Piscicultura feita em pequena escala na água doce - Anancy
Piscicultura feita em pequena escala na água doce - Anancy
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Agrodok 15<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong><br />
<strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong><br />
<strong>doce</strong><br />
Assiah van Eer<br />
Ton van Schie<br />
Aldin Hilbrands
© Fundação Agromisa, Wageningen, 2004.<br />
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida qualquer<br />
que seja a forma, impressa, fotográfica ou <strong>em</strong> microfilme, ou por quaisquer outros<br />
meios, s<strong>em</strong> autorização prévia e escrita do editor.<br />
Primeira edição <strong>em</strong> inglês: 1996<br />
Primeira edição <strong>em</strong> português: 2004<br />
Autores: Assiah van Eer, Ton van Schie, Aldin Hilbrands<br />
Ilustradores: Linda Croese, Oeke Kuller, Barbera Oranje<br />
Design gráfico: Janneke Reijnders<br />
Tradução: Maria<strong>na</strong> Moia<strong>na</strong><br />
Impresso por: Digigrafi, Wageningen, the Netherlands<br />
ISBN: 90-77073-93-0<br />
NUGI: 835
Prefácio<br />
Este Agrodok t<strong>em</strong> como objectivo fornecer a informação básica de<br />
como construir um tanque de peixes <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong>, com propósitos<br />
de adquirir as proteí<strong>na</strong>s diárias necessárias para subsistência.<br />
As práticas de piscicultura são muito diversificadas. Este manual enfoca<br />
sobre o cultivo de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong>. Nas zo<strong>na</strong>s tropicais, é mais<br />
comum a criação de peixe <strong>na</strong>s pisci<strong>na</strong>s para o peixe. Portanto a informação<br />
dada neste manual diz respeito a construção e a gestão de peixe<br />
nesses tanques.<br />
Prefácio 3
Índice<br />
1 Introdução 6<br />
2 <strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos 7<br />
2.1 Planificação de uma <strong>em</strong>presa de aquacultura 8<br />
3 Planificação de sitio e tipo de piscicultura 10<br />
3.1 Escolha de terreno 10<br />
3.2 Tipo de campos de aquacultura 16<br />
3.3 Outros métodos de piscicultura 21<br />
4 Practica de piscicultura 25<br />
4.1 Selecção de espécies de peixe 25<br />
4.2 Nutrição de peixe 28<br />
4.3 A transparência da <strong>água</strong> como indicador de fertilidade 31<br />
4.4 Saúde e doenças 33<br />
4.5 Reprodução 36<br />
4.6 Colheita de peixe 37<br />
4.7 Manutenção e controlo 41<br />
5 Cultura de carpa 46<br />
5.1 Carpa comum 47<br />
5.2 Carpa india<strong>na</strong> e chinesa 52<br />
6 Cultura de tilápia 56<br />
6.1 Produção de ovos 59<br />
6.2 Tanques de crescimento 60<br />
6.3 Alimentar e fertilizar 60<br />
6.4 Densidade de povoamento e níveis de produção 62<br />
7 Cultura de peixe gato 63<br />
7.1 Produção de ovos 64<br />
7.2 Incubação 66<br />
7.3 Produção de alvinos 67<br />
4<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
7.4 Tanques de crescimento 68<br />
7.5 Requisitos alimentares 68<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque<br />
69<br />
Anexo 2: Ampla variedade de espécies de peixes e sua<br />
comida preferida 82<br />
Anexo 3: Características de substâncias de cal 83<br />
Leitura recomendada 85<br />
Endereços úteis 89<br />
Índice 5
1 Introdução<br />
Este Agrodok t<strong>em</strong> como objectivo fornecer a informação básica de<br />
como construir um tanque de peixes <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong>, com propósitos<br />
de adquirir as proteí<strong>na</strong>s diárias necessárias para subsistência.<br />
As práticas de piscicultura são muito diversificadas. Este manual enfoca<br />
sobre o cultivo de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong>. Nas zo<strong>na</strong>s tropicais, é mais<br />
comum a criação de peixe <strong>na</strong>s pisci<strong>na</strong>s para o peixe. Portanto a informação<br />
dada neste manual diz respeito a construção e a gestão de peixe<br />
nesses tanques.<br />
A primeira parte deste Agrodok (Capítulos 2 a 4) descreve os princípios<br />
da aquacultura, inclusive o local escolhido e o tipo de peixe cultivado.<br />
No capítulo 4 são apresentados ex<strong>em</strong>plos da prática de piscicultura,<br />
incluindo a selecção de espécies, a nutrição, aspectos de saúde,<br />
reprodução, colheita e manutenção dos tanques.<br />
A segunda parte (Capítulos 5 a 7) dá a informação específica sobre a<br />
cultura de carpa comum , tilápia e de peixe gato.<br />
6<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
2 <strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos<br />
Por séculos , <strong>em</strong> muitas partes do mundo, o peixe t<strong>em</strong> fornecido a dieta<br />
alimentar a uma importante parte da população. Durante os últimos<br />
c<strong>em</strong> anos, a captura de peixe t<strong>em</strong> crescido rapidamente devido as melhorias<br />
de tecnologia, inclusive o <strong>em</strong>prego de mais técnicas poderosas<br />
e equipamentos hidrofónicas. Apesar de que a excessiva captura de<br />
peixe t<strong>em</strong> sido travada nos últimos 15 anos, a sobre pesca já t<strong>em</strong> causado<br />
o decrescimento das existências mundiais de peixe e tornou-se<br />
um verdadeiro probl<strong>em</strong>a. A necessidade de aumentar a produção de<br />
peixe através do seu cultivo é urgente.<br />
O termo aquacultura significa todas as formas de cultura aquática dos<br />
animais e plantas <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>doce</strong>s, turvas ou salgadas.<br />
A aquacultura t<strong>em</strong> o mesmo objectivo que a agricultura: o de aumentar<br />
a produção de comida acima do nível que seria possível alcançar pela<br />
produção <strong>na</strong>tural. Como <strong>na</strong> agricultura, a tecnologia de piscicultura<br />
inclui a r<strong>em</strong>oção das plantas e animais indesejáveis e sua substituição<br />
por desejáveis espécies ou por cruzamento e selecção de espécies e o<br />
melhoramento de disponibilidades de comida atravéz da utilização dos<br />
fertilizantes.<br />
A piscicultura pode ser combi<strong>na</strong>da com a prática da agricultura, a criação<br />
dos animais e com a irrigação, o que pode conduzir a uma boa<br />
utilização de recursos locais e resultar <strong>em</strong> alta produção e altos lucros.<br />
Esta prática chama-se piscicultura integrada.<br />
Este assunto é extensivamente tratado no Agrodok no. 21.<br />
<strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos 7
8<br />
O peixe é fornecedor de protéi<strong>na</strong>s de alta qualidade para o consumo humano.<br />
Um lavrador pode integrar <strong>na</strong> sua fazenda a aquacultura para criar ingressos<br />
económicos adicio<strong>na</strong>is e melhorar a gestão das <strong>água</strong>s da fazenda.<br />
O crescimento de peixe nos tanques pode ser controlado e depende de<br />
tipo e as espécies de peixe que o piscicultor pretende cultivar.<br />
O peixe produzido nos tanques é propriedade própria. O piscicultor pode<br />
fazer a colheita quando desejar e com a segurança.<br />
Pescar <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s livres comuns é instável. O peixe dos tanques de piscicultura<br />
está s<strong>em</strong>pre disponível.<br />
Habitualmente o peixe nos tanques está disponível.<br />
É eficaz utilizar a terra das margens do tanque. Se a terra não for fértil para<br />
a agricultura ou se for muito custosa para dre<strong>na</strong>r, pode ser mais lucrativo<br />
utilizar a mesma terra para a piscicultura se esta é apropriadamente preparada.<br />
2.1 Planificação de uma <strong>em</strong>presa de<br />
aquacultura<br />
Terra, <strong>água</strong> e as condições climáticas são provavelmente os factores<br />
<strong>na</strong>turais mais importantes que dev<strong>em</strong> ser tomados <strong>em</strong> conta. Quando<br />
você escolher o lugar para aquacultura deverá considerar os efeitos<br />
que a actividade poderá causar ao ambiente. Naturalmente as áreas<br />
importantes para a ecologia, ex<strong>em</strong>plo dos viveiros de plantas <strong>na</strong>turais<br />
como as florestas e os mangais, não deveriam ser elegíveis para aquacultura.<br />
Outro factor importante que necessita considerar é a qualidade<br />
e a quantidade da <strong>água</strong>. O tipo de aquacultura e as espécies de animais<br />
ou plantas que pod<strong>em</strong> ser cultivados, depende grand<strong>em</strong>ente das propriedades<br />
de lugar escolhido.<br />
Os riscos implicados por desenvolver a piscicultura também pod<strong>em</strong><br />
acentuar-se. O peixe para crescer e reproduzir-se necessita proteí<strong>na</strong>s.<br />
Isso significa que os peixes pod<strong>em</strong> tor<strong>na</strong>r-se concorrentes no consumo<br />
dos produtos que são desti<strong>na</strong>dos ao consumo humano. Além disso, o<br />
custo de produção é bastante alto. Portanto a criação de peixe nos<br />
tanques n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre pode competir com a pesca <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s livres,<br />
desde um ponto de vista fi<strong>na</strong>nceiro.<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
O alto investimento inicial e os custos de produção, b<strong>em</strong> como os riscos<br />
económicos implicados no estabelecimento de uma <strong>em</strong>presa de<br />
piscicultura são alguns factores importantes que o piscicultor deve<br />
considerar antes de aventurar-se no cultivo de peixe.<br />
? Fi<strong>na</strong>nças:<br />
Você pode fazer uma estimativa que inclui os custos da terra, assim<br />
como o capital que representa o peixe <strong>em</strong> stock, o valor de construção<br />
do tanque, o custo de mão-de-obra e o custo de produção e colheita.<br />
? Sitio:<br />
O solo t<strong>em</strong> que ter a capacidade de manter a <strong>água</strong>. Uma boa qualidade<br />
e quantidade de <strong>água</strong> deve estar disponível por razoável custo.<br />
O sítio deve ser cerca de casa e as eventuais perdas causadas por<br />
roubos dev<strong>em</strong> estar estimadas. A propriedade da terra assim como a<br />
permissão para a sua utilização dev<strong>em</strong> ser obtidas e reconhecidas. O<br />
terreno e as estradas dev<strong>em</strong> ser transitáveis e não dev<strong>em</strong> ser passíveis<br />
das cheias.<br />
? Povoamento de peixe:<br />
Você deve decidir se quer produzir seu próprio peixe <strong>em</strong> stock ou<br />
comprar. Se decide comprar deve certificar-se de que adquire um<br />
stock de peixe de boa qualidade. Se escolher produzir <strong>na</strong> sua propriedade,<br />
então deve possuir o espaço suficiente para a produção e<br />
manutenção das crias.<br />
? Colheita:<br />
Procura ter suficiente número de gente disponível, para a colheita.<br />
Procure encontrar um método que seja mais rentável para a pesca.<br />
Vai necessitar de facilidades de armaze<strong>na</strong>g<strong>em</strong> para a colheita de<br />
peixe.<br />
Mais informações sobre os factores acima citados serão abordadas<br />
com mais detalhes nos capítulos posteriores.<br />
Ao início de estabelecer a <strong>em</strong>presa de piscicultura, às vezes <strong>em</strong> forma<br />
de conselho técnico de extensão de serviços, <strong>em</strong> alguns casos, os futuros<br />
piscicultores pod<strong>em</strong> ter assistência ou mesmo adquirir a ajuda fi<strong>na</strong>nceira.<br />
<strong>Piscicultura</strong>: princípios básicos 9
3 Planificação de sitio e tipo de<br />
piscicultura<br />
3.1 Escolha de terreno<br />
Uma justa escolha de lugar é provavelmente o factor mais importante<br />
para o sucesso de uma <strong>em</strong>presa de piscicultura. Contudo, o lugar ideal<br />
as vezes não está disponível.<br />
As vezes há conflictos com respeito a terrenos e à utilização da <strong>água</strong><br />
que dev<strong>em</strong> ser resolvidos. De esse modo deve fazer-se certos compromissos.<br />
Antes de tudo deve decidir quais as espécies de peixe que<br />
quer cultivar, de acordo com as disponibilidades de alimentos (produtos<br />
agrícolas) e fertilizantes (compostos ou estrume de animais).<br />
O tipo de piscicultura que planeia seguir vai determi<strong>na</strong>r o tipo de terreno<br />
a escolher. Para construir um tanque, você precisa considerar os<br />
factores seguintes: o tipo de solo, a qualidade e quantidade de <strong>água</strong><br />
disponíveis e a possibilidade que t<strong>em</strong> para dre<strong>na</strong>r o tanque.<br />
Solo<br />
Quando se determi<strong>na</strong> a qualidade do solo toma-se <strong>em</strong> conta estes dois<br />
factores:<br />
A produtividade e a qualidade da <strong>água</strong> de um tanque de piscicultura.<br />
Contudo, o solo deve ser ajustado pela construção de dique. Para determi<strong>na</strong>r<br />
justamente as duas mais importantes propriedades do solo,<br />
exami<strong>na</strong> a textura do solo (a composição de tamanho das partículas) e<br />
a permeabilidade do solo (o poder de o solo reter a <strong>água</strong>).<br />
O solo do fundo de tanque deve ser capaz de reter a <strong>água</strong> (t<strong>em</strong> que ter<br />
pouca porosidade ou infiltração da <strong>água</strong>). O solo pode também contribuir<br />
para a fertilidade da <strong>água</strong> ao fornecer os nutrientes. A textura do<br />
solo é composta por muitas partículas de argila. O melhor solo para a<br />
construção de um tanque t<strong>em</strong> muitas partículas de argila. As três for-<br />
10<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
mas para determi<strong>na</strong>r se o solo é adequado para a construção de um<br />
tanque são:<br />
1 O método de pressão;<br />
2 O teste de <strong>água</strong> do fundo;<br />
3 O teste de permeabilidade da <strong>água</strong>.<br />
1. O método de “squeeze” ou seja pressão (figura 1):<br />
A Molha uma mão cheia de solo com <strong>água</strong>, justamente para formar<br />
uma bola bonita;<br />
B Pressio<strong>na</strong> o solo <strong>na</strong> mão;<br />
C Se o solo formar uma figura ovalada ao abrir a mão, então o solo<br />
será adequado para a construção de tanque.<br />
Figura 1: O método de pressão (Chakroff, 1976).<br />
2 O teste de <strong>água</strong> do fundo de tanque (figura 2):<br />
Este teste deve ser feito durante o período seco para conseguir-se resultados<br />
confiáveis:<br />
A Cava um buraco com uma profundidade de um metro.<br />
B Cubra esse buraco com folhas, por uma noite para evitar a evaporação.<br />
Planificação de sitio e tipo de piscicultura 11
C Se o fundo do buraco estiver com <strong>água</strong> <strong>na</strong> manhã seguinte, você<br />
pode construir um tanque, mas deverá tomar <strong>em</strong> conta que vai<br />
provavelmente necessitar de mais t<strong>em</strong>po para dre<strong>na</strong>r o tanque, devido<br />
a que a <strong>água</strong> pode reencher o tanque com facilidade.<br />
D Se o buraco estiver s<strong>em</strong> <strong>água</strong> <strong>na</strong> manhã seguinte, não haverá probl<strong>em</strong>as<br />
de enchente como resultado de alto nível de <strong>água</strong> de lugar.<br />
O lugar será talvez adequado para a piscicultura.<br />
Figura 2: O teste de <strong>água</strong> do fundo de tanque (Viveen e al., 1985).<br />
Agora deve atestar a permeabilidade de terreno com respeito à <strong>água</strong>.<br />
3 Teste de permeabilidade de solo com relação à <strong>água</strong> (figura 3):<br />
A Encha de <strong>água</strong> até ao topo um buraco.<br />
B Cubra o buraco com folhas.<br />
C No dia seguinte o nível da <strong>água</strong> deverá ter baixado devido a filtração.<br />
As paredes do buraco têm ficado saturadas provavelmente<br />
com a <strong>água</strong> e pod<strong>em</strong> suportar melhor a <strong>água</strong>.<br />
D Reencha de <strong>água</strong> o buraco até ao topo.<br />
E Cubra uma vez mais com as folhas.Verifique o nível da <strong>água</strong> ao<br />
dia seguinte.<br />
F Se o nível da <strong>água</strong> é ainda elevado, significa que o solo é impermeável<br />
suficiente e é adequado para construir um tanque.<br />
12<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
G Se a <strong>água</strong> tiver desaparecido outra vez, o lugar não é adequado<br />
para construir uma pisci<strong>na</strong> para peixes, a menos que você cubra o<br />
fundo com um plástico ou com uma camada pesada de argila.<br />
Figura 3: Test de permeabilidade do solo com relação à <strong>água</strong> (Viveen<br />
e al., 1985).<br />
A elevação de um terreno, especialmente a elevação de uma vertente,<br />
determi<strong>na</strong>m a forma da construção de tanque. A incli<strong>na</strong>ção de terreno<br />
pode ser aproveitada para dre<strong>na</strong>r o tanque durante a colheita de peixe.<br />
Terrenos completamente planos ou coli<strong>na</strong>s ou com incli<strong>na</strong>ções de mais<br />
de 2%-4% são i<strong>na</strong>dequados para construir tanques. Todas as incli<strong>na</strong>ções<br />
entre 2% e 4% pod<strong>em</strong> ser usadas para a construção de tanques.<br />
Um 2% de incli<strong>na</strong>ção de terreno significa que um determi<strong>na</strong>do ponto<br />
vertical de terreno decli<strong>na</strong> 2 cm ao longo de um metro de distância<br />
horizontal. Se o lugar é suficient<strong>em</strong>ente incli<strong>na</strong>do a dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> e a enchente<br />
de <strong>água</strong> ocorrerá com a acção da força de gravidade <strong>na</strong>tural. De<br />
Planificação de sitio e tipo de piscicultura 13
qualquer maneira, você deve tomar certas precauções para evitar a<br />
erosão dos diques do tanque.<br />
Água<br />
É importante para todos os sist<strong>em</strong>as de piscicultura, ter disponível<br />
uma boa qualidade de <strong>água</strong>. Mas é ainda mais importante ter disponível<br />
maiores quantidades de <strong>água</strong> para o sist<strong>em</strong>a de piscicultura. É necessário<br />
um constante abastecimento de <strong>água</strong>, não ape<strong>na</strong>s para encher<br />
o tanque mas também para fazer face às perdas causadas por filtração<br />
e evaporação (figura 4).<br />
Figura 4: Abastecimento e perda de <strong>água</strong> de um tanque de piscicultura.<br />
(Viveen e al., 1985). A: tubo de entrada da <strong>água</strong>; B: tubo<br />
de descarga da <strong>água</strong>; C: evaporação; D: filtração da <strong>água</strong>.<br />
Para investigar os recursos de <strong>água</strong> é muito importante notar:<br />
Que quantidade de <strong>água</strong> é disponível?<br />
Há <strong>água</strong> disponível <strong>em</strong> todas as estações do ano ou as disponibilidades<br />
da <strong>água</strong> são diferentes <strong>na</strong> sequência das estações do ano?<br />
Há probabilidade de ocorrer a poluição no lugar onde estão os recursos<br />
da <strong>água</strong>?<br />
De preferência, a <strong>água</strong> deveria estar disponível durante todo o ano. A<br />
possessão de várias fontes de <strong>água</strong> e suas desvantagens estão alistadas<br />
no quadro 1.<br />
14<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Quadro 1: Recursos de <strong>água</strong> e suas principais desvantagens<br />
Fonte de <strong>água</strong> Principal desvantag<strong>em</strong><br />
Precipitação<br />
‘Sky ponds’ tanque “céu”depende só da<br />
chuva periódica.<br />
Vazão<br />
O tange pode encher-se quando a <strong>água</strong> dos<br />
arredores corre para o tanque.<br />
Águas Naturais<br />
A <strong>água</strong> dos rios, riachos ou lagos pode ser<br />
desviada para o tanque.<br />
Fontes ou Nascentes<br />
A <strong>água</strong> subterrânea que encontrou uma<br />
saída para escapar para a superfície. Esta<br />
<strong>água</strong> é boa para a piscicultura por ser geralm<strong>em</strong>ente<br />
limpa.<br />
Poços<br />
Os poços pod<strong>em</strong> ser construídos onde há<br />
<strong>água</strong> subterrânea e a <strong>água</strong> pode ser elevada<br />
por meio de uma bomba.<br />
Dependência<br />
O abastecimento de <strong>água</strong> depende fort<strong>em</strong>ente<br />
da chuva e das flutuações periódicas<br />
Alta turvação<br />
Turvação é a quantidade de a de lodo <strong>na</strong><br />
<strong>água</strong>. Em caso de vazão a <strong>água</strong> será mais<br />
turva.<br />
Contami<strong>na</strong>ção<br />
Animais, plantas e a defecação de organismos<br />
pod<strong>em</strong> causar doenças. Há o perigo<br />
de pesticidas ou outro contami<strong>na</strong>nte da<br />
<strong>água</strong>.<br />
Baixo nível de oxigénio e t<strong>em</strong>peratura<br />
Baixo nível de oxigénio e t<strong>em</strong>peratura<br />
T<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong><br />
A t<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong> é um factor que você deve tomar <strong>em</strong> conta para<br />
