ENERGIA: uso, geração e impactos ambientais - A Graça da Química
ENERGIA: uso, geração e impactos ambientais - A Graça da Química
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<strong>ENERGIA</strong>: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong><br />
e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
José Roberto Castilho Piqueira (Sorocaba)<br />
Claudio Marcelo Brunoro
FICHA TÉCNICA<br />
Direção geral<br />
Emílio Gabriades e Guilherme Faiguenboim<br />
Coordenação geral<br />
Nicolau Marmo<br />
Marketing<br />
Antonio Silva Filho<br />
Autoria<br />
José Roberto Castilho Piqueira (Sorocaba) e Claudio Marcelo Brunoro<br />
Coordenação editorial<br />
Dácio Antônio de Castro<br />
Preparação de texto<br />
Cely Arena<br />
Programação visual<br />
Ulhôa Cintra Comunicação Visual e Arquitetura<br />
Impressão<br />
Editora Ave Maria<br />
Sistema Anglo de Ensino<br />
Rua Taman<strong>da</strong>ré, 596<br />
Liber<strong>da</strong>de – São Paulo – SP<br />
CEP 01525-000<br />
Fone/Fax (011) 3273-6000<br />
www.cursoanglo.com.br
Apresentação<br />
Recentemente, numa certa manhã escura, quebraram minha rotina de tantos anos. Acordei ao som<br />
de Vivaldi, emitido pelo rádio-despertador. Era um bom começo. Acendi a luz, acionei o barbeador elétrico<br />
e tomei uma ducha quente para despertar. Mas não acordei.<br />
Na copa, esperava-me um suco de frutas com quali<strong>da</strong>de garanti<strong>da</strong> pela geladeira, batido no liqüidificador<br />
e um cafezinho recém-saído <strong>da</strong> cafeteira elétrica. O microon<strong>da</strong>s esquentava pães de queijo.<br />
O rádio, como sempre, <strong>da</strong>va as notícias do dia. De repente, o locutor anunciou: APAGÃO! Agora, sim,<br />
despertei pra valer. Tudo o que aprendi na vi<strong>da</strong> sobre energia começou a aflorar desordena<strong>da</strong>mente.<br />
Quilowatt (kilouot). Por que “uot”? O homem era escocês, mas de origem alemã! Por que Chopin (Chopan)?<br />
O homem era polonês!<br />
Quilowatt-hora? Deser<strong>da</strong>ram o Joule? Temos de economizar 20%. 20% do quê? Quanto uma<br />
geladeira despende de energia? O nível dos reservatórios está caindo. Quais reservatórios? Afinal, de onde<br />
vem a nossa energia? Temos tantos rios e vamos apelar para as termelétricas? Falta instalar turbinas em<br />
hidrelétricas prontas? Então a água está saindo pelo ladrão? Não adianta somente instalar turbinas: faltam<br />
linhas de transmissão. Esse problema só existe no Brasil ou é um problema mundial?<br />
Quem é o culpado? Bush ou Fernando Henrique? Não, não! Essa pergunta jamais faço.<br />
O que fazer?<br />
É importante saber o que fazer, e para isso convém saber quem sabe.<br />
Quem sabe desses assuntos? Aqui no Anglo, todos os olhares convergiram para o Sorocaba: ele é o<br />
pai <strong>da</strong> matéria. E o Brunoro é um dos filhos!<br />
Por que essa dupla? Porque eles possuem duas quali<strong>da</strong>des que nem sempre an<strong>da</strong>m juntas: conhecimento<br />
<strong>da</strong> matéria e didática. Esta última é especialmente relevante nesse caso, porque o assunto é<br />
“quente” para os próximos vestibulares.<br />
E ain<strong>da</strong> dizem que nós não <strong>da</strong>mos “dicas”…<br />
Nicolau Marmo<br />
Coordenador Geral<br />
Sistema Anglo de Ensino<br />
3
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
ÍNDICE<br />
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5<br />
Energia e vi<strong>da</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6<br />
Energia elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8<br />
Geração de energia elétrica e meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11<br />
Desenvolvimento sustentável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12<br />
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13<br />
Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14<br />
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19<br />
4
Introdução<br />
Introdução<br />
O século XXI começa com um grande desafio: a questão energética. Acreditar que economizar energia<br />
é uma necessi<strong>da</strong>de apenas no Brasil, entretanto, é pretensão. E procurar um responsável pela situação,<br />
questionar a competência de governos e o planejamento técnico, ou mesmo acusar as políticas de privatização<br />
do setor energético não são formas realistas de encarar o problema, pois ele é multifacetado e relaciona-se<br />
com questões mais amplas, que requerem análise acura<strong>da</strong>. Na Califórnia e na Flóri<strong>da</strong>, nos Estados<br />
Unidos, por exemplo, freqüentemente apontados como paradigmas de administração competente, a crise<br />
energética é até mais intensa do que no Brasil, apesar dos modelos privatizados de <strong>geração</strong>, transmissão<br />
e distribuição de energia lá adotados.<br />
O problema é delicado e de abrangência mundial. O nível atual de desenvolvimento <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de,<br />
evidenciado pela tecnologia, a medicina e o potencial de conforto, exige um consumo de energia por<br />
