de<br />

<strong>água</strong><br />

18<br />

As <strong>água</strong>s das fontes dev<strong>em</strong> ser disponíveis e ter suficiente capacidade<br />

para encher os tanques dentro de três dias. Se é utilizada a <strong>água</strong> de<br />

superfície, esta deve ser filtrada para tirar os indesejáveis animais ou<br />

plantas ao entrar no tanque.<br />

A <strong>água</strong> deve ser suficiente e estar disponíveis para encher todos os<br />

tanques dentro de poucas s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s e manter os tanques completamente<br />

cheios no período de crescimento de peixe.<br />

Diques Os diques dev<strong>em</strong> ser suficient<strong>em</strong>ente amplos para permitir cortar a<br />

relva; deve fazer-se ruas de dique ou de cascalho. Sobre os diques<br />

deve-se plantar relva.<br />

Orientação Situe os tanques <strong>em</strong> lugares onde há vantag<strong>em</strong> de misturar a <strong>água</strong><br />

através de vento. Evite áreas onde há intenso vento porque esse pode<br />

causar erosão de diques; Construa tanques com ângulos rectos para<br />

dessa forma prevenir o vento. Utilize sebes ou árvores se for necessário<br />

para quebrar o vento.<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Figura 5: Diferentes tipos de tanques. (Bard e al., 1976 A: tanque<br />

desvio; B: tanque barrag<strong>em</strong>.<br />

Dependendo do sítio, pod<strong>em</strong> ser construídos diferente tipo de tanques:<br />

Tanque desviado ou tanque barrag<strong>em</strong> (figura 5).<br />

1. Tanques desviados (fig. 5A) : São feitos utilizando-se a <strong>água</strong> proveniente<br />

de outros tanques.<br />

Exist<strong>em</strong> diversos tipos de tanques desviados (figura 6):<br />

A Tanque - represa:<br />

Os diques de um tanque - represa são construídos acima de nível<br />

do solo. Uma desvantag<strong>em</strong> desse tipo de tanques é que você<br />

precisa de uma bomba para encher o tanque. (figura 6A).<br />

B Tanque escavado:<br />

O tanque é escavado profundamente no solo. A sua desvantag<strong>em</strong>:<br />

você necessita uma bomba para dre<strong>na</strong>r o tanque (figura<br />

6B).<br />

Planificação de sitio e tipo de piscicultura 19


20<br />

C Tanques escavados parcialmente com diques baixos:<br />

O solo escavado é utilizado para construir os diques baixos do<br />

tanque.<br />

O lugar ideal para construir um tanque t<strong>em</strong> uma ligeira incli<strong>na</strong>ção<br />

de (1-2%). O ca<strong>na</strong>l de entrada de <strong>água</strong> pode ser construído<br />

ligeiramente acima e o ca<strong>na</strong>l de descarga pode ser construído ligeiramente<br />

debaixo do nível da <strong>água</strong> do tanque. Você pode utilizar<br />

a gravidade <strong>na</strong>tural para encher e dre<strong>na</strong>r o tanque e não necessitará<br />

qualquer bomba (figura 6C).<br />

Figura 6: Diferentes tipos de tanques escavados (Viveen e al.,<br />

1985) A: tanques represas; B: tanques escavados; C: tanques<br />

parcialmente escavados. Veja o ex<strong>em</strong>plo de apêndice 1 para<br />

construir um tanque escavado.<br />

2. Tanques barrag<strong>em</strong> (figura 5B): são construídos com um dique a<br />

atravessar uma fonte <strong>na</strong>tural de <strong>água</strong>. Os tanques são porém como<br />

uma <strong>peque<strong>na</strong></strong> barrag<strong>em</strong> de conservação. A vantag<strong>em</strong> de um tanque<br />

barrag<strong>em</strong>: é fácil a sua construção. Contudo é muito difícil controlar<br />

o sist<strong>em</strong>a, porque manter fora os peixes <strong>na</strong>turais é difícil e perde-se<br />

a ração que é levada pela corrente.<br />

Uma adequada construção de tanque barrag<strong>em</strong> deve incluir os tubos<br />

de descarga e esses serão utilizados só <strong>em</strong> circunstâncias especiais.<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


3.3 Outros métodos de piscicultura<br />

Embora a cultura de peixe nos tanques seja a forma mais comum de<br />

piscicultura, exist<strong>em</strong> outros métodos usados, onde não é possível<br />

construir tanques, <strong>na</strong>s zo<strong>na</strong>s tropicais.<br />

Barragens e reservatórios<br />

A <strong>água</strong> guardada <strong>na</strong>s barragens e reservatórios é muitas vezes utilizada<br />

para aquacultura. Essa <strong>água</strong> pode ser povoada de pequenos peixes que<br />

depois são recolhidos com uma rede. O método de cultivar o peixe<br />

nesses lugares é muito mais difícil, porque a <strong>água</strong> pode não ser controlada.<br />

A dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> é impossível e r<strong>em</strong>over os prediadores é difícil. É<br />

quase impossível alimentar o peixe ou fertilizar a <strong>água</strong> completamente.<br />

E então a produção <strong>na</strong>tural de peixe deve ser suficiente para permitir<br />

a sobrevivência e o crescimento de pequenos peixes.<br />

Cultivar o peixe <strong>em</strong> reservatórios pode tor<strong>na</strong>r-se mais fácil se o peixe<br />

é colocado <strong>em</strong> redil e jaulas. Exist<strong>em</strong> clausuras que pod<strong>em</strong> confi<strong>na</strong>r o<br />

peixe num mesmo lugar e dessa forma é possível ter mais controle<br />

sobre ele.<br />

Peixe <strong>em</strong> jaulas<br />

Em muitas partes de mundo a única <strong>água</strong> disponível é a <strong>água</strong> corrente<br />

ou espalhada onde é difícil de desviá-la para um tanque. Nessas <strong>água</strong>s<br />

é possível cultivar o peixe <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong>s gaiolas. A cultura de peixe <strong>em</strong><br />

gaiolas pode ser praticada também <strong>na</strong>s zo<strong>na</strong>s pantanosas. As gaiolas<br />

dev<strong>em</strong> ser caixas rectangulares ou cilíndricas de bambu ou outro material<br />

que pode deslocar-se <strong>na</strong> corrente de <strong>água</strong>. Essas caixas dev<strong>em</strong><br />

permitir que a <strong>água</strong> circule livr<strong>em</strong>ente (figura 7). Para além de bambu,<br />

as caixas pod<strong>em</strong> ser <strong>feita</strong>s de materiais tais como os tecidos de arame,<br />

mecha de nylon e madeira.<br />

Todas as jaulas dev<strong>em</strong> ser ancoradas para não ir<strong>em</strong> à deriva. A gaiola<br />

deve ser colocada melhor num lugar onde penetram os raios solares,<br />

<strong>na</strong> parte mais profunda da <strong>água</strong> e perto de sua casa. Esse lugar deve ter<br />

uma corrente ligeira para o vento trazer <strong>água</strong> limpa <strong>na</strong> gaiola. As jaulas<br />

ou gaiolas são também utilizadas para guardar o peixe entre o perí-<br />

Planificação de sitio e tipo de piscicultura 21


odo de colheita e o período de venda. As vezes as gaiolas são usadas<br />

como tanques criadores.<br />

As vantagens de criar o peixe <strong>na</strong>s gaiolas são:<br />

? as gaiolas são fáceis e baratas para construir<br />

? as gaiolas pod<strong>em</strong> estar isoladas ou agrupadas<br />

? é fácil alimentar um povoado de peixe <strong>na</strong> gaiola<br />

? o peixe cresce rápido <strong>na</strong>s gaiolas<br />

? a colheita tor<strong>na</strong>-se fácil <strong>na</strong> gaiola<br />

Figura 7: Jaula flutuante (FAO, 1995).<br />

Redil<br />

O peixe pode ser criado também <strong>em</strong> gaiolas ou redis nos lagos ou suas<br />

áreas costeiras (figura 8). As gaiolas são construídas de bambu ou de<br />

barras de madeira que são depois atiradas para o fundo do lago ou <strong>na</strong>s<br />

<strong>água</strong>s das margens. As redes são atadas de madeira a madeira para<br />

formar um cerco. As redes são ancoradas no fundo do lago com um<br />

pesos para afundar a rede e o peixe é guardado dentro da jaula.<br />

22<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Por tomar medida, como a colocação de redis <strong>em</strong> lugar fértil do lago,<br />

pode melhorar e aumentar a produção de peixe. Os peixes não necessitam<br />

uma extra ração ou fertilizantes e exig<strong>em</strong> poucos cuidados. Esse<br />

peixe vai ser povoado e pescado ao fim de fase de crescimento.<br />

Se a <strong>água</strong> é menos fértil será necessário dar um alimento supl<strong>em</strong>ento<br />

ao peixe de gaiola. Pode alimentar o peixe ao mergulhar uma espécie<br />

de anel flutuante que primeiro é abastecido de uma ração. Desse jeito<br />

a comida chega dentro da gaiola<br />

Figura 8: Redil de peixe (Costa-Pierce, 1989).<br />

Algumas desvantagens de gaiolas são:<br />

? A construção de gaiolas é muito custosa. A rede deve ser de nylon<br />

ou de plástico. As barras de madeira dev<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong> cuidadas para<br />

que não apodreçam.<br />

? Uma gaiola de peixe só dura entre três e cinco anos <strong>na</strong> <strong>água</strong>.<br />

Planificação de sitio e tipo de piscicultura 23


? As gaiolas são construídas geralmente para ser<strong>em</strong> utilizadas <strong>na</strong>s<br />

<strong>água</strong>s não profundas do lago. A gaiola é colocada no mesmo espaço<br />

ambiental, onde os peixes <strong>na</strong>turais também utilizam para comer e<br />

reproduzir-se. Por isso a colocação de gaiolas pode reduzir a produção<br />

<strong>na</strong>tural, <strong>em</strong> certos lagos.<br />

? Quando as gaiolas estão colocadas <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s menos profundas, o<br />

pescador local é obrigado a sair para ir pescar longe dessas <strong>água</strong>s.<br />

? Excr<strong>em</strong>ento do peixe e o resto de comida que o peixe de gaiolas<br />

deixa de comer pod<strong>em</strong> provocar a poluição.<br />

? O peixe de gaiolas pode ser facilmente roubado.<br />

24<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


4 Practica de piscicultura<br />

4.1 Selecção de espécies de peixe<br />

Quando escolher o peixe adequado para cultivar, deverá tomar <strong>em</strong><br />

conta vários aspectos biológicos e económicos:<br />

? A oferta e a d<strong>em</strong>anda de mercado (não quando é para o consumo<br />

próprio).<br />

? O crescimento de preço.<br />

? A capacidade para reprodução e a capacidade para colheita.<br />

? Simples cultura de peixe jov<strong>em</strong> (larvas e alvinos).<br />

? A contradição entre as necessidades alimentares de peixe e a ração<br />

preferencial de peixe seleccio<strong>na</strong>do.<br />

As vezes será possível escolher o peixe que cresce <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s regio<strong>na</strong>is<br />

para evitar a introdução de peixes exóticos para o cultivo. As características<br />

biológicas mais importantes são: taxa de crescimento, reprodução,<br />

tamanho, idade, primeira maturidade, hábitos de alimentação,<br />

resistência ou susceptibilidade de apanhar doenças. Essas características<br />

vão determi<strong>na</strong>r apropriadamente as espécies que você pode cultivar,<br />

baixo as condições climáticas de lugar.<br />

Embora algumas espécies, que eventualmente poderiam ser escolhidas,<br />

cresçam lentamente, estas poderiam ser melhores candidatos para<br />

o cultivo, por possuír<strong>em</strong> um mercado válido. As vezes é difícil tor<strong>na</strong>r<br />

a piscicultura um negócio lucrativo. É melhor que o peixes tenha um<br />

tamanho que o mercado exige, antes de atingir a maturidade, para assegurar-se<br />

de que a alimentação foi utilizada para o desenvolvimento<br />

de músculos e não para a reprodução. Por outro lado, a maturidade<br />

pr<strong>em</strong>atura assegura o abastecimento de crias.<br />

Se você próprio não pretender criar peixe vai ter que depender de peixinhos<br />

fornecidos pelas <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais selvagens. Em geral esta é uma<br />

fonte insegura, b<strong>em</strong> como os peixinhos pescados <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais<br />

pod<strong>em</strong> variar <strong>em</strong> número de um momento para outro, porque a reprodução<br />

de peixe de <strong>água</strong> <strong>na</strong>tural depende de factores biológicos não<br />

Practica de piscicultura 25


controlados: (t<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong>, comida disponível), etc. Para além<br />

disso, a pesca de pequenos peixes <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais pode desencadear<br />

ou aumentar o conflito entre os pescadores e comerciantes. É melhor<br />

escolher espécies de peixe fácil de reproduzir-se ou comprar peixe que<br />

v<strong>em</strong> de fornecedores confiáveis de estações de piscicultura ou de serviços<br />

extensivos de piscicultura.<br />

A alimentação, é o factor de produção mais importante e o factor mais<br />

custoso sobre todo o total de produção <strong>na</strong> aquacultura. Os peixes herbívoros<br />

(os que com<strong>em</strong> plantas) e os omnívoros (os que com<strong>em</strong> plantas<br />

e animais) são preferíveis porque eles se alimentam dos recursos<br />

ocasio<strong>na</strong>is no tanque, e isso vai reduzir o custo dessas espécies e reduzir<br />

relativamente o custo da produção. Os peixes carnívoros, (predadores<br />

de peixes) precisam de uma alta dieta <strong>em</strong> proteí<strong>na</strong>s e é muito cara<br />

a sua produção. Para compensar o alto de custos de produção das espécies<br />

carnívoras se procurará aumentar o preço do peixe ao mercado.<br />

As espécies que pod<strong>em</strong> tolerar fort<strong>em</strong>ente as condições desfavoráveis<br />

conseguirão sobreviver melhor relativamente às condições pobres ambientais,<br />

como é o ex<strong>em</strong>plo de tilápia. Paralelamente a efeitos de condições<br />

climáticas sobre a espécie de peixe, também deve ser considerada<br />

a influência das novas espécies sobre o meio ambiente.<br />

Para a introduzir as novas espécies de peixe considere o seguinte:<br />

? Preencher aquela necessidade que o peixe local não satisfaz.<br />

? A nova espécie não deve competir <strong>em</strong> alimentação com a espécie<br />

local.<br />

? Evitar espécie que ao cruzar-se com a espécie de peixe local poderia<br />

resultar <strong>em</strong> indesejáveis híbridos.<br />

? A nova espécie não deve introduzir doenças e parasitas no meio<br />

ambiente.<br />

? A nova espécie deve viver e reproduz-se <strong>em</strong> balanço com o ambiente.<br />

Ao introduzir os peixes exóticos deve estar ciente de que suas actividades<br />

serão sujeitos ao controlo restrito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

26<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Comparação: a criação de diferentes espécie de peixe num mesmo<br />

tanque (policultura) aumenta a produção de peixe do que quando cria<br />

uma só espécie de peixe separadamente (monocultura).<br />

Monocultura<br />

Em monocultura se desenvolve uma só espécie de peixe num tanque.<br />

Vantag<strong>em</strong>: é fácil de dar determi<strong>na</strong>dos supl<strong>em</strong>entos de ração para o<br />

peixe da mesma espécie, com respeito às preferências. Desvantag<strong>em</strong>:<br />

uma única doença pode matar todos os peixes de um tanque, enquanto<br />

que se há diferentes espécies num mesmo tanque, os diferentes peixes<br />

são susceptíveis a diferentes doenças.<br />

Policultura<br />

Sist<strong>em</strong>a de policultura: é onde se introduz<strong>em</strong> e se criam diferentes espécie<br />

de peixes no mesmo tanque. Desta maneira os vários recursos de<br />

um tanque são melhor utilizados. Cada espécie de peixe t<strong>em</strong> um determi<strong>na</strong>do<br />

alimento preferencial, cujo é proporcio<strong>na</strong>l à necessidade de<br />

peixe no tanque.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, a carpa do lodo vive <strong>em</strong> geral pegado ao fundo do tanque<br />

e alimenta-se de lodo e de materiais orgânicas mortas que ele encontra<br />

no fundo do tanque.<br />

A tilápia, por sua vez vive <strong>na</strong> colu<strong>na</strong> da <strong>água</strong> do tanque; algumas espécies<br />

alimentam-se de plantas e outras de zooplâncton (pequenos<br />

animais aquáticos). Ao combi<strong>na</strong>r as espécies no mesmo tanque o resultado<br />

de produção pode aumentar para alto nível do que seria possível<br />

com a criação de uma só espécie ou mesmo com diferentes espécies<br />

separados. Ex<strong>em</strong>plo, quando os chineses praticam a piscicultura <strong>em</strong><br />

sist<strong>em</strong>a de policultura, eles combi<strong>na</strong>m a carpa prateada com a carpa<br />

cabeçuda e com a carpa herbívora no mesmo tanque (figura 9). A carpa<br />

prateada alimenta-se principalmente de algas; a carpa cabeçuda<br />

come principalmente os pequenos animais aquáticos (zooplâncton); a<br />

carpa herbívora come plantas de <strong>água</strong>. Por isso não há competência de<br />

comida. A mais conhecida policultura <strong>na</strong> piscicultura é a que combi<strong>na</strong><br />

a tilápia e a carpa comum: a tilápia consume principalmente algas e a<br />

Practica de piscicultura 27


carpa comum come plâncton, ou seja os restos de materiais orgânicos<br />

do lodo. Uma especial forma de concorrência é a cultura de tilápia e<br />

de peixe gato (predador de peixe para controlar a excessiva reprodução<br />

de tilápias, Capítulo 6). Mas para adquirir uma produção de peixe<br />

com alta qualidade possível, é melhor criar o menos possível os peixes<br />

predadores. O importante seria que cada espécie vivesse de uma certa<br />

comida típica, para só competir com os peixes de sua espécie.<br />

Figura 9: Policultura de carpa. A: carpa prateada; B: algas; C: carpa<br />

cabeçada; D: ‘zooplankton’; E: carpa herbívora; F: plantas de<br />

<strong>água</strong>.<br />

4.2 Nutrição de peixe<br />

Há dois tipos de comida para o peixe comer e crescer adequadamente<br />

nos tanque: a comida <strong>na</strong>turalmente produzida no tanque e a comida<br />

fornecida <strong>em</strong> forma de supl<strong>em</strong>ento alimentar.<br />