qualquer que seja a espécie de peixe que quiser criar. Uma t<strong>em</strong>peratura<br />
de entre 20 e 30 graus centígrados é geralmente adequada para a<br />
piscicultura.<br />
Salinidade de <strong>água</strong><br />
A variação de salinidade de <strong>água</strong> (quantidades de sais dissolvidos <strong>na</strong><br />
<strong>água</strong>) é também um factor ambiental que deve ser considerado. Algumas<br />
espécies de peixes pod<strong>em</strong> resistir mais à grandes quantidades de<br />
sal <strong>na</strong> <strong>água</strong> que outras: Por ex<strong>em</strong>plo, a tilápia e o peixe gato são espécies<br />
que pod<strong>em</strong> resistir à diferente salinidade, desde <strong>água</strong> <strong>doce</strong> até à<br />
<strong>água</strong> realmente salgada. Enquanto que a carpa só tolera viver <strong>na</strong> <strong>água</strong><br />
<strong>doce</strong>.<br />
Planificação de sitio e tipo de piscicultura 15
Essas foram as qualidades de <strong>água</strong> seleccio<strong>na</strong>das que se julgamos<br />
mais importantes. Há ainda outras características que são facilmente<br />
controláveis, com adequadas medidas de manutenção. Essas medidas<br />
são descritas com maiores detalhes no Capítulo 4.<br />
3.2 Tipo de campos de aquacultura<br />
A piscicultura pode alcançar uma capacidade industrial <strong>em</strong>presarial ou<br />
também pode ser de uma <strong>escala</strong> reduzida composta de simples tanque<br />
de subsistência. Os sist<strong>em</strong>as de piscicultura pod<strong>em</strong> ser distinguidos<br />
<strong>em</strong> termos de níveis de ingressos.<br />
<strong>Piscicultura</strong> Extensiva<br />
Em termos económicos t<strong>em</strong> ingressos geralmente baixos. A produção<br />
de comida <strong>na</strong>tural joga um papel muito importante e a produtividade é<br />
relativamente baixa. Os fertilizantes pod<strong>em</strong> ser <strong>em</strong>pregues para aumentar<br />
a fertilidade e a produção de peixe.<br />
<strong>Piscicultura</strong> S<strong>em</strong>i-Intensiva<br />
T<strong>em</strong> entradas moderadas. A produção de peixe aumenta quando se<br />
<strong>em</strong>pregue os fertilizantes ou ração enriquecida. Isto significa que é<br />
mais custoso e mais trabalhoso mas o rendimento resultante é alto e<br />
compensa o trabalho.<br />
<strong>Piscicultura</strong> Intensiva<br />
T<strong>em</strong> ingressos altos. Os tanques são povoados com mais número de<br />
peixe possível. O peixe recebe a ração enriquecida e a comida <strong>na</strong>tural<br />
joga um papel insignificante. Em este sist<strong>em</strong>a os custos de alimentação<br />
são altos e os riscos aumentam, devido a alta densidade de povoamento<br />
que pode aumentar a possibilidade de doenças e a diminuição<br />
de oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>. O probl<strong>em</strong>a pode tor<strong>na</strong>r-se difícil de<br />
manobrar. Por causa de alto custo de produção, o produtor pode ver-se<br />
obrigado a subir o preço de peixe no mercado para tor<strong>na</strong>r a piscicultura<br />
economicamente eficaz.<br />
16<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Cultivo nos tanques<br />
A maioria de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong> é cultivado nos tanques de piscicultura.<br />
A <strong>água</strong> é geralmente ca<strong>na</strong>lizada directamente desde um lago, baía<br />
ou fonte <strong>na</strong>tural para o tanque. Uma vez que a <strong>água</strong> passou através de<br />
um tanque, essa <strong>água</strong> é dre<strong>na</strong>da ou parcialmente substituída. Isso para<br />
permitir que certa percentag<strong>em</strong> de <strong>água</strong> se mantenha <strong>em</strong> circulação.<br />
Contudo o sist<strong>em</strong>a de alta produção só substitui a <strong>água</strong> evaporada ou<br />
perdida pela filtração e não se faz a descarga de <strong>água</strong>. Em geral a corrente<br />
da <strong>água</strong> reduz a produção de peixe nos sist<strong>em</strong>as de piscicultura<br />
das regiões tropicais.<br />
Os tanques de piscicultura pod<strong>em</strong> ser de tamanhos distintos, desde os<br />
de um tamanho reduzido a poucas cente<strong>na</strong>s de metro quadrado até<br />
aqueles tanques que alcançam vários hectares. Em geral os pequenos<br />
tanques são usados para a criação e produção de peixe pequeno. A<br />
produção nos tanques com mais de 10 hectares é difícil e dificulta a<br />
sua administração. Por isso esses tanques não são muito atractivos<br />
para os piscicultores. Os ex<strong>em</strong>plos de tanques aqui apresentados são<br />
ape<strong>na</strong>s de tipo que o produtor pode tratar de construir, dependendo dos<br />
recursos locais, equipamento e outras condições.<br />
Em geral os tanques estão localizados <strong>em</strong> terrenos ligeiramente incli<strong>na</strong>dos.<br />
Eles são de formato rectangular ou quadrado, com os diques e<br />
as bases das incli<strong>na</strong>ções b<strong>em</strong> termi<strong>na</strong>dos; não dev<strong>em</strong> deixar filtrar a<br />
<strong>água</strong> subterrânea ou <strong>água</strong> dos arredores. É importante que haja <strong>água</strong><br />
suficiente disponível para encher todos os tanques dentro de um período<br />
razoável e manter o mesmo nível da <strong>água</strong> num certo período de<br />
t<strong>em</strong>po. Você deve preferir tanques que facilmente pod<strong>em</strong> dre<strong>na</strong>r completamente<br />
quando chega o momento da colheita. Os lados incli<strong>na</strong>dos<br />
pod<strong>em</strong> ser de 2:1 ou 3:1 (cada meter da altura precisa de 2 ou 3 metros<br />
de distância horizontal) o que vai permitir o acesso fácil da <strong>água</strong> e não<br />
encoraja o crescimento de vegetação e ajuda a combater o probl<strong>em</strong>a<br />
da erosão. Para prevenir o roubo de peixe, deve colocar-se postes de<br />
bambu ou ramas de árvores no tanque que constituirão uma camuflag<strong>em</strong><br />
e tor<strong>na</strong>rão a pesca furtiva impossível. Um outro método para<br />
Planificação de sitio e tipo de piscicultura 17
manter os ladrões longe de tanque é construir o tanque o mais perto<br />
possível de sua casa.<br />
As características mais importantes de tanques são apresentadas no<br />
quadro 2.<br />
Quadro 2: Características de um bom tanque de piscicultura.<br />
Localização Escolha um lugar ligeiramente incli<strong>na</strong>do e construa o tanque tomando<br />
as vantagens de elevação do terreno.<br />
Contrução Os tanques dev<strong>em</strong> sser cavados no solo; eles estarão parcialmente<br />
acima e parcialmente dentro do solo; eles dev<strong>em</strong> ser contruídos ao<br />
nível de elevação origi<strong>na</strong>l do terreno. Os declives ligeiros e as bases<br />
dev<strong>em</strong> ser respeitados durante a construção, porque eles vão prevenir<br />
a erosão e a filtração; O solo deve conter um mínimo de 25% de argila.<br />
Rochas, capim, ramos e outros objectos indesejáveis dev<strong>em</strong> ser elimi<strong>na</strong>dos<br />
dos diques.<br />
Profundidade Nas margens, a profundidade deve ser de 0.5-1.0 metro; O tanque<br />
deve ser ligeiramente mais incli<strong>na</strong>do nos lados onde estão situados os<br />
tubos de dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> e a profundidade da parte mais funda deve alcançar<br />
1.5-2.0 m; Nas regiões nortenhas do globo se exige que os tanques<br />
sejam mais profundos, por causa da ameaça de gelo no inverno que<br />
pode matar o peixo.<br />
Configuração O melhor formato de tanques é rectangular ou quadrado.<br />
Lado incli<strong>na</strong>do Construa o tanque com 2:1 ou 3:1 de incli<strong>na</strong>ção <strong>em</strong> todos os lados.<br />
Dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> As válvulas de entradas e tábuas de impedimentos dev<strong>em</strong> ser disponíveis.<br />
A dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> não deve durar mais de 3 dias.<br />
Fontes de afluência<br />
Volume total de<br />
<strong>água</strong><br />
18<br />
As <strong>água</strong>s das fontes dev<strong>em</strong> ser disponíveis e ter suficiente capacidade<br />
para encher os tanques dentro de três dias. Se é utilizada a <strong>água</strong> de<br />
superfície, esta deve ser filtrada para tirar os indesejáveis animais ou<br />
plantas ao entrar no tanque.<br />
A <strong>água</strong> deve ser suficiente e estar disponíveis para encher todos os<br />
tanques dentro de poucas s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s e manter os tanques completamente<br />
cheios no período de crescimento de peixe.<br />
Diques Os diques dev<strong>em</strong> ser suficient<strong>em</strong>ente amplos para permitir cortar a<br />
relva; deve fazer-se ruas de dique ou de cascalho. Sobre os diques<br />
deve-se plantar relva.<br />
Orientação Situe os tanques <strong>em</strong> lugares onde há vantag<strong>em</strong> de misturar a <strong>água</strong><br />
através de vento. Evite áreas onde há intenso vento porque esse pode<br />
causar erosão de diques; Construa tanques com ângulos rectos para<br />
dessa forma prevenir o vento. Utilize sebes ou árvores se for necessário<br />
para quebrar o vento.<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Figura 5: Diferentes tipos de tanques. (Bard e al., 1976 A: tanque<br />
desvio; B: tanque barrag<strong>em</strong>.<br />
Dependendo do sítio, pod<strong>em</strong> ser construídos diferente tipo de tanques:<br />
Tanque desviado ou tanque barrag<strong>em</strong> (figura 5).<br />
1. Tanques desviados (fig. 5A) : São feitos utilizando-se a <strong>água</strong> proveniente<br />
de outros tanques.<br />
Exist<strong>em</strong> diversos tipos de tanques desviados (figura 6):<br />
A Tanque - represa:<br />
Os diques de um tanque - represa são construídos acima de nível<br />
do solo. Uma desvantag<strong>em</strong> desse tipo de tanques é que você<br />
precisa de uma bomba para encher o tanque. (figura 6A).<br />
B Tanque escavado:<br />
O tanque é escavado profundamente no solo. A sua desvantag<strong>em</strong>:<br />
você necessita uma bomba para dre<strong>na</strong>r o tanque (figura<br />
6B).<br />
Planificação de sitio e tipo de piscicultura 19
20<br />
C Tanques escavados parcialmente com diques baixos:<br />
O solo escavado é utilizado para construir os diques baixos do<br />
tanque.<br />
O lugar ideal para construir um tanque t<strong>em</strong> uma ligeira incli<strong>na</strong>ção<br />
de (1-2%). O ca<strong>na</strong>l de entrada de <strong>água</strong> pode ser construído<br />
ligeiramente acima e o ca<strong>na</strong>l de descarga pode ser construído ligeiramente<br />
debaixo do nível da <strong>água</strong> do tanque. Você pode utilizar<br />
a gravidade <strong>na</strong>tural para encher e dre<strong>na</strong>r o tanque e não necessitará<br />
qualquer bomba (figura 6C).<br />
Figura 6: Diferentes tipos de tanques escavados (Viveen e al.,<br />
1985) A: tanques represas; B: tanques escavados; C: tanques<br />
parcialmente escavados. Veja o ex<strong>em</strong>plo de apêndice 1 para<br />
construir um tanque escavado.<br />
2. Tanques barrag<strong>em</strong> (figura 5B): são construídos com um dique a<br />
atravessar uma fonte <strong>na</strong>tural de <strong>água</strong>. Os tanques são porém como<br />
uma <strong>peque<strong>na</strong></strong> barrag<strong>em</strong> de conservação. A vantag<strong>em</strong> de um tanque<br />
barrag<strong>em</strong>: é fácil a sua construção. Contudo é muito difícil controlar<br />
o sist<strong>em</strong>a, porque manter fora os peixes <strong>na</strong>turais é difícil e perde-se<br />
a ração que é levada pela corrente.<br />
Uma adequada construção de tanque barrag<strong>em</strong> deve incluir os tubos<br />
de descarga e esses serão utilizados só <strong>em</strong> circunstâncias especiais.<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
3.3 Outros métodos de piscicultura<br />
Embora a cultura de peixe nos tanques seja a forma mais comum de<br />
piscicultura, exist<strong>em</strong> outros métodos usados, onde não é possível<br />
construir tanques, <strong>na</strong>s zo<strong>na</strong>s tropicais.<br />
Barragens e reservatórios<br />
A <strong>água</strong> guardada <strong>na</strong>s barragens e reservatórios é muitas vezes utilizada<br />
para aquacultura. Essa <strong>água</strong> pode ser povoada de pequenos peixes que<br />
depois são recolhidos com uma rede. O método de cultivar o peixe<br />
nesses lugares é muito mais difícil, porque a <strong>água</strong> pode não ser controlada.<br />
A dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> é impossível e r<strong>em</strong>over os prediadores é difícil. É<br />
quase impossível alimentar o peixe ou fertilizar a <strong>água</strong> completamente.<br />
E então a produção <strong>na</strong>tural de peixe deve ser suficiente para permitir<br />
a sobrevivência e o crescimento de pequenos peixes.<br />
Cultivar o peixe <strong>em</strong> reservatórios pode tor<strong>na</strong>r-se mais fácil se o peixe<br />
é colocado <strong>em</strong> redil e jaulas. Exist<strong>em</strong> clausuras que pod<strong>em</strong> confi<strong>na</strong>r o<br />
peixe num mesmo lugar e dessa forma é possível ter mais controle<br />
sobre ele.<br />
Peixe <strong>em</strong> jaulas<br />
Em muitas partes de mundo a única <strong>água</strong> disponível é a <strong>água</strong> corrente<br />
ou espalhada onde é difícil de desviá-la para um tanque. Nessas <strong>água</strong>s<br />
é possível cultivar o peixe <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong>s gaiolas. A cultura de peixe <strong>em</strong><br />
gaiolas pode ser praticada também <strong>na</strong>s zo<strong>na</strong>s pantanosas. As gaiolas<br />
dev<strong>em</strong> ser caixas rectangulares ou cilíndricas de bambu ou outro material<br />
que pode deslocar-se <strong>na</strong> corrente de <strong>água</strong>. Essas caixas dev<strong>em</strong><br />
permitir que a <strong>água</strong> circule livr<strong>em</strong>ente (figura 7). Para além de bambu,<br />
as caixas pod<strong>em</strong> ser <strong>feita</strong>s de materiais tais como os tecidos de arame,<br />
mecha de nylon e madeira.<br />
Todas as jaulas dev<strong>em</strong> ser ancoradas para não ir<strong>em</strong> à deriva. A gaiola<br />
deve ser colocada melhor num lugar onde penetram os raios solares,<br />
<strong>na</strong> parte mais profunda da <strong>água</strong> e perto de sua casa. Esse lugar deve ter<br />
uma corrente ligeira para o vento trazer <strong>água</strong> limpa <strong>na</strong> gaiola. As jaulas<br />
ou gaiolas são também utilizadas para guardar o peixe entre o perí-<br />
Planificação de sitio e tipo de piscicultura 21
odo de colheita e o período de venda. As vezes as gaiolas são usadas<br />
como tanques criadores.<br />
As vantagens de criar o peixe <strong>na</strong>s gaiolas são:<br />
? as gaiolas são fáceis e baratas para construir<br />
? as gaiolas pod<strong>em</strong> estar isoladas ou agrupadas<br />
? é fácil alimentar um povoado de peixe <strong>na</strong> gaiola<br />
? o peixe cresce rápido <strong>na</strong>s gaiolas<br />
? a colheita tor<strong>na</strong>-se fácil <strong>na</strong> gaiola<br />
Figura 7: Jaula flutuante (FAO, 1995).<br />
Redil<br />
O peixe pode ser criado também <strong>em</strong> gaiolas ou redis nos lagos ou suas<br />
áreas costeiras (figura 8). As gaiolas são construídas de bambu ou de<br />
barras de madeira que são depois atiradas para o fundo do lago ou <strong>na</strong>s<br />
<strong>água</strong>s das margens. As redes são atadas de madeira a madeira para<br />
formar um cerco. As redes são ancoradas no fundo do lago com um<br />
pesos para afundar a rede e o peixe é guardado dentro da jaula.<br />
22<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Por tomar medida, como a colocação de redis <strong>em</strong> lugar fértil do lago,<br />
pode melhorar e aumentar a produção de peixe. Os peixes não necessitam<br />
uma extra ração ou fertilizantes e exig<strong>em</strong> poucos cuidados. Esse<br />
peixe vai ser povoado e pescado ao fim de fase de crescimento.<br />
Se a <strong>água</strong> é menos fértil será necessário dar um alimento supl<strong>em</strong>ento<br />
ao peixe de gaiola. Pode alimentar o peixe ao mergulhar uma espécie<br />
de anel flutuante que primeiro é abastecido de uma ração. Desse jeito<br />
a comida chega dentro da gaiola<br />
Figura 8: Redil de peixe (Costa-Pierce, 1989).<br />
Algumas desvantagens de gaiolas são:<br />
? A construção de gaiolas é muito custosa. A rede deve ser de nylon<br />
ou de plástico. As barras de madeira dev<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong> cuidadas para<br />
que não apodreçam.<br />
? Uma gaiola de peixe só dura entre três e cinco anos <strong>na</strong> <strong>água</strong>.<br />
Planificação de sitio e tipo de piscicultura 23
? As gaiolas são construídas geralmente para ser<strong>em</strong> utilizadas <strong>na</strong>s<br />
<strong>água</strong>s não profundas do lago. A gaiola é colocada no mesmo espaço<br />
ambiental, onde os peixes <strong>na</strong>turais também utilizam para comer e<br />
reproduzir-se. Por isso a colocação de gaiolas pode reduzir a produção<br />
<strong>na</strong>tural, <strong>em</strong> certos lagos.<br />
? Quando as gaiolas estão colocadas <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s menos profundas, o<br />
pescador local é obrigado a sair para ir pescar longe dessas <strong>água</strong>s.<br />
? Excr<strong>em</strong>ento do peixe e o resto de comida que o peixe de gaiolas<br />
deixa de comer pod<strong>em</strong> provocar a poluição.<br />
? O peixe de gaiolas pode ser facilmente roubado.<br />
24<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
4 Practica de piscicultura<br />
4.1 Selecção de espécies de peixe<br />
Quando escolher o peixe adequado para cultivar, deverá tomar <strong>em</strong><br />
conta vários aspectos biológicos e económicos:<br />
? A oferta e a d<strong>em</strong>anda de mercado (não quando é para o consumo<br />
próprio).<br />
? O crescimento de preço.<br />
? A capacidade para reprodução e a capacidade para colheita.<br />
? Simples cultura de peixe jov<strong>em</strong> (larvas e alvinos).<br />
? A contradição entre as necessidades alimentares de peixe e a ração<br />
preferencial de peixe seleccio<strong>na</strong>do.<br />
As vezes será possível escolher o peixe que cresce <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s regio<strong>na</strong>is<br />
para evitar a introdução de peixes exóticos para o cultivo. As características<br />
biológicas mais importantes são: taxa de crescimento, reprodução,<br />
tamanho, idade, primeira maturidade, hábitos de alimentação,<br />
resistência ou susceptibilidade de apanhar doenças. Essas características<br />
vão determi<strong>na</strong>r apropriadamente as espécies que você pode cultivar,<br />
baixo as condições climáticas de lugar.<br />
Embora algumas espécies, que eventualmente poderiam ser escolhidas,<br />
cresçam lentamente, estas poderiam ser melhores candidatos para<br />
o cultivo, por possuír<strong>em</strong> um mercado válido. As vezes é difícil tor<strong>na</strong>r<br />
a piscicultura um negócio lucrativo. É melhor que o peixes tenha um<br />
tamanho que o mercado exige, antes de atingir a maturidade, para assegurar-se<br />
de que a alimentação foi utilizada para o desenvolvimento<br />
de músculos e não para a reprodução. Por outro lado, a maturidade<br />
pr<strong>em</strong>atura assegura o abastecimento de crias.<br />
Se você próprio não pretender criar peixe vai ter que depender de peixinhos<br />
fornecidos pelas <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais selvagens. Em geral esta é uma<br />
fonte insegura, b<strong>em</strong> como os peixinhos pescados <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais<br />
pod<strong>em</strong> variar <strong>em</strong> número de um momento para outro, porque a reprodução<br />
de peixe de <strong>água</strong> <strong>na</strong>tural depende de factores biológicos não<br />
Practica de piscicultura 25
controlados: (t<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong>, comida disponível), etc. Para além<br />
disso, a pesca de pequenos peixes <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais pode desencadear<br />
ou aumentar o conflito entre os pescadores e comerciantes. É melhor<br />
escolher espécies de peixe fácil de reproduzir-se ou comprar peixe que<br />
v<strong>em</strong> de fornecedores confiáveis de estações de piscicultura ou de serviços<br />
extensivos de piscicultura.<br />
A alimentação, é o factor de produção mais importante e o factor mais<br />
custoso sobre todo o total de produção <strong>na</strong> aquacultura. Os peixes herbívoros<br />
(os que com<strong>em</strong> plantas) e os omnívoros (os que com<strong>em</strong> plantas<br />