habitante bastante elevado. Interromper esse consumo – decisão simplista – seria negar o conhecimento<br />
adquirido e, talvez, comprometer a continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> civilização.<br />
Portanto, sendo inevitável consumir energia, é importante haver bom senso na sua distribuição e renovação<br />
e também a consciência de que é urgente desenvolver novas tecnologias não poluentes para obtê-la.<br />
A obtenção de energia para manter a socie<strong>da</strong>de hoje está atrela<strong>da</strong>,quase inevitavelmente,à degra<strong>da</strong>ção<br />
ambiental. A escolha adequa<strong>da</strong> <strong>da</strong> matriz energética (distribuição entre as formas de <strong>geração</strong>) mundial não<br />
pode levar em conta apenas os custos imediatos: deve assegurar a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s futuras gerações.<br />
Veremos a seguir alguns dos aspectos relativos ao <strong>uso</strong> <strong>da</strong> energia e suas implicações. Iniciamos com<br />
a idéia geral de que a energia é, e sempre foi, o bem de capital de maior valor para a nossa espécie, discutindo-a<br />
no que se refere à utilização humana. Depois abor<strong>da</strong>mos a transformação <strong>da</strong> energia até o consumo<br />
final e o seu <strong>uso</strong> doméstico, encerrando com uma discussão abrevia<strong>da</strong> <strong>da</strong>s diversas formas de <strong>geração</strong><br />
e os seus <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong>.<br />
Eletrici<strong>da</strong>de no mundo<br />
em kilowatts-hora<br />
Consumo Consumo<br />
per capita total<br />
Noruega 26 214 115 369<br />
Canadá 17 549 531 051<br />
EUA 13 284 3 610 149<br />
França 7 693 450 072<br />
Brasil 2 192 348 456<br />
Índia 482 465 867<br />
Ruan<strong>da</strong> 29 175<br />
Chade 13 90<br />
Fonte: Human Development Report, Nações<br />
Uni<strong>da</strong>s, 1997<br />
Fotografia <strong>da</strong> Terra, à noite, registra a situação político-econômica dos países. Para chegar a esse resultado, os pesquisadores Craig<br />
Mayhew e Robert Simmon usaram centenas de imagens produzi<strong>da</strong>s pelos satélites meteorológicos do Departamento de Defesa dos EUA.<br />
5
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
Energia e vi<strong>da</strong><br />
Nas aulas de Biologia e Física costumamos deparar com dois conceitos aparentemente díspares de<br />
energia. Os biólogos parecem falar de algo concreto, que passa do Sol para as plantas e dessas para os animais,<br />
transformando-se no interior dos seres vivos, por processos fisiológicos complicados, nas mais diversas<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des, sendo essencial para funções como respiração, excreção, reprodução, manutenção de<br />
temperatura e condução de impulsos elétricos associados ao sistema nervoso.<br />
Os físicos parecem falar de algo mais abstrato, calculável por equações, relativo a situações mais simples,<br />
como carrinhos descendo montanhas-russas ou cargas elétricas em movimento nos circuitos.<br />
Os conceitos empregados nas duas disciplinas, entretanto, são integrados e remetem à mesma enti<strong>da</strong>de<br />
física: a capaci<strong>da</strong>de de um corpo (ou sistema de corpos), em qualquer escala espacial, produzir movimento<br />
próprio ou de outros corpos que estão no seu entorno.<br />
Assim, o ser humano, nas ativi<strong>da</strong>des diárias, todo o tempo utiliza energia. Ele a retira dos alimentos<br />
que ingere e, como se fosse uma máquina, transforma-a nas diversas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des necessárias ao funcionamento<br />
do seu organismo.<br />
A tabela abaixo (Goldemberg,1998) ilustra o gasto de energia do corpo humano em diversas ativi<strong>da</strong>des:<br />
Trabalho leve<br />
Escrever 20<br />
Permanecer relaxado 20<br />
Datilografando rapi<strong>da</strong>mente 55<br />
Tocando violino 40-50<br />
Lavando louça 60<br />
Passando a ferro 60<br />
Vê-se que utilizar energia não é apenas uma questão governamental,mas uma questão de manutenção<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> no planeta, relaciona<strong>da</strong> ao homem e à<br />
natureza que o cerca.<br />
Evidentemente, à medi<strong>da</strong> que a nossa espécie<br />
foi se multiplicando e se apropriando do<br />
espaço terrestre, as necessi<strong>da</strong>des de energia<br />
aumentaram consideravelmente, sobretudo<br />
porque dela passou a depender a vi<strong>da</strong> sob condições<br />
adversas.<br />
O gráfico de barras ao lado (Goldemberg,<br />
1998) mostra esse fato, indicando que, quanto<br />
mais sofistica<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> e maior sua quali<strong>da</strong>de,<br />
maior a necessi<strong>da</strong>de de consumo de energia.<br />
Do homem primitivo, que não conhecia o<br />
fogo,até o homem tecnológico,o consumo diário<br />
cresceu, em um milhão de anos, de 2000 kcal<br />
para quase 230 000 kcal. Esse aumento foi pro-<br />
6<br />
Necessi<strong>da</strong>des energéticas para várias ativi