28<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Comida <strong>na</strong>tural para peixe<br />

A comida <strong>na</strong>turalmente produzida no tanque é constituída de algas<br />

(fitoplâncton) e de pequenitos animais aquáticos (zooplancton) que se<br />

produz<strong>em</strong> por si só no tanque. Ambos tipos de comida, são partículas<br />

muito <strong>peque<strong>na</strong></strong>s para observar-se a olho nu. As algas constitu<strong>em</strong> o recurso<br />

<strong>na</strong>tural mais importante. Se há uma quantidade enorme de algas,<br />

a <strong>água</strong> tor<strong>na</strong>-se de cor esverdeada. Fertilizar a <strong>água</strong> com os fertilizantes,<br />

como os excr<strong>em</strong>entos de animais ou compostos de plantas pode<br />

estimular o crescimento de comida <strong>na</strong>tural. Veja mais informação<br />

abaixo. As algas (plantas) produz<strong>em</strong> oxigénio com auxílio de luz solar.<br />

Quanto mais penetra a luz solar no tanque mais alta será a produção<br />

do oxigénio. A t<strong>em</strong>peratura influencia também a produção do oxigénio.<br />

O peixe e todos os outros organismos que habitam o tanque usam<br />

o oxigénio para viver. Durante a noite, as algas <strong>em</strong> lugar de produzir o<br />

oxigénio elas consom<strong>em</strong> o oxigénio. Um bom hábito de fertilizar é<br />

importante para manter suficiente quantidades de ocorrência da produção<br />

<strong>na</strong>tural de comida <strong>na</strong> <strong>água</strong>. A fertilização de tanque influencia<br />

no crescimento das algas e de zooplancton, ou seja pequenos animais<br />

de <strong>água</strong>. Um alto nível de concentração desses organismos,significa<br />

maior uso de oxigénio de noite. Se os fertilizantes que foram postos<br />

no tanque são muito reduzidos, então vai ocorrer menos a produção de<br />

comida <strong>na</strong>tural e menos peixe será produzido. Deitar d<strong>em</strong>asiados fertilizantes<br />

ou fertilizar irregularmente o tanque pode provocar a redução<br />

do oxigénio e o peixe pode morrer.<br />

Quando escurece não se produz oxigénio por meio de algas (plantas),<br />

porque não existe a luz do sol. Como o oxigénio é continuamente utilizado<br />

por todos os organismos habitantes <strong>na</strong> <strong>água</strong> do tanque, a quantidade<br />

do oxigénio <strong>na</strong> <strong>água</strong> decresce durante a noite. De manhã cedo a<br />

quantidade do oxigénio no tanque t<strong>em</strong> o nível mais baixo, porque foi<br />

usado ao longo de toda a noite, enquanto não ocorrera a sua produção.<br />

Você pode observar nesse momento que o peixe procura o oxigénio <strong>na</strong><br />

superfície da <strong>água</strong>. Isso significa que o tanque recebe poucos fertilizantes.<br />

O nível do oxigénio contido <strong>na</strong> <strong>água</strong> é geralmente alto ao fim<br />

de tarde, como resultado de produção do mesmo <strong>na</strong>s últimas horas de<br />

Practica de piscicultura 29


dia solar (figura 10). Você pode encontrar também mais informação no<br />

Agrodok no. 21: “Na fazenda de piscicultura”.<br />

Figura 10: O nível de oxigénio durante o dia.<br />

Supl<strong>em</strong>ento de alimento para peixe<br />

A maioria de supl<strong>em</strong>ento que se fornece ao peixe é imediatamente<br />

consumido pelo peixe. Mas aquele supl<strong>em</strong>ento que resta actua como<br />

um fertilizante adicio<strong>na</strong>l do tanque. Mesmo quando os tanques receb<strong>em</strong><br />

altas quantidades de supl<strong>em</strong>ento alimentar, a comida <strong>na</strong>tural joga<br />

um papel ainda importante no crescimento de peixe.<br />

Em geral os desperdícios de produtos locais pod<strong>em</strong> ser utilizados<br />

como comida supl<strong>em</strong>entar para o peixe. O tipo de ração que se utiliza,<br />

depende das disponibilidades locais, de custos e de espécie de peixe<br />

por cultivar. Ex<strong>em</strong>plo de tipo de supl<strong>em</strong>ento alimentar são: o farelo de<br />

arroz, pão quebrado, migalhas de pão e cereais, os desperdícios de<br />

cereais, farinha de milho, erva Guiné erva de Napier, frutas e vegetais,<br />

os desperdícios de amendoim, de soja ou de cevada.<br />

30<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Fi<strong>na</strong>lmente algumas linhas de orientação para alimentação de peixe:<br />

? Alimenta o peixe <strong>em</strong> uma determi<strong>na</strong>da hora e no mesmo lugar de<br />

tanque; O peixe vai habituar-se a hora e vai chegar nesse lugar onde<br />

será fácil você observar o peixe se come e cresce adequadamente. A<br />

alimentação pode ocorrer no fim da manhã ou nos princípios da tarde,<br />

quando o nível do oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong> é alto e assim o<br />

peixe t<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po, antes do pôr do sol, de recuperar-se do esforço<br />

feito durante a actividade alimentar.<br />

? Não sobre - alimentar o peixe, por estar a observar o seu comportamento<br />

enquanto ele come, porque ele despende mais sua energia <strong>em</strong><br />

oxigénio <strong>na</strong> actividade alimentar.<br />

? Pára de alimentar o peixe, para dar-lhe a chance de fazer uma digestão<br />

completa, pelo menos um dia, seja antes da reprodução, da colheita<br />

ou de sua transportação. Em geral os peixes mais jovens pod<strong>em</strong><br />

abster-se de alimentação durante 24 horas; As crias pod<strong>em</strong> abster-se<br />

de alimentação 48 horas e os peixes adultos pod<strong>em</strong> abster-se<br />

por 72 horas. A tensão proveniente de qualquer actividade como a<br />

reprodução, a pesca ou a transportação faz o peixe purgar e o excr<strong>em</strong>ento<br />

tor<strong>na</strong> a <strong>água</strong> turva.<br />

As características especiais de alimentação para o peixe como carpa,<br />

tilápia ou peixe gato são discutidas nos Capítulos 5, 6 e 7; as características<br />

para outras espécies de peixe são resumidas no Apêndice 2.<br />

4.3 A transparência da <strong>água</strong> como indicador de<br />

fertilidade<br />

A transparência de <strong>água</strong> de tanques varia de nula claridade até <strong>água</strong>s<br />

muito claras. A classificação quase zero é para os casos de <strong>água</strong> muito<br />

turva. A turvação é a quantidade de coisas suspendidas <strong>na</strong> <strong>água</strong> (algas,<br />

partículas de terra), etc. As flores de algas geralmente mudam a cor de<br />

<strong>água</strong> para o verde. Quando se mede a transparência de cor esverdeada<br />

do tanque se obtém a ideia de abundância de algas presentes no tanque,<br />

portanto a sua fertilidade.<br />

Practica de piscicultura 31


A transparência pode ser medida também usando um Secchi disco.<br />

Um Secchi disco é totalmente branco ou negro branco disco metálico<br />

que mede 25-30 cm de diâmetro. Este disco pode ser feito facilmente à<br />

mão (figura 11).<br />

O disco é atado a uma corda que está marcada <strong>em</strong> cada 5 cm <strong>em</strong> 5 cm<br />

de seu cumprimento.<br />

Para medir a transparência<br />

da <strong>água</strong>, baixa e faz<br />

desaparecer completamente<br />

o disco até à parte<br />

mais profunda da <strong>água</strong>.<br />

Mede essa profundidade<br />

usando um marcador <strong>na</strong><br />

corda, ao qual o disco<br />

está atado. O quadro 3<br />

mostra as actividades a<br />

32<br />

Figura 11: O disco Secch (Viveen e al.,<br />

1985).<br />

ser levadas a cabo para diferentes transparências da <strong>água</strong>.<br />

Povoamento de tanque<br />

Quando a transparência da <strong>água</strong> está entre 15 e 25 cm, os pequenos<br />

peixes (os alvinos) pod<strong>em</strong> ser mantidos <strong>na</strong> <strong>água</strong>. Ao proceder à transportação<br />

de peixe, deve fazer-se com muito cuidado, como indica a<br />

figura 12.<br />

Embora a t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>, donde os alvinos provêm, seja igual à<br />

t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>, aonde os peixinhos são depositados, eles ainda<br />

pod<strong>em</strong> ficar chocados.<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Quadro 3: Acções a ser<strong>em</strong> <strong>em</strong>preendidas para diferentes tipos de<br />

transparência da <strong>água</strong>.<br />

Transparência da <strong>água</strong> Acção<br />

1 - 15 cm Bastantes algas no tanque.<br />

15 – 25 cm Risco de faltar oxigénio para o peixe de madrugada. Pára<br />

de alimentar e de fertilizar. Observa o comportamento de<br />

peixe. Se ele aparece para apanhar o ar à superfície da<br />

<strong>água</strong>, deve fazer correr a <strong>água</strong> ou trocar de <strong>água</strong>.<br />

Há abundância de algas.<br />

25 – 30 cm Óptima abundância de algas pra a produção de peixe.<br />

Continue a alimentar e a fertilizar ao mesmo ritmo.<br />

> 50 cm Muito baixa densidade de algas algas. Estimula o florrescimento<br />

de algas por adicio<strong>na</strong>r mais comida e fertilizantes<br />

até a transparência ser de 25 a 30 cm.<br />

Figura 12: Repovoando um tanque de peixe (FAO, 1985).<br />

4.4 Saúde e doenças<br />

O peixe é vulnerável a apanhar doenças quando as condições ambientais<br />

são pobres (qualidade da <strong>água</strong> e comida disponíveis). Uma vez<br />

que uma doença começa num tanque pode ser difícil a sua erradicação.<br />

Isso é motivado pelo facto de que é difícil separar um peixe infectado<br />

de outros, para dar-lhe o tratamento separadamente. A <strong>água</strong> é um<br />

perfeito agente de contami<strong>na</strong>ção de doenças. O peixe pode sofrer de<br />

muitas e variadas infecções: Um peixe doente não cresce e o piscicul-<br />

Practica de piscicultura 33


tor despende dinheiro para fazer crescer os peixes. Quando o peixe<br />

cresce significa que haverá uma boa colheita. Se o peixe é afectado<br />

pela doença num período próximo ao da sua colheita, a perda é ainda<br />

severa. Os custos de tratamento pod<strong>em</strong> ser elevados e as vezes esse<br />

tratamento pode tor<strong>na</strong>r-se perigoso não só para os humanos mas também<br />

para outros animais e plantas da zo<strong>na</strong>, porque quando o tanque<br />

for dre<strong>na</strong>do, com o t<strong>em</strong>po a <strong>água</strong> correrá levando os desperdícios de<br />

tratamento para o meio ambiente.<br />

É melhor prevenir as doenças, porque a prevenção é mais barata do<br />

que o tratamento de doenças: se evitam as perdas, o pobre crescimento<br />

e a morte de peixe.<br />

Prevenção de doenças de peixe<br />

Uma boa nutrição e uma boa qualidade de <strong>água</strong> com bastante oxigénio<br />

são os factores mais importantes para a boa saúde de peixe. Muitas das<br />

patologias de peixe são normalmente presentes <strong>na</strong> <strong>água</strong> esperando atacar<br />

quando as condições ambientais tor<strong>na</strong>m-se menos adequadas, ou<br />

seja, quando o peixe fica <strong>em</strong> tensão e sua resistência às doenças é menor.<br />

Exist<strong>em</strong> algumas regras básicas que dev<strong>em</strong> ser observadas para evitar<br />

a explosão de doenças:<br />

? Prevenção<br />

? Controlar a doença quando ela ocorre<br />

Os tanques dev<strong>em</strong> ter uma provisão de <strong>água</strong> separada; Não é recomendável<br />

reservar a <strong>água</strong> que sai de um tanque, porque desde esta<br />

<strong>água</strong> pode haver doenças e o nível de oxigénio dissolvido talvez é baixo.<br />

É porém sensato não desenhar tanques <strong>em</strong> séries.<br />

O peixe não deve ficar com a tensão: só movimenta o peixe se quiser<br />

levá-lo ao mercado. Toma a precaução ao tocar o peixe ou toca o peixe<br />

o menos possível. Excessiva tensão pode causar a morte de peixe. Os<br />

danos <strong>na</strong> sua pele, esfregão ou caída de escamas e r<strong>em</strong>oção de líquidos<br />

protectores expõ<strong>em</strong> facilmente o peixe à doenças. Assim o peixe deve<br />

34<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


ser mantido <strong>em</strong> boas condições e viver <strong>na</strong> <strong>água</strong> com alto nível de oxigénio,<br />

com um correcto pH- balanço e pouco amoníaco.<br />

Outro maior cuidado que deve observar quando misturar peixe de diferentes<br />

tanques ou quando vai introduzir novos peixes <strong>na</strong> propriedade:<br />

O novo peixe <strong>na</strong> propriedade pode ser guardado num tanque separado,<br />

até certificar-se de que ele não é portador de doenças. Só depois<br />

disso ele pode ser misturado com outro peixe <strong>em</strong> stock.<br />

Qualquer mudança de comportamento que você observar pode ser um<br />

si<strong>na</strong>l de doença. Ao observar o peixe a procura o ar <strong>na</strong> superfícies ou<br />

ver esfregões de escama <strong>na</strong> pele de peixe ou quando o peixe bater a<br />

sua cabeça contra as paredes do tanque, ou observar - lhe o furor, você<br />

está presenciando si<strong>na</strong>is de doença de peixe. Quando você observar<br />

que o peixe deixou de comer de repente, é porque alguma coisa errada<br />

se passa. Observe o peixe muitas vezes, especialmente se está muito<br />

quente porque o oxigénio dissolve-se menos <strong>na</strong> <strong>água</strong> nessa condição<br />

climática.<br />

Não fique desencorajado se encontrar um peixe morto no tanque. Isso<br />

também acontece <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza. Porém tome o cuidado quando muitos<br />

peixes aparec<strong>em</strong> mortos. Se um número grande de peixe morre, tenta<br />

descobrir a causa de morte.<br />

Doença de peixe<br />

As doenças de peixe pod<strong>em</strong> ser classificadas <strong>em</strong> infecção e probl<strong>em</strong>as<br />

de nutrição.<br />

As infecções são introduzidas de tanque a tanque por meio de novos<br />

peixes, por meio de piscicultor ou por meio de aparelhos que o piscicultor<br />

utiliza. As doenças de nutrição são causadas por dieta de alimentação<br />

pobre. Exist<strong>em</strong> também doenças causadas pela poluição ou<br />

pela má qualidade da <strong>água</strong>. Essas doenças evident<strong>em</strong>ente pod<strong>em</strong> causar<br />

a morte de peixe.<br />

Practica de piscicultura 35


O piscicultor deve focalizar sua atenção <strong>na</strong> prevenção de doenças,<br />

porque o tratamento de doenças é muitas vezes difícil, custoso e consome<br />

muito t<strong>em</strong>po.<br />

4.5 Reprodução<br />

A escolha de peixes por espécie para o cultivo depende grand<strong>em</strong>ente,<br />

entre outros factores, de utilizar o peixinho que você criou no tanque<br />

ou utilizar os alvinos que você obteve desde fornecedores comerciais<br />

ou utilizar o peixe pescado <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s livres <strong>na</strong>turais.<br />

Mesmo quando começar por <strong>em</strong>pregar o peixe apanhado <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza,<br />

é importante encontrar uma forma controlável de reprodução <strong>na</strong> piscicultura.<br />

Uma reprodução controlada oferece uma provisão de ovos e<br />

peixes pequenos, <strong>em</strong> razoável número para o produtor evitar os probl<strong>em</strong>as<br />

de esperar s<strong>em</strong>pre e de novo os peixes recolhidos da <strong>na</strong>tureza.<br />

A reprodução controlada vai oferecer-lhe as s<strong>em</strong>entes que necessita<br />

usar no momento certo e não durante os poucos meses <strong>em</strong> que ocorre<br />

a procriação de peixes <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza.<br />