e animais) são preferíveis porque eles se alimentam dos recursos<br />
ocasio<strong>na</strong>is no tanque, e isso vai reduzir o custo dessas espécies e reduzir<br />
relativamente o custo da produção. Os peixes carnívoros, (predadores<br />
de peixes) precisam de uma alta dieta <strong>em</strong> proteí<strong>na</strong>s e é muito cara<br />
a sua produção. Para compensar o alto de custos de produção das espécies<br />
carnívoras se procurará aumentar o preço do peixe ao mercado.<br />
As espécies que pod<strong>em</strong> tolerar fort<strong>em</strong>ente as condições desfavoráveis<br />
conseguirão sobreviver melhor relativamente às condições pobres ambientais,<br />
como é o ex<strong>em</strong>plo de tilápia. Paralelamente a efeitos de condições<br />
climáticas sobre a espécie de peixe, também deve ser considerada<br />
a influência das novas espécies sobre o meio ambiente.<br />
Para a introduzir as novas espécies de peixe considere o seguinte:<br />
? Preencher aquela necessidade que o peixe local não satisfaz.<br />
? A nova espécie não deve competir <strong>em</strong> alimentação com a espécie<br />
local.<br />
? Evitar espécie que ao cruzar-se com a espécie de peixe local poderia<br />
resultar <strong>em</strong> indesejáveis híbridos.<br />
? A nova espécie não deve introduzir doenças e parasitas no meio<br />
ambiente.<br />
? A nova espécie deve viver e reproduz-se <strong>em</strong> balanço com o ambiente.<br />
Ao introduzir os peixes exóticos deve estar ciente de que suas actividades<br />
serão sujeitos ao controlo restrito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
26<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Comparação: a criação de diferentes espécie de peixe num mesmo<br />
tanque (policultura) aumenta a produção de peixe do que quando cria<br />
uma só espécie de peixe separadamente (monocultura).<br />
Monocultura<br />
Em monocultura se desenvolve uma só espécie de peixe num tanque.<br />
Vantag<strong>em</strong>: é fácil de dar determi<strong>na</strong>dos supl<strong>em</strong>entos de ração para o<br />
peixe da mesma espécie, com respeito às preferências. Desvantag<strong>em</strong>:<br />
uma única doença pode matar todos os peixes de um tanque, enquanto<br />
que se há diferentes espécies num mesmo tanque, os diferentes peixes<br />
são susceptíveis a diferentes doenças.<br />
Policultura<br />
Sist<strong>em</strong>a de policultura: é onde se introduz<strong>em</strong> e se criam diferentes espécie<br />
de peixes no mesmo tanque. Desta maneira os vários recursos de<br />
um tanque são melhor utilizados. Cada espécie de peixe t<strong>em</strong> um determi<strong>na</strong>do<br />
alimento preferencial, cujo é proporcio<strong>na</strong>l à necessidade de<br />
peixe no tanque.<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, a carpa do lodo vive <strong>em</strong> geral pegado ao fundo do tanque<br />
e alimenta-se de lodo e de materiais orgânicas mortas que ele encontra<br />
no fundo do tanque.<br />
A tilápia, por sua vez vive <strong>na</strong> colu<strong>na</strong> da <strong>água</strong> do tanque; algumas espécies<br />
alimentam-se de plantas e outras de zooplâncton (pequenos<br />
animais aquáticos). Ao combi<strong>na</strong>r as espécies no mesmo tanque o resultado<br />
de produção pode aumentar para alto nível do que seria possível<br />
com a criação de uma só espécie ou mesmo com diferentes espécies<br />
separados. Ex<strong>em</strong>plo, quando os chineses praticam a piscicultura <strong>em</strong><br />
sist<strong>em</strong>a de policultura, eles combi<strong>na</strong>m a carpa prateada com a carpa<br />
cabeçuda e com a carpa herbívora no mesmo tanque (figura 9). A carpa<br />
prateada alimenta-se principalmente de algas; a carpa cabeçuda<br />
come principalmente os pequenos animais aquáticos (zooplâncton); a<br />
carpa herbívora come plantas de <strong>água</strong>. Por isso não há competência de<br />
comida. A mais conhecida policultura <strong>na</strong> piscicultura é a que combi<strong>na</strong><br />
a tilápia e a carpa comum: a tilápia consume principalmente algas e a<br />
Practica de piscicultura 27
carpa comum come plâncton, ou seja os restos de materiais orgânicos<br />
do lodo. Uma especial forma de concorrência é a cultura de tilápia e<br />
de peixe gato (predador de peixe para controlar a excessiva reprodução<br />
de tilápias, Capítulo 6). Mas para adquirir uma produção de peixe<br />
com alta qualidade possível, é melhor criar o menos possível os peixes<br />
predadores. O importante seria que cada espécie vivesse de uma certa<br />
comida típica, para só competir com os peixes de sua espécie.<br />
Figura 9: Policultura de carpa. A: carpa prateada; B: algas; C: carpa<br />
cabeçada; D: ‘zooplankton’; E: carpa herbívora; F: plantas de<br />
<strong>água</strong>.<br />
4.2 Nutrição de peixe<br />
Há dois tipos de comida para o peixe comer e crescer adequadamente<br />
nos tanque: a comida <strong>na</strong>turalmente produzida no tanque e a comida<br />
fornecida <strong>em</strong> forma de supl<strong>em</strong>ento alimentar.<br />
28<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Comida <strong>na</strong>tural para peixe<br />
A comida <strong>na</strong>turalmente produzida no tanque é constituída de algas<br />
(fitoplâncton) e de pequenitos animais aquáticos (zooplancton) que se<br />
produz<strong>em</strong> por si só no tanque. Ambos tipos de comida, são partículas<br />
muito <strong>peque<strong>na</strong></strong>s para observar-se a olho nu. As algas constitu<strong>em</strong> o recurso<br />
<strong>na</strong>tural mais importante. Se há uma quantidade enorme de algas,<br />
a <strong>água</strong> tor<strong>na</strong>-se de cor esverdeada. Fertilizar a <strong>água</strong> com os fertilizantes,<br />
como os excr<strong>em</strong>entos de animais ou compostos de plantas pode<br />
estimular o crescimento de comida <strong>na</strong>tural. Veja mais informação<br />
abaixo. As algas (plantas) produz<strong>em</strong> oxigénio com auxílio de luz solar.<br />
Quanto mais penetra a luz solar no tanque mais alta será a produção<br />
do oxigénio. A t<strong>em</strong>peratura influencia também a produção do oxigénio.<br />
O peixe e todos os outros organismos que habitam o tanque usam<br />
o oxigénio para viver. Durante a noite, as algas <strong>em</strong> lugar de produzir o<br />
oxigénio elas consom<strong>em</strong> o oxigénio. Um bom hábito de fertilizar é<br />
importante para manter suficiente quantidades de ocorrência da produção<br />
<strong>na</strong>tural de comida <strong>na</strong> <strong>água</strong>. A fertilização de tanque influencia<br />
no crescimento das algas e de zooplancton, ou seja pequenos animais<br />
de <strong>água</strong>. Um alto nível de concentração desses organismos,significa<br />
maior uso de oxigénio de noite. Se os fertilizantes que foram postos<br />
no tanque são muito reduzidos, então vai ocorrer menos a produção de<br />
comida <strong>na</strong>tural e menos peixe será produzido. Deitar d<strong>em</strong>asiados fertilizantes<br />
ou fertilizar irregularmente o tanque pode provocar a redução<br />
do oxigénio e o peixe pode morrer.<br />
Quando escurece não se produz oxigénio por meio de algas (plantas),<br />
porque não existe a luz do sol. Como o oxigénio é continuamente utilizado<br />
por todos os organismos habitantes <strong>na</strong> <strong>água</strong> do tanque, a quantidade<br />
do oxigénio <strong>na</strong> <strong>água</strong> decresce durante a noite. De manhã cedo a<br />
quantidade do oxigénio no tanque t<strong>em</strong> o nível mais baixo, porque foi<br />
usado ao longo de toda a noite, enquanto não ocorrera a sua produção.<br />
Você pode observar nesse momento que o peixe procura o oxigénio <strong>na</strong><br />
superfície da <strong>água</strong>. Isso significa que o tanque recebe poucos fertilizantes.<br />
O nível do oxigénio contido <strong>na</strong> <strong>água</strong> é geralmente alto ao fim<br />
de tarde, como resultado de produção do mesmo <strong>na</strong>s últimas horas de<br />
Practica de piscicultura 29
dia solar (figura 10). Você pode encontrar também mais informação no<br />
Agrodok no. 21: “Na fazenda de piscicultura”.<br />
Figura 10: O nível de oxigénio durante o dia.<br />
Supl<strong>em</strong>ento de alimento para peixe<br />
A maioria de supl<strong>em</strong>ento que se fornece ao peixe é imediatamente<br />
consumido pelo peixe. Mas aquele supl<strong>em</strong>ento que resta actua como<br />
um fertilizante adicio<strong>na</strong>l do tanque. Mesmo quando os tanques receb<strong>em</strong><br />
altas quantidades de supl<strong>em</strong>ento alimentar, a comida <strong>na</strong>tural joga<br />
um papel ainda importante no crescimento de peixe.<br />
Em geral os desperdícios de produtos locais pod<strong>em</strong> ser utilizados<br />
como comida supl<strong>em</strong>entar para o peixe. O tipo de ração que se utiliza,<br />
depende das disponibilidades locais, de custos e de espécie de peixe<br />
por cultivar. Ex<strong>em</strong>plo de tipo de supl<strong>em</strong>ento alimentar são: o farelo de<br />
arroz, pão quebrado, migalhas de pão e cereais, os desperdícios de<br />
cereais, farinha de milho, erva Guiné erva de Napier, frutas e vegetais,<br />
os desperdícios de amendoim, de soja ou de cevada.<br />
30<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Fi<strong>na</strong>lmente algumas linhas de orientação para alimentação de peixe:<br />
? Alimenta o peixe <strong>em</strong> uma determi<strong>na</strong>da hora e no mesmo lugar de<br />
tanque; O peixe vai habituar-se a hora e vai chegar nesse lugar onde<br />
será fácil você observar o peixe se come e cresce adequadamente. A<br />
alimentação pode ocorrer no fim da manhã ou nos princípios da tarde,<br />
quando o nível do oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong> é alto e assim o<br />
peixe t<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po, antes do pôr do sol, de recuperar-se do esforço<br />
feito durante a actividade alimentar.<br />
? Não sobre - alimentar o peixe, por estar a observar o seu comportamento<br />
enquanto ele come, porque ele despende mais sua energia <strong>em</strong><br />
oxigénio <strong>na</strong> actividade alimentar.<br />
? Pára de alimentar o peixe, para dar-lhe a chance de fazer uma digestão<br />
completa, pelo menos um dia, seja antes da reprodução, da colheita<br />
ou de sua transportação. Em geral os peixes mais jovens pod<strong>em</strong><br />
abster-se de alimentação durante 24 horas; As crias pod<strong>em</strong> abster-se<br />
de alimentação 48 horas e os peixes adultos pod<strong>em</strong> abster-se<br />
por 72 horas. A tensão proveniente de qualquer actividade como a<br />
reprodução, a pesca ou a transportação faz o peixe purgar e o excr<strong>em</strong>ento<br />
tor<strong>na</strong> a <strong>água</strong> turva.<br />
As características especiais de alimentação para o peixe como carpa,<br />
tilápia ou peixe gato são discutidas nos Capítulos 5, 6 e 7; as características<br />
para outras espécies de peixe são resumidas no Apêndice 2.<br />
4.3 A transparência da <strong>água</strong> como indicador de<br />
fertilidade<br />
A transparência de <strong>água</strong> de tanques varia de nula claridade até <strong>água</strong>s<br />
muito claras. A classificação quase zero é para os casos de <strong>água</strong> muito<br />
turva. A turvação é a quantidade de coisas suspendidas <strong>na</strong> <strong>água</strong> (algas,<br />
partículas de terra), etc. As flores de algas geralmente mudam a cor de<br />
<strong>água</strong> para o verde. Quando se mede a transparência de cor esverdeada<br />
do tanque se obtém a ideia de abundância de algas presentes no tanque,<br />
portanto a sua fertilidade.<br />
Practica de piscicultura 31
A transparência pode ser medida também usando um Secchi disco.<br />
Um Secchi disco é totalmente branco ou negro branco disco metálico<br />
que mede 25-30 cm de diâmetro. Este disco pode ser feito facilmente à<br />
mão (figura 11).<br />
O disco é atado a uma corda que está marcada <strong>em</strong> cada 5 cm <strong>em</strong> 5 cm<br />
de seu cumprimento.<br />
Para medir a transparência<br />
da <strong>água</strong>, baixa e faz<br />
desaparecer completamente<br />
o disco até à parte<br />
mais profunda da <strong>água</strong>.<br />
Mede essa profundidade<br />
usando um marcador <strong>na</strong><br />
corda, ao qual o disco<br />
está atado. O quadro 3<br />
mostra as actividades a<br />
32<br />
Figura 11: O disco Secch (Viveen e al.,<br />
1985).<br />
ser levadas a cabo para diferentes transparências da <strong>água</strong>.<br />
Povoamento de tanque<br />
Quando a transparência da <strong>água</strong> está entre 15 e 25 cm, os pequenos<br />
peixes (os alvinos) pod<strong>em</strong> ser mantidos <strong>na</strong> <strong>água</strong>. Ao proceder à transportação<br />
de peixe, deve fazer-se com muito cuidado, como indica a<br />
figura 12.<br />
Embora a t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>, donde os alvinos provêm, seja igual à<br />
t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>, aonde os peixinhos são depositados, eles ainda<br />
pod<strong>em</strong> ficar chocados.<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Quadro 3: Acções a ser<strong>em</strong> <strong>em</strong>preendidas para diferentes tipos de<br />
transparência da <strong>água</strong>.<br />
Transparência da <strong>água</strong> Acção<br />
1 - 15 cm Bastantes algas no tanque.<br />
15 – 25 cm Risco de faltar oxigénio para o peixe de madrugada. Pára<br />
de alimentar e de fertilizar. Observa o comportamento de<br />
peixe. Se ele aparece para apanhar o ar à superfície da<br />
<strong>água</strong>, deve fazer correr a <strong>água</strong> ou trocar de <strong>água</strong>.<br />
Há abundância de algas.<br />
25 – 30 cm Óptima abundância de algas pra a produção de peixe.<br />
Continue a alimentar e a fertilizar ao mesmo ritmo.<br />
> 50 cm Muito baixa densidade de algas algas. Estimula o florrescimento<br />
de algas por adicio<strong>na</strong>r mais comida e fertilizantes<br />
até a transparência ser de 25 a 30 cm.<br />
Figura 12: Repovoando um tanque de peixe (FAO, 1985).<br />
4.4 Saúde e doenças<br />
O peixe é vulnerável a apanhar doenças quando as condições ambientais<br />
são pobres (qualidade da <strong>água</strong> e comida disponíveis). Uma vez<br />
que uma doença começa num tanque pode ser difícil a sua erradicação.<br />
Isso é motivado pelo facto de que é difícil separar um peixe infectado<br />
de outros, para dar-lhe o tratamento separadamente. A <strong>água</strong> é um<br />
perfeito agente de contami<strong>na</strong>ção de doenças. O peixe pode sofrer de<br />
muitas e variadas infecções: Um peixe doente não cresce e o piscicul-<br />
Practica de piscicultura 33
tor despende dinheiro para fazer crescer os peixes. Quando o peixe<br />
cresce significa que haverá uma boa colheita. Se o peixe é afectado<br />
pela doença num período próximo ao da sua colheita, a perda é ainda<br />
severa. Os custos de tratamento pod<strong>em</strong> ser elevados e as vezes esse<br />
tratamento pode tor<strong>na</strong>r-se perigoso não só para os humanos mas também<br />
para outros animais e plantas da zo<strong>na</strong>, porque quando o tanque<br />
for dre<strong>na</strong>do, com o t<strong>em</strong>po a <strong>água</strong> correrá levando os desperdícios de<br />
tratamento para o meio ambiente.<br />
É melhor prevenir as doenças, porque a prevenção é mais barata do<br />
que o tratamento de doenças: se evitam as perdas, o pobre crescimento<br />
e a morte de peixe.<br />
Prevenção de doenças de peixe<br />
Uma boa nutrição e uma boa qualidade de <strong>água</strong> com bastante oxigénio<br />
são os factores mais importantes para a boa saúde de peixe. Muitas das<br />
patologias de peixe são normalmente presentes <strong>na</strong> <strong>água</strong> esperando atacar<br />
quando as condições ambientais tor<strong>na</strong>m-se menos adequadas, ou<br />
seja, quando o peixe fica <strong>em</strong> tensão e sua resistência às doenças é menor.<br />
Exist<strong>em</strong> algumas regras básicas que dev<strong>em</strong> ser observadas para evitar<br />
a explosão de doenças:<br />
? Prevenção<br />
? Controlar a doença quando ela ocorre<br />
Os tanques dev<strong>em</strong> ter uma provisão de <strong>água</strong> separada; Não é recomendável<br />
reservar a <strong>água</strong> que sai de um tanque, porque desde esta<br />
<strong>água</strong> pode haver doenças e o nível de oxigénio dissolvido talvez é baixo.<br />
É porém sensato não desenhar tanques <strong>em</strong> séries.<br />
O peixe não deve ficar com a tensão: só movimenta o peixe se quiser<br />
levá-lo ao mercado. Toma a precaução ao tocar o peixe ou toca o peixe<br />
o menos possível. Excessiva tensão pode causar a morte de peixe. Os<br />
danos <strong>na</strong> sua pele, esfregão ou caída de escamas e r<strong>em</strong>oção de líquidos<br />
protectores expõ<strong>em</strong> facilmente o peixe à doenças. Assim o peixe deve<br />
34<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
ser mantido <strong>em</strong> boas condições e viver <strong>na</strong> <strong>água</strong> com alto nível de oxigénio,<br />
com um correcto pH- balanço e pouco amoníaco.<br />
Outro maior cuidado que deve observar quando misturar peixe de diferentes<br />
tanques ou quando vai introduzir novos peixes <strong>na</strong> propriedade:<br />
O novo peixe <strong>na</strong> propriedade pode ser guardado num tanque separado,<br />
até certificar-se de que ele não é portador de doenças. Só depois<br />
disso ele pode ser misturado com outro peixe <strong>em</strong> stock.<br />
Qualquer mudança de comportamento que você observar pode ser um<br />
si<strong>na</strong>l de doença. Ao observar o peixe a procura o ar <strong>na</strong> superfícies ou<br />
ver esfregões de escama <strong>na</strong> pele de peixe ou quando o peixe bater a<br />
sua cabeça contra as paredes do tanque, ou observar - lhe o furor, você<br />
está presenciando si<strong>na</strong>is de doença de peixe. Quando você observar<br />
que o peixe deixou de comer de repente, é porque alguma coisa errada<br />
se passa. Observe o peixe muitas vezes, especialmente se está muito<br />
quente porque o oxigénio dissolve-se menos <strong>na</strong> <strong>água</strong> nessa condição<br />
climática.<br />
Não fique desencorajado se encontrar um peixe morto no tanque. Isso<br />
também acontece <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza. Porém tome o cuidado quando muitos<br />
peixes aparec<strong>em</strong> mortos. Se um número grande de peixe morre, tenta<br />
descobrir a causa de morte.<br />
Doença de peixe<br />
As doenças de peixe pod<strong>em</strong> ser classificadas <strong>em</strong> infecção e probl<strong>em</strong>as<br />
de nutrição.<br />
As infecções são introduzidas de tanque a tanque por meio de novos<br />
peixes, por meio de piscicultor ou por meio de aparelhos que o piscicultor<br />
utiliza. As doenças de nutrição são causadas por dieta de alimentação<br />
pobre. Exist<strong>em</strong> também doenças causadas pela poluição ou<br />
pela má qualidade da <strong>água</strong>. Essas doenças evident<strong>em</strong>ente pod<strong>em</strong> causar<br />
a morte de peixe.<br />
Practica de piscicultura 35
O piscicultor deve focalizar sua atenção <strong>na</strong> prevenção de doenças,<br />
porque o tratamento de doenças é muitas vezes difícil, custoso e consome<br />
muito t<strong>em</strong>po.<br />
4.5 Reprodução<br />
A escolha de peixes por espécie para o cultivo depende grand<strong>em</strong>ente,<br />
entre outros factores, de utilizar o peixinho que você criou no tanque<br />
ou utilizar os alvinos que você obteve desde fornecedores comerciais<br />
ou utilizar o peixe pescado <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s livres <strong>na</strong>turais.<br />
Mesmo quando começar por <strong>em</strong>pregar o peixe apanhado <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza,<br />
é importante encontrar uma forma controlável de reprodução <strong>na</strong> piscicultura.<br />
Uma reprodução controlada oferece uma provisão de ovos e<br />
peixes pequenos, <strong>em</strong> razoável número para o produtor evitar os probl<strong>em</strong>as<br />
de esperar s<strong>em</strong>pre e de novo os peixes recolhidos da <strong>na</strong>tureza.<br />
A reprodução controlada vai oferecer-lhe as s<strong>em</strong>entes que necessita<br />
usar no momento certo e não durante os poucos meses <strong>em</strong> que ocorre<br />
a procriação de peixes <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza.<br />
O ciclo reprodutório de quase todos os peixes é regulado pelo meio<br />
ambiente, (dia, ou seja a época própria de reprodução, a t<strong>em</strong>peratura<br />