O ciclo reprodutório de quase todos os peixes é regulado pelo meio<br />

ambiente, (dia, ou seja a época própria de reprodução, a t<strong>em</strong>peratura<br />

da <strong>água</strong>, o nível da <strong>água</strong>), etc. Tais condições facilitam a libertação<br />

hormo<strong>na</strong>l através de cérebro de peixe, que actua sobre os órgãos reprodutores<br />

de fêmeas e de machos. Esses órgãos por seu turno produz<strong>em</strong><br />

esperma no caso de machos e ovos no caso de fêmeas.<br />

Se você conhecer as funções do ciclo reprodutivo pode utilizar seus<br />

conhecimentos para provir a apropriada estimulação ambiental de peixe,<br />

ex<strong>em</strong>plo, uma boa condição do nível de <strong>água</strong> que permitirá a reprodução<br />

de peixe.<br />

A maioria de reprodução ocorre <strong>em</strong> determi<strong>na</strong>dos períodos. A época<br />

reprodutória de peixe aparece a coincidir com as condições de meio<br />

ambiente mais apropriadas para a sobrevivência de crias. O momento,<br />

36<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


a t<strong>em</strong>peratura, as chuvas, são factores importantes envolvidos <strong>na</strong> regulação<br />

do ciclo reprodutório.<br />

Os capítulos sobre a carpa, tilápia e peixe gato vão dar mais informação<br />

específica sobre a reprodução destas espécies de peixe.<br />

4.6 Colheita de peixe<br />

Como <strong>em</strong> outros tipos de cultivo, a fase fi<strong>na</strong>l <strong>na</strong> piscicultura é a colheita<br />

e a possível venda de peixe. Quando a maioria de peixe é suficient<strong>em</strong>ente<br />

grande para ser consumido ou vendido, sua colheita pode<br />

começar normalmente depois de 5 a seis meses, mas somente o peixe<br />

que pode ser comido ou vendido dentro de 24 horas. Para a colheita,<br />

comece por vazar o tanque um pouco antes de <strong>na</strong>scer o dia, enquanto<br />

estiver frio ainda.<br />

Há duas maneiras de colher o peixe:<br />

Retirar todo o peixe de tanque ao mesmo t<strong>em</strong>po.<br />

Seleccio<strong>na</strong>r: apanhar o peixe maior para colocá-lo num outro tanque<br />

ao longo do ano.<br />

Neste último método, é usual retirar grandes quantidades de peixe<br />

adulto, para deixar crescer os peixes mais pequenos no tanque.<br />

É possível combi<strong>na</strong>r os dois métodos: primeiro, ao retirar duma só vez<br />

grande quantidade possível de peixe e fi<strong>na</strong>lmente, noutra altura, r<strong>em</strong>over<br />

a outra restante parte de peixe.<br />

Exist<strong>em</strong> diferentes tipos de redes que você pode usar para a colheita<br />

de peixe de um tanque, como mostra a figura 13.<br />

O método usado para escolher continuamente o peixe é aquele <strong>em</strong> que<br />

se amarra a rede por onde o peixe vai tentar passar; <strong>na</strong> malha da rede<br />

fica apanhado o peixe maior. Deve escolher uma rede adequada para<br />

assegurar-se de que os peixes pequenos pod<strong>em</strong> passar através das malhas<br />

enquanto o peixe de tamanho maior ficará preso através de suas<br />

guelras.<br />

Practica de piscicultura 37


Figura 13: Diferentes tipos de redes para a colheita de peixe<br />

(Murnyak and Murnyak 1990). A: rede bênção ‘seine net’; B: rede<br />

guelra ‘gill net’; C: rede elevador ‘lift net’; D: rede colher ‘scoop<br />

net’; E: rede lança ‘cast net’.<br />

38<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Com excepção, a chamada rede de guelras assegura com sucesso esse<br />

tipo de colheita. A rede de guelras é muitas vezes usada neste método<br />

de colheita (figura 13B ) para apanhar o peixe que tenta <strong>na</strong>dar através<br />

da rede amarrada. O peixe <strong>em</strong>perra a parte de trás da sua guelra <strong>na</strong>s<br />

malhas da rede.<br />

O tamanho de peixe apanhado desta maneira pode ser estimado, por<br />

medir o tamanho de peixe que ficou <strong>em</strong>perrado <strong>na</strong> rede. Todo o peixe<br />

pequeno e pouco maior não será apanhado. Desta forma é possível<br />

pescar o peixe desejado ao longo do ano, s<strong>em</strong> a necessidade de dre<strong>na</strong>r<br />

o tanque ou provocar tensão para os peixes que ficaram no tanque.<br />

Se pretender colher duma vez todo o peixe de um tanque deve baixar<br />

lentamente o nível da <strong>água</strong> para assegurar-se de que todo o peixe será<br />

apanhado. Certifique-se de que o peixe está sendo pescado <strong>em</strong> boas<br />

condições para evitar o dano de sua pele e proceda rápido para o peixe<br />

manter-se fresco até ao fi<strong>na</strong>l de toda a colheita. Por essas razões é comum<br />

usar dois métodos diferentes de pesca como abaixo ir<strong>em</strong>os descrever.<br />

Em principio, a maioria<br />

de peixe deve ser apanhada<br />

<strong>em</strong> uma rede<br />

grande ‘seine net’<br />

(figura 13A, figura 14 e<br />

caixa: Como contruir<br />

uma ‘rede seine’) cuja<br />

malha t<strong>em</strong> tamanho de<br />

1 cm, enquanto o nível<br />

de <strong>água</strong> for ainda alto.<br />

A rede é estendida fora<br />

de diques do tanque; é<br />

enrolada <strong>em</strong> um grosso<br />

meio círculo através do<br />

tanque até atingir os<br />

Figura 14: Rede bênçao “seine net”<br />

(FAO, 1985).<br />

diques outra vez; A rede é outra vez arrastada <strong>em</strong> direcção aos diques<br />

Practica de piscicultura 39


deste maneira para <strong>em</strong>perrar o peixe e colhe-lo (figura 15). Como a<br />

<strong>água</strong> corre para fora de tanque, muitas quantidades de peixe serão<br />

apanhadas. Coloca redes de formato de caixas com ripas ou rede com<br />

formato de colher (figura 13D) debaixo de tubo de dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> para<br />

prevenir que o peixe não<br />

escape ao dre<strong>na</strong>r o tanque.<br />

Quando o tanque está<br />

completamente dre<strong>na</strong>do,<br />

pode juntar à mão o peixe<br />

que ficou depositado no<br />

fundo do tanque. Trate de<br />

apanhar o maior número<br />

possível de peixe, antes<br />

de dre<strong>na</strong>r completamente<br />

o tanque, porque o peixe<br />

pode esconder-se no<br />

lodo, onde vai danificar a<br />

sua qualidade.<br />

Depois da colheita deve deixar o tanque secar até ver rachar-se o fundo.<br />

Deita a cal para reduzir a acidez do fundo do tanque e desta maneira<br />

morrerão os animais e as plantas indesejáveis que cresc<strong>em</strong> no tanque.<br />

Algumas redes mais simples e baratas são:<br />

40<br />

Figura 15: Colheita técnica com uma<br />

‘Seine rede’. (FAO, 1995).<br />

? A rede elevadora ‘lift net’(figura 13C): é <strong>feita</strong> do mesmo material<br />

que se faz<strong>em</strong> as malhas da rede ‘seine’. Esta rede pode ser de qualquer<br />

forma e tamanho e deve ser colocada no fundo do tanque. Se o<br />

peixe <strong>na</strong>dar sobre ela a rede se elevará e o peixe será capturado.<br />

? A rede colher ‘scoop net’ (figura 13D): é uma <strong>peque<strong>na</strong></strong> rede que t<strong>em</strong><br />

uma pega através da qual é segurada <strong>na</strong> mão. Esta rede é muitas vezes<br />

usada para contar ou pesar o peixe e as crias.<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


? Rede lança ou rede castanholas ‘cast net ou castanets’(figura 13E):<br />

é uma rede redonda que é atirada ao tanque desde à marg<strong>em</strong> e puxada<br />

para trás a fim de capturar o peixe.<br />

Material: Corda, rolha flutuadora, chumbo para afundar ou outro corpo pesado<br />

para manter a rede no fundo da <strong>água</strong>, fios e agulhas de costura<br />

para reparer as malhas.<br />

Métodos:<br />

Amarre duas cordas, entre duas árvores (formando uma linha com topo e<br />

base).<br />

Marque intervalos de 15 cm cada. Tenha a certeza de que essas duas<br />

cordas são um pouco mais largas que a ponta fi<strong>na</strong>l da rede.<br />

Estique as malhas da rede até estar<strong>em</strong> completamente fechadas. Depois<br />

conte o número de malhas que formarão uma secção de 23 cm. Uma<br />

boa rede seine’ t<strong>em</strong> 6 a 9 malhas <strong>em</strong> cada secção da rede esticada de<br />

23 cm.<br />

Use um fio nylon muito forte. Enrola uma divisão de malha com uma agulha.<br />

Amarre a extr<strong>em</strong>idade de chumbo com a corda <strong>na</strong> a primeira parte<br />

marcada. Passe as agulhas através das malhas divididas <strong>em</strong> secções 23<br />

cm cada malha. Amarre o fio com a corda já <strong>na</strong> segunda secção marcada.<br />

Repita o processo até atingir a parte superior da corda.<br />

Junte os el<strong>em</strong>entos para afundar com a base da corda, num intervalo de<br />

15 cm.<br />

Ammar as rolhas flutuadoras com a parte superior que t<strong>em</strong> também 15<br />

cm de intervalo.<br />

Junte com o fio a base da linha com as malhas da mesma maneira.<br />

Depois que a rede é usada deve ser lavada, reparada, seca <strong>na</strong> sombre, dobrada<br />

e guardada num lugar fresco e seco. Uma rede cuidada assim pode<br />

aguentar muito mais t<strong>em</strong>po.<br />

4.7 Manutenção e controlo<br />

Para conseguir uma alta produção de peixe no tanque são necessários<br />

uma regular manutenção e controlo:<br />

? Fazer uma manutenção diária para verificar a qualidade de <strong>água</strong>,<br />

sua t<strong>em</strong>peratura, o pH, controlar <strong>na</strong>s manhãs o nível de oxigénio<br />

dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>.<br />

? Verifique se não há fugas de <strong>água</strong> de tanque.<br />

? Limpe os tapumes protectores dos tubos de entrada e saída de <strong>água</strong>.<br />

Practica de piscicultura 41


? Observe os peixes quando com<strong>em</strong>. Estão a comer normal? São activos?<br />

Se não com<strong>em</strong> normal ou não são activos controle o nível de<br />

oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>. Se o nível indicar quase zero, pára de<br />

dar alimentos e fertilizantes e corra <strong>água</strong> no tanque até verificar que<br />

os peixes se comportam normal outra vez ou procure descobrir os<br />

sintomas que poderiam ser uma indicação de doença.<br />

? Tome o cuidado com os predadores e tome medidas preventivas se<br />

for necessário.<br />

? R<strong>em</strong>ove as ervas daninhas que cresc<strong>em</strong> no tanque.<br />

Turvação<br />

A turvação das <strong>água</strong>s significa uma quantidade de sujidade e outras<br />

partículas dissolvidas <strong>na</strong> <strong>água</strong> e que dão uma cor acastanhada a <strong>água</strong>.<br />

A alta turvação de <strong>água</strong> pode reduzir a produção de peixe, porque a<br />

turvação vai diminuir a penetração da luz solar <strong>na</strong> <strong>água</strong> e portanto vai<br />

reduzir a produção de oxigénio das plantas; a turvação vai entupir os<br />

filtros e danificar as guelras de peixe. Um método para medir a turvação<br />

é mostrado <strong>na</strong> figura 11. Um método adequado para reduzir a turvação<br />

é infiltrar o tanque. Coloque um pequeno reservatório junto ao<br />

tubo de entrada de <strong>água</strong> no tanque. A <strong>água</strong> correrá dentro do reservatório<br />

e ficará ali até o lodo assentar-se no seu fundo. Depois a <strong>água</strong> limpa<br />

será passada para o tanque.<br />

Uma outra maneira para limpar o lodo da <strong>água</strong> é colocar o feno ou<br />

estrume no tanque e deixar decompor-se. A cal, o gesso ou a pedraume<br />

pod<strong>em</strong> ser utilizados também para conseguir o mesmo resultado.<br />

Quando a turvação não é causada especialmente pela abundância de<br />

algas <strong>na</strong> <strong>água</strong>, mas é causada por outros factores, a <strong>água</strong> não t<strong>em</strong> a cor<br />

esverdeada. Então para reduzir esta turvação pode recorrer a outras<br />

práticas como as seguintes:<br />

Espalhe o estrume de um animal antes de povoar o tanque: 240 g/m 2 ,<br />

três vezes, com um intervalo de três a quatro dias entre as aplicações.<br />

Uma outra forma de reduzir a turvação é deitar a cal, o gesso, preferivelmente<br />

o alume ou pedra-ume a medida de 1 grama per 100 litros de<br />

42<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


<strong>água</strong>. Este método não deve ser usado <strong>na</strong> época quente do ano, porque<br />

a cal pode apodrecer muito rápido.<br />

Contudo, a única verdadeira solução para a turvação, <strong>em</strong> longo termo,<br />

é desviar as <strong>água</strong>s turvas para fora do tanque e fi<strong>na</strong>lmente proteger as<br />

ruas e os diques de erosão, que a turvação <strong>na</strong> última estância pode<br />

provocar.<br />

Acidez, alcalinidade e dureza de <strong>água</strong><br />

Outras características das qualidades importantes da <strong>água</strong> são: a acidez,<br />

alcalinidade e a dureza.<br />

A <strong>água</strong> adequada para aquacultura deve ter um certo grau de acidez<br />

indicada por pH- valor que de preferência deve estar entre 6.7 e 8.6<br />

(figura 16). Valores acima ou abaixo desse arranjo vão inibir um bom<br />

crescimento e reprodução. As algas requer<strong>em</strong> um pH de cerca de 7 e<br />

uma radiação solar baixa, (alcalinidade). O pH de 6.5 favorece o aparecimento<br />

de pequenos animais ‘zooplancton’ no tanque para o alimento<br />

e crescimento de peixe.<br />

Figura 16: O efeito de pH no crescimento (Viveen e al., 1985).<br />

O pH da <strong>água</strong> de um tanque as vezes pode mudar rapidamente. Por<br />

ex<strong>em</strong>plo, uma chuva pesada pode transportar muitas substâncias ácidas<br />

do solo que vão termi<strong>na</strong>r no tanque e ali dissolver<strong>em</strong>-se. Nestas<br />

condições o tanque recebe mais ácidos e então o valor de pH da <strong>água</strong><br />

decresce. O melhor caminho para fazer subir outra vez o valor de pH<br />

da <strong>água</strong> e manter o mesmo valor neutral (cerca de 7) é deitar cal no<br />

tanque.<br />

Practica de piscicultura 43


A alcalinidade da <strong>água</strong> é uma medida de capacidade da <strong>água</strong> ligar ou<br />

armaze<strong>na</strong>r os ácidos e a diferença de acidez da <strong>água</strong>. Isto significa que<br />

quando a alcalinidade da <strong>água</strong> é alta são necessárias mais substâncias<br />

ácidas para decrescer o valor de pH da <strong>água</strong>.<br />

A dureza da <strong>água</strong> é a medição de sais totalmente solúveis <strong>na</strong> <strong>água</strong>. A<br />

<strong>água</strong> que contém muitos sais é chamada “<strong>água</strong> dura” e a <strong>água</strong> que contém<br />

poucos sais é chamada “<strong>água</strong> <strong>doce</strong>”. Um método para calcular a<br />

dureza da <strong>água</strong> é observar de perto as paredes de tanque onde se forma<br />

a linha de <strong>água</strong>. Quando se formou uma linha branca onde a <strong>água</strong> esteve<br />

então há sais <strong>na</strong> <strong>água</strong> que ao secar a linha da <strong>água</strong>, os sais marcaram<br />

as paredes do tanque. A dureza da <strong>água</strong> é importante para o crescimento<br />

de peixes. Se a <strong>água</strong> é muito <strong>doce</strong> (baixa quantidade de sais<br />

dissolvidos <strong>na</strong> <strong>água</strong>) o piscicultor pode aumentar a sua dureza ao adicio<strong>na</strong>r<br />

a cal no tanque e assim aumentar a fertilidade para a produção<br />

de comida <strong>na</strong>tural para o peixe.<br />

Todos estes el<strong>em</strong>entos como o ácido, o alcalino e a dureza da <strong>água</strong><br />

pod<strong>em</strong> ser mutáveis quando adicio<strong>na</strong>r a cal no tanque assim como foi<br />

acima descrito. Estas três medidas de qualidades da <strong>água</strong> Não são a<br />

mesma mas normalmente são relacio<strong>na</strong>das uma com outra de seguinte<br />

maneira:<br />

baixa alcalinidade ≈ baixa pH ≈ baixa dureza.<br />

Se colocar cal vai aumentar o pH, a alcalinidade e a dureza da <strong>água</strong>.<br />

Os tanques que acabam de ser construídos precisam de um tratamento<br />

<strong>em</strong> cal diferente que os tanques que já foram antes tratados com a cal.<br />

? Tanques construídos recent<strong>em</strong>ente<br />

Esses pod<strong>em</strong> ser tratados com 20 até 150 kg de cal da agricultura<br />

por metro quadrado (Apêndice 3). A cal é misturada com a camada<br />

superior (5cm) do solo de tanque. O tanque é posteriormente enchido<br />

com a <strong>água</strong> até 30 cm. Em uma s<strong>em</strong>a<strong>na</strong> o pH da <strong>água</strong> deve atingir<br />

o 7 e a fertilização deverá ter já começado.<br />

? Tanques que já foram antes tratados com cal<br />

44<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Estes dev<strong>em</strong> ser tratados com 10 até 15 kg de cal por cada 100 metro<br />

quadrado; Acrescenta a terra húmida do tanque para desfazer-se<br />

dos eventuais animais que transportam as doenças de peixe, as parasitas<br />

e os predadores de peixes.<br />

Depois de um período de 7 até 14 dias poderia encher de <strong>água</strong> o<br />

tanque novamente. Quando encher até a profundidade de 30 cm o<br />

pH da <strong>água</strong> pode ser ajustado por adicio<strong>na</strong>r a cal da agricultura<br />