da <strong>água</strong>, o nível da <strong>água</strong>), etc. Tais condições facilitam a libertação<br />
hormo<strong>na</strong>l através de cérebro de peixe, que actua sobre os órgãos reprodutores<br />
de fêmeas e de machos. Esses órgãos por seu turno produz<strong>em</strong><br />
esperma no caso de machos e ovos no caso de fêmeas.<br />
Se você conhecer as funções do ciclo reprodutivo pode utilizar seus<br />
conhecimentos para provir a apropriada estimulação ambiental de peixe,<br />
ex<strong>em</strong>plo, uma boa condição do nível de <strong>água</strong> que permitirá a reprodução<br />
de peixe.<br />
A maioria de reprodução ocorre <strong>em</strong> determi<strong>na</strong>dos períodos. A época<br />
reprodutória de peixe aparece a coincidir com as condições de meio<br />
ambiente mais apropriadas para a sobrevivência de crias. O momento,<br />
36<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
a t<strong>em</strong>peratura, as chuvas, são factores importantes envolvidos <strong>na</strong> regulação<br />
do ciclo reprodutório.<br />
Os capítulos sobre a carpa, tilápia e peixe gato vão dar mais informação<br />
específica sobre a reprodução destas espécies de peixe.<br />
4.6 Colheita de peixe<br />
Como <strong>em</strong> outros tipos de cultivo, a fase fi<strong>na</strong>l <strong>na</strong> piscicultura é a colheita<br />
e a possível venda de peixe. Quando a maioria de peixe é suficient<strong>em</strong>ente<br />
grande para ser consumido ou vendido, sua colheita pode<br />
começar normalmente depois de 5 a seis meses, mas somente o peixe<br />
que pode ser comido ou vendido dentro de 24 horas. Para a colheita,<br />
comece por vazar o tanque um pouco antes de <strong>na</strong>scer o dia, enquanto<br />
estiver frio ainda.<br />
Há duas maneiras de colher o peixe:<br />
Retirar todo o peixe de tanque ao mesmo t<strong>em</strong>po.<br />
Seleccio<strong>na</strong>r: apanhar o peixe maior para colocá-lo num outro tanque<br />
ao longo do ano.<br />
Neste último método, é usual retirar grandes quantidades de peixe<br />
adulto, para deixar crescer os peixes mais pequenos no tanque.<br />
É possível combi<strong>na</strong>r os dois métodos: primeiro, ao retirar duma só vez<br />
grande quantidade possível de peixe e fi<strong>na</strong>lmente, noutra altura, r<strong>em</strong>over<br />
a outra restante parte de peixe.<br />
Exist<strong>em</strong> diferentes tipos de redes que você pode usar para a colheita<br />
de peixe de um tanque, como mostra a figura 13.<br />
O método usado para escolher continuamente o peixe é aquele <strong>em</strong> que<br />
se amarra a rede por onde o peixe vai tentar passar; <strong>na</strong> malha da rede<br />
fica apanhado o peixe maior. Deve escolher uma rede adequada para<br />
assegurar-se de que os peixes pequenos pod<strong>em</strong> passar através das malhas<br />
enquanto o peixe de tamanho maior ficará preso através de suas<br />
guelras.<br />
Practica de piscicultura 37
Figura 13: Diferentes tipos de redes para a colheita de peixe<br />
(Murnyak and Murnyak 1990). A: rede bênção ‘seine net’; B: rede<br />
guelra ‘gill net’; C: rede elevador ‘lift net’; D: rede colher ‘scoop<br />
net’; E: rede lança ‘cast net’.<br />
38<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Com excepção, a chamada rede de guelras assegura com sucesso esse<br />
tipo de colheita. A rede de guelras é muitas vezes usada neste método<br />
de colheita (figura 13B ) para apanhar o peixe que tenta <strong>na</strong>dar através<br />
da rede amarrada. O peixe <strong>em</strong>perra a parte de trás da sua guelra <strong>na</strong>s<br />
malhas da rede.<br />
O tamanho de peixe apanhado desta maneira pode ser estimado, por<br />
medir o tamanho de peixe que ficou <strong>em</strong>perrado <strong>na</strong> rede. Todo o peixe<br />
pequeno e pouco maior não será apanhado. Desta forma é possível<br />
pescar o peixe desejado ao longo do ano, s<strong>em</strong> a necessidade de dre<strong>na</strong>r<br />
o tanque ou provocar tensão para os peixes que ficaram no tanque.<br />
Se pretender colher duma vez todo o peixe de um tanque deve baixar<br />
lentamente o nível da <strong>água</strong> para assegurar-se de que todo o peixe será<br />
apanhado. Certifique-se de que o peixe está sendo pescado <strong>em</strong> boas<br />
condições para evitar o dano de sua pele e proceda rápido para o peixe<br />
manter-se fresco até ao fi<strong>na</strong>l de toda a colheita. Por essas razões é comum<br />
usar dois métodos diferentes de pesca como abaixo ir<strong>em</strong>os descrever.<br />
Em principio, a maioria<br />
de peixe deve ser apanhada<br />
<strong>em</strong> uma rede<br />
grande ‘seine net’<br />
(figura 13A, figura 14 e<br />
caixa: Como contruir<br />
uma ‘rede seine’) cuja<br />
malha t<strong>em</strong> tamanho de<br />
1 cm, enquanto o nível<br />
de <strong>água</strong> for ainda alto.<br />
A rede é estendida fora<br />
de diques do tanque; é<br />
enrolada <strong>em</strong> um grosso<br />
meio círculo através do<br />
tanque até atingir os<br />
Figura 14: Rede bênçao “seine net”<br />
(FAO, 1985).<br />
diques outra vez; A rede é outra vez arrastada <strong>em</strong> direcção aos diques<br />
Practica de piscicultura 39
deste maneira para <strong>em</strong>perrar o peixe e colhe-lo (figura 15). Como a<br />
<strong>água</strong> corre para fora de tanque, muitas quantidades de peixe serão<br />
apanhadas. Coloca redes de formato de caixas com ripas ou rede com<br />
formato de colher (figura 13D) debaixo de tubo de dre<strong>na</strong>g<strong>em</strong> para<br />
prevenir que o peixe não<br />
escape ao dre<strong>na</strong>r o tanque.<br />
Quando o tanque está<br />
completamente dre<strong>na</strong>do,<br />
pode juntar à mão o peixe<br />
que ficou depositado no<br />
fundo do tanque. Trate de<br />
apanhar o maior número<br />
possível de peixe, antes<br />
de dre<strong>na</strong>r completamente<br />
o tanque, porque o peixe<br />
pode esconder-se no<br />
lodo, onde vai danificar a<br />
sua qualidade.<br />
Depois da colheita deve deixar o tanque secar até ver rachar-se o fundo.<br />
Deita a cal para reduzir a acidez do fundo do tanque e desta maneira<br />
morrerão os animais e as plantas indesejáveis que cresc<strong>em</strong> no tanque.<br />
Algumas redes mais simples e baratas são:<br />
40<br />
Figura 15: Colheita técnica com uma<br />
‘Seine rede’. (FAO, 1995).<br />
? A rede elevadora ‘lift net’(figura 13C): é <strong>feita</strong> do mesmo material<br />
que se faz<strong>em</strong> as malhas da rede ‘seine’. Esta rede pode ser de qualquer<br />
forma e tamanho e deve ser colocada no fundo do tanque. Se o<br />
peixe <strong>na</strong>dar sobre ela a rede se elevará e o peixe será capturado.<br />
? A rede colher ‘scoop net’ (figura 13D): é uma <strong>peque<strong>na</strong></strong> rede que t<strong>em</strong><br />
uma pega através da qual é segurada <strong>na</strong> mão. Esta rede é muitas vezes<br />
usada para contar ou pesar o peixe e as crias.<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
? Rede lança ou rede castanholas ‘cast net ou castanets’(figura 13E):<br />
é uma rede redonda que é atirada ao tanque desde à marg<strong>em</strong> e puxada<br />
para trás a fim de capturar o peixe.<br />
Material: Corda, rolha flutuadora, chumbo para afundar ou outro corpo pesado<br />
para manter a rede no fundo da <strong>água</strong>, fios e agulhas de costura<br />
para reparer as malhas.<br />
Métodos:<br />
Amarre duas cordas, entre duas árvores (formando uma linha com topo e<br />
base).<br />
Marque intervalos de 15 cm cada. Tenha a certeza de que essas duas<br />
cordas são um pouco mais largas que a ponta fi<strong>na</strong>l da rede.<br />
Estique as malhas da rede até estar<strong>em</strong> completamente fechadas. Depois<br />
conte o número de malhas que formarão uma secção de 23 cm. Uma<br />
boa rede seine’ t<strong>em</strong> 6 a 9 malhas <strong>em</strong> cada secção da rede esticada de<br />
23 cm.<br />
Use um fio nylon muito forte. Enrola uma divisão de malha com uma agulha.<br />
Amarre a extr<strong>em</strong>idade de chumbo com a corda <strong>na</strong> a primeira parte<br />
marcada. Passe as agulhas através das malhas divididas <strong>em</strong> secções 23<br />
cm cada malha. Amarre o fio com a corda já <strong>na</strong> segunda secção marcada.<br />
Repita o processo até atingir a parte superior da corda.<br />
Junte os el<strong>em</strong>entos para afundar com a base da corda, num intervalo de<br />
15 cm.<br />
Ammar as rolhas flutuadoras com a parte superior que t<strong>em</strong> também 15<br />
cm de intervalo.<br />
Junte com o fio a base da linha com as malhas da mesma maneira.<br />
Depois que a rede é usada deve ser lavada, reparada, seca <strong>na</strong> sombre, dobrada<br />
e guardada num lugar fresco e seco. Uma rede cuidada assim pode<br />
aguentar muito mais t<strong>em</strong>po.<br />
4.7 Manutenção e controlo<br />
Para conseguir uma alta produção de peixe no tanque são necessários<br />
uma regular manutenção e controlo:<br />
? Fazer uma manutenção diária para verificar a qualidade de <strong>água</strong>,<br />
sua t<strong>em</strong>peratura, o pH, controlar <strong>na</strong>s manhãs o nível de oxigénio<br />
dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>.<br />
? Verifique se não há fugas de <strong>água</strong> de tanque.<br />
? Limpe os tapumes protectores dos tubos de entrada e saída de <strong>água</strong>.<br />
Practica de piscicultura 41
? Observe os peixes quando com<strong>em</strong>. Estão a comer normal? São activos?<br />
Se não com<strong>em</strong> normal ou não são activos controle o nível de<br />
oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>. Se o nível indicar quase zero, pára de<br />
dar alimentos e fertilizantes e corra <strong>água</strong> no tanque até verificar que<br />
os peixes se comportam normal outra vez ou procure descobrir os<br />
sintomas que poderiam ser uma indicação de doença.<br />
? Tome o cuidado com os predadores e tome medidas preventivas se<br />
for necessário.<br />
? R<strong>em</strong>ove as ervas daninhas que cresc<strong>em</strong> no tanque.<br />
Turvação<br />
A turvação das <strong>água</strong>s significa uma quantidade de sujidade e outras<br />
partículas dissolvidas <strong>na</strong> <strong>água</strong> e que dão uma cor acastanhada a <strong>água</strong>.<br />
A alta turvação de <strong>água</strong> pode reduzir a produção de peixe, porque a<br />
turvação vai diminuir a penetração da luz solar <strong>na</strong> <strong>água</strong> e portanto vai<br />
reduzir a produção de oxigénio das plantas; a turvação vai entupir os<br />
filtros e danificar as guelras de peixe. Um método para medir a turvação<br />
é mostrado <strong>na</strong> figura 11. Um método adequado para reduzir a turvação<br />
é infiltrar o tanque. Coloque um pequeno reservatório junto ao<br />
tubo de entrada de <strong>água</strong> no tanque. A <strong>água</strong> correrá dentro do reservatório<br />
e ficará ali até o lodo assentar-se no seu fundo. Depois a <strong>água</strong> limpa<br />
será passada para o tanque.<br />
Uma outra maneira para limpar o lodo da <strong>água</strong> é colocar o feno ou<br />
estrume no tanque e deixar decompor-se. A cal, o gesso ou a pedraume<br />
pod<strong>em</strong> ser utilizados também para conseguir o mesmo resultado.<br />
Quando a turvação não é causada especialmente pela abundância de<br />
algas <strong>na</strong> <strong>água</strong>, mas é causada por outros factores, a <strong>água</strong> não t<strong>em</strong> a cor<br />
esverdeada. Então para reduzir esta turvação pode recorrer a outras<br />
práticas como as seguintes:<br />
Espalhe o estrume de um animal antes de povoar o tanque: 240 g/m 2 ,<br />
três vezes, com um intervalo de três a quatro dias entre as aplicações.<br />
Uma outra forma de reduzir a turvação é deitar a cal, o gesso, preferivelmente<br />
o alume ou pedra-ume a medida de 1 grama per 100 litros de<br />
42<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
<strong>água</strong>. Este método não deve ser usado <strong>na</strong> época quente do ano, porque<br />
a cal pode apodrecer muito rápido.<br />
Contudo, a única verdadeira solução para a turvação, <strong>em</strong> longo termo,<br />
é desviar as <strong>água</strong>s turvas para fora do tanque e fi<strong>na</strong>lmente proteger as<br />
ruas e os diques de erosão, que a turvação <strong>na</strong> última estância pode<br />
provocar.<br />
Acidez, alcalinidade e dureza de <strong>água</strong><br />
Outras características das qualidades importantes da <strong>água</strong> são: a acidez,<br />
alcalinidade e a dureza.<br />
A <strong>água</strong> adequada para aquacultura deve ter um certo grau de acidez<br />
indicada por pH- valor que de preferência deve estar entre 6.7 e 8.6<br />
(figura 16). Valores acima ou abaixo desse arranjo vão inibir um bom<br />
crescimento e reprodução. As algas requer<strong>em</strong> um pH de cerca de 7 e<br />
uma radiação solar baixa, (alcalinidade). O pH de 6.5 favorece o aparecimento<br />
de pequenos animais ‘zooplancton’ no tanque para o alimento<br />
e crescimento de peixe.<br />
Figura 16: O efeito de pH no crescimento (Viveen e al., 1985).<br />
O pH da <strong>água</strong> de um tanque as vezes pode mudar rapidamente. Por<br />
ex<strong>em</strong>plo, uma chuva pesada pode transportar muitas substâncias ácidas<br />
do solo que vão termi<strong>na</strong>r no tanque e ali dissolver<strong>em</strong>-se. Nestas<br />
condições o tanque recebe mais ácidos e então o valor de pH da <strong>água</strong><br />
decresce. O melhor caminho para fazer subir outra vez o valor de pH<br />
da <strong>água</strong> e manter o mesmo valor neutral (cerca de 7) é deitar cal no<br />
tanque.<br />
Practica de piscicultura 43
A alcalinidade da <strong>água</strong> é uma medida de capacidade da <strong>água</strong> ligar ou<br />
armaze<strong>na</strong>r os ácidos e a diferença de acidez da <strong>água</strong>. Isto significa que<br />
quando a alcalinidade da <strong>água</strong> é alta são necessárias mais substâncias<br />
ácidas para decrescer o valor de pH da <strong>água</strong>.<br />
A dureza da <strong>água</strong> é a medição de sais totalmente solúveis <strong>na</strong> <strong>água</strong>. A<br />
<strong>água</strong> que contém muitos sais é chamada “<strong>água</strong> dura” e a <strong>água</strong> que contém<br />
poucos sais é chamada “<strong>água</strong> <strong>doce</strong>”. Um método para calcular a<br />
dureza da <strong>água</strong> é observar de perto as paredes de tanque onde se forma<br />
a linha de <strong>água</strong>. Quando se formou uma linha branca onde a <strong>água</strong> esteve<br />
então há sais <strong>na</strong> <strong>água</strong> que ao secar a linha da <strong>água</strong>, os sais marcaram<br />
as paredes do tanque. A dureza da <strong>água</strong> é importante para o crescimento<br />
de peixes. Se a <strong>água</strong> é muito <strong>doce</strong> (baixa quantidade de sais<br />
dissolvidos <strong>na</strong> <strong>água</strong>) o piscicultor pode aumentar a sua dureza ao adicio<strong>na</strong>r<br />
a cal no tanque e assim aumentar a fertilidade para a produção<br />
de comida <strong>na</strong>tural para o peixe.<br />
Todos estes el<strong>em</strong>entos como o ácido, o alcalino e a dureza da <strong>água</strong><br />
pod<strong>em</strong> ser mutáveis quando adicio<strong>na</strong>r a cal no tanque assim como foi<br />
acima descrito. Estas três medidas de qualidades da <strong>água</strong> Não são a<br />
mesma mas normalmente são relacio<strong>na</strong>das uma com outra de seguinte<br />
maneira:<br />
baixa alcalinidade ≈ baixa pH ≈ baixa dureza.<br />
Se colocar cal vai aumentar o pH, a alcalinidade e a dureza da <strong>água</strong>.<br />
Os tanques que acabam de ser construídos precisam de um tratamento<br />
<strong>em</strong> cal diferente que os tanques que já foram antes tratados com a cal.<br />
? Tanques construídos recent<strong>em</strong>ente<br />
Esses pod<strong>em</strong> ser tratados com 20 até 150 kg de cal da agricultura<br />
por metro quadrado (Apêndice 3). A cal é misturada com a camada<br />
superior (5cm) do solo de tanque. O tanque é posteriormente enchido<br />
com a <strong>água</strong> até 30 cm. Em uma s<strong>em</strong>a<strong>na</strong> o pH da <strong>água</strong> deve atingir<br />
o 7 e a fertilização deverá ter já começado.<br />
? Tanques que já foram antes tratados com cal<br />
44<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Estes dev<strong>em</strong> ser tratados com 10 até 15 kg de cal por cada 100 metro<br />
quadrado; Acrescenta a terra húmida do tanque para desfazer-se<br />
dos eventuais animais que transportam as doenças de peixe, as parasitas<br />
e os predadores de peixes.<br />
Depois de um período de 7 até 14 dias poderia encher de <strong>água</strong> o<br />
tanque novamente. Quando encher até a profundidade de 30 cm o<br />
pH da <strong>água</strong> pode ser ajustado por adicio<strong>na</strong>r a cal da agricultura<br />
(Apêndice 3).<br />
Aplicação de oxigénio<br />
Se o peixe engolir o ar com dificuldade <strong>na</strong> superfície da <strong>água</strong>, você<br />
pode fazer correr a <strong>água</strong> fresca através do tanque para resolver esse<br />
probl<strong>em</strong>a. Quando movimentar a <strong>água</strong> no tanque ajudará aumentar a<br />
quantidade de oxigénio dissolvido <strong>na</strong> <strong>água</strong>.<br />
Não alimentar ou fertilizar os peixes neste momento porque as vezes a<br />
falta de oxigénio foi causada pelo excesso de alimentação.<br />
Outra causa possível que pode reduzir o oxigénio é o sobre - povoamento<br />
do tanque pelos peixes. A redução de oxigénio pode causar doenças,<br />
epid<strong>em</strong>ias e morte de peixe.<br />
Substâncias tóxicas<br />
Fi<strong>na</strong>lmente, as substâncias tóxicas <strong>na</strong> pisci<strong>na</strong> de peixes pod<strong>em</strong> reduzir<br />
seriamente a produção de peixe. Por isso é imperioso investigar qualquer<br />
existência ou fonte potencial de poluição <strong>na</strong>s vizinhanças de tanques.<br />
Muitos produtos químicos usados para a criação de animais domésticos<br />
ou utilizados para o cultivo de s<strong>em</strong>entes são venenosos para<br />
o peixe. Deste modo os produtos químicos não dev<strong>em</strong> ser usados <strong>na</strong><br />
área à volta de tanque, e especialmente não dev<strong>em</strong> ser espalhados nos<br />
dias de vento.<br />
Practica de piscicultura 45
5 Cultura de carpa<br />
A carpa pertence à família de peixe da <strong>água</strong> <strong>doce</strong> chamada Cyprinidae.<br />
Este é um peixe largamente espalhado e só não existe <strong>na</strong> sua distribuição<br />
<strong>na</strong>tural <strong>na</strong> América do Sul, Madagáscar e Austrália. A família deste<br />
peixe se compõe de 1600 diferentes espécies de carpas dos quais<br />
pouquíssimos são importantes para a piscicultura.<br />
O cultivo de carpa está dividido <strong>em</strong> três grupos: carpa comum, aquela<br />
cultivada <strong>na</strong> Europa, Ásia e Extr<strong>em</strong>o Oriente, como a carpa India<strong>na</strong> e<br />
Chinesa mostradas no quadro 4 abaixo.<br />
Quadro 4: Diferentes espécies de carpas e sua alimentação favorita<br />
Nome comum Nome científico Comida favorita<br />
Carpa comum<br />
carpa Cyprinus carpio pequenos ani<strong>na</strong>is e plantas<br />
Carpa india<strong>na</strong><br />
catla<br />
rohu<br />
calbasu<br />
mrigal<br />
Carpa chinesa<br />
carpa herbívora<br />
carpa prateada<br />
carpa cabeçuda<br />
carpa negra<br />
carpa de lodo<br />
46<br />
Catla catla<br />
Labeo rohita<br />
Labeo calbasu<br />
Cirrhi<strong>na</strong> mrigala<br />
Ctenopharyngodon idella<br />
Hypophtalmichthys molitrix<br />
Aristichthys noblis<br />
Mylopharyngodon piceus<br />
Cirrhi<strong>na</strong> molitorella<br />
algas e plantas mortas<br />
plantas mortas<br />
plantas mortas<br />
restos orgânicos no fundo<br />
do tanque<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong><br />
plantas da <strong>água</strong><br />
algas<br />
pequenos animais<br />
molluscos<br />
restos argânicos do tanque<br />
Estas diferentes espécies de carpas têm diferentes tipos de comida<br />
como foi mostrado no quadro 4. Isso oferece a vantag<strong>em</strong> de manter<br />
num mesmo tanque as diferentes espécies juntas. Em um sist<strong>em</strong>a de<br />
policultura se usa melhor o processo <strong>na</strong>tural de alimentação e as diferentes<br />
espécies se alimentam de diferentes artigos no mesmo tanque.<br />
Deste modo as diferentes espécies de carpa não compet<strong>em</strong> entre si<br />
pelos recursos alimentares. Porém é ainda elevada a produção de peixe<br />
do que seria possível <strong>em</strong> cultura de uma única espécie de carpa ou<br />
mesmo de diferente espécies só.