(Apêndice 3).<br />

Aplicação de oxigénio<br />

Se o peixe engolir o ar com dificuldade <strong>na</strong> superfície da <strong>água</strong>, você<br />

pode fazer correr a <strong>água</strong> fresca através do tanque para resolver esse<br />

probl<strong>em</strong>a. Quando movimentar a <strong>água</strong> no tanque ajudará aumentar a<br />

quantidade de oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>.<br />

Não alimentar ou fertilizar os peixes neste momento porque as vezes a<br />

falta de oxigénio foi causada pelo excesso de alimentação.<br />

Outra causa possível que pode reduzir o oxigénio é o sobre - povoamento<br />

do tanque pelos peixes. A redução de oxigénio pode causar doenças,<br />

epid<strong>em</strong>ias e morte de peixe.<br />

Substâncias tóxicas<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, as substâncias tóxicas <strong>na</strong> pisci<strong>na</strong> de peixes pod<strong>em</strong> reduzir<br />

seriamente a produção de peixe. Por isso é imperioso investigar qualquer<br />

existência ou fonte potencial de poluição <strong>na</strong>s vizinhanças de tanques.<br />

Muitos produtos químicos usados para a criação de animais domésticos<br />

ou utilizados para o cultivo de s<strong>em</strong>entes são venenosos para<br />

o peixe. Deste modo os produtos químicos não dev<strong>em</strong> ser usados <strong>na</strong><br />

área à volta de tanque, e especialmente não dev<strong>em</strong> ser espalhados nos<br />

dias de vento.<br />

Practica de piscicultura 45


5 Cultura de carpa<br />

A carpa pertence à família de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong> chamada Cyprinidae.<br />

Este é um peixe largamente espalhado e só não existe <strong>na</strong> sua distribuição<br />

<strong>na</strong>tural <strong>na</strong> América do Sul, Madagáscar e Austrália. A família deste<br />

peixe se compõe de 1600 diferentes espécies de carpas dos quais<br />

pouquíssimos são importantes para a piscicultura.<br />

O cultivo de carpa está dividido <strong>em</strong> três grupos: carpa comum, aquela<br />

cultivada <strong>na</strong> Europa, Ásia e Extr<strong>em</strong>o Oriente, como a carpa India<strong>na</strong> e<br />

Chinesa mostradas no quadro 4 abaixo.<br />

Quadro 4: Diferentes espécies de carpas e sua alimentação favorita<br />

Nome comum Nome científico Comida favorita<br />

Carpa comum<br />

carpa Cyprinus carpio pequenos ani<strong>na</strong>is e plantas<br />

Carpa india<strong>na</strong><br />

catla<br />

rohu<br />

calbasu<br />

mrigal<br />

Carpa chinesa<br />

carpa herbívora<br />

carpa prateada<br />

carpa cabeçuda<br />

carpa negra<br />

carpa de lodo<br />

46<br />

Catla catla<br />

Labeo rohita<br />

Labeo calbasu<br />

Cirrhi<strong>na</strong> mrigala<br />

Ctenopharyngodon idella<br />

Hypophtalmichthys molitrix<br />

Aristichthys noblis<br />

Mylopharyngodon piceus<br />

Cirrhi<strong>na</strong> molitorella<br />

algas e plantas mortas<br />

plantas mortas<br />

plantas mortas<br />

restos orgânicos no fundo<br />

do tanque<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong><br />

plantas da <strong>água</strong><br />

algas<br />

pequenos animais<br />

molluscos<br />

restos argânicos do tanque<br />

Estas diferentes espécies de carpas têm diferentes tipos de comida<br />

como foi mostrado no quadro 4. Isso oferece a vantag<strong>em</strong> de manter<br />

num mesmo tanque as diferentes espécies juntas. Em um sist<strong>em</strong>a de<br />

policultura se usa melhor o processo <strong>na</strong>tural de alimentação e as diferentes<br />

espécies se alimentam de diferentes artigos no mesmo tanque.<br />

Deste modo as diferentes espécies de carpa não compet<strong>em</strong> entre si<br />

pelos recursos alimentares. Porém é ainda elevada a produção de peixe<br />

do que seria possível <strong>em</strong> cultura de uma única espécie de carpa ou<br />

mesmo de diferente espécies só.


5.1 Carpa comum<br />

A carpa comum é estritamente<br />

cultivada <strong>na</strong><br />

<strong>água</strong> <strong>doce</strong> (figura 17).<br />

O peixe pode atingir o<br />

tamanho de cerca de<br />

80 cm e pesar cerca de<br />

10 a 15 kg. A t<strong>em</strong>peratura<br />

adequada para o<br />

seu cultivo é entre 1 e<br />

40 graus Centígrados,<br />

sendo a t<strong>em</strong>peratura<br />

acima de 13 graus<br />

apropriada para o<br />

Figura 17: Carpa comum (Cyprinus carpa)<br />

(Hanks, 1985).<br />

crescimento. Quando de repente a corrente aumenta e a t<strong>em</strong>peratura<br />

vai acima de 18 graus é o momento ideal para a reprodução. Normalmente<br />

a carpa tor<strong>na</strong>-se adulta depois de dois anos e nessa altura pesa 2<br />

a 3 kg. Nas zo<strong>na</strong>s t<strong>em</strong>peradas, a carpa t<strong>em</strong> crias todas as vezes <strong>na</strong><br />

Primavera, enquanto <strong>na</strong>s zo<strong>na</strong>s tropicais t<strong>em</strong> crias de três <strong>em</strong> três meses.<br />

As carpas fêmeas pod<strong>em</strong> produzir 100.000 a 150.000 ovos por<br />

cada kg do seu peso. Se regista o grau de crescimento mais alto <strong>na</strong>s<br />

zo<strong>na</strong>s tropicais, onde o peixe pode alcançar um peso de 400 a 500<br />

gramas <strong>em</strong> seis meses. A carpa comum é muito forte e portanto resistente<br />

a maioria de doenças, quando as condições ambientais de conservação<br />

são apropriadas.<br />

Produção de ovos<br />

A procriação da carpa pode ser realizada nos tanques comuns ao ar<br />

livre ou numa chocadeira artificial para ovos de peixe onde são induzidos<br />

os métodos de procriação.<br />

A reprodução por indução é uma técnica <strong>na</strong> qual se usa substância<br />

hormo<strong>na</strong>l que é produzida pelo próprio peixe, para desencadear o processo<br />

de procriação de ovos. Essas hormo<strong>na</strong>is são alimentadas através<br />

de um alimento injectado nos músculos do peixe.<br />

Na zo<strong>na</strong>s de clima tropical se reproduz a carpa comum <strong>em</strong> dois períodos<br />

piques ao longo do ano: <strong>na</strong> primavera (Janeiro a Abril) e <strong>em</strong> outo-<br />

Cultura de carpa 47


no (de Julho a Outubro). Se obtém melhores resultados <strong>na</strong> criação de<br />

carpa comum quando as crias são cuidadosamente escolhidas.<br />

Os seguintes pontos mostram as medidas que pod<strong>em</strong> ser consideradas<br />

a fim de poder obter melhores resultados no momento da procriação,<br />

(veja também a figura 18):<br />

1 Uma fêmea completamente adulta t<strong>em</strong> uma barriga inchada e quase<br />

arredondada, macia com uma ruga escura no topo e uma <strong>peque<strong>na</strong></strong><br />

abertura projectada dentro de uma <strong>peque<strong>na</strong></strong> ‘papilla’ (órgão genital<br />

do peixe).<br />

2 Uma carpa adulta pode descansar sobre a sua barriga s<strong>em</strong> cair de<br />

lado e quando é colocada de barriga para cima mostra um ligeiro<br />

deslizamento para os lados devido ao peso dos ovos dentro de sua<br />

barriga.<br />

3 O macho adulto (como qualquer outro peixe) produz esperma quando<br />

sua barriga é apertada ligeiramente.<br />

Figura 18: Carpa comum: fêmea adulta (esquerda) e macho (direita)<br />

(Costa-Pierce e al., 1989b).<br />

As crias são alimentadas de farelo de arroz, desperdícios da cozinha,<br />

cereais, etc. No sist<strong>em</strong>a <strong>na</strong>tural de reprodução nos tanques abertos se<br />

permite reproduzir o peixe <strong>em</strong> tanques especiais de reprodução. Os<br />

peixes parentes (a mãe e o pai)são retirados depois da procriação. Os<br />

tanques de criação têm uma superfície geralmente de 20-25 metros<br />

quadrados e o tanque é seco alguns dias antes de se encher de <strong>água</strong><br />

<strong>doce</strong> limpa a uma altura de 50 cm. A <strong>água</strong> corre para o tanque de re-<br />

48<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


produção de manhã onde se misturam o alimento com as crias e depois<br />

os ovos colhidos são colocados durante a tarde. Os tanques são<br />

povoados com um, dois ou três grupos de peixes; cada grupo é composto<br />

de 1 fêmea (com o peso de seu corpo de 1 kg) e 2 a 4 machos<br />

(com um peso total de 1 kg).<br />

Exist<strong>em</strong> diferentes técnicas para a recolha de ovos desde os tanques de<br />

reprodução. Nalgumas técnicas se estend<strong>em</strong> os ramos de árvores florestais<br />

no tanque. Os ovos que ficam colados <strong>na</strong>s ramas são depois<br />

recolhidos e transferidos para um tanque viveiro. O outro método consiste<br />

<strong>em</strong> colocar plantas flutuantes <strong>na</strong> <strong>água</strong> para servir de colectores de<br />

ovos no tanque. Na Indonésia colocam tapetes tecidos de capim ou de<br />

fibra <strong>feita</strong>s de palmeira para recolher os ovos.<br />

A superfície desses tapetes é de cerca de 10 metro quadrado para cada<br />

2-3 kg de peso de fêmea. Depois da procriação os tapetes são levados<br />

para o tanque viveiro. O colector de ovos usado <strong>na</strong> Indonésia, é chamado<br />

“kakaban” <strong>feita</strong> de cabelo negro de cavalo parecida com as fibras<br />

de planta de ‘indjuk’ (parenga pin<strong>na</strong>ta Arenga saccharifera).<br />

Para fazer um ‘kakabans’, as fibras da ‘Indjuk’ são lavadas depois são<br />

colocadas separadas numa distância de 1,2 a 1,5 metro ao longo de<br />

faixa de ‘kakabans’. Duas delas são alinhadas de alto a baixo entre<br />

duas placas de bambu com 4 a 5 cm de largo e 1.5 a 2 metros de altura.<br />

São juntos cosidos nos dois lados. Os ‘karabans’ são mantidos<br />

numa posição de flutuação, um pouco debaixo de superfície da <strong>água</strong>,<br />

apoiados nos paus de bambu. Cinco a oito’karabans’ por cada quilograma<br />

de peso das fêmeas povoam o tanque. Uma ligeira corrente da<br />

<strong>água</strong> é deitada no tanque quando os ‘karabans’ são mudados de posição<br />

e os peixes pequenos são retirados dos ‘karabans’. Por costume o<br />

peixe prende seus ovos debaixo de ‘karabans’. Quando esse lado está<br />

cheio de ovos, o ‘karabans’ é virado ao contrário. Quando os dois lados<br />

de ‘karabans’ estão cheios de ovos (figura 19), os ovos são transferidos<br />

para um tanque viveiro que deve ser 20 vezes maior que o tanque<br />

da reprodução. No tanque viveiro os ‘karabans’ são colocados verticalmente<br />

entre os bambus flutuantes deixando uma brecha de 5 a 8<br />

cm entre as fibras de outra ‘karabans’. Deve-se tomar o cuidado para<br />

Cultura de carpa 49


que os ovos estejam colocados s<strong>em</strong>pre completamente submersos, 8<br />

cm dentro da <strong>água</strong>. Os ovos chocam entre 2 a 8 dias, dependendo da<br />

t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>. A t<strong>em</strong>peratura apropriada é de entre 20 e 22<br />

graus Centígrados; Os ovos chocarão <strong>em</strong> 4 dias.<br />

Figura 19: Retirando um acolhedor de ovos depois da reprodução<br />

(Costa-Pierce e al, 1989b).<br />

Tanques viveiros<br />

Os tanques viveiros são de 2.500 a 20 .000 metro quadrado de área,<br />

dependendo de tamanho da propriedade. Esses tanques são 0.5 a 1.5 m<br />

de profundidade e são povoados de peixe de acordo com a densidade<br />

que é determi<strong>na</strong>da pela corrente de <strong>água</strong> no tanque. Na <strong>água</strong> estag<strong>na</strong>da<br />

(onde não ocorre corrente de <strong>água</strong>), a densidade de peixe para povoar<br />

é de 5 larvas/metro quadrado, enquanto num tanque com a corrente a<br />

densidade pode atingir 30 a 80 larvas/metro quadrado.<br />

As larvas pod<strong>em</strong> fazer aumentar os alvinos dentro de um período de<br />

cerca de um mês. A prática mais comum é criar os pequenos peixes no<br />

tanque viveiro por um mês e transferi-los depois para os lugares onde<br />

50<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


vão crescer para ser vendidos. Um regular abastecimento de vermes,<br />

desperdícios de cereais, óleo de coco aumenta a disponibilidade de<br />

comida no tanque e portanto aumenta a possibilidade para a sobrevivência<br />

dos alvinos e a produção. Os vermes dev<strong>em</strong> ser aplicados a<br />

uma média de 925 g/metro quadrado/s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>lmente e o farelo de arroz<br />

e o óleo de coco são aplicados a uma média de 0.5 g/metro quadrado/diariamente<br />

desde o momento de chocar.<br />

Para o último cuidado, são completamente misturados secos numa<br />

proporção de 1:1 o farelo de arroz e o óleo de coco e depois molhados<br />

para formar <strong>peque<strong>na</strong></strong>s bolas de 1 a 2 mm que depois constituirão o<br />

alimento para o peixe. Pode conseguir obter os vermes se misturar a<br />

<strong>água</strong> de jacintos com o estrume de coelho; Deixa essa mistura duas<br />

s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s antes de juntar a mesma com os vermes da terra; Espera dois<br />

meses mais tarde para colher os vermes.<br />

Tanque de crescimento<br />

O tipo de sist<strong>em</strong>a para superar o crescimento necessário para a carpa<br />

depende das condições climáticas e a exigência de mercado. Mas <strong>em</strong><br />

geral a carpa comum é produzida <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a de monocultura. Nos<br />

países tropicais 500 g/peixe pode ser produzido <strong>em</strong> seis meses e 1.0 a<br />

1.5 kg/peixe <strong>em</strong> um ano. Na prática <strong>em</strong> 4 a 8 s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s o peixes adultos<br />

e os alvinos são povoados nos tanques que têm <strong>água</strong> com uma profundidade<br />

de 70 cm. Para aumentar a comida <strong>na</strong>tural para o peixe pode<br />

utilizar-se os fertilizantes. A melhor forma para o crescimento de carpa<br />

comum ocorre quando a densidade de povoamento de é de cerca de 1<br />

a 2 peixes por cada metro quadrado<br />

Produção<br />

Os níveis de produção variam de acordo com o tipo de peixe, a duração<br />

de cultivo e o tamanho de peixe durante a colheita, as espécies<br />

s<strong>em</strong>eadas no tanque, o nível de fertilidade e t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>. O<br />

valor diário de produção varia: onde não se aplicou a ração e fertilizantes<br />

o valor é de 30 g por metro quadrado e no tanque com ração,<br />

supl<strong>em</strong>entos fertilizados e com uma regulada troca de <strong>água</strong>, o valor de<br />

produção pode atingir 800 g por metro quadrado, diariamente.<br />

Cultura de carpa 51


5.2 Carpa india<strong>na</strong> e chinesa<br />

As carpas rigidamente de <strong>água</strong> <strong>doce</strong> não pod<strong>em</strong> resistir as t<strong>em</strong>peraturas<br />

baixas de <strong>água</strong>. Essas espécies ating<strong>em</strong> um crescimento óptimo<br />

numa t<strong>em</strong>peratura de 25 graus centígrados. As carpas tor<strong>na</strong>m-se sexualmente<br />

adultas aos dois ou três anos de idade (caso das carpas india<strong>na</strong>s,<br />

figura 20) e as carpas chinesas são sexualmente adultas entre 4 e<br />

9 anos de idade (figura 21). Em geral elas reproduz<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas<br />

de <strong>água</strong> acima de 25 graus centígrados. A madureza sexual depende<br />

de género sexual de peixe e de taxa de crescimento diária. O<br />

macho cresce rápido e portanto madura mais cedo. Ele pode começar<br />

o seu processo reprodutivo um ano mais cedo do que a fêmea. A carpa<br />

chinesa adulta pesa pelo menos 5 kg e a carpa india<strong>na</strong> adulta pesa entre<br />

2 e 4 kg.<br />

Figura 20: Carpas india<strong>na</strong>s (Mohammed Mohsin e al., 1983). A:<br />

catla; B: rohu; C: mrigal.<br />

É aconselhável deixar crescer o peixe por causa da quantidade de ovos<br />

ou esperma que pode gerar. Portanto, fi<strong>na</strong>lmente o macho e a fêmea<br />

estarão aptos para produzir e para a procriação de novos peixes. Estas<br />

espécies de peixes são diferentes de outras carpas, porque libertam os<br />

ovos que flutuam <strong>na</strong> <strong>água</strong> antes de aqueles ovos chocar<strong>em</strong>.<br />