5.1 Carpa comum<br />
A carpa comum é estritamente<br />
cultivada <strong>na</strong><br />
<strong>água</strong> <strong>doce</strong> (figura 17).<br />
O peixe pode atingir o<br />
tamanho de cerca de<br />
80 cm e pesar cerca de<br />
10 a 15 kg. A t<strong>em</strong>peratura<br />
adequada para o<br />
seu cultivo é entre 1 e<br />
40 graus Centígrados,<br />
sendo a t<strong>em</strong>peratura<br />
acima de 13 graus<br />
apropriada para o<br />
Figura 17: Carpa comum (Cyprinus carpa)<br />
(Hanks, 1985).<br />
crescimento. Quando de repente a corrente aumenta e a t<strong>em</strong>peratura<br />
vai acima de 18 graus é o momento ideal para a reprodução. Normalmente<br />
a carpa tor<strong>na</strong>-se adulta depois de dois anos e nessa altura pesa 2<br />
a 3 kg. Nas zo<strong>na</strong>s t<strong>em</strong>peradas, a carpa t<strong>em</strong> crias todas as vezes <strong>na</strong><br />
Primavera, enquanto <strong>na</strong>s zo<strong>na</strong>s tropicais t<strong>em</strong> crias de três <strong>em</strong> três meses.<br />
As carpas fêmeas pod<strong>em</strong> produzir 100.000 a 150.000 ovos por<br />
cada kg do seu peso. Se regista o grau de crescimento mais alto <strong>na</strong>s<br />
zo<strong>na</strong>s tropicais, onde o peixe pode alcançar um peso de 400 a 500<br />
gramas <strong>em</strong> seis meses. A carpa comum é muito forte e portanto resistente<br />
a maioria de doenças, quando as condições ambientais de conservação<br />
são apropriadas.<br />
Produção de ovos<br />
A procriação da carpa pode ser realizada nos tanques comuns ao ar<br />
livre ou numa chocadeira artificial para ovos de peixe onde são induzidos<br />
os métodos de procriação.<br />
A reprodução por indução é uma técnica <strong>na</strong> qual se usa substância<br />
hormo<strong>na</strong>l que é produzida pelo próprio peixe, para desencadear o processo<br />
de procriação de ovos. Essas hormo<strong>na</strong>is são alimentadas através<br />
de um alimento injectado nos músculos do peixe.<br />
Na zo<strong>na</strong>s de clima tropical se reproduz a carpa comum <strong>em</strong> dois períodos<br />
piques ao longo do ano: <strong>na</strong> primavera (Janeiro a Abril) e <strong>em</strong> outo-<br />
Cultura de carpa 47
no (de Julho a Outubro). Se obtém melhores resultados <strong>na</strong> criação de<br />
carpa comum quando as crias são cuidadosamente escolhidas.<br />
Os seguintes pontos mostram as medidas que pod<strong>em</strong> ser consideradas<br />
a fim de poder obter melhores resultados no momento da procriação,<br />
(veja também a figura 18):<br />
1 Uma fêmea completamente adulta t<strong>em</strong> uma barriga inchada e quase<br />
arredondada, macia com uma ruga escura no topo e uma <strong>peque<strong>na</strong></strong><br />
abertura projectada dentro de uma <strong>peque<strong>na</strong></strong> ‘papilla’ (órgão genital<br />
do peixe).<br />
2 Uma carpa adulta pode descansar sobre a sua barriga s<strong>em</strong> cair de<br />
lado e quando é colocada de barriga para cima mostra um ligeiro<br />
deslizamento para os lados devido ao peso dos ovos dentro de sua<br />
barriga.<br />
3 O macho adulto (como qualquer outro peixe) produz esperma quando<br />
sua barriga é apertada ligeiramente.<br />
Figura 18: Carpa comum: fêmea adulta (esquerda) e macho (direita)<br />
(Costa-Pierce e al., 1989b).<br />
As crias são alimentadas de farelo de arroz, desperdícios da cozinha,<br />
cereais, etc. No sist<strong>em</strong>a <strong>na</strong>tural de reprodução nos tanques abertos se<br />
permite reproduzir o peixe <strong>em</strong> tanques especiais de reprodução. Os<br />
peixes parentes (a mãe e o pai)são retirados depois da procriação. Os<br />
tanques de criação têm uma superfície geralmente de 20-25 metros<br />
quadrados e o tanque é seco alguns dias antes de se encher de <strong>água</strong><br />
<strong>doce</strong> limpa a uma altura de 50 cm. A <strong>água</strong> corre para o tanque de re-<br />
48<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
produção de manhã onde se misturam o alimento com as crias e depois<br />
os ovos colhidos são colocados durante a tarde. Os tanques são<br />
povoados com um, dois ou três grupos de peixes; cada grupo é composto<br />
de 1 fêmea (com o peso de seu corpo de 1 kg) e 2 a 4 machos<br />
(com um peso total de 1 kg).<br />
Exist<strong>em</strong> diferentes técnicas para a recolha de ovos desde os tanques de<br />
reprodução. Nalgumas técnicas se estend<strong>em</strong> os ramos de árvores florestais<br />
no tanque. Os ovos que ficam colados <strong>na</strong>s ramas são depois<br />
recolhidos e transferidos para um tanque viveiro. O outro método consiste<br />
<strong>em</strong> colocar plantas flutuantes <strong>na</strong> <strong>água</strong> para servir de colectores de<br />
ovos no tanque. Na Indonésia colocam tapetes tecidos de capim ou de<br />
fibra <strong>feita</strong>s de palmeira para recolher os ovos.<br />
A superfície desses tapetes é de cerca de 10 metro quadrado para cada<br />
2-3 kg de peso de fêmea. Depois da procriação os tapetes são levados<br />
para o tanque viveiro. O colector de ovos usado <strong>na</strong> Indonésia, é chamado<br />
“kakaban” <strong>feita</strong> de cabelo negro de cavalo parecida com as fibras<br />
de planta de ‘indjuk’ (parenga pin<strong>na</strong>ta Arenga saccharifera).<br />
Para fazer um ‘kakabans’, as fibras da ‘Indjuk’ são lavadas depois são<br />
colocadas separadas numa distância de 1,2 a 1,5 metro ao longo de<br />
faixa de ‘kakabans’. Duas delas são alinhadas de alto a baixo entre<br />
duas placas de bambu com 4 a 5 cm de largo e 1.5 a 2 metros de altura.<br />
São juntos cosidos nos dois lados. Os ‘karabans’ são mantidos<br />
numa posição de flutuação, um pouco debaixo de superfície da <strong>água</strong>,<br />
apoiados nos paus de bambu. Cinco a oito’karabans’ por cada quilograma<br />
de peso das fêmeas povoam o tanque. Uma ligeira corrente da<br />
<strong>água</strong> é deitada no tanque quando os ‘karabans’ são mudados de posição<br />
e os peixes pequenos são retirados dos ‘karabans’. Por costume o<br />
peixe prende seus ovos debaixo de ‘karabans’. Quando esse lado está<br />
cheio de ovos, o ‘karabans’ é virado ao contrário. Quando os dois lados<br />
de ‘karabans’ estão cheios de ovos (figura 19), os ovos são transferidos<br />
para um tanque viveiro que deve ser 20 vezes maior que o tanque<br />
da reprodução. No tanque viveiro os ‘karabans’ são colocados verticalmente<br />
entre os bambus flutuantes deixando uma brecha de 5 a 8<br />
cm entre as fibras de outra ‘karabans’. Deve-se tomar o cuidado para<br />
Cultura de carpa 49
que os ovos estejam colocados s<strong>em</strong>pre completamente submersos, 8<br />
cm dentro da <strong>água</strong>. Os ovos chocam entre 2 a 8 dias, dependendo da<br />
t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>. A t<strong>em</strong>peratura apropriada é de entre 20 e 22<br />
graus Centígrados; Os ovos chocarão <strong>em</strong> 4 dias.<br />
Figura 19: Retirando um acolhedor de ovos depois da reprodução<br />
(Costa-Pierce e al, 1989b).<br />
Tanques viveiros<br />
Os tanques viveiros são de 2.500 a 20 .000 metro quadrado de área,<br />
dependendo de tamanho da propriedade. Esses tanques são 0.5 a 1.5 m<br />
de profundidade e são povoados de peixe de acordo com a densidade<br />
que é determi<strong>na</strong>da pela corrente de <strong>água</strong> no tanque. Na <strong>água</strong> estag<strong>na</strong>da<br />
(onde não ocorre corrente de <strong>água</strong>), a densidade de peixe para povoar<br />
é de 5 larvas/metro quadrado, enquanto num tanque com a corrente a<br />
densidade pode atingir 30 a 80 larvas/metro quadrado.<br />
As larvas pod<strong>em</strong> fazer aumentar os alvinos dentro de um período de<br />
cerca de um mês. A prática mais comum é criar os pequenos peixes no<br />
tanque viveiro por um mês e transferi-los depois para os lugares onde<br />
50<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
vão crescer para ser vendidos. Um regular abastecimento de vermes,<br />
desperdícios de cereais, óleo de coco aumenta a disponibilidade de<br />
comida no tanque e portanto aumenta a possibilidade para a sobrevivência<br />
dos alvinos e a produção. Os vermes dev<strong>em</strong> ser aplicados a<br />
uma média de 925 g/metro quadrado/s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>lmente e o farelo de arroz<br />
e o óleo de coco são aplicados a uma média de 0.5 g/metro quadrado/diariamente<br />
desde o momento de chocar.<br />
Para o último cuidado, são completamente misturados secos numa<br />
proporção de 1:1 o farelo de arroz e o óleo de coco e depois molhados<br />
para formar <strong>peque<strong>na</strong></strong>s bolas de 1 a 2 mm que depois constituirão o<br />
alimento para o peixe. Pode conseguir obter os vermes se misturar a<br />
<strong>água</strong> de jacintos com o estrume de coelho; Deixa essa mistura duas<br />
s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s antes de juntar a mesma com os vermes da terra; Espera dois<br />
meses mais tarde para colher os vermes.<br />
Tanque de crescimento<br />
O tipo de sist<strong>em</strong>a para superar o crescimento necessário para a carpa<br />
depende das condições climáticas e a exigência de mercado. Mas <strong>em</strong><br />
geral a carpa comum é produzida <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a de monocultura. Nos<br />
países tropicais 500 g/peixe pode ser produzido <strong>em</strong> seis meses e 1.0 a<br />
1.5 kg/peixe <strong>em</strong> um ano. Na prática <strong>em</strong> 4 a 8 s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s o peixes adultos<br />
e os alvinos são povoados nos tanques que têm <strong>água</strong> com uma profundidade<br />
de 70 cm. Para aumentar a comida <strong>na</strong>tural para o peixe pode<br />
utilizar-se os fertilizantes. A melhor forma para o crescimento de carpa<br />
comum ocorre quando a densidade de povoamento de é de cerca de 1<br />
a 2 peixes por cada metro quadrado<br />
Produção<br />
Os níveis de produção variam de acordo com o tipo de peixe, a duração<br />
de cultivo e o tamanho de peixe durante a colheita, as espécies<br />
s<strong>em</strong>eadas no tanque, o nível de fertilidade e t<strong>em</strong>peratura da <strong>água</strong>. O<br />
valor diário de produção varia: onde não se aplicou a ração e fertilizantes<br />
o valor é de 30 g por metro quadrado e no tanque com ração,<br />
supl<strong>em</strong>entos fertilizados e com uma regulada troca de <strong>água</strong>, o valor de<br />
produção pode atingir 800 g por metro quadrado, diariamente.<br />
Cultura de carpa 51
5.2 Carpa india<strong>na</strong> e chinesa<br />
As carpas rigidamente de <strong>água</strong> <strong>doce</strong> não pod<strong>em</strong> resistir as t<strong>em</strong>peraturas<br />
baixas de <strong>água</strong>. Essas espécies ating<strong>em</strong> um crescimento óptimo<br />
numa t<strong>em</strong>peratura de 25 graus centígrados. As carpas tor<strong>na</strong>m-se sexualmente<br />
adultas aos dois ou três anos de idade (caso das carpas india<strong>na</strong>s,<br />
figura 20) e as carpas chinesas são sexualmente adultas entre 4 e<br />
9 anos de idade (figura 21). Em geral elas reproduz<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas<br />
de <strong>água</strong> acima de 25 graus centígrados. A madureza sexual depende<br />
de género sexual de peixe e de taxa de crescimento diária. O<br />
macho cresce rápido e portanto madura mais cedo. Ele pode começar<br />
o seu processo reprodutivo um ano mais cedo do que a fêmea. A carpa<br />
chinesa adulta pesa pelo menos 5 kg e a carpa india<strong>na</strong> adulta pesa entre<br />
2 e 4 kg.<br />
Figura 20: Carpas india<strong>na</strong>s (Mohammed Mohsin e al., 1983). A:<br />
catla; B: rohu; C: mrigal.<br />
É aconselhável deixar crescer o peixe por causa da quantidade de ovos<br />
ou esperma que pode gerar. Portanto, fi<strong>na</strong>lmente o macho e a fêmea<br />
estarão aptos para produzir e para a procriação de novos peixes. Estas<br />
espécies de peixes são diferentes de outras carpas, porque libertam os<br />
ovos que flutuam <strong>na</strong> <strong>água</strong> antes de aqueles ovos chocar<strong>em</strong>.<br />
52<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Produção de ovos<br />
Na Índia e <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> o abastecimento de peixe jov<strong>em</strong> para a piscicultura,<br />
até recent<strong>em</strong>ente dependia completamente de colheita de ovos e<br />
peixe miúdo dos rios, onde os peixes adultos reproduz<strong>em</strong>. Actualmente<br />
algumas espécies de carpas são injectadas com os hormo<strong>na</strong>is para<br />
induzi-las a reproduzir artificialmente.<br />
Como este modo de produção requer um alto nível de conhecimento e<br />
investimento, assim para o agricultor cultivar <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> ele<br />
necessita comprar os alvinos das carpas india<strong>na</strong>s ou chinesas nos vendedores<br />
de peixe ou comprar o peixe de preferência <strong>na</strong> estação extensiva<br />
local.<br />
Figura 21: Carpas chinesas (Mohammed Mohsin et al., 1983). A:<br />
carpa herbívora; B: carpa prateada; C: Carpa cabeçuda.<br />
Tanques viveiros<br />
A área desti<strong>na</strong>da ao tanque viveiro varia consideravelmente de país <strong>em</strong><br />
país. Na Índia, por ex<strong>em</strong>plo, são usados tanques pequenos de 10 metro<br />
quadrado, ao passo que <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong> usam-se tanques com um tamanho<br />
acima de 20 000 metro quadrado. Os tanques têm 0.5 ou 1.0 metro de<br />
profundidade, variavelmente. Nesses tanques viveiros os alvinos pod<strong>em</strong><br />
ser conservados dentro de gaiolas flutuantes antes de ser<strong>em</strong> libertados<br />
no tanque. Os tanques são abastecidos de 20 peixes por metro<br />
quadrado.<br />
Cultura de carpa 53
Porém antes de colocar o peixe no tanque viveiro deita-se o estrume<br />
de animais no fundo do tanque a uma proporção de 200 g de estrume<br />
por metro quadrado para aumentar a fertilidade e portanto para o crescimento<br />
de peixe. São usados supl<strong>em</strong>entos de alimentos, mas as algas<br />
e os pequenos animais que habitam o tanque são mantidos, porque<br />
constitu<strong>em</strong> o alimento mais importante para os peixes miúdos. Um<br />
supl<strong>em</strong>ento de alimento serve principalmente como um fertilizante<br />
adicio<strong>na</strong>l devido ao seu tamanho maior que não é adequado como comida<br />
para o peixe pequeno.<br />
Tanques de crescimento<br />
Na Chi<strong>na</strong> os tanques de crescimento de peixe por vezes são de 2 a 3<br />
metros de profundidade. Um tanque é densamente s<strong>em</strong>eado com cerca<br />
de 60-100 alvinos por 100 metro quadrado, dependendo de condições<br />
locais de piscicultura. O cultivo de peixe deve durar pelo menos três<br />
anos antes de sua colheita.<br />
O rendimento médio de carpa chinesa é de cerca de 400 g por metro<br />
quadrado. Pode alcançar-se uma alta produção <strong>em</strong> policultura de diferentes<br />
espécie de carpas. Em policultura de carpa chinesa a densidade<br />
completa, ao povoar um tanque é de 2 peixes por metro quadrado dos<br />
quais 25% é constituída por carpa herbívora, 25% por carpa cabeçuda<br />
e 50% por carpa prateada.<br />
A carpa india<strong>na</strong> é criada <strong>na</strong>s margens de um pequeno tanque de cerca<br />
de 0.5 m de profundidade. Se s<strong>em</strong>eia a carpa India<strong>na</strong> a uma densidade<br />
de cerca de 90 g por metro quadrado. A colheita ocorre depois de oito<br />
meses, quando o peixe já t<strong>em</strong> atingido um peso de 300 g. A taxa de<br />
crescimento de carpa india<strong>na</strong> ou carpa chinesa pode aumentar quando<br />
se adicio<strong>na</strong> a alimentação <strong>em</strong> forma de plantas no tanque.<br />
Sendo a carpa negra comedora de moluscos se lhe alimenta de caracóis.<br />
A carpa herbívora é uma espécie excelente para reduzir a erva<br />
daninha; ela come a erva que cresce <strong>na</strong>turalmente no tanque e nos ca<strong>na</strong>is<br />
de irrigação, como parte importante de sua dieta alimentar.<br />
54<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Quando se povoa cada 15 metro quadrado com 10 carpas herbívoras,<br />
se colocam outros dois peixes, do mesmo tamanho que a carpa herbívora<br />
que com<strong>em</strong> algas, fitoplancton (plantas) e zooplancton (pequenos<br />
animais). Cada quilograma de carpa herbívora é correspondido por<br />
190 gramas de peixes que com<strong>em</strong> algas (fitoplâncton e zooplancton) e<br />
150 gramas de peixes que com<strong>em</strong> tudo (omnívoros).<br />
Quando um tanque é povoado de carpa comum, carpa cabeçuda e tilápia,<br />
numa densidade de 18.000 peixes por hectare, dev<strong>em</strong> ser s<strong>em</strong>eados,<br />
por cada 2 carpas cabeçudas ou outros peixes zooplancton, 3 carpas<br />
comuns ou outros peixes comedores de lodo, 4 tilápias ou outros<br />
peixes comedores de algas ou comedores de peixes pequenos. Nestes<br />
casos os tanques dev<strong>em</strong> ser fertilizados de estrume do pato a uma proporção<br />
de 1,000 kg por hectare, duas vezes por s<strong>em</strong>a<strong>na</strong> de preferência.<br />
Cultura de carpa 55
6 Cultura de tilápia<br />
A tilápia é um peixe de fácil criação <strong>em</strong> policultura, mesmo <strong>em</strong> pobres<br />
condições ambientais e mesmo com escassa manutenção.<br />
A tilápia faz parte de grupo de peixes tropicais de <strong>água</strong> <strong>doce</strong>, <strong>na</strong>tivos<br />
da África e do Médio Oriente. É um peixe forte capaz de resistir a extr<strong>em</strong>as<br />
t<strong>em</strong>peraturas e poucos níveis de oxigénio dissolvido. A produção<br />
<strong>na</strong>tural de tilápia ocorre <strong>em</strong> quase qualquer tipo da <strong>água</strong>. O crescimento<br />
e reprodução óptimos alcançam-se à t<strong>em</strong>peratura de <strong>água</strong> de<br />
20 a 30 graus Centígrados. A tilápia tolera t<strong>em</strong>peraturas de 12 graus<br />
centígrados e ela sobrevive por longo período a t<strong>em</strong>peraturas abaixo<br />
de 10 graus Centígrados.<br />
São conhecidas algumas espécies de tilápia que cresc<strong>em</strong> e sobreviv<strong>em</strong><br />
<strong>na</strong> <strong>água</strong> salgada. Sendo a tilápia por <strong>na</strong>tureza omnívora, ela pode comer<br />
quase qualquer coisa, e de passag<strong>em</strong> as tilápias são chamadas as<br />
‘galinhas aquáticas’. Devido as suas características favoráveis de cultivo<br />
como já acima foi mencio<strong>na</strong>do, a tilápia é considerada a espécie<br />
de peixe mais ideal para a piscicultura. Todavia uma vantag<strong>em</strong> a considerar<br />
que tor<strong>na</strong> o cultivo deste peixe lucrativo é a sua contínua reprodução.<br />
A tilápia é sexualmente adulta com 10 cm de tamanho e<br />
com 30 gramas de peso. O facto de madurar cedo e ter uma frequente<br />
reprodução causa a super povoação nos tanques com peixe pequeno o<br />
que leva a uma grande competência de comida entre tilápias adultas e<br />
alvinos. Isto faz decair o valor de crescimento de tilápia que intencio<strong>na</strong>lmente<br />
foi colocada no tanque e resulta fi<strong>na</strong>lmente no aumento de<br />
pequenos peixes durante a colheita.<br />
77 espécies de tilápia são pelo menos conhecidas. As diferentes espécies<br />
de tilápias e suas sob - espécies se classificam de acordo com a<br />
forma como se comportam e a comida que prefer<strong>em</strong>. Um deduzido<br />
número de espécie de tilápia, constrói seu ninho no fundo do tanque e<br />
lá ocorre a reprodução. Elas se chamam Tilápias.<br />
56<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Elas proteg<strong>em</strong> os seus filhotes no ninho; têm dentes grossos e alimentam-se<br />
principalmente de plantas da <strong>água</strong>. A tilápia ‘mouth-brooders’,<br />
‘filhotes da boca’ choca os ovos fertilizados <strong>na</strong> boca da fêmea ou <strong>na</strong><br />
boca do macho, no chamado (saco parental dos filhotes). Este peixe<br />
faz parte de sob espécie de tilápia chamada ‘sarotherdon’. A espécie<br />
de tilápia que pertence à família ‘Oreochromis’ procria no ninho ao<br />
fundo do tanque e choca os ovos <strong>na</strong> boca da mãe (filhotes de saco mater<strong>na</strong>l).<br />
Elas têm bons dentes e alimentam-se principalmente de algas.<br />
De todas as espécies, a tilápia Nilo é a espécie que cresce mais rapidamente<br />
(figura 22).<br />
Em todas as partes do<br />
mundo se t<strong>em</strong> aplicado<br />
diferentes métodos de<br />
cultivo de tilápia <strong>na</strong> tentativa<br />
de superar o probl<strong>em</strong>a<br />
de reprodução<br />
pr<strong>em</strong>atura e o probl<strong>em</strong>a<br />
de sobre povoamento de<br />
tanques. O mais comum<br />
e largamente método<br />
praticado para o controlo<br />
daqueles probl<strong>em</strong>a é<br />
o seguinte.<br />
O método mais simples<br />
t<strong>em</strong> sido s<strong>em</strong>pre a colheita<br />
de peixe através<br />
de uma rede especial<br />
<strong>feita</strong> de materiais <strong>na</strong>turais<br />
locais ou de nylon e<br />
com ela são pescados<br />
Figura 22: Órgãos genitais f<strong>em</strong>ininos (A)<br />
e tilápia macho (B) (FAO, 1995).<br />
grandes quantidades de peixe. Para fins mercantis se deixa o peixe<br />
miúdo para crescer e atingir o nível de mercado. Este método requer<br />
um trabalho laborioso e se intensifica no período anterior à colheita. E<br />
é portanto o único de valor limitado. Há também o risco de deteriora-<br />
Cultura de tilápia 57
ção genética de volumes de peixe que cresceram muito rapidamente<br />
para ser<strong>em</strong> vendidos. O restante peixe fica a crescer lentamente e depois<br />
transforma-se individualmente <strong>em</strong> reprodutor.<br />
O método um pouco mais complicado é aquele <strong>em</strong> que se r<strong>em</strong>ove o<br />
peixes mais miúdo de um tanque para o viveiro. Mais uma vez o peixe<br />
t<strong>em</strong> tendência de reproduzir-se antes de atingir o tamanho desejado<br />
para o mercado e a super povoação continuará ser o probl<strong>em</strong>a. Contudo<br />
a sobre população económica pode ser controlada <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong><br />
por meter no mesmo tanque peixes predadores, como peixe gato<br />
junto com tilápias. O peixe gato vai comer os peixes tilápia que vão<br />
<strong>na</strong>scendo e deste modo se evitará a superpopulação de tilápia. Os vários<br />
predadores que <strong>em</strong> muitas partes do mundo são utilizados: Cichlasoma<br />
ma<strong>na</strong>guense (El Salvador); H<strong>em</strong>ichromis fasciatus (Zaire);<br />
Nilo perch Lates niloticus (Egypt), Micropterus salmoides (Madagascar),<br />
Bagrus docmac (Uganda). Quando se utiliza o método de controlo<br />
<strong>na</strong> reprodução, os predadores alcançam bom preço ao ser vendidos<br />
no mercado. Se você utilizar este método de controlo reprodutivo <strong>na</strong><br />
população de tilápia, deverá considerar certos factores, como t<strong>em</strong>po,<br />
tamanho e densidade de população de tilápia e de predadores. Geralmente<br />
a tilápia começa a reprodução imediatamente depois de ser colocada<br />
no tanque; Dessa maneira o predador deve ser introduzido no<br />
tanque ao mesmo t<strong>em</strong>po que a tilápia. A densidade de provisões de<br />
tilápia é de 2 por metro quadrado e de peixe predador varia de acordo<br />
com a sua fome. 83 peixes gatos de pelo menos 30 cm de comprimento<br />
por 100 metro quadrado ou 7 cabeças de cobras ‘s<strong>na</strong>ke-heads’ de<br />
pelo menos 25 cm de comprimento por metro quadrado.<br />
Quando outros peixes predadores são colocados no tanque deve considerar-se<br />
cuidadosamente o número e o tamanho de peixe que já povoa<br />
o tanque. Uma regra geral com respeito à quantidade de peixe<br />
‘preso’ que o predador ‘povoado’ pode consumir: o consumo máximo<br />
de predador está para o máximo 40% de seu próprio comprimento.<br />
Assim tilápias de 10 cm colocadas num tanque são correspondidos por<br />
predadores que dev<strong>em</strong> ter pelo menos 25 cm (10/0.40) de comprimento.<br />
Doutro modo o predador vai comer as reservas de peixe no tanque!<br />
58<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
A densidade de reserva de predadores depende de sua capacidade de<br />
comer. Desta maneira uma estimação de voracidade pode ser <strong>feita</strong> ao<br />
comparar a média de voracidade de predador peixe-gato com a de predador<br />
peixe cabeça de cobra. O resultado pode ser usado para determi<strong>na</strong>r<br />
o numero de predadores necessários para povoar o tanque (a<br />
proporção de peixe gato e de peixe-cobra).<br />
A tilápia masculi<strong>na</strong> cresce mais rapidamente que a f<strong>em</strong>ini<strong>na</strong>; O macho<br />
é maior <strong>em</strong> tamanho do que a fêmea da mesma idade. Portanto se<br />
compra os peixinhos com objectivos de praticar a piscicultura deve<br />
distinguir os maiores alvinos; apesar de pagar um alto custo, o preço<br />
será compensado pela boa qualidade de peixe <strong>em</strong> crescimento e o alto<br />
rendimento que dará. A tilápia macho se distingue da fêmea pela ausência<br />
de abertura vagi<strong>na</strong>l (figura 22).<br />
6.1 Produção de ovos<br />
A produção de ovos não apresenta probl<strong>em</strong>as comparado com a reprodução<br />
total no tanque. A t<strong>em</strong>peratura preferencial de <strong>água</strong> durante a<br />
reprodução está entre 20 e 30 graus Centígrados. O número de ovos<br />
produzidos por geração depende de tamanho da fêmea: uma tilápia<br />
Nilo de 100 g gera cerca de 100 ovos, enquanto uma fêmea que pesa<br />
entre 600 e 1000 g gerará 1.000 a 1.500 ovos.<br />
As reservas de machos são de 10-25 por 1.000 metro quadrado. Os<br />
alvinos são colhidos num intervalo de um mês e eles cresc<strong>em</strong> nos tanques<br />
viveiros. A média mensal é de cerca de 1.500 alvinos por metro<br />
quadrado. Normalmente as fêmeas de cerca de 700 g de peso e machos<br />
de 200 g são juntados no tanque - um peixe por 2 metro quadrado<br />
de densidade- (1peixe/m 2 ), à razão sexual é: um macho correspondido<br />
por quatro ou cinco fêmeas. A tilápia macho reprodutor, por vitalidade<br />
começará a cavar os buracos no fundo do tanque e imediatamente e a<br />
fêmea será atraída ao buraco onde libertará os seus ovos. Se o fundo<br />
do tanque não poder soltar-se se pode usar os materiais, como vasos<br />
de cerâmica ou caixas de madeira. A tilápia pode reproduzir-se cada 3<br />
a 6 s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s.<br />
Cultura de tilápia 59
Nas primeiras s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s os alvinos se alimentam de comida <strong>na</strong>tural que<br />
se produz no tanque. Os peixinhos são depois r<strong>em</strong>ovidos desde os tanques<br />
reprodutores para os tanques viveiros ou vão directamente para<br />
os tanques de crescimento. Quando os alvinos são transferidos para o<br />
tanque viveiro receb<strong>em</strong> o supl<strong>em</strong>ento de alimentos <strong>na</strong> taxa de 6 a 8%<br />
de peso de seu corpo, dependendo de o tipo de comida; Quando se usa<br />
o farelo de trigo o nível diário de alimentação varia de 4% até 11%<br />
sobre o peso de peixe.<br />
6.2 Tanques de crescimento<br />
Geralmente o cultivo de tilápia está orientado para produzir o peixe<br />
com um tamanho de pelo menos 200-300 g -tabela de mercado. Os<br />
tanques que são usados para a cultura extensiva ou s<strong>em</strong>i intensiva pod<strong>em</strong><br />
variar <strong>em</strong> tamanho, desde poucos metros quadrados até vários<br />
milhares de metros quadrados. Tipicamente, para a cultura intensiva<br />
são necessários cerca de 800-1.000 metro quadrado. Esse é o tamanho<br />
adequado para um piscicultor controlar o tanque.<br />
A densidade recomendada para povoar o tanque de alvinos é de 2 alvinos<br />
por metro quadrado. Com os fertilizantes ou alimentação de alta<br />
qualidade retardará a frequência de reprodução e melhorará o tamanho<br />
da fêmea adulta. E Desta forma artificial se reduzirá a superpopulação<br />
de tilápia nos tanques. Durante o ano se pode fazer duas colheitas de<br />
peixe com o peso de cerca 200 g, que é o tamanho exigido no mercado.<br />
O tanque pode ser fertilizado com o estrume de galinha e fosfato<br />
de amónia. Se usa muitas vezes, como supl<strong>em</strong>entos alimentares o farelo<br />
de arroz, o farelo de trigo e estrume seco de galinha.<br />
6.3 Alimentar e fertilizar<br />
Embora haja duas espécies de famílias de tilápias, numa onde as tilápia<br />
com<strong>em</strong> principalmente plantas de <strong>água</strong> e, noutra família, onde as<br />
tilápias com<strong>em</strong> principalmente as algas, existe ainda muita flexibilidade<br />
de hábitos alimentares deste peixe <strong>na</strong> piscicultura. A tilápia pode<br />
comer quase qualquer tipo de comida. Por ex<strong>em</strong>plo, os materiais or-<br />
60<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
gânicos encontrados no fundo do tanque constitu<strong>em</strong> um bom abastecimento<br />
de comida para a tilápia.<br />
Fertilizar o tanque com estrume ou com outros fertilizantes artificiais<br />
aumenta totalmente a comida variável para o peixe. Os peixes miúdos<br />
depend<strong>em</strong> principalmente de produção <strong>na</strong>tural de comida no tanque.<br />
As tilapias adultas aumentam só quando alimentam-se de comida <strong>na</strong>tural<br />
produzida com auxílio de estrume e de fertilizantes artificiais<br />
deitados no tanque. Há mais produção de alimento <strong>na</strong>tural ao adicio<strong>na</strong>r<br />
mais ou menos estrume ou fertilizantes no tanque.<br />
A tilápia pode ser alimentada de plantas como mandioca, batata <strong>doce</strong>,<br />
ca<strong>na</strong> de açúcar, milho e papaia e ainda de vários desperdícios como o<br />
farelo de arroz, fruta, desperdícios de cevada, s<strong>em</strong>ente de algodão e de<br />
amendoim e a polpa de café.<br />
O tipo de comida utilizada depende da necessidade e do custo local.<br />
Na maioria de casos a ração é <strong>feita</strong> <strong>na</strong> própria fazenda, com os produtos<br />
de campo aí produzidos. Alguns ex<strong>em</strong>plos de fórmulas para ração<br />
simples são apresentados no quadro 5.<br />
A quantidade de comida para alimentar um peixe depende de tamanho<br />
de peixe e o tipo de ração. O hábito de observar o peixe ao momento<br />
de sua alimentação é a melhor maneira para determi<strong>na</strong>r a quantidade<br />
de ração que ele precisa. Não dar duma vez só muitos alimentos do<br />
que aquela quantidade que o peixe necessita.<br />
Quadro 5: Algumas fórmulas de ração de peixe usadas <strong>em</strong> diferentes<br />
países (Pillay, 1990).<br />
Filipi<strong>na</strong>s Centro África Costa de Marfim<br />
65% farelo de arroz<br />
25% ração de peixe<br />
10%ração de copra<br />
82% óleo de s<strong>em</strong>ente do<br />
algodão<br />
8% farinha de trigo<br />
8% ração de sangue<br />
2% fosfato de bicalcium<br />
61-65% arroz raspado<br />
12% trigo<br />
18% óleo de grão<br />
4-8% ração de peixe<br />
1% concha de ostra<br />
Cultura de tilápia 61
6.4 Densidade de povoamento e níveis de<br />
62<br />
produção<br />
Em geral é recomendável povoar o tanque a densidade de 2 tilápias<br />
<strong>peque<strong>na</strong></strong>s por metro quadrado.<br />
Em sist<strong>em</strong>a de policultura, onde é combi<strong>na</strong>da a produção de tilápia<br />
com a carpa comum e a carpa prateada, pode contribuir para maximizar<br />
a ocorrência de processo <strong>na</strong>tural de produção de comida nos tanques.<br />
A produção anual de peixe no sist<strong>em</strong>a de policultura pode alcançar<br />
750 a 1.070 g por metro quadrado anual.<br />
Ex<strong>em</strong>plos de alguns resultados obtidos <strong>em</strong> diferentes sist<strong>em</strong>as de produção<br />
típica de tilapia são abaixo indicados:<br />
Tanques não fertilizados s<strong>em</strong> predador s<strong>em</strong>eado 30-60 g/m 2 /ano<br />
Tanques não fertilizados com alimento e com predador 250 g /m 2 /ano<br />
Tanques fertilizados com estrume de porco 500 g/m 2 /ano<br />
Tanques fertilizados com estrume de aves domésticas 300 g/m 2 /ano<br />
Tanques fertilizados e supl<strong>em</strong>ento adicio<strong>na</strong>do 800 g/m 2 /ano<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
7 Cultura de peixe gato<br />
O peixe gato pertence a ord<strong>em</strong> de peixe chamado ‘Siluriformes’ que<br />
subdivide-se <strong>em</strong> famílias Ictaluridae, Pangasidae e Clariidae. É uma<br />
espécie de peixe encontrado <strong>em</strong> muitas partes do mundo e que t<strong>em</strong><br />
dois habitat: marinho e <strong>água</strong> <strong>doce</strong>.<br />
Mais de 2000 diferentes espécies de peixe gato têm sido registadas das<br />
quais mais de metade estão presentes <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>.<br />
Algumas famílias de peixe gato e sua área de cultivo:<br />
? Ictaluridae: peixe gato ca<strong>na</strong>l ‘Channel catfish’ (Ictalurus Punctatus);<br />
peixe gato azul ‘blue cat fish’ (Ictalurus furcatus). Ambos são<br />
cultivados nos Estados Unidos.<br />
? Pangasiidae: Pangasius sutchi é cultivado <strong>na</strong> Tailândia, Camboja,<br />
Viet<strong>na</strong>me, Laos e Índia; Pangasius iar<strong>na</strong>udi.<br />
? Clariidae: Asiático peixe gato ‘Clarias batrachu’; 'Clarias microcephalus’:<br />
cultivado <strong>na</strong> Tailândia; Peixe gato africano (Clarias gariepinus)<br />
cultivado <strong>na</strong> África e Europa (figura 23).<br />
Figura 23: Peixe gato africano (Clarias gariepinus).<br />
Todo o peixe gato cultivado <strong>em</strong> tanques de piscicultura é de espécie de<br />
<strong>água</strong> <strong>doce</strong>.Todas as espécies de peixe gato têm uma cobertura nua ou a<br />
sua pele é coberta de espinhosas placas. Este si<strong>na</strong>l é útil para o piscicultor<br />
saber como manusear facilmente o peixe s<strong>em</strong> esfregar-lhe as<br />
escamas e danificar-lhe a pele. A sua resistência <strong>na</strong>tural e a sua capacidade<br />
de permanecer vivo fora de <strong>água</strong> por largo t<strong>em</strong>po, é de valor<br />
Cultura de peixe gato 63
especial nos países tropicais, onde a t<strong>em</strong>peratura alta de <strong>água</strong> causa<br />
probl<strong>em</strong>as práticos quando o peixe é transportado.<br />
O peixe gato ca<strong>na</strong>l ‘channel catfish’ se reproduz facilmente <strong>na</strong>s margens<br />
de tanque, onde os ovos são gerados, num ninho que é guardados<br />
por um peixe macho. O peixe gato asiático reproduz-se facilmente <strong>em</strong><br />
cativeiro, enquanto o peixe gato africano precisa de mais cuidados<br />
mas pode também reproduzir-se <strong>na</strong>turalmente nos tanques.<br />
Justo como a tilápia, o peixe gato prefere uma grande variedade de<br />
comida; Ele pode comer qualquer coisa mas ele mostra preferência<br />
por comer os pequenos peixinhos (que correspond<strong>em</strong> 30% de seu<br />
comprimento) e matérias vegetais de fundo do tanque. São peixes de<br />
<strong>água</strong> quente com uma t<strong>em</strong>peratura de 16 a 30 graus Centígrados.<br />
Muitas espécies de peixes gatos para além de possuir<strong>em</strong> as guelras<br />
cuja função é tomar o oxigénio de <strong>água</strong>, têm um extra respirador órgão<br />
com o qual os peixes tomam o oxigénio do ar. Por isso os peixes gatos<br />
são capazes de passar considerável período de t<strong>em</strong>po fora de <strong>água</strong>.<br />
Eles rastejam as vezes fora dos tanques à procura de comida. Essa é a<br />
razão porque o peixe gato ca<strong>na</strong>l é chamado também peixe gato ‘andante’.<br />
Porque estes peixes pod<strong>em</strong> viver baixo condições ambientais pobres,<br />
como <strong>na</strong>s margens de tanque onde há pouco oxigénio. Por isso os piscicultores<br />
povoam algumas vezes as fazendas de arroz, o peixe gato<br />
juntamente com a carpa e tilápia para aqueles peixes aproveitar<strong>em</strong> a<br />
comida <strong>na</strong>tural disponível. O peixe gato que é povoado nos campos de<br />
arroz irá comer quase qualquer coisa mas ele prefere as minhocas, caracóis<br />
e outros peixes.<br />
7.1 Produção de ovos<br />
O comportamento de reprodução de peixe gato é variável <strong>na</strong>s diferentes<br />
espécies de peixe gato. O peixe gato ca<strong>na</strong>l reproduz-se quando t<strong>em</strong><br />
2 a 3 anos de idade e pesa pelo menos 1.5 kg. Em ambos géneros o<br />
peixe t<strong>em</strong> uma abertura genital a ‘uro - genital’ que está situada precisamente<br />
atrás de ânus. O macho adulto pode ser distinguido da fêmea<br />
por ter sua ‘papilla’ genital <strong>em</strong> forma projectada e alongado para trás.<br />
64<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Na fêmea a ‘papilla’ genital t<strong>em</strong> uma forma ovalada. Na figura 24 são<br />
mostrados os peixes gatos deitados de barriga para cima: (A) uma fêmea<br />
madura, (B) o macho peixe gato. Os alvinos de peixe gato não<br />
têm ainda desenvolvido o órgão genital.<br />