52<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Produção de ovos<br />

Na Índia e <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> o abastecimento de peixe jov<strong>em</strong> para a piscicultura,<br />

até recent<strong>em</strong>ente dependia completamente de colheita de ovos e<br />

peixe miúdo dos rios, onde os peixes adultos reproduz<strong>em</strong>. Actualmente<br />

algumas espécies de carpas são injectadas com os hormo<strong>na</strong>is para<br />

induzi-las a reproduzir artificialmente.<br />

Como este modo de produção requer um alto nível de conhecimento e<br />

investimento, assim para o agricultor cultivar <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> ele<br />

necessita comprar os alvinos das carpas india<strong>na</strong>s ou chinesas nos vendedores<br />

de peixe ou comprar o peixe de preferência <strong>na</strong> estação extensiva<br />

local.<br />

Figura 21: Carpas chinesas (Mohammed Mohsin et al., 1983). A:<br />

carpa herbívora; B: carpa prateada; C: Carpa cabeçuda.<br />

Tanques viveiros<br />

A área desti<strong>na</strong>da ao tanque viveiro varia consideravelmente de país <strong>em</strong><br />

país. Na Índia, por ex<strong>em</strong>plo, são usados tanques pequenos de 10 metro<br />

quadrado, ao passo que <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> usam-se tanques com um tamanho<br />

acima de 20 000 metro quadrado. Os tanques têm 0.5 ou 1.0 metro de<br />

profundidade, variavelmente. Nesses tanques viveiros os alvinos pod<strong>em</strong><br />

ser conservados dentro de gaiolas flutuantes antes de ser<strong>em</strong> libertados<br />

no tanque. Os tanques são abastecidos de 20 peixes por metro<br />

quadrado.<br />

Cultura de carpa 53


Porém antes de colocar o peixe no tanque viveiro deita-se o estrume<br />

de animais no fundo do tanque a uma proporção de 200 g de estrume<br />

por metro quadrado para aumentar a fertilidade e portanto para o crescimento<br />

de peixe. São usados supl<strong>em</strong>entos de alimentos, mas as algas<br />

e os pequenos animais que habitam o tanque são mantidos, porque<br />

constitu<strong>em</strong> o alimento mais importante para os peixes miúdos. Um<br />

supl<strong>em</strong>ento de alimento serve principalmente como um fertilizante<br />

adicio<strong>na</strong>l devido ao seu tamanho maior que não é adequado como comida<br />

para o peixe pequeno.<br />

Tanques de crescimento<br />

Na Chi<strong>na</strong> os tanques de crescimento de peixe por vezes são de 2 a 3<br />

metros de profundidade. Um tanque é densamente s<strong>em</strong>eado com cerca<br />

de 60-100 alvinos por 100 metro quadrado, dependendo de condições<br />

locais de piscicultura. O cultivo de peixe deve durar pelo menos três<br />

anos antes de sua colheita.<br />

O rendimento médio de carpa chinesa é de cerca de 400 g por metro<br />

quadrado. Pode alcançar-se uma alta produção <strong>em</strong> policultura de diferentes<br />

espécie de carpas. Em policultura de carpa chinesa a densidade<br />

completa, ao povoar um tanque é de 2 peixes por metro quadrado dos<br />

quais 25% é constituída por carpa herbívora, 25% por carpa cabeçuda<br />

e 50% por carpa prateada.<br />

A carpa india<strong>na</strong> é criada <strong>na</strong>s margens de um pequeno tanque de cerca<br />

de 0.5 m de profundidade. Se s<strong>em</strong>eia a carpa India<strong>na</strong> a uma densidade<br />

de cerca de 90 g por metro quadrado. A colheita ocorre depois de oito<br />

meses, quando o peixe já t<strong>em</strong> atingido um peso de 300 g. A taxa de<br />

crescimento de carpa india<strong>na</strong> ou carpa chinesa pode aumentar quando<br />

se adicio<strong>na</strong> a alimentação <strong>em</strong> forma de plantas no tanque.<br />

Sendo a carpa negra comedora de moluscos se lhe alimenta de caracóis.<br />

A carpa herbívora é uma espécie excelente para reduzir a erva<br />

daninha; ela come a erva que cresce <strong>na</strong>turalmente no tanque e nos ca<strong>na</strong>is<br />

de irrigação, como parte importante de sua dieta alimentar.<br />

54<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Quando se povoa cada 15 metro quadrado com 10 carpas herbívoras,<br />

se colocam outros dois peixes, do mesmo tamanho que a carpa herbívora<br />

que com<strong>em</strong> algas, fitoplancton (plantas) e zooplancton (pequenos<br />

animais). Cada quilograma de carpa herbívora é correspondido por<br />

190 gramas de peixes que com<strong>em</strong> algas (fitoplâncton e zooplancton) e<br />

150 gramas de peixes que com<strong>em</strong> tudo (omnívoros).<br />

Quando um tanque é povoado de carpa comum, carpa cabeçuda e tilápia,<br />

numa densidade de 18.000 peixes por hectare, dev<strong>em</strong> ser s<strong>em</strong>eados,<br />

por cada 2 carpas cabeçudas ou outros peixes zooplancton, 3 carpas<br />

comuns ou outros peixes comedores de lodo, 4 tilápias ou outros<br />

peixes comedores de algas ou comedores de peixes pequenos. Nestes<br />

casos os tanques dev<strong>em</strong> ser fertilizados de estrume do pato a uma proporção<br />

de 1,000 kg por hectare, duas vezes por s<strong>em</strong>a<strong>na</strong> de preferência.<br />

Cultura de carpa 55


6 Cultura de tilápia<br />

A tilápia é um peixe de fácil criação <strong>em</strong> policultura, mesmo <strong>em</strong> pobres<br />

condições ambientais e mesmo com escassa manutenção.<br />

A tilápia faz parte de grupo de peixes tropicais de <strong>água</strong> <strong>doce</strong>, <strong>na</strong>tivos<br />

da África e do Médio Oriente. É um peixe forte capaz de resistir a extr<strong>em</strong>as<br />

t<strong>em</strong>peraturas e poucos níveis de oxigénio dissolvido. A produção<br />

<strong>na</strong>tural de tilápia ocorre <strong>em</strong> quase qualquer tipo da <strong>água</strong>. O crescimento<br />

e reprodução óptimos alcançam-se à t<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong> de<br />

20 a 30 graus Centígrados. A tilápia tolera t<strong>em</strong>peraturas de 12 graus<br />

centígrados e ela sobrevive por longo período a t<strong>em</strong>peraturas abaixo<br />

de 10 graus Centígrados.<br />

São conhecidas algumas espécies de tilápia que cresc<strong>em</strong> e sobreviv<strong>em</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>água</strong> salgada. Sendo a tilápia por <strong>na</strong>tureza omnívora, ela pode comer<br />

quase qualquer coisa, e de passag<strong>em</strong> as tilápias são chamadas as<br />

‘galinhas aquáticas’. Devido as suas características favoráveis de cultivo<br />

como já acima foi mencio<strong>na</strong>do, a tilápia é considerada a espécie<br />

de peixe mais ideal para a piscicultura. Todavia uma vantag<strong>em</strong> a considerar<br />

que tor<strong>na</strong> o cultivo deste peixe lucrativo é a sua contínua reprodução.<br />

A tilápia é sexualmente adulta com 10 cm de tamanho e<br />

com 30 gramas de peso. O facto de madurar cedo e ter uma frequente<br />

reprodução causa a super povoação nos tanques com peixe pequeno o<br />

que leva a uma grande competência de comida entre tilápias adultas e<br />

alvinos. Isto faz decair o valor de crescimento de tilápia que intencio<strong>na</strong>lmente<br />

foi colocada no tanque e resulta fi<strong>na</strong>lmente no aumento de<br />

pequenos peixes durante a colheita.<br />

77 espécies de tilápia são pelo menos conhecidas. As diferentes espécies<br />

de tilápias e suas sob - espécies se classificam de acordo com a<br />

forma como se comportam e a comida que prefer<strong>em</strong>. Um deduzido<br />

número de espécie de tilápia, constrói seu ninho no fundo do tanque e<br />

lá ocorre a reprodução. Elas se chamam Tilápias.<br />

56<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Elas proteg<strong>em</strong> os seus filhotes no ninho; têm dentes grossos e alimentam-se<br />

principalmente de plantas da <strong>água</strong>. A tilápia ‘mouth-brooders’,<br />

‘filhotes da boca’ choca os ovos fertilizados <strong>na</strong> boca da fêmea ou <strong>na</strong><br />

boca do macho, no chamado (saco parental dos filhotes). Este peixe<br />

faz parte de sob espécie de tilápia chamada ‘sarotherdon’. A espécie<br />

de tilápia que pertence à família ‘Oreochromis’ procria no ninho ao<br />

fundo do tanque e choca os ovos <strong>na</strong> boca da mãe (filhotes de saco mater<strong>na</strong>l).<br />

Elas têm bons dentes e alimentam-se principalmente de algas.<br />

De todas as espécies, a tilápia Nilo é a espécie que cresce mais rapidamente<br />

(figura 22).<br />

Em todas as partes do<br />

mundo se t<strong>em</strong> aplicado<br />

diferentes métodos de<br />

cultivo de tilápia <strong>na</strong> tentativa<br />

de superar o probl<strong>em</strong>a<br />

de reprodução<br />

pr<strong>em</strong>atura e o probl<strong>em</strong>a<br />

de sobre povoamento de<br />

tanques. O mais comum<br />

e largamente método<br />

praticado para o controlo<br />

daqueles probl<strong>em</strong>a é<br />

o seguinte.<br />

O método mais simples<br />

t<strong>em</strong> sido s<strong>em</strong>pre a colheita<br />

de peixe através<br />

de uma rede especial<br />

<strong>feita</strong> de materiais <strong>na</strong>turais<br />

locais ou de nylon e<br />

com ela são pescados<br />

Figura 22: Órgãos genitais f<strong>em</strong>ininos (A)<br />

e tilápia macho (B) (FAO, 1995).<br />

grandes quantidades de peixe. Para fins mercantis se deixa o peixe<br />

miúdo para crescer e atingir o nível de mercado. Este método requer<br />

um trabalho laborioso e se intensifica no período anterior à colheita. E<br />

é portanto o único de valor limitado. Há também o risco de deteriora-<br />

Cultura de tilápia 57


ção genética de volumes de peixe que cresceram muito rapidamente<br />

para ser<strong>em</strong> vendidos. O restante peixe fica a crescer lentamente e depois<br />

transforma-se individualmente <strong>em</strong> reprodutor.<br />

O método um pouco mais complicado é aquele <strong>em</strong> que se r<strong>em</strong>ove o<br />

peixes mais miúdo de um tanque para o viveiro. Mais uma vez o peixe<br />

t<strong>em</strong> tendência de reproduzir-se antes de atingir o tamanho desejado<br />

para o mercado e a super povoação continuará ser o probl<strong>em</strong>a. Contudo<br />

a sobre população económica pode ser controlada <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong><br />

por meter no mesmo tanque peixes predadores, como peixe gato<br />

junto com tilápias. O peixe gato vai comer os peixes tilápia que vão<br />

<strong>na</strong>scendo e deste modo se evitará a superpopulação de tilápia. Os vários<br />

predadores que <strong>em</strong> muitas partes do mundo são utilizados: Cichlasoma<br />

ma<strong>na</strong>guense (El Salvador); H<strong>em</strong>ichromis fasciatus (Zaire);<br />

Nilo perch Lates niloticus (Egypt), Micropterus salmoides (Madagascar),<br />

Bagrus docmac (Uganda). Quando se utiliza o método de controlo<br />

<strong>na</strong> reprodução, os predadores alcançam bom preço ao ser vendidos<br />

no mercado. Se você utilizar este método de controlo reprodutivo <strong>na</strong><br />

população de tilápia, deverá considerar certos factores, como t<strong>em</strong>po,<br />

tamanho e densidade de população de tilápia e de predadores. Geralmente<br />

a tilápia começa a reprodução imediatamente depois de ser colocada<br />

no tanque; Dessa maneira o predador deve ser introduzido no<br />

tanque ao mesmo t<strong>em</strong>po que a tilápia. A densidade de provisões de<br />

tilápia é de 2 por metro quadrado e de peixe predador varia de acordo<br />

com a sua fome. 83 peixes gatos de pelo menos 30 cm de comprimento<br />

por 100 metro quadrado ou 7 cabeças de cobras ‘s<strong>na</strong>ke-heads’ de<br />

pelo menos 25 cm de comprimento por metro quadrado.<br />

Quando outros peixes predadores são colocados no tanque deve considerar-se<br />

cuidadosamente o número e o tamanho de peixe que já povoa<br />

o tanque. Uma regra geral com respeito à quantidade de peixe<br />

‘preso’ que o predador ‘povoado’ pode consumir: o consumo máximo<br />

de predador está para o máximo 40% de seu próprio comprimento.<br />

Assim tilápias de 10 cm colocadas num tanque são correspondidos por<br />

predadores que dev<strong>em</strong> ter pelo menos 25 cm (10/0.40) de comprimento.<br />

Doutro modo o predador vai comer as reservas de peixe no tanque!<br />

58<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


A densidade de reserva de predadores depende de sua capacidade de<br />

comer. Desta maneira uma estimação de voracidade pode ser <strong>feita</strong> ao<br />

comparar a média de voracidade de predador peixe-gato com a de predador<br />

peixe cabeça de cobra. O resultado pode ser usado para determi<strong>na</strong>r<br />

o numero de predadores necessários para povoar o tanque (a<br />

proporção de peixe gato e de peixe-cobra).<br />

A tilápia masculi<strong>na</strong> cresce mais rapidamente que a f<strong>em</strong>ini<strong>na</strong>; O macho<br />

é maior <strong>em</strong> tamanho do que a fêmea da mesma idade. Portanto se<br />

compra os peixinhos com objectivos de praticar a piscicultura deve<br />

distinguir os maiores alvinos; apesar de pagar um alto custo, o preço<br />

será compensado pela boa qualidade de peixe <strong>em</strong> crescimento e o alto<br />

rendimento que dará. A tilápia macho se distingue da fêmea pela ausência<br />

de abertura vagi<strong>na</strong>l (figura 22).<br />

6.1 Produção de ovos<br />

A produção de ovos não apresenta probl<strong>em</strong>as comparado com a reprodução<br />

total no tanque. A t<strong>em</strong>peratura preferencial de <strong>água</strong> durante a<br />

reprodução está entre 20 e 30 graus Centígrados. O número de ovos<br />

produzidos por geração depende de tamanho da fêmea: uma tilápia<br />

Nilo de 100 g gera cerca de 100 ovos, enquanto uma fêmea que pesa<br />

entre 600 e 1000 g gerará 1.000 a 1.500 ovos.<br />

As reservas de machos são de 10-25 por 1.000 metro quadrado. Os<br />

alvinos são colhidos num intervalo de um mês e eles cresc<strong>em</strong> nos tanques<br />

viveiros. A média mensal é de cerca de 1.500 alvinos por metro<br />

quadrado. Normalmente as fêmeas de cerca de 700 g de peso e machos<br />

de 200 g são juntados no tanque - um peixe por 2 metro quadrado<br />

de densidade- (1peixe/m 2 ), à razão sexual é: um macho correspondido<br />

por quatro ou cinco fêmeas. A tilápia macho reprodutor, por vitalidade<br />

começará a cavar os buracos no fundo do tanque e imediatamente e a<br />

fêmea será atraída ao buraco onde libertará os seus ovos. Se o fundo<br />

do tanque não poder soltar-se se pode usar os materiais, como vasos<br />

de cerâmica ou caixas de madeira. A tilápia pode reproduzir-se cada 3<br />

a 6 s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s.<br />

Cultura de tilápia 59


Nas primeiras s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s os alvinos se alimentam de comida <strong>na</strong>tural que<br />

se produz no tanque. Os peixinhos são depois r<strong>em</strong>ovidos desde os tanques<br />

reprodutores para os tanques viveiros ou vão directamente para<br />

os tanques de crescimento. Quando os alvinos são transferidos para o<br />

tanque viveiro receb<strong>em</strong> o supl<strong>em</strong>ento de alimentos <strong>na</strong> taxa de 6 a 8%<br />

de peso de seu corpo, dependendo de o tipo de comida; Quando se usa<br />

o farelo de trigo o nível diário de alimentação varia de 4% até 11%<br />

sobre o peso de peixe.<br />

6.2 Tanques de crescimento<br />

Geralmente o cultivo de tilápia está orientado para produzir o peixe<br />

com um tamanho de pelo menos 200-300 g -tabela de mercado. Os<br />

tanques que são usados para a cultura extensiva ou s<strong>em</strong>i intensiva pod<strong>em</strong><br />

variar <strong>em</strong> tamanho, desde poucos metros quadrados até vários<br />

milhares de metros quadrados. Tipicamente, para a cultura intensiva<br />

são necessários cerca de 800-1.000 metro quadrado. Esse é o tamanho<br />

adequado para um piscicultor controlar o tanque.<br />

A densidade recomendada para povoar o tanque de alvinos é de 2 alvinos<br />

por metro quadrado. Com os fertilizantes ou alimentação de alta<br />

qualidade retardará a frequência de reprodução e melhorará o tamanho<br />

da fêmea adulta. E Desta forma artificial se reduzirá a superpopulação<br />

de tilápia nos tanques. Durante o ano se pode fazer duas colheitas de<br />

peixe com o peso de cerca 200 g, que é o tamanho exigido no mercado.<br />

O tanque pode ser fertilizado com o estrume de galinha e fosfato<br />

de amónia. Se usa muitas vezes, como supl<strong>em</strong>entos alimentares o farelo<br />

de arroz, o farelo de trigo e estrume seco de galinha.<br />

6.3 Alimentar e fertilizar<br />

Embora haja duas espécies de famílias de tilápias, numa onde as tilápia<br />

com<strong>em</strong> principalmente plantas de <strong>água</strong> e, noutra família, onde as<br />

tilápias com<strong>em</strong> principalmente as algas, existe ainda muita flexibilidade<br />

de hábitos alimentares deste peixe <strong>na</strong> piscicultura. A tilápia pode<br />

comer quase qualquer tipo de comida. Por ex<strong>em</strong>plo, os materiais or-<br />