No processo <strong>na</strong>tural de reprodução,<br />
um par de peixes gatos é<br />
deixado no tanque, onde já contém<br />
ninhos adequados <strong>na</strong> área<br />
de reprodução. Os tanques de<br />
reprodução são de cerca de 2.<br />
500 metro quadrado de área; A<br />
densidade de povoamento é de<br />
5 a 30 peixes por cada 1.000<br />
metro quadrado. Na reprodução<br />
<strong>em</strong> gaiola, cada par de peixe<br />
recebe um recipiente suficiente<br />
dentro duma malha de arame <strong>na</strong><br />
gaiola de 3 a 6 metro quadrado<br />
e com 1 m de profundidade.<br />
Em ambos os sist<strong>em</strong>as, os ovos<br />
são deixados para chocar no<br />
tanque ou pod<strong>em</strong> ser r<strong>em</strong>ovidos<br />
para chocar numa chocadeira.<br />
As fêmeas produz<strong>em</strong> entre<br />
3.000 e 20.000 ovos <strong>em</strong> cada<br />
ciclo reprodutório, cuja pode<br />
aumentar quando aumenta o<br />
peso do corpo de peixe.<br />
Figura 24: Papillae genital f<strong>em</strong>ini<strong>na</strong><br />
(A) e masculi<strong>na</strong> (B) do peixe<br />
gato africano (Viveen e al., 1985).<br />
No caso de família de peixe gato Pangasiidae e Clariidae, a maioria<br />
das germes é obtida <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza <strong>em</strong> forma de pequenos alvinos. A reprodução<br />
por indução <strong>em</strong> todos os peixes gatos Pangasiidae é agora<br />
largamente praticada <strong>na</strong> Europa e Ásia, desde que nós não sejamos<br />
capazes de reproduzir o peixe <strong>na</strong>turalmente. O mesmo é válido para<br />
algumas peixes gatos Clariidae. O peixe gato asiático pode ser repro-<br />
Cultura de peixe gato 65
duzido <strong>na</strong>turalmente ao parar de dar-lhe a alimentação, aumentar e<br />
manter alto o nível de <strong>água</strong>. O peixe gato africano pode também ser<br />
reproduzido <strong>na</strong>turalmente, se seguir esta recomendação: subir o numero<br />
de substratos alimentares, como fibra de sisal, folhas de palma e<br />
caroços.<br />
7.2 Incubação<br />
Quando os ovos de peixe gato ca<strong>na</strong>l chocam dentro do tanque, os peixes<br />
pequenos são recolhidos e transferidos para um tanque viveiro<br />
onde são criados. Os ovos são chocados dentro de uma incubadora,<br />
um simples recipiente de alumínio, que é colocado <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong> corrente,<br />
para desta forma manter-se o movimento artificial (simulação<br />
de movimento que os peixes machos faz<strong>em</strong> durante reprodução <strong>na</strong>tural,<br />
enquanto guardam os ovos).<br />
Os ovos de peixe gato da família Ictaluriidae chocam <strong>em</strong> 5 a 10 dias<br />
geralmente numa t<strong>em</strong>peratura de 21 a 24 graus Centígrados; Enquanto<br />
os ovos de peixe gato de família Pangasiidae chocam <strong>em</strong> 1 a 3 dias<br />
numa t<strong>em</strong>peratura de 25 a 28 graus Centígrados. Os ovos de peixe<br />
gato asiático chocam nos ninhos de reprodução, onde são guardados<br />
pelos machos. A incubação dura entre 18 e 20 horas depois de geração<br />
dos ovos numa t<strong>em</strong>peratura de 25 a 32 graus. Os recém chocados peixinhos<br />
ficam primeiro no ninho e depois são recolhidos para o tanque<br />
viveiro com uma rede que t<strong>em</strong> formato de uma colher depois de 6 a 9<br />
dias. Cada fêmea de peixe gato produz 2.000 a 5.000 alvinos. Uma<br />
vez mais, a produção depende de o peso do corpo de peixe. Sob as<br />
condições da cultura controlada, o peixe gato se reproduz <strong>na</strong>turalmente<br />
mas grande parte de peixe adulto <strong>na</strong>s famílias de peixe gato não<br />
mostra qualquer cuidado pater<strong>na</strong>l ou mater<strong>na</strong>l para com os pequenos,<br />
o que resulta <strong>em</strong> uma taxa baixa de sobrevivência de alvinos. Se tor<strong>na</strong><br />
mais comum a realização de uma reprodução induzida e o controlo de<br />
alvinos.<br />
Assim os peixes gatos de tamanho reduzido que são cuidados nos tanques<br />
da piscicultura a maior parte deles, foi apanhada <strong>na</strong>s <strong>água</strong>s <strong>na</strong>turais<br />
ou foram comprados no mercado de negociantes de peixe ou<br />
comprados <strong>na</strong>s estações de extensão de produção de peixe do lugar.<br />
66<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
7.3 Produção de alvinos<br />
Os ovos de peixe gato são pequenos e chocam dentro de larvas reduzidas.<br />
As larvas de peixe gato ca<strong>na</strong>l são chocadas com uma muito <strong>peque<strong>na</strong></strong><br />
g<strong>em</strong>a glandular. Em esta g<strong>em</strong>a glandular há uma extra alimentação<br />
que serve para os peixinhos comer<strong>em</strong> depois de que são chocados.<br />
Eles com<strong>em</strong> completamente essa a g<strong>em</strong>a glandular antes de saír<strong>em</strong><br />
à procura de sua própria alimentação <strong>na</strong>tural no tanque. Desde<br />
que os alvinos foram chocados, criados no tubo glandular, alimentados<br />
de tubo e de g<strong>em</strong>a glandular até ao momento <strong>em</strong> as eles termi<strong>na</strong>m de<br />
consumir completamente aquele tubo e g<strong>em</strong>a glandular, já se passaram<br />
cerca de quatro dias. E então as crias sai<strong>em</strong> a procura de comida de<br />
recursos <strong>na</strong>turais de tanque. E nesse momento as crias já pod<strong>em</strong> ser<br />
transferidas para o tanque de alvinos. Os tanques para os alvinos pod<strong>em</strong><br />
variar <strong>em</strong> tamanhos. Estes tanques são povoados a uma densidade<br />
de 50 alvinos por um metro quadrado. Se a profundidade ‘Secchi’<br />
está entre 25 e 50 cm pode fertilizar o tanque. A fertilização deve ser<br />
<strong>feita</strong> ao juntar estrume dos animais (5 quilogramas de estrume de boi<br />
ou 3 quilogramas de estrume de galinha ou de porco por cada 100 metro<br />
quadrado); ou por fertilizantes artificiais (50 gramas de superfosfato<br />
e 100 gramas de ureia por 100 metro quadrado). Cerca de duas s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s<br />
depois de povoar o tanque, a taxa de produção de algas e das<br />
plantas da <strong>água</strong> ‘zooplancton’ não vai mais cobrir as necessidades<br />
alimentares do peixe gato que está <strong>em</strong> crescimento.<br />
Os peixes pequenos vão começar a comer os organismos do fundo do<br />
tanque, como a larva de mosquito e o canibalismo vai ocorrer frequent<strong>em</strong>ente.<br />
S<strong>em</strong> um supl<strong>em</strong>ento de alimentos a taxa de sobrevivência<br />
sobre o total de peixe s<strong>em</strong>eado no tanque é de 30% <strong>em</strong> 30 dias que<br />
dura o período de crescimento. Os alvinos pesarão nesse período 1 a 3<br />
g e medirão 3 a 6 cm de comprimento.<br />
Os filhotes de peixe gato da família Pangasiidae são transferidos directamente<br />
para o tanque desti<strong>na</strong>do aos alvinos depois de ser<strong>em</strong> chocados.<br />
Estes alimentam-se de comida <strong>na</strong>tural ocorrida no tanque. É<br />
recomendável que lhes abasteça de supl<strong>em</strong>ento de comida, porque a<br />
comida <strong>na</strong>tural é s<strong>em</strong>pre insuficiente.<br />
Cultura de peixe gato 67
7.4 Tanques de crescimento<br />
Esses tanques variam entre 5.000 e 20.000 metro quadrado de tamanho.<br />
Por causa de baixas t<strong>em</strong>peraturas no inverno que atrasam o crescimento<br />
de peixe gato ca<strong>na</strong>l, as vezes o peixe é mantido dois anos até<br />
alcançar o tamanho de mercado. Os alvinos dev<strong>em</strong> ser do mesmo tamanho,<br />
doutro modo ocorrerá outra vez o canibalismo <strong>em</strong> que logo os<br />
maiores começarão a comer os mais pequenos quando não haver comida<br />
suficiente no tanque. Durante o primeiro ano a densidade de povoamento<br />
é de 20 alvinos por 10 metro quadrado, tal número reduzirá<br />
a 4 durante o segundo ano.<br />
Os tanques para o amadurecimento de peixe gato da família Clariidae<br />
e Pangasiidae pod<strong>em</strong> variar entre 1.000 e 20.000 metro quadrado de<br />
tamanho e t<strong>em</strong> <strong>em</strong> geral uma profundidade de 1 a 3 metros. São s<strong>em</strong>eados<br />
alvinos a uma razão de 25 individuais por metro quadrado. O<br />
peixe gato é também produzido <strong>na</strong>s gaiolas flutuantes as quais variam<br />
<strong>em</strong> tamanho entre 6 e 100 metro quadrado de superfície.<br />
7.5 Requisitos alimentares<br />
O peixe gato africano alimenta-se da comida <strong>na</strong>tural desenvolvida no<br />
tanque. A adição de fertilizantes para os tanques de peixe gato t<strong>em</strong><br />
como objectivo aumentar totalmente a produção de comida no tanque.<br />
Experiências anteriores têm mostrado que utilizar estrume para fertilizar<br />
o tanque resulta <strong>em</strong> alta produção do que usar os fertilizantes artificiais<br />
(e são também caras muitas vezes).<br />
68<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Anexo 1: Linhas de orientação para a<br />
construção de tanque<br />
Tamanho e forma<br />
Tanques de formato quadrado e rectangular são mais fácil de construir.<br />
Mas o seu tanque pode ter uma forma diferente adequada para o tamanho<br />
e a forma de terreno disponível. Um tanque familiar de bom tamanho<br />
é de uma superficie de 300 metros quadrados, o qual você pode<br />
construir s<strong>em</strong> necessitar de usar maqui<strong>na</strong>ria. Um tanque pode ser maior<br />
que isso, mas para o uso familiar é melhor ter vários pequenos tanques<br />
do que ter um só grande. Com mais de um você t<strong>em</strong> a possibilidade<br />
de colher o peixe mais vezes.<br />
Profundidade<br />
A profundidade da <strong>água</strong> é normalmente de 30 cm <strong>na</strong>s margens e um<br />
metro <strong>na</strong> parte profunda do tanque (figura 25). O tanque pode ser mais<br />
profundo do que aqueles utilizados como reservatórios de <strong>água</strong> <strong>na</strong> estação<br />
seca. É importante que o tanque seja completamente drenável<br />
durante a colheita de peixe.<br />
Figura 25: Corte tranversal de um tanque (Murnyak, 1990).<br />
Tipos<br />
O tipo de tanque que você necessita construir depende dos contornos<br />
(topografia) do terreno. Diferentes tipos de tanques são adequados<br />
para superfícies pla<strong>na</strong>s ou acidentadas.<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 69
Os tanques escavados são construídos <strong>na</strong>s áreas pla<strong>na</strong>s, escavando<br />
uma superfície o mais profundo que for necessário para construir o<br />
tanque. O nível de <strong>água</strong> estará abaixo de nível de profundidade origi<strong>na</strong>l<br />
(figura 26).<br />
Figura 26: Tanque escavado (Murnyak and Murnyak, 1990)<br />
Os diques elevados de tanque são construidos de forma incli<strong>na</strong>da no<br />
declive da montanha. A terra da parte superior do tanque é escavada e<br />
utilizada para construir uma barrag<strong>em</strong> <strong>na</strong> parte baixa. A barrag<strong>em</strong> deve<br />
ser forte porque o nível de <strong>água</strong> no tanque estará acima do nível origi<strong>na</strong>l<br />
do terreno. (figura 27).<br />
Figura 27: Dique elevado de um tanque (Murnyak and Murnyak,<br />
1990)<br />
70<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Construção de tanque de peixe<br />
A construção de um tanque pode ser a parte mais difícil e muito dispendioso<br />
de todo o projecto de piscicultura. Um tanque b<strong>em</strong> construído<br />
é um bom investimento que pode ser útil por muitos anos.<br />
Para construir um tanque de piscicultura segue os seguintes passos:<br />
1 Prepara o sítio<br />
2 Constrói um núcleo argiloso (só para a elevação das paredes)<br />
3 Escava o tanque e construi as paredes<br />
4 Constrói as entradas e as saídas de <strong>água</strong><br />
5 Proteja os diques de tanque<br />
6 Fertilize o tanque<br />
7 Veda o tanque<br />
8 Preencha o tanque com a <strong>água</strong><br />
9 Reviste para detectar os probl<strong>em</strong>as antes de povoar de peixe o tanque<br />
1 Preparação de sítio<br />
Primeiro r<strong>em</strong>over as árvores, os bosque e as rochas; Cortar o capim <strong>na</strong><br />
área planificada para construir o tanque. Depois meça e marca o comprimento<br />
e a largura do tanque (figura 28). Os diques de tanque serão<br />
aumentadas vários metros acima de nível de terreno. Na área montanhosa,<br />
tenta medir o declive de terreno com um nivelador ou um pau<br />
para encontrar melhor o sitio adequado de orientação para construção<br />
de tanque.<br />
Retire a camada de terra que cont<strong>em</strong> as raízes, folhas, etc. Deposite<br />
esses restos fora de área planificada para a construção de tanque (figura<br />
29). Mas salve o solo da parte de cima para mais tarde ter utilidade<br />
quando plantar a relva nos diques do tanque.<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 71
Figura 28: Marcando o tanque (Murnyak and Murnyak, 1990).<br />
Figura 29: Retirar a terra de cima (Murnyak and Murnyak, 1990).<br />
72<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
2 Construção de um núcleo argiloso (para elevar contornos de<br />
tanque)<br />
Um núcleo argiloso é a fundação que fará a construção mais forte e<br />
evitará a fuga de <strong>água</strong>. O núcleo argiloso é necessário para elevar as<br />
paredes iniciais de tanque e é construído debaixo das partes dos diques<br />
onde a <strong>água</strong> estará acima de nível origi<strong>na</strong>l de terreno. O núcleo de argila<br />
não será necessário nos tanques escavados porque aí o nível de<br />
<strong>água</strong> fica debaixo de nível de terreno origi<strong>na</strong>l.<br />
Figura 30: Cavando uma trincheira (A) (Murnyak and Murnyak,<br />
1990).<br />
Retira toda a terra de cima <strong>na</strong> área onde vai construir os diques e escave<br />
<strong>em</strong> forma de trincheira, da mesma maneira como você faria para<br />
cavar as fundações de uma casa. As trincheiras dev<strong>em</strong> ser escavadas<br />
<strong>na</strong> parte mais baixa de tanque e ao longo de cada metade dos lados<br />
curtos do tanque. (figura 30). Enche a trincheira com uma boa camada<br />
de terra argilosa. Junte várias polegadas de argila duma vez e compac-<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 73
ta muito b<strong>em</strong>. Esta vai prover uma fundação forte sobre a qual poderá<br />
construir os diques de tanque.<br />
O desenho de (figura 31A+B) mostra como uma trincheira ajuda a<br />
fortalecer os muros de tanque e previne as fugas de <strong>água</strong>. Há uma tendência<br />
para fugas de <strong>água</strong> quando se junta nova camada de terra ao<br />
terreno origi<strong>na</strong>l. No desenho acima (figura 31A) não há concentração<br />
de argila e a <strong>água</strong> foge debaixo do novo dique. As fugas de <strong>água</strong> pod<strong>em</strong><br />
eventualmente causar a completa queda de dique. No desenho<br />
mais abaixo (figura 31B) o concentrado de argila faz parar a fuga de<br />
<strong>água</strong> debaixo de dique recent<strong>em</strong>ente construído.<br />
Figura 31: A função de um núcleo de argila (Murnyak and Murnyak,<br />
1990). A: <strong>água</strong>; B: marg<strong>em</strong> de tanque; C: terra; D: filtração;<br />
E: núcleo de argila.<br />
3 Escavação de tanque e construção de diques<br />
Utilize a terra que você escavou quando fez as trincheiras para introduzir<br />
o concentrado de argila. Com essa terra constrói o dique sobre a<br />
trincheira. Evite usar areia com rochas ou terra que cont<strong>em</strong> restos de<br />
raízes, capim paus ou folhas, porque esses materiais vão causar a decadência<br />
do muro mais tarde ou deixaria uma fraca estrutura no lugar<br />
por onde a <strong>água</strong> viria filtrar-se.<br />
Comprima o solo s<strong>em</strong>pre que vai construindo os diques. Depois adicione<br />
cada 30 cm de solo que se vai perdendo durante o trabalho; calque<br />
para baixo com os pés enquanto rega com <strong>água</strong> o dique. Depois compacte<br />
o dique com uma enxada ou com um tronco pesado ou com uma<br />
peça de madeira fixada <strong>na</strong> extr<strong>em</strong>idade de uma vara (figura 32). Isto<br />
vai fortificar a represa.<br />
74<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Os diques de tanque poderiam ser de cerca de 30 cm acima de nível de<br />
<strong>água</strong> de tanque. Se vai cultivar o peixe gato constrói diques com mais<br />
de 50 cm acima de nível de <strong>água</strong> para prevenir que o peixe gato não<br />
salte para fora de tanque. Uma vez que você tenha atingido aquela altura<br />
desejada de dique, adicio<strong>na</strong> um pouco de terra para permitir o<br />
ajustamento. Depois não adicio<strong>na</strong> mais outras camadas de terra por<br />
cima de diques.<br />
Se você não t<strong>em</strong> feito ainda profundo, continua a escavar mas leva o<br />
solo fora de área de tanque. Se você colocar o solo por cima de topo<br />
de diques de tanque, estes se tor<strong>na</strong>rão muito altos e instáveis e será<br />
difícil trabalhar a volta do tanque.<br />
Figura 32: Compactando o dique (Viveen e al., 1985).<br />
Os diques de tanque dev<strong>em</strong> ser ligeiramente incli<strong>na</strong>dos. Isto os tor<strong>na</strong>rá<br />
mais fortes e evitará que se dobr<strong>em</strong> e desabam dentro de tanque. A<br />
melhor forma de fazer os diques incli<strong>na</strong>dos é escavar depois a parte<br />
mais principal de tanque.<br />
Um dique de tanque b<strong>em</strong> incli<strong>na</strong>do é aquele que aumenta 1 metro <strong>em</strong><br />
cada 2 metros de seu comprimento. É fácil fazer um triângulo como é<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 75
mostrado <strong>na</strong> figura 33 para ajudar a adquirir a incli<strong>na</strong>ção. Uma boa<br />
forma para determi<strong>na</strong>r se os diques estão muito <strong>em</strong>pi<strong>na</strong>dos é tratar de<br />
caminhar devagar desde o topo de dique para o fundo do tanque. Se<br />
isso não for possível então significa que o dique continua muito incli<strong>na</strong>do.<br />
Figura 33: Medindo a incli<strong>na</strong>ção de um dique (Murnyak e Murnyak,<br />
1990).<br />
O fundo de tanque deve incli<strong>na</strong>r-se também e assim a <strong>água</strong> variará de<br />
profundidade ao longo de superfície do tanque. Alisa o tanque depois<br />
de alcançar a necessária profundidade de tanque. Isto tor<strong>na</strong>rá fácil o<br />
uso das redes durante a colheita de peixe, porque o peixe vai facilmente<br />
escorregar para o fundo do tanque.<br />
4 Construção de entradas e de saídas de <strong>água</strong><br />
A entrada de <strong>água</strong> consiste de um ca<strong>na</strong>l que traz a <strong>água</strong>, uma bacia<br />
estendida de aluvião, um cano para trazer <strong>água</strong> para o tanque (figura<br />
34 e figura 35).<br />
A <strong>água</strong> que entra no tanque contém as vezes tanta terra e muitos sedimentos<br />
que fará o tanque muito lodoso. A bacia estendida de aluvião<br />
tratará de travar a entrada dessa terra e sedimento no tanque. Alargue e<br />
aprofunde os ca<strong>na</strong>is de entrada de <strong>água</strong> justamente fora de dique. A<br />
terra vai ficar depositada nesse buraco <strong>em</strong> vez de entrar no tanque.<br />
Esse buraco é chamado bacia estendida de aluvião. O tubo de entrada<br />
76<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
de <strong>água</strong> corre desde a bacia estendida de aluvião. através de dique, isto<br />
pode ser cerca de 15 cm acima de nível de <strong>água</strong> Quando a <strong>água</strong> termi<strong>na</strong><br />
a sua trajectória através de tubo de entrada caí <strong>em</strong> forma salpicada<br />
no tanque. Isso prevê que o peixe escape ao <strong>na</strong>dar para o tubo de entrada<br />
e ajuda também a misturar o ar (portanto o oxigénio <strong>na</strong> <strong>água</strong>). O<br />
tubo de saída.<br />
Figura 34: A entrada e a saida da <strong>água</strong> de um tanque (Murnyak e<br />
Murnyak, 1990). A: ca<strong>na</strong>l deentrada; B: tubo dedescarga; C: Ca<strong>na</strong>l<br />
de entrada; D: Bacia estendida de aluvião.<br />
É um tubo de descarga de <strong>água</strong> o qual é usado somente <strong>em</strong> casos de<br />
<strong>em</strong>ergências. A <strong>água</strong> Não deve correr para à saída de tanque diariamente,<br />
<strong>em</strong> princípio. Durante a estação da chuva torrencial o tubo de<br />
descarga leva a excessiva <strong>água</strong> de chuvas que é descarregável fora de<br />
tanque.<br />
O tubo de descarga pode ser instalado num ângulo como mostra a<br />
figura 35. Se você instala o tubo de descarga e o tubo de entrada debaixo<br />
de <strong>água</strong> como já foi mostrado, isso vai evitar o entupimento dos<br />
tapumes com os escombros que eventualmente pod<strong>em</strong> flutuar <strong>na</strong> superfície<br />
de tanque.<br />
Os tubos de entrada e de saída pod<strong>em</strong> ser feitos de materiais como,<br />
metal, plástico, bambu, madeira ou outros. Instalar os tubos através de<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 77
dique de tanque perto de superfície. Os tubos dev<strong>em</strong> ter tábuas para<br />
tapar e evitar a entrada e ou saída de peixe.<br />
Figura 35: Corte transversal de entrada e de saída da <strong>água</strong> de um<br />
tanque (Murnyak e Murnyak, 1990). A: Bacia estendida de aluvião;<br />
B: tubo de descarga; C: Ca<strong>na</strong>l de entrada; D: tapume.<br />
O tubo de ENTRADA é tapado à marg<strong>em</strong> que fica fora de tanque para<br />
travar a entrada de peixe <strong>na</strong>tural e materiais como ramos e folhas ao<br />
tanque. O tubo de SAÍDA é tapado dentro de tanque para travar o escape<br />
de peixe para fora de tanque. Os tapumes pod<strong>em</strong> ser feitos de<br />
vários tipo de materiais que permitam a passag<strong>em</strong> de <strong>água</strong> mas não<br />
deix<strong>em</strong> escapar o peixe pequeno (figura 36):<br />
? peça metálico perfurado com buracos (figura 36A);<br />
? tapume ou mecha de arame (figura 36B);<br />
? um vaso de argila perfurado com buracos (figura 36C);<br />
? um folgado tapete tecido de capim (figura 36D).<br />
Os tapumes dev<strong>em</strong> ser limpos diariamente.<br />
5. Protecção dos diques do tanque<br />
Quando os diques de tanque estão fi<strong>na</strong>lmente construídos, cubre-os<br />
com a terra, aquela que foi você retirou ao início de escavação do tanque.<br />
Plante a relva assim como Rhodes capim (Choris gava<strong>na</strong>) ou capim<br />
‘star’(Cynodon dactylon) sobre os diques. Não plante aquela relva<br />
que t<strong>em</strong> raiz comprida ou árvores porque estas pod<strong>em</strong> vir a enfraquecer<br />
os diques e causar fugas de <strong>água</strong>. A terra fértil terra de topo vai<br />
ajudar a crescer a nova relva e a relva vai ajudar a proteger os diques<br />
de erosão. Com as chuvas abundantes os diques dos tanques pod<strong>em</strong><br />
ser destruídos pelas cheias. Se haver muita corrente esta levararia a<br />
78<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
<strong>água</strong> de chuva directamente para o tanque. Este probl<strong>em</strong>a afecta mais<br />
as elevações de diques dos tanques construídas no lado montanhoso.<br />
Figura 36: Materiais para os tapumes (Murnyak e Murnyak, 1990).<br />
Para prevenir o probl<strong>em</strong>a deve desviar a corrente de <strong>água</strong> a volta dos<br />
lados de tanque. Você pode conseguir isso ao escavar os fossos ao<br />
longo da parte superior do tanque, usando o lixo escavado no fosso<br />
para construir um pequeno cume abaixo do mesmo fosso. O fosso vai<br />
fazer a <strong>água</strong> de chuva correr para longe de tanque. Isto vai prevenir as<br />
cheias e proteger os diques de tanque (figura 37).<br />
Figura 37: ‘Dique protector’ feito por desviar a corrente de corrente<br />
de <strong>água</strong> (Murnyak e Murnyak, 1990). A: fosso; B: dique.<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 79
6. Fertilização de tanque<br />
A produção de comida <strong>na</strong>tural para o peixe no tanque pode ser aumentada<br />
se aplicar os fertilizantes no tanque. Os fertilizantes que pod<strong>em</strong><br />
ser utilizados inclu<strong>em</strong> o estrume de animal, os compostos ou fertilizantes<br />
químicos. Antes de encher o tanque de <strong>água</strong>, você deve espalhar<br />
os fertilizantes no fundo seco de tanque. Quando encher o tanque<br />
de <strong>água</strong> adicione os fertilizantes no tanque. Fertilize o tanque regularmente<br />
por ex<strong>em</strong>plo, todos os dias de preferência no fim da manhã ou<br />
de tarde mais cedo. A contínua adição de fertilizantes vai assegurar a<br />
contínua produção de comida <strong>na</strong>tural para o peixe. Para uma mais detalhada<br />
informação sobre as medidas de aplicação de fertilizantes veja<br />
o Agrodok no. 21 <strong>em</strong> ‘A <strong>Piscicultura</strong> Integrada’.<br />
Se o solo é ácido, junta no fundo do tanque a cal ou cinza de madeira.<br />
Agrega fertilizantes antes de encher o tanque de <strong>água</strong>. Usa 10-20 kg<br />
de cal ou 20-40 kg de cinza de madeira por cada 100 metro quadrado<br />
do fundo do tanque (veja também a secção acidez, alcalinidade e dureza<br />
da <strong>água</strong>, Capítulo 4).<br />
7 Vedação de tanque<br />
Pôr uma vedação a volta de tanque vai proteger as crianças de caír<strong>em</strong><br />
no tanque e pode ajudar também a manter longe os ladrões e os animais<br />
predadores. Para tor<strong>na</strong>r baixos os custos e fazer uma robusta vedação<br />
deve plantar um denso sebo a volta das margens do tanque ou<br />
deve construir uma vedação utilizando as varas e ramos espinhosos.<br />
8 Encher de <strong>água</strong> o tanque<br />
Antes de encher de <strong>água</strong> o tanque, coloque rochas no fundo do tanque<br />
por onde a <strong>água</strong> irá cair e salpicar ao ser trazida através de tubo de<br />
entrada. As rochas vão evitar que a força causada pelo abate da <strong>água</strong><br />
sobre o tanque não estrague o fundo do tanque.<br />
Depois abre o tubo de entrada e encha o tanque. Encha o tanque devagar<br />
para que os diques não desçam desigualmente devido ao facto de<br />
estar<strong>em</strong> molhados. Enquanto o tanque é enchido, a <strong>água</strong> do fundo<br />
80<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
deve ser medida com um pau. Pára de encher o tanque quando t<strong>em</strong> já<br />
encontrado a profundidade de <strong>água</strong> desejada.<br />
Não encher o tanque d<strong>em</strong>asiado para não começar o processo de descarga<br />
de <strong>água</strong>. O tubo de descarga foi construído para ser usado <strong>em</strong><br />
casos de <strong>em</strong>ergência, ou seja para retirar as <strong>água</strong>s causadas pelas cheias<br />
e pelas correntes. A <strong>água</strong> no tanque não deve transbordar sobre as<br />
bordas do tanque (devido a sua estag<strong>na</strong>ção). Se a <strong>água</strong> transbordar<br />
sobre o tanque o peixe baixará o seu crescimento porque a <strong>água</strong> <strong>em</strong>purra<br />
com a sua corrente a produção <strong>na</strong>tural de comida. A única <strong>água</strong><br />
que deve acrescentar ao tanque é aquela que se perdeu por evaporarão<br />
e por filtração.<br />
Os tanques que acabam de ser construídos, geralmente têm filtrações<br />
ao ser enchidos de <strong>água</strong> pela primeira vez, porque as partículas de terra<br />
absorv<strong>em</strong> <strong>água</strong>. Acrescenta e mantenha de novo a <strong>água</strong> por várias<br />
s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s e lentamente o tanque vai reter <strong>água</strong>.<br />
9 Fiscalização para detectar os probl<strong>em</strong>as antes de povoar o<br />
tanque<br />
Espere 4 a 7 dias antes de povoar de peixe o tanque enquanto se processa<br />
a produção <strong>na</strong>tural de comida no tanque. Deste modo vai permitir<br />
que se alcance satisfatoriamente a produção de comida <strong>na</strong>tural para<br />
o peixe. Deste ponto <strong>em</strong> diante é importante manter <strong>em</strong> bom estado de<br />
conservação o tanque e com <strong>água</strong> de boa qualidade.<br />
Anexo 1: Linhas de orientação para a construção de tanque 81
Anexo 2: Ampla variedade de<br />
espécies de peixes e sua comida<br />
preferida<br />
Comedora de algas<br />
? Carpa prateada chinesa (Hypophtalichthys molitrix)<br />
? Carpa India<strong>na</strong> ‘catla’ (Catla catla)<br />
? Carpa India<strong>na</strong> ‘rohu’ (Labeo rohita)<br />
? Milkfish (Chanos chanos)<br />
Comedoras de plantas da <strong>água</strong><br />
? Carpa herbívora chinesa (Ctenopharyngodon idella)<br />
? Chinês ‘Wuchang bream’ (Megalobrama amblycephala)<br />
? Big gourami (osphron<strong>em</strong>us goramy)<br />
? Tilápia (Tilápia rendalli)<br />
? Zill’s tilápia ( Tilápia zillii)<br />
Comedoras de pequenos animais aquáticos<br />
? Carpa cabeçuda Chinesa (Aristichthys nobilis)<br />
? Comedoras de caracóis<br />
? Carpa negra Chinesa (Mylopharyngodon piceus)<br />
Espécie de peixe predador (comedores de peixe)<br />
? Espécies cabeça da cobra (Chan<strong>na</strong> spp = Ohphiocephalus spp)<br />
Omnívoros<br />
? Espécies ‘Barb’ (Puntius ssp.)<br />
? Carpa ‘Crucian’ (Carassius carassius)<br />
? Carpa de lodo Chinesa (Cirrhinus molitorella)<br />
? Carpa comum (Cyprinus carpio)<br />
? Espécies de peixe gato (Clarias spp., Pangasius spp., Ictalurus<br />
spp.)<br />
? Carpa India<strong>na</strong> ‘mrigala’ (Cyprinus mrigala)<br />
? Espécie de tilápia (Oreochromis spp., Sarotherodon spp., Tilápia<br />
spp.)<br />
82<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Anexo 3: Características de<br />
substâncias de cal<br />
Os materiais de cal mais importantes utilizados <strong>na</strong> piscicultura são a<br />
cal da agricultura, a cal matosa ‘slaked lime e o cal viva ‘quicklime’.<br />
A cal de agricultura é aplicada mais vezes <strong>na</strong> piscicultura por ser segura,<br />
efectiva e muitas vezes menos custosa.<br />
As quantidades de cal de agricultura necessárias comparadas com 1kg<br />
de cal de agricultura (CaCO3) são:<br />
? 700 g cal matosa { (Ca(OH)2}<br />
? 550 g cal viva (CaO)<br />
? 2, 25 kg de cal básica <strong>em</strong> monte (basic slag) (CaCO3 +P 2 O5)<br />
Isso significa por ex<strong>em</strong>plo, que 550 g de cal viva t<strong>em</strong> o mesmo efeito<br />
de 1000 g de cal de agricultura.<br />
O efeito de cal será melhor e dará melhor resultado quando o tamanho<br />
das partículas de materiais de cal for<strong>em</strong> maximamente esmagadas antes<br />
que sejam aplicados.<br />
Os melhores resultados serão obtidos quando a cal for distribuída<br />
igualmente no fundo do tanque ainda seco. A cal viva como desinfectante<br />
necessita de qualquer modo de certa humidade.<br />
Aplicação de materiais de cal<br />
A cal deve ser aplicada aos tanques com acidêz no solo ou com <strong>água</strong><br />
ácida ou com <strong>água</strong> <strong>doce</strong> de baixa alcalinidade. O quadro 6 abaixo<br />
pode servir como uma guia de orientação para estimar as quantidades<br />
necessárias de cal, expressas <strong>em</strong> kg/ha.<br />
Quadro 6: Quantidade de cal agrícola necessária (kg/ha).<br />
pH fundo do tanque Marga pesada ou argila Arga arenosa Areia<br />
5-5.5 5400 3600 1800<br />
5.5-6 3600 1800 900<br />
6-6.5 1800 1800 0<br />
Anexo 3: Características de substâncias de cal 83
Se a cal escolhida é aplicada correctamente, o pH vai estar acima de<br />
6.5 e a total alcalinidade estará acima de 20 mg/L depois de 2 a 4 s<strong>em</strong>a<strong>na</strong>s.<br />
84<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Leitura recomendada<br />
Arrignon, J.C.V, Tilapia. The Tropical Agriculturist: 1998, pp.78, Macmillan-CTA,<br />
London, Uk; Wageningen, NL. ISBN: 0-333-57472-9.<br />
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Leitura recomendada 85
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<strong>água</strong> <strong>doce</strong> visando atender a agroindústria rural., 1987, pp. 122,<br />
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Murnyak, D.and M. Murnyak. 19990. Raising fish in ponds: a farmer’s<br />
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Ostrensky, A.; Boeger, W., <strong>Piscicultura</strong>: fundamentos e técnicas de<br />
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Pezzato, L.E., O estabelecimento das exigências nutricio<strong>na</strong>is das<br />
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de Nutriçao Animal, 1997, pp. 11 (p.45-55), Campi<strong>na</strong>s.<br />
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Royal Acad<strong>em</strong>y of Overseas scientists/CTA/FAO, Brussels (BEL);<br />
Wageningen (NL);Rome (Italy).<br />
UNIFEM, Fish processing. 1993, pp. 72, UNIFEM, UK.<br />
ISBN: 1853391379.<br />
Viveen, W.J.A.R., C.J.J. Richter, P.G.W.J. van Oort, J.A.L. Janssen and<br />
E.A. Huisman. 1985, Practical manual for the culture of the African<br />
catfish (Clarias gariepinus). Directorate General Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l<br />
Leitura recomendada 87
Cooperation of the Ministry of Fororeign Affairs. The Hague, The<br />
Netherlands. 94p.<br />
88<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
Endereços úteis<br />
Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria<br />
Parque Estação Biológica - PqEB s/nº.<br />
CEP 70770-901<br />
Brasília, Brasil<br />
Telephone:(61) 448-4433; Fax: (61) 347-1041<br />
Web-site: www.<strong>em</strong>brapa.br<br />
EMEPA, Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba<br />
(Estado de Paraíba), Brasil<br />
Web-site: www.<strong>em</strong>epa.org.br<br />
FAO, Food and Agricultural Organization of the United Nations<br />
FAO's mandate is to raise levels of nutrition, improve agricultural productivity,<br />
better the lives of rural populations and contribute to the<br />
growth of the world economy. Make sure people have regular access<br />
to enough high-quality food to lead active, healthy lives.<br />
Viale delle terme di carcalla, Rome, Italy<br />
Telephone: (+39) 06 57051; Fax: (+39) 06 570 53152<br />
E-mail:FAO-HQ@fao.org; web-site: www.fao.org<br />
IAC, Instituto Agronómico de Campi<strong>na</strong>s<br />
Caixa Postal 28, Av. Barão de Itapura, 1.481, 13020-902, Campi<strong>na</strong>s,<br />
Brasil<br />
Web-site: www.iac.sp.gov.br<br />
IICT/CVZ/FMV, Instituto de Investigaçao Científica Tropical/Centro<br />
de Veterinária e Zootecnia/Faculdade DE Medici<strong>na</strong> Veterinária<br />
Rua Professor Cid dos Santos, 1300-477, Lisboa, Portugal<br />
INIA, Instituto Nacio<strong>na</strong>l de Investigação Agronómica<br />
CP 3658<br />
Mavalane, Maputo, Moçambique<br />
Web-site: www.inia.gov.mz<br />
Endereços úteis 89
MAP, Ministério da Agricultura e Pescas<br />
Maputo, Moçambique<br />
Web-site: www.map.gov.mz<br />
MAPF, Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas<br />
Lisboa, Portugal<br />
Web-site: www.min-agricultura.pt<br />
RIVO, Netherlands Institut for fisheries research<br />
The Netherlands Institute for Fisheries Research is a research and consultancy<br />
organization that covers all stages of fish production from the<br />
sustai<strong>na</strong>bility of catch up to the appreciation of fish products by the<br />
consumer. Its abilities and strengths in these fields are recognised by<br />
<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l and inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l fish-related communities (governmental and<br />
commercial), by the scientific community and by non-governmental<br />
organizations (NGOs). It is also recognized as a Dutch research institute<br />
for marine ecology and an excellent laboratory for ch<strong>em</strong>ical<br />
a<strong>na</strong>lysis<br />
postbus 68, 1970 AB IJmuiden, Harinkade 1, 1970 AB, IJmuiden, The<br />
Netherlands<br />
Telephone: 31 (0)255564646; Fax: 31(0)2555646 44<br />
E-mail:visserijonderzoek.asg@wur.nl; web-site: www.rivo.dlo.nl<br />
UEM, Universidade Eduardo Mondlane<br />
P.O. Box 257, Reitoria de Universidade, Praça 25 de Junho, Maputo,<br />
Moçambique<br />
Web-site: www.u<strong>em</strong>.mz<br />
UFLA, Universidade Federal de Lavras<br />
Cx. Postal 37, Campus Universitário, CEP 37200-000, Lavras,<br />
Telephone: 35 3829 1122 -; Fax: Fax: 35 3829 1100<br />
Web-site: www.ufla.br<br />
USP, Universidade de Sao Paulo<br />
Web-site: www.usp.br<br />
World Fish Center<br />
The World fish center is an inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l organization committed to<br />
contributing to food security and poverty eradication in developing<br />
90<br />
<strong>Piscicultura</strong> <strong>feita</strong> <strong>em</strong> <strong>peque<strong>na</strong></strong> <strong>escala</strong> <strong>na</strong> <strong>água</strong> <strong>doce</strong>
countries. This is achieved through research, partenership capacity and<br />
policy support on living acquatic resources.<br />
P.O.Box 500, GPO, Pe<strong>na</strong>ng, Malaysia<br />
Telephone: (+60-4)626 1606; Fax: Fax: (+60-4) 626 5530<br />
E-mail:worldfishcenter@cgiar.org; web-site: www.worldfishcenter.org<br />
Endereços úteis 91