60<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


gânicos encontrados no fundo do tanque constitu<strong>em</strong> um bom abastecimento<br />

de comida para a tilápia.<br />

Fertilizar o tanque com estrume ou com outros fertilizantes artificiais<br />

aumenta totalmente a comida variável para o peixe. Os peixes miúdos<br />

depend<strong>em</strong> principalmente de produção <strong>na</strong>tural de comida no tanque.<br />

As tilapias adultas aumentam só quando alimentam-se de comida <strong>na</strong>tural<br />

produzida com auxílio de estrume e de fertilizantes artificiais<br />

deitados no tanque. Há mais produção de alimento <strong>na</strong>tural ao adicio<strong>na</strong>r<br />

mais ou menos estrume ou fertilizantes no tanque.<br />

A tilápia pode ser alimentada de plantas como mandioca, batata <strong>doce</strong>,<br />

ca<strong>na</strong> de açúcar, milho e papaia e ainda de vários desperdícios como o<br />

farelo de arroz, fruta, desperdícios de cevada, s<strong>em</strong>ente de algodão e de<br />

amendoim e a polpa de café.<br />

O tipo de comida utilizada depende da necessidade e do custo local.<br />

Na maioria de casos a ração é <strong>feita</strong> <strong>na</strong> própria fazenda, com os produtos<br />

de campo aí produzidos. Alguns ex<strong>em</strong>plos de fórmulas para ração<br />

simples são apresentados no quadro 5.<br />

A quantidade de comida para alimentar um peixe depende de tamanho<br />

de peixe e o tipo de ração. O hábito de observar o peixe ao momento<br />

de sua alimentação é a melhor maneira para determi<strong>na</strong>r a quantidade<br />

de ração que ele precisa. Não dar duma vez só muitos alimentos do<br />

que aquela quantidade que o peixe necessita.<br />

Quadro 5: Algumas fórmulas de ração de peixe usadas <strong>em</strong> diferentes<br />

países (Pillay, 1990).<br />

Filipi<strong>na</strong>s Centro África Costa de Marfim<br />

65% farelo de arroz<br />

25% ração de peixe<br />

10%ração de copra<br />

82% óleo de s<strong>em</strong>ente do<br />

algodão<br />

8% farinha de trigo<br />

8% ração de sangue<br />

2% fosfato de bicalcium<br />

61-65% arroz raspado<br />

12% trigo<br />

18% óleo de grão<br />

4-8% ração de peixe<br />

1% concha de ostra<br />

Cultura de tilápia 61


6.4 Densidade de povoamento e níveis de<br />

62<br />

produção<br />

Em geral é recomendável povoar o tanque a densidade de 2 tilápias<br />

<strong>peque<strong>na</strong></strong>s por metro quadrado.<br />

Em sist<strong>em</strong>a de policultura, onde é combi<strong>na</strong>da a produção de tilápia<br />

com a carpa comum e a carpa prateada, pode contribuir para maximizar<br />

a ocorrência de processo <strong>na</strong>tural de produção de comida nos tanques.<br />

A produção anual de peixe no sist<strong>em</strong>a de policultura pode alcançar<br />

750 a 1.070 g por metro quadrado anual.<br />

Ex<strong>em</strong>plos de alguns resultados obtidos <strong>em</strong> diferentes sist<strong>em</strong>as de produção<br />

típica de tilapia são abaixo indicados:<br />

Tanques não fertilizados s<strong>em</strong> predador s<strong>em</strong>eado 30-60 g/m 2 /ano<br />

Tanques não fertilizados com alimento e com predador 250 g /m 2 /ano<br />

Tanques fertilizados com estrume de porco 500 g/m 2 /ano<br />

Tanques fertilizados com estrume de aves domésticas 300 g/m 2 /ano<br />

Tanques fertilizados e supl<strong>em</strong>ento adicio<strong>na</strong>do 800 g/m 2 /ano<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


7 Cultura de peixe gato<br />

O peixe gato pertence a ord<strong>em</strong> de peixe chamado ‘Siluriformes’ que<br />

subdivide-se <strong>em</strong> famílias Ictaluridae, Pangasidae e Clariidae. É uma<br />

espécie de peixe encontrado <strong>em</strong> muitas partes do mundo e que t<strong>em</strong><br />

dois habitat: marinho e <strong>água</strong> <strong>doce</strong>.<br />

Mais de 2000 diferentes espécies de peixe gato têm sido registadas das<br />

quais mais de metade estão presentes <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>.<br />

Algumas famílias de peixe gato e sua área de cultivo:<br />

? Ictaluridae: peixe gato ca<strong>na</strong>l ‘Channel catfish’ (Ictalurus Punctatus);<br />

peixe gato azul ‘blue cat fish’ (Ictalurus furcatus). Ambos são<br />

cultivados nos Estados Unidos.<br />

? Pangasiidae: Pangasius sutchi é cultivado <strong>na</strong> Tailândia, Camboja,<br />

Viet<strong>na</strong>me, Laos e Índia; Pangasius iar<strong>na</strong>udi.<br />

? Clariidae: Asiático peixe gato ‘Clarias batrachu’; 'Clarias microcephalus’:<br />

cultivado <strong>na</strong> Tailândia; Peixe gato africano (Clarias gariepinus)<br />

cultivado <strong>na</strong> África e Europa (figura 23).<br />

Figura 23: Peixe gato africano (Clarias gariepinus).<br />

Todo o peixe gato cultivado <strong>em</strong> tanques de piscicultura é de espécie de<br />

<strong>água</strong> <strong>doce</strong>.Todas as espécies de peixe gato têm uma cobertura nua ou a<br />

sua pele é coberta de espinhosas placas. Este si<strong>na</strong>l é útil para o piscicultor<br />

saber como manusear facilmente o peixe s<strong>em</strong> esfregar-lhe as<br />

escamas e danificar-lhe a pele. A sua resistência <strong>na</strong>tural e a sua capacidade<br />

de permanecer vivo fora de <strong>água</strong> por largo t<strong>em</strong>po, é de valor<br />

Cultura de peixe gato 63


especial nos países tropicais, onde a t<strong>em</strong>peratura alta de <strong>água</strong> causa<br />

probl<strong>em</strong>as práticos quando o peixe é transportado.<br />

O peixe gato ca<strong>na</strong>l ‘channel catfish’ se reproduz facilmente <strong>na</strong>s margens<br />

de tanque, onde os ovos são gerados, num ninho que é guardados<br />

por um peixe macho. O peixe gato asiático reproduz-se facilmente <strong>em</strong><br />

cativeiro, enquanto o peixe gato africano precisa de mais cuidados<br />

mas pode também reproduzir-se <strong>na</strong>turalmente nos tanques.<br />

Justo como a tilápia, o peixe gato prefere uma grande variedade de<br />

comida; Ele pode comer qualquer coisa mas ele mostra preferência<br />

por comer os pequenos peixinhos (que correspond<strong>em</strong> 30% de seu<br />

comprimento) e matérias vegetais de fundo do tanque. São peixes de<br />

<strong>água</strong> quente com uma t<strong>em</strong>peratura de 16 a 30 graus Centígrados.<br />

Muitas espécies de peixes gatos para além de possuir<strong>em</strong> as guelras<br />

cuja função é tomar o oxigénio de <strong>água</strong>, têm um extra respirador órgão<br />

com o qual os peixes tomam o oxigénio do ar. Por isso os peixes gatos<br />

são capazes de passar considerável período de t<strong>em</strong>po fora de <strong>água</strong>.<br />

Eles rastejam as vezes fora dos tanques à procura de comida. Essa é a<br />

razão porque o peixe gato ca<strong>na</strong>l é chamado também peixe gato ‘andante’.<br />

Porque estes peixes pod<strong>em</strong> viver baixo condições ambientais pobres,<br />

como <strong>na</strong>s margens de tanque onde há pouco oxigénio. Por isso os piscicultores<br />

povoam algumas vezes as fazendas de arroz, o peixe gato<br />

juntamente com a carpa e tilápia para aqueles peixes aproveitar<strong>em</strong> a<br />

comida <strong>na</strong>tural disponível. O peixe gato que é povoado nos campos de<br />

arroz irá comer quase qualquer coisa mas ele prefere as minhocas, caracóis<br />

e outros peixes.<br />

7.1 Produção de ovos<br />

O comportamento de reprodução de peixe gato é variável <strong>na</strong>s diferentes<br />

espécies de peixe gato. O peixe gato ca<strong>na</strong>l reproduz-se quando t<strong>em</strong><br />

2 a 3 anos de idade e pesa pelo menos 1.5 kg. Em ambos géneros o<br />

peixe t<strong>em</strong> uma abertura genital a ‘uro - genital’ que está situada precisamente<br />

atrás de ânus. O macho adulto pode ser distinguido da fêmea<br />

por ter sua ‘papilla’ genital <strong>em</strong> forma projectada e alongado para trás.<br />

64<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Na fêmea a ‘papilla’ genital t<strong>em</strong> uma forma ovalada. Na figura 24 são<br />

mostrados os peixes gatos deitados de barriga para cima: (A) uma fêmea<br />

madura, (B) o macho peixe gato. Os alvinos de peixe gato não<br />

têm ainda desenvolvido o órgão genital.<br />

No processo <strong>na</strong>tural de reprodução,<br />

um par de peixes gatos é<br />

deixado no tanque, onde já contém<br />

ninhos adequados <strong>na</strong> área<br />

de reprodução. Os tanques de<br />

reprodução são de cerca de 2.<br />

500 metro quadrado de área; A<br />

densidade de povoamento é de<br />

5 a 30 peixes por cada 1.000<br />

metro quadrado. Na reprodução<br />

<strong>em</strong> gaiola, cada par de peixe<br />

recebe um recipiente suficiente<br />

dentro duma malha de arame <strong>na</strong><br />

gaiola de 3 a 6 metro quadrado<br />

e com 1 m de profundidade.<br />

Em ambos os sist<strong>em</strong>as, os ovos<br />

são deixados para chocar no<br />

tanque ou pod<strong>em</strong> ser r<strong>em</strong>ovidos<br />

para chocar numa chocadeira.<br />

As fêmeas produz<strong>em</strong> entre<br />

3.000 e 20.000 ovos <strong>em</strong> cada<br />

ciclo reprodutório, cuja pode<br />

aumentar quando aumenta o<br />

peso do corpo de peixe.<br />

Figura 24: Papillae genital f<strong>em</strong>ini<strong>na</strong><br />

(A) e masculi<strong>na</strong> (B) do peixe<br />

gato africano (Viveen e al., 1985).<br />

No caso de família de peixe gato Pangasiidae e Clariidae, a maioria<br />

das germes é obtida <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza <strong>em</strong> forma de pequenos alvinos. A reprodução<br />

por indução <strong>em</strong> todos os peixes gatos Pangasiidae é agora<br />

largamente praticada <strong>na</strong> Europa e Ásia, desde que nós não sejamos<br />

capazes de reproduzir o peixe <strong>na</strong>turalmente. O mesmo é válido para<br />

algumas peixes gatos Clariidae. O peixe gato asiático pode ser repro-<br />

Cultura de peixe gato 65


duzido <strong>na</strong>turalmente ao parar de dar-lhe a alimentação, aumentar e<br />

manter alto o nível de <strong>água</strong>. O peixe gato africano pode também ser<br />

reproduzido <strong>na</strong>turalmente, se seguir esta recomendação: subir o numero<br />

de substratos alimentares, como fibra de sisal, folhas de palma e<br />

caroços.<br />

7.2 Incubação<br />

Quando os ovos de peixe gato ca<strong>na</strong>l chocam dentro do tanque, os peixes<br />

pequenos são recolhidos e transferidos para um tanque viveiro<br />

onde são criados. Os ovos são chocados dentro de uma incubadora,<br />

um simples recipiente de alumínio, que é colocado <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong> corrente,<br />

para desta forma manter-se o movimento artificial (simulação<br />

de movimento que os peixes machos faz<strong>em</strong> durante reprodução <strong>na</strong>tural,<br />

enquanto guardam os ovos).<br />

Os ovos de peixe gato da família Ictaluriidae chocam <strong>em</strong> 5 a 10 dias<br />

geralmente numa t<strong>em</strong>peratura de 21 a 24 graus Centígrados; Enquanto<br />

os ovos de peixe gato de família Pangasiidae chocam <strong>em</strong> 1 a 3 dias<br />

numa t<strong>em</strong>peratura de 25 a 28 graus Centígrados. Os ovos de peixe<br />

gato asiático chocam nos ninhos de reprodução, onde são guardados<br />

pelos machos. A incubação dura entre 18 e 20 horas depois de geração<br />

dos ovos numa t<strong>em</strong>peratura de 25 a 32 graus. Os recém chocados peixinhos<br />

ficam primeiro no ninho e depois são recolhidos para o tanque<br />

viveiro com uma rede que t<strong>em</strong> formato de uma colher depois de 6 a 9<br />

dias. Cada fêmea de peixe gato produz 2.000 a 5.000 alvinos. Uma<br />

vez mais, a produção depende de o peso do corpo de peixe. Sob as<br />

condições da cultura controlada, o peixe gato se reproduz <strong>na</strong>turalmente<br />

mas grande parte de peixe adulto <strong>na</strong>s famílias de peixe gato não<br />

mostra qualquer cuidado pater<strong>na</strong>l ou mater<strong>na</strong>l para com os pequenos,<br />

o que resulta <strong>em</strong> uma taxa baixa de sobrevivência de alvinos. Se tor<strong>na</strong><br />

mais comum a realização de uma reprodução induzida e o controlo de<br />

alvinos.<br />

Assim os peixes gatos de tamanho reduzido que são cuidados nos tanques<br />

da piscicultura a maior parte deles, foi apanhada <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais<br />

ou foram comprados no mercado de negociantes de peixe ou<br />

comprados <strong>na</strong>s estações de extensão de produção de peixe do lugar.<br />

66<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


7.3 Produção de alvinos<br />

Os ovos de peixe gato são pequenos e chocam dentro de larvas reduzidas.<br />

As larvas de peixe gato ca<strong>na</strong>l são chocadas com uma muito <strong>peque<strong>na</strong></strong><br />

g<strong>em</strong>a glandular. Em esta g<strong>em</strong>a glandular há uma extra alimentação<br />

que serve para os peixinhos comer<strong>em</strong> depois de que são chocados.<br />

Eles com<strong>em</strong> completamente essa a g<strong>em</strong>a glandular antes de saír<strong>em</strong><br />

à procura de sua própria alimentação <strong>na</strong>tural no tanque. Desde<br />

que os alvinos foram chocados, criados no tubo glandular, alimentados<br />

de tubo e de g<strong>em</strong>a glandular até ao momento <strong>em</strong> as eles termi<strong>na</strong>m de<br />

consumir completamente aquele tubo e g<strong>em</strong>a glandular, já se passaram<br />

cerca de quatro dias. E então as crias sai<strong>em</strong> a procura de comida de<br />

recursos <strong>na</strong>turais de tanque. E nesse momento as crias já pod<strong>em</strong> ser<br />

transferidas para o tanque de alvinos. Os tanques para os alvinos pod<strong>em</strong><br />

variar <strong>em</strong> tamanhos. Estes tanques são povoados a uma densidade<br />

de 50 alvinos por um metro quadrado. Se a profundidade ‘Secchi’<br />

está entre 25 e 50 cm pode fertilizar o tanque. A fertilização deve ser<br />

<strong>feita</strong> ao juntar estrume dos animais (5 quilogramas de estrume de boi<br />

ou 3 quilogramas de estrume de galinha ou de porco por cada 100 metro<br />

quadrado); ou por fertilizantes artificiais (50 gramas de superfosfato<br />

e 100 gramas de ureia por 100 metro quadrado). Cerca de duas s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s<br />

depois de povoar o tanque, a taxa de produção de algas e das<br />

plantas da <strong>água</strong> ‘zooplancton’ não vai mais cobrir as necessidades<br />

alimentares do peixe gato que está <strong>em</strong> crescimento.<br />

Os peixes pequenos vão começar a comer os organismos do fundo do<br />

tanque, como a larva de mosquito e o canibalismo vai ocorrer frequent<strong>em</strong>ente.<br />

S<strong>em</strong> um supl<strong>em</strong>ento de alimentos a taxa de sobrevivência<br />

sobre o total de peixe s<strong>em</strong>eado no tanque é de 30% <strong>em</strong> 30 dias que<br />

dura o período de crescimento. Os alvinos pesarão nesse período 1 a 3<br />

g e medirão 3 a 6 cm de comprimento.<br />

Os filhotes de peixe gato da família Pangasiidae são transferidos directamente<br />

para o tanque desti<strong>na</strong>do aos alvinos depois de ser<strong>em</strong> chocados.<br />

Estes alimentam-se de comida <strong>na</strong>tural ocorrida no tanque. É<br />

recomendável que lhes abasteça de supl<strong>em</strong>ento de comida, porque a<br />

comida <strong>na</strong>tural é s<strong>em</strong>pre insuficiente.<br />

Cultura de peixe gato 67


7.4 Tanques de crescimento<br />

Esses tanques variam entre 5.000 e 20.000 metro quadrado de tamanho.<br />

Por causa de baixas t<strong>em</strong>peraturas no inverno que atrasam o crescimento<br />

de peixe gato ca<strong>na</strong>l, as vezes o peixe é mantido dois anos até<br />

alcançar o tamanho de mercado. Os alvinos dev<strong>em</strong> ser do mesmo tamanho,<br />

doutro modo ocorrerá outra vez o canibalismo <strong>em</strong> que logo os<br />

maiores começarão a comer os mais pequenos quando não haver comida<br />

suficiente no tanque. Durante o primeiro ano a densidade de povoamento<br />

é de 20 alvinos por 10 metro quadrado, tal número reduzirá<br />

a 4 durante o segundo ano.<br />

Os tanques para o amadurecimento de peixe gato da família Clariidae<br />

e Pangasiidae pod<strong>em</strong> variar entre 1.000 e 20.000 metro quadrado de<br />

tamanho e t<strong>em</strong> <strong>em</strong> geral uma profundidade de 1 a 3 metros. São s<strong>em</strong>eados<br />

alvinos a uma razão de 25 individuais por metro quadrado. O<br />

peixe gato é também produzido <strong>na</strong>s gaiolas flutuantes as quais variam<br />

<strong>em</strong> tamanho entre 6 e 100 metro quadrado de superfície.<br />

7.5 Requisitos alimentares<br />

O peixe gato africano alimenta-se da comida <strong>na</strong>tural desenvolvida no<br />

tanque. A adição de fertilizantes para os tanques de peixe gato t<strong>em</strong><br />

como objectivo aumentar totalmente a produção de comida no tanque.<br />

Experiências anteriores têm mostrado que utilizar estrume para fertilizar<br />

o tanque resulta <strong>em</strong> alta produção do que usar os fertilizantes artificiais<br />

(e são também caras muitas vezes).<br />

68<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Anexo 1: Linhas de orientação para a<br />

construção de tanque<br />

Tamanho e forma<br />

Tanques de formato quadrado e rectangular são mais fácil de construir.<br />

Mas o seu tanque pode ter uma forma diferente adequada para o tamanho<br />

e a forma de terreno disponível. Um tanque familiar de bom tamanho<br />

é de uma superficie de 300 metros quadrados, o qual você pode<br />

construir s<strong>em</strong> necessitar de usar maqui<strong>na</strong>ria. Um tanque pode ser maior<br />

que isso, mas para o uso familiar é melhor ter vários pequenos tanques<br />

do que ter um só grande. Com mais de um você t<strong>em</strong> a possibilidade<br />

de colher o peixe mais vezes.<br />

Profundidade<br />

A profundidade da <strong>água</strong> é normalmente de 30 cm <strong>na</strong>s margens e um<br />

metro <strong>na</strong> parte profunda do tanque (figura 25). O tanque pode ser mais<br />

profundo do que aqueles utilizados como reservatórios de <strong>água</strong> <strong>na</strong> estação<br />

seca. É importante que o tanque seja completamente drenável<br />

durante a colheita de peixe.<br />

Figura 25: Corte tranversal de um tanque (Murnyak, 1990).<br />

Tipos<br />

O tipo de tanque que você necessita construir depende dos contornos<br />

(topografia) do terreno. Diferentes tipos de tanques são adequados<br />

para superfícies pla<strong>na</strong>s ou acidentadas.<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 69


Os tanques escavados são construídos <strong>na</strong>s áreas pla<strong>na</strong>s, escavando<br />

uma superfície o mais profundo que for necessário para construir o<br />

tanque. O nível de <strong>água</strong> estará abaixo de nível de profundidade origi<strong>na</strong>l<br />

(figura 26).<br />

Figura 26: Tanque escavado (Murnyak and Murnyak, 1990)<br />

Os diques elevados de tanque são construidos de forma incli<strong>na</strong>da no<br />

declive da montanha. A terra da parte superior do tanque é escavada e<br />

utilizada para construir uma barrag<strong>em</strong> <strong>na</strong> parte baixa. A barrag<strong>em</strong> deve<br />

ser forte porque o nível de <strong>água</strong> no tanque estará acima do nível origi<strong>na</strong>l<br />

do terreno. (figura 27).<br />

Figura 27: Dique elevado de um tanque (Murnyak and Murnyak,<br />

1990)<br />

70<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Construção de tanque de peixe<br />

A construção de um tanque pode ser a parte mais difícil e muito dispendioso<br />

de todo o projecto de piscicultura. Um tanque b<strong>em</strong> construído<br />

é um bom investimento que pode ser útil por muitos anos.<br />

Para construir um tanque de piscicultura segue os seguintes passos:<br />

1 Prepara o sítio<br />

2 Constrói um núcleo argiloso (só para a elevação das paredes)<br />

3 Escava o tanque e construi as paredes<br />

4 Constrói as entradas e as saídas de <strong>água</strong><br />

5 Proteja os diques de tanque<br />

6 Fertilize o tanque<br />

7 Veda o tanque<br />

8 Preencha o tanque com a <strong>água</strong><br />

9 Reviste para detectar os probl<strong>em</strong>as antes de povoar de peixe o tanque<br />

1 Preparação de sítio<br />

Primeiro r<strong>em</strong>over as árvores, os bosque e as rochas; Cortar o capim <strong>na</strong><br />

área planificada para construir o tanque. Depois meça e marca o comprimento<br />

e a largura do tanque (figura 28). Os diques de tanque serão<br />

aumentadas vários metros acima de nível de terreno. Na área montanhosa,<br />

tenta medir o declive de terreno com um nivelador ou um pau<br />

para encontrar melhor o sitio adequado de orientação para construção<br />

de tanque.<br />

Retire a camada de terra que cont<strong>em</strong> as raízes, folhas, etc. Deposite<br />

esses restos fora de área planificada para a construção de tanque (figura<br />

29). Mas salve o solo da parte de cima para mais tarde ter utilidade<br />

quando plantar a relva nos diques do tanque.<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 71


Figura 28: Marcando o tanque (Murnyak and Murnyak, 1990).<br />

Figura 29: Retirar a terra de cima (Murnyak and Murnyak, 1990).<br />

72<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


2 Construção de um núcleo argiloso (para elevar contornos de<br />

tanque)<br />

Um núcleo argiloso é a fundação que fará a construção mais forte e<br />

evitará a fuga de <strong>água</strong>. O núcleo argiloso é necessário para elevar as<br />

paredes iniciais de tanque e é construído debaixo das partes dos diques<br />

onde a <strong>água</strong> estará acima de nível origi<strong>na</strong>l de terreno. O núcleo de argila<br />

não será necessário nos tanques escavados porque aí o nível de<br />

<strong>água</strong> fica debaixo de nível de terreno origi<strong>na</strong>l.<br />

Figura 30: Cavando uma trincheira (A) (Murnyak and Murnyak,<br />

1990).<br />

Retira toda a terra de cima <strong>na</strong> área onde vai construir os diques e escave<br />

<strong>em</strong> forma de trincheira, da mesma maneira como você faria para<br />

cavar as fundações de uma casa. As trincheiras dev<strong>em</strong> ser escavadas<br />

<strong>na</strong> parte mais baixa de tanque e ao longo de cada metade dos lados<br />

curtos do tanque. (figura 30). Enche a trincheira com uma boa camada<br />

de terra argilosa. Junte várias polegadas de argila duma vez e compac-<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 73


ta muito b<strong>em</strong>. Esta vai prover uma fundação forte sobre a qual poderá<br />

construir os diques de tanque.<br />

O desenho de (figura 31A+B) mostra como uma trincheira ajuda a<br />

fortalecer os muros de tanque e previne as fugas de <strong>água</strong>. Há uma tendência<br />

para fugas de <strong>água</strong> quando se junta nova camada de terra ao<br />

terreno origi<strong>na</strong>l. No desenho acima (figura 31A) não há concentração<br />

de argila e a <strong>água</strong> foge debaixo do novo dique. As fugas de <strong>água</strong> pod<strong>em</strong><br />

eventualmente causar a completa queda de dique. No desenho<br />

mais abaixo (figura 31B) o concentrado de argila faz parar a fuga de<br />

<strong>água</strong> debaixo de dique recent<strong>em</strong>ente construído.<br />

Figura 31: A função de um núcleo de argila (Murnyak and Murnyak,<br />

1990). A: <strong>água</strong>; B: marg<strong>em</strong> de tanque; C: terra; D: filtração;<br />

E: núcleo de argila.<br />

3 Escavação de tanque e construção de diques<br />

Utilize a terra que você escavou quando fez as trincheiras para introduzir<br />

o concentrado de argila. Com essa terra constrói o dique sobre a<br />

trincheira. Evite usar areia com rochas ou terra que cont<strong>em</strong> restos de<br />

raízes, capim paus ou folhas, porque esses materiais vão causar a decadência<br />

do muro mais tarde ou deixaria uma fraca estrutura no lugar<br />

por onde a <strong>água</strong> viria filtrar-se.<br />

Comprima o solo s<strong>em</strong>pre que vai construindo os diques. Depois adicione<br />

cada 30 cm de solo que se vai perdendo durante o trabalho; calque<br />

para baixo com os pés enquanto rega com <strong>água</strong> o dique. Depois compacte<br />

o dique com uma enxada ou com um tronco pesado ou com uma<br />

peça de madeira fixada <strong>na</strong> extr<strong>em</strong>idade de uma vara (figura 32). Isto<br />

vai fortificar a represa.<br />

74<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Os diques de tanque poderiam ser de cerca de 30 cm acima de nível de<br />

<strong>água</strong> de tanque. Se vai cultivar o peixe gato constrói diques com mais<br />

de 50 cm acima de nível de <strong>água</strong> para prevenir que o peixe gato não<br />

salte para fora de tanque. Uma vez que você tenha atingido aquela altura<br />

desejada de dique, adicio<strong>na</strong> um pouco de terra para permitir o<br />

ajustamento. Depois não adicio<strong>na</strong> mais outras camadas de terra por<br />

cima de diques.<br />

Se você não t<strong>em</strong> feito ainda profundo, continua a escavar mas leva o<br />

solo fora de área de tanque. Se você colocar o solo por cima de topo<br />

de diques de tanque, estes se tor<strong>na</strong>rão muito altos e instáveis e será<br />

difícil trabalhar a volta do tanque.<br />

Figura 32: Compactando o dique (Viveen e al., 1985).<br />

Os diques de tanque dev<strong>em</strong> ser ligeiramente incli<strong>na</strong>dos. Isto os tor<strong>na</strong>rá<br />

mais fortes e evitará que se dobr<strong>em</strong> e desabam dentro de tanque. A<br />

melhor forma de fazer os diques incli<strong>na</strong>dos é escavar depois a parte<br />

mais principal de tanque.<br />

Um dique de tanque b<strong>em</strong> incli<strong>na</strong>do é aquele que aumenta 1 metro <strong>em</strong><br />

cada 2 metros de seu comprimento. É fácil fazer um triângulo como é<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 75


mostrado <strong>na</strong> figura 33 para ajudar a adquirir a incli<strong>na</strong>ção. Uma boa<br />

forma para determi<strong>na</strong>r se os diques estão muito <strong>em</strong>pi<strong>na</strong>dos é tratar de<br />

caminhar devagar desde o topo de dique para o fundo do tanque. Se<br />

isso não for possível então significa que o dique continua muito incli<strong>na</strong>do.<br />

Figura 33: Medindo a incli<strong>na</strong>ção de um dique (Murnyak e Murnyak,<br />

1990).<br />

O fundo de tanque deve incli<strong>na</strong>r-se também e assim a <strong>água</strong> variará de<br />

profundidade ao longo de superfície do tanque. Alisa o tanque depois<br />

de alcançar a necessária profundidade de tanque. Isto tor<strong>na</strong>rá fácil o<br />

uso das redes durante a colheita de peixe, porque o peixe vai facilmente<br />

escorregar para o fundo do tanque.<br />

4 Construção de entradas e de saídas de <strong>água</strong><br />

A entrada de <strong>água</strong> consiste de um ca<strong>na</strong>l que traz a <strong>água</strong>, uma bacia<br />

estendida de aluvião, um cano para trazer <strong>água</strong> para o tanque (figura<br />

34 e figura 35).<br />

A <strong>água</strong> que entra no tanque contém as vezes tanta terra e muitos sedimentos<br />

que fará o tanque muito lodoso. A bacia estendida de aluvião<br />

tratará de travar a entrada dessa terra e sedimento no tanque. Alargue e<br />

aprofunde os ca<strong>na</strong>is de entrada de <strong>água</strong> justamente fora de dique. A<br />

terra vai ficar depositada nesse buraco <strong>em</strong> vez de entrar no tanque.<br />

Esse buraco é chamado bacia estendida de aluvião. O tubo de entrada<br />

76<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


de <strong>água</strong> corre desde a bacia estendida de aluvião. através de dique, isto<br />

pode ser cerca de 15 cm acima de nível de <strong>água</strong> Quando a <strong>água</strong> termi<strong>na</strong><br />

a sua trajectória através de tubo de entrada caí <strong>em</strong> forma salpicada<br />

no tanque. Isso prevê que o peixe escape ao <strong>na</strong>dar para o tubo de entrada<br />

e ajuda também a misturar o ar (portanto o oxigénio <strong>na</strong> <strong>água</strong>). O<br />

tubo de saída.<br />

Figura 34: A entrada e a saida da <strong>água</strong> de um tanque (Murnyak e<br />

Murnyak, 1990). A: ca<strong>na</strong>l deentrada; B: tubo dedescarga; C: Ca<strong>na</strong>l<br />

de entrada; D: Bacia estendida de aluvião.<br />

É um tubo de descarga de <strong>água</strong> o qual é usado somente <strong>em</strong> casos de<br />

<strong>em</strong>ergências. A <strong>água</strong> Não deve correr para à saída de tanque diariamente,<br />

<strong>em</strong> princípio. Durante a estação da chuva torrencial o tubo de<br />

descarga leva a excessiva <strong>água</strong> de chuvas que é descarregável fora de<br />

tanque.<br />

O tubo de descarga pode ser instalado num ângulo como mostra a<br />

figura 35. Se você instala o tubo de descarga e o tubo de entrada debaixo<br />

de <strong>água</strong> como já foi mostrado, isso vai evitar o entupimento dos<br />

tapumes com os escombros que eventualmente pod<strong>em</strong> flutuar <strong>na</strong> superfície<br />

de tanque.<br />

Os tubos de entrada e de saída pod<strong>em</strong> ser feitos de materiais como,<br />

metal, plástico, bambu, madeira ou outros. Instalar os tubos através de<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 77


dique de tanque perto de superfície. Os tubos dev<strong>em</strong> ter tábuas para<br />

tapar e evitar a entrada e ou saída de peixe.<br />

Figura 35: Corte transversal de entrada e de saída da <strong>água</strong> de um<br />

tanque (Murnyak e Murnyak, 1990). A: Bacia estendida de aluvião;<br />

B: tubo de descarga; C: Ca<strong>na</strong>l de entrada; D: tapume.<br />

O tubo de ENTRADA é tapado à marg<strong>em</strong> que fica fora de tanque para<br />

travar a entrada de peixe <strong>na</strong>tural e materiais como ramos e folhas ao<br />

tanque. O tubo de SAÍDA é tapado dentro de tanque para travar o escape<br />

de peixe para fora de tanque. Os tapumes pod<strong>em</strong> ser feitos de<br />

vários tipo de materiais que permitam a passag<strong>em</strong> de <strong>água</strong> mas não<br />

deix<strong>em</strong> escapar o peixe pequeno (figura 36):<br />

? peça metálico perfurado com buracos (figura 36A);<br />

? tapume ou mecha de arame (figura 36B);<br />

? um vaso de argila perfurado com buracos (figura 36C);<br />

? um folgado tapete tecido de capim (figura 36D).<br />

Os tapumes dev<strong>em</strong> ser limpos diariamente.<br />

5. Protecção dos diques do tanque<br />

Quando os diques de tanque estão fi<strong>na</strong>lmente construídos, cubre-os<br />

com a terra, aquela que foi você retirou ao início de escavação do tanque.<br />

Plante a relva assim como Rhodes capim (Choris gava<strong>na</strong>) ou capim<br />

‘star’(Cynodon dactylon) sobre os diques. Não plante aquela relva<br />

que t<strong>em</strong> raiz comprida ou árvores porque estas pod<strong>em</strong> vir a enfraquecer<br />

os diques e causar fugas de <strong>água</strong>. A terra fértil terra de topo vai<br />

ajudar a crescer a nova relva e a relva vai ajudar a proteger os diques<br />

de erosão. Com as chuvas abundantes os diques dos tanques pod<strong>em</strong><br />

ser destruídos pelas cheias. Se haver muita corrente esta levararia a<br />

78<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


<strong>água</strong> de chuva directamente para o tanque. Este probl<strong>em</strong>a afecta mais<br />

as elevações de diques dos tanques construídas no lado montanhoso.<br />

Figura 36: Materiais para os tapumes (Murnyak e Murnyak, 1990).<br />

Para prevenir o probl<strong>em</strong>a deve desviar a corrente de <strong>água</strong> a volta dos<br />

lados de tanque. Você pode conseguir isso ao escavar os fossos ao<br />

longo da parte superior do tanque, usando o lixo escavado no fosso<br />

para construir um pequeno cume abaixo do mesmo fosso. O fosso vai<br />

fazer a <strong>água</strong> de chuva correr para longe de tanque. Isto vai prevenir as<br />

cheias e proteger os diques de tanque (figura 37).<br />

Figura 37: ‘Dique protector’ feito por desviar a corrente de corrente<br />

de <strong>água</strong> (Murnyak e Murnyak, 1990). A: fosso; B: dique.<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 79


6. Fertilização de tanque<br />

A produção de comida <strong>na</strong>tural para o peixe no tanque pode ser aumentada<br />

se aplicar os fertilizantes no tanque. Os fertilizantes que pod<strong>em</strong><br />

ser utilizados inclu<strong>em</strong> o estrume de animal, os compostos ou fertilizantes<br />

químicos. Antes de encher o tanque de <strong>água</strong>, você deve espalhar<br />

os fertilizantes no fundo seco de tanque. Quando encher o tanque<br />

de <strong>água</strong> adicione os fertilizantes no tanque. Fertilize o tanque regularmente<br />

por ex<strong>em</strong>plo, todos os dias de preferência no fim da manhã ou<br />

de tarde mais cedo. A contínua adição de fertilizantes vai assegurar a<br />

contínua produção de comida <strong>na</strong>tural para o peixe. Para uma mais detalhada<br />

informação sobre as medidas de aplicação de fertilizantes veja<br />

o Agrodok no. 21 <strong>em</strong> ‘A <strong>Piscicultura</strong> Integrada’.<br />

Se o solo é ácido, junta no fundo do tanque a cal ou cinza de madeira.<br />

Agrega fertilizantes antes de encher o tanque de <strong>água</strong>. Usa 10-20 kg<br />

de cal ou 20-40 kg de cinza de madeira por cada 100 metro quadrado<br />

do fundo do tanque (veja também a secção acidez, alcalinidade e dureza<br />

da <strong>água</strong>, Capítulo 4).<br />

7 Vedação de tanque<br />

Pôr uma vedação a volta de tanque vai proteger as crianças de caír<strong>em</strong><br />

no tanque e pode ajudar também a manter longe os ladrões e os animais<br />

predadores. Para tor<strong>na</strong>r baixos os custos e fazer uma robusta vedação<br />

deve plantar um denso sebo a volta das margens do tanque ou<br />

deve construir uma vedação utilizando as varas e ramos espinhosos.<br />

8 Encher de <strong>água</strong> o tanque<br />

Antes de encher de <strong>água</strong> o tanque, coloque rochas no fundo do tanque<br />

por onde a <strong>água</strong> irá cair e salpicar ao ser trazida através de tubo de<br />

entrada. As rochas vão evitar que a força causada pelo abate da <strong>água</strong><br />

sobre o tanque não estrague o fundo do tanque.<br />

Depois abre o tubo de entrada e encha o tanque. Encha o tanque devagar<br />

para que os diques não desçam desigualmente devido ao facto de<br />

estar<strong>em</strong> molhados. Enquanto o tanque é enchido, a <strong>água</strong> do fundo<br />

80<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


deve ser medida com um pau. Pára de encher o tanque quando t<strong>em</strong> já<br />

encontrado a profundidade de <strong>água</strong> desejada.<br />

Não encher o tanque d<strong>em</strong>asiado para não começar o processo de descarga<br />

de <strong>água</strong>. O tubo de descarga foi construído para ser usado <strong>em</strong><br />

casos de <strong>em</strong>ergência, ou seja para retirar as <strong>água</strong>s causadas pelas cheias<br />

e pelas correntes. A <strong>água</strong> no tanque não deve transbordar sobre as<br />

bordas do tanque (devido a sua estag<strong>na</strong>ção). Se a <strong>água</strong> transbordar<br />

sobre o tanque o peixe baixará o seu crescimento porque a <strong>água</strong> <strong>em</strong>purra<br />

com a sua corrente a produção <strong>na</strong>tural de comida. A única <strong>água</strong><br />

que deve acrescentar ao tanque é aquela que se perdeu por evaporarão<br />

e por filtração.<br />

Os tanques que acabam de ser construídos, geralmente têm filtrações<br />

ao ser enchidos de <strong>água</strong> pela primeira vez, porque as partículas de terra<br />

absorv<strong>em</strong> <strong>água</strong>. Acrescenta e mantenha de novo a <strong>água</strong> por várias<br />

s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s e lentamente o tanque vai reter <strong>água</strong>.<br />

9 Fiscalização para detectar os probl<strong>em</strong>as antes de povoar o<br />

tanque<br />

Espere 4 a 7 dias antes de povoar de peixe o tanque enquanto se processa<br />

a produção <strong>na</strong>tural de comida no tanque. Deste modo vai permitir<br />

que se alcance satisfatoriamente a produção de comida <strong>na</strong>tural para<br />

o peixe. Deste ponto <strong>em</strong> diante é importante manter <strong>em</strong> bom estado de<br />

conservação o tanque e com <strong>água</strong> de boa qualidade.<br />

Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 81


Anexo 2: Ampla variedade de<br />

espécies de peixes e sua comida<br />

preferida<br />

Comedora de algas<br />

? Carpa prateada chinesa (Hypophtalichthys molitrix)<br />

? Carpa India<strong>na</strong> ‘catla’ (Catla catla)<br />

? Carpa India<strong>na</strong> ‘rohu’ (Labeo rohita)<br />

? Milkfish (Chanos chanos)<br />

Comedoras de plantas da <strong>água</strong><br />

? Carpa herbívora chinesa (Ctenopharyngodon idella)<br />

? Chinês ‘Wuchang bream’ (Megalobrama amblycephala)<br />

? Big gourami (osphron<strong>em</strong>us goramy)<br />

? Tilápia (Tilápia rendalli)<br />

? Zill’s tilápia ( Tilápia zillii)<br />

Comedoras de pequenos animais aquáticos<br />

? Carpa cabeçuda Chinesa (Aristichthys nobilis)<br />

? Comedoras de caracóis<br />

? Carpa negra Chinesa (Mylopharyngodon piceus)<br />

Espécie de peixe predador (comedores de peixe)<br />

? Espécies cabeça da cobra (Chan<strong>na</strong> spp = Ohphiocephalus spp)<br />

Omnívoros<br />

? Espécies ‘Barb’ (Puntius ssp.)<br />

? Carpa ‘Crucian’ (Carassius carassius)<br />

? Carpa de lodo Chinesa (Cirrhinus molitorella)<br />

? Carpa comum (Cyprinus carpio)<br />

? Espécies de peixe gato (Clarias spp., Pangasius spp., Ictalurus<br />

spp.)<br />

? Carpa India<strong>na</strong> ‘mrigala’ (Cyprinus mrigala)<br />

? Espécie de tilápia (Oreochromis spp., Sarotherodon spp., Tilápia<br />

spp.)<br />

82<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Anexo 3: Características de<br />

substâncias de cal<br />

Os materiais de cal mais importantes utilizados <strong>na</strong> piscicultura são a<br />

cal da agricultura, a cal matosa ‘slaked lime e o cal viva ‘quicklime’.<br />

A cal de agricultura é aplicada mais vezes <strong>na</strong> piscicultura por ser segura,<br />

efectiva e muitas vezes menos custosa.<br />

As quantidades de cal de agricultura necessárias comparadas com 1kg<br />

de cal de agricultura (CaCO3) são:<br />

? 700 g cal matosa { (Ca(OH)2}<br />

? 550 g cal viva (CaO)<br />

? 2, 25 kg de cal básica <strong>em</strong> monte (basic slag) (CaCO3 +P 2 O5)<br />

Isso significa por ex<strong>em</strong>plo, que 550 g de cal viva t<strong>em</strong> o mesmo efeito<br />

de 1000 g de cal de agricultura.<br />

O efeito de cal será melhor e dará melhor resultado quando o tamanho<br />

das partículas de materiais de cal for<strong>em</strong> maximamente esmagadas antes<br />

que sejam aplicados.<br />

Os melhores resultados serão obtidos quando a cal for distribuída<br />

igualmente no fundo do tanque ainda seco. A cal viva como desinfectante<br />

necessita de qualquer modo de certa humidade.<br />

Aplicação de materiais de cal<br />

A cal deve ser aplicada aos tanques com acidêz no solo ou com <strong>água</strong><br />

ácida ou com <strong>água</strong> <strong>doce</strong> de baixa alcalinidade. O quadro 6 abaixo<br />

pode servir como uma guia de orientação para estimar as quantidades<br />

necessárias de cal, expressas <strong>em</strong> kg/ha.<br />

Quadro 6: Quantidade de cal agrícola necessária (kg/ha).<br />

pH fundo do tanque Marga pesada ou argila Arga arenosa Areia<br />

5-5.5 5400 3600 1800<br />

5.5-6 3600 1800 900<br />

6-6.5 1800 1800 0<br />

Anexo 3: Características de substâncias de cal 83


Se a cal escolhida é aplicada correctamente, o pH vai estar acima de<br />

6.5 e a total alcalinidade estará acima de 20 mg/L depois de 2 a 4 s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s.<br />

84<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Leitura recomendada<br />

Arrignon, J.C.V, Tilapia. The Tropical Agriculturist: 1998, pp.78, Macmillan-CTA,<br />

London, Uk; Wageningen, NL. ISBN: 0-333-57472-9.<br />

Bar, J., P. de Kimpe, J. Lazard, J. L<strong>em</strong>asson e J. Lessent. 1976. Handbook<br />

of tropical fish culture. Centre Tecnique Forestier Tropical,<br />

Nogent- Sur -Marne, France. 165p.<br />

Castangolli, N., Estado da arte da tilapicultura no Brasil. A<strong>na</strong>is<br />

Goiania: UFG, 2002, UFG, Goiânia.<br />

Chakroff, M . 1976. Freshwater fish pond culture and Ma<strong>na</strong>g<strong>em</strong>ent.<br />

Washington. Peace Corps Information Collectin and Exchange,<br />

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Coelho, S.R.C., Produçao de peixes <strong>em</strong> alta densidade <strong>em</strong> tanquesrede<br />

de pequeno volume. pp. 77, Mogia<strong>na</strong> Alimentos S.A., Campi<strong>na</strong>s.<br />

Costa-Pierce, B.A., Rushdi, A. Safari and Atmadja, G.W, Growing<br />

fish in pen syst<strong>em</strong>s. Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Centre for Living Aquatic Resources<br />

Ma<strong>na</strong>g<strong>em</strong>ent ICLARM contribution vol 374, 1989a, pp. 40, IOE<br />

UNPAD-PLN. CLARM, Manila, Philippines ISBN: 971-1022-74-5.<br />

Costa-Pierce, B.A., Rushdi, A.Safari and Atmadja, G.W. Small scale<br />

hatchery for common carp. Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Centre for Liiving Aquatic<br />

Resources Ma<strong>na</strong>g<strong>em</strong>ent ICLARM contribution vol 573, 1989b, pp.<br />

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971-1022-73-7.<br />

Daniela Ferraz Bacconi, Exigência Nutricio<strong>na</strong>l de Vitami<strong>na</strong> A para<br />

alevinos de Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus. 2003, pp. 42,<br />

Univ. de Sao Paulo, Piracicaba, Estado de Sao Paulo.<br />

F.A.O, Handbook on small-scale fresh water fish-farming. FAO<br />

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103163-0.<br />

Leitura recomendada 85


Ferreira, S.O., Aplicaçao de tecnologia a espécies de pescado de<br />

<strong>água</strong> <strong>doce</strong> visando atender a agroindústria rural., 1987, pp. 122,<br />

Univ. de Sao Paulo, Piracicaba, Estado de Sao Paulo.<br />

Fracalossi, D.M., Doenças nutricio<strong>na</strong>is <strong>em</strong> peixes. A<strong>na</strong>is, Campi<strong>na</strong>s:<br />

Colégio Brasileiro de Nutriçao Animal, 1998, pp. 26 (p.97-122),<br />

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Li, S. and S.Xu, Culture and capture of fish in Chinese reservoirs.<br />

1995, pp. 128, IDRC, Ottawa, Ca<strong>na</strong>da. ISBN: 983-9054-11-2.<br />

Lock, K.; VSO, Voluntary Service Overseas, Fish farming in tropical<br />

fresh water ponds. 2002, pp. 172. STAOS/Agromisa, Wageningen,<br />

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Maar, A., M.A.E. Mortimer and I. van der Lingen. 1966. Fish culture<br />

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86<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Moreira, H.L.M.; Vargas, L.; Ribeiro, R.P.; Zimmermann, S., Fundamentos<br />

de Aquicultura., 2001, pp. 200, Ed. ULBRA, Canoas.<br />

Murnyak, D.and M. Murnyak. 19990. Raising fish in ponds: a farmer’s<br />

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Ostrensky, A.; Boeger, W., <strong>Piscicultura</strong>: fundamentos e técnicas de<br />

manejo., 1998, pp. 211, Agropecuária, Guaíba.<br />

Pezzato, L.E., O estabelecimento das exigências nutricio<strong>na</strong>is das<br />

espécies de peixes cultivadas. A<strong>na</strong>is, Campi<strong>na</strong>s: Colégio Brasileiro<br />

de Nutriçao Animal, 1997, pp. 11 (p.45-55), Campi<strong>na</strong>s.<br />

Pezzato, L.E., Qualidade dos ingredientes, processamento e eficiência<br />

alimentar <strong>em</strong> aquicultura. A<strong>na</strong>is, Goiania: UFG, 2002, Goiânia.<br />

Pillay, T.V.R. 1990. Aquaculture: principles and practices. Fishing<br />

New Book, Oxford, UK, 575p.<br />

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(ICLARM), Manila, Philippines. 108p.<br />

Slack-Smith R.J, Fishing with traps and pots. 2001, pp. 62, FAO,<br />

Rome, Italy. ISBN: 92-5-104307-8.<br />

Symoens,J.J and Michea,J.C, The ma<strong>na</strong>g<strong>em</strong>ent of integrated freshwater<br />

agro-piscicultural ecosyst<strong>em</strong>s in tropical areas. 1995, pp. 587<br />

Royal Acad<strong>em</strong>y of Overseas scientists/CTA/FAO, Brussels (BEL);<br />

Wageningen (NL);Rome (Italy).<br />

UNIFEM, Fish processing. 1993, pp. 72, UNIFEM, UK.<br />

ISBN: 1853391379.<br />

Viveen, W.J.A.R., C.J.J. Richter, P.G.W.J. van Oort, J.A.L. Janssen and<br />

E.A. Huisman. 1985, Practical manual for the culture of the African<br />

catfish (Clarias gariepinus). Directorate General Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l<br />

Leitura recomendada 87


Cooperation of the Ministry of Fororeign Affairs. The Hague, The<br />

Netherlands. 94p.<br />

88<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


Endereços úteis<br />

Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria<br />

Parque Estação Biológica - PqEB s/nº.<br />

CEP 70770-901<br />

Brasília, Brasil<br />

Telephone:(61) 448-4433; Fax: (61) 347-1041<br />

Web-site: www.<strong>em</strong>brapa.br<br />

EMEPA, Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba<br />

(Estado de Paraíba), Brasil<br />

Web-site: www.<strong>em</strong>epa.org.br<br />

FAO, Food and Agricultural Organization of the United Nations<br />

FAO's mandate is to raise levels of nutrition, improve agricultural productivity,<br />

better the lives of rural populations and contribute to the<br />

growth of the world economy. Make sure people have regular access<br />

to enough high-quality food to lead active, healthy lives.<br />

Viale delle terme di carcalla, Rome, Italy<br />

Telephone: (+39) 06 57051; Fax: (+39) 06 570 53152<br />

E-mail:FAO-HQ@fao.org; web-site: www.fao.org<br />

IAC, Instituto Agronómico de Campi<strong>na</strong>s<br />

Caixa Postal 28, Av. Barão de Itapura, 1.481, 13020-902, Campi<strong>na</strong>s,<br />

Brasil<br />

Web-site: www.iac.sp.gov.br<br />

IICT/CVZ/FMV, Instituto de Investigaçao Científica Tropical/Centro<br />

de Veterinária e Zootecnia/Faculdade DE Medici<strong>na</strong> Veterinária<br />

Rua Professor Cid dos Santos, 1300-477, Lisboa, Portugal<br />

INIA, Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Investigação Agronómica<br />

CP 3658<br />

Mavalane, Maputo, Moçambique<br />

Web-site: www.inia.gov.mz<br />

Endereços úteis 89


MAP, Ministério da Agricultura e Pescas<br />

Maputo, Moçambique<br />

Web-site: www.map.gov.mz<br />

MAPF, Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas<br />

Lisboa, Portugal<br />

Web-site: www.min-agricultura.pt<br />

RIVO, Netherlands Institut for fisheries research<br />

The Netherlands Institute for Fisheries Research is a research and consultancy<br />

organization that covers all stages of fish production from the<br />

sustai<strong>na</strong>bility of catch up to the appreciation of fish products by the<br />

consumer. Its abilities and strengths in these fields are recognised by<br />

<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l and inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l fish-related communities (governmental and<br />

commercial), by the scientific community and by non-governmental<br />

organizations (NGOs). It is also recognized as a Dutch research institute<br />

for marine ecology and an excellent laboratory for ch<strong>em</strong>ical<br />

a<strong>na</strong>lysis<br />

postbus 68, 1970 AB IJmuiden, Harinkade 1, 1970 AB, IJmuiden, The<br />

Netherlands<br />

Telephone: 31 (0)255564646; Fax: 31(0)2555646 44<br />

E-mail:visserijonderzoek.asg@wur.nl; web-site: www.rivo.dlo.nl<br />

UEM, Universidade Eduardo Mondlane<br />

P.O. Box 257, Reitoria de Universidade, Praça 25 de Junho, Maputo,<br />

Moçambique<br />

Web-site: www.u<strong>em</strong>.mz<br />

UFLA, Universidade Federal de Lavras<br />

Cx. Postal 37, Campus Universitário, CEP 37200-000, Lavras,<br />

Telephone: 35 3829 1122 -; Fax: Fax: 35 3829 1100<br />

Web-site: www.ufla.br<br />

USP, Universidade de Sao Paulo<br />

Web-site: www.usp.br<br />

World Fish Center<br />

The World fish center is an inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l organization committed to<br />

contributing to food security and poverty eradication in developing<br />

90<br />

<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>


countries. This is achieved through research, partenership capacity and<br />

policy support on living acquatic resources.<br />

P.O.Box 500, GPO, Pe<strong>na</strong>ng, Malaysia<br />

Telephone: (+60-4)626 1606; Fax: Fax: (+60-4) 626 5530<br />

E-mail:worldfishcenter@cgiar.org; web-site: www.worldfishcenter.org<br />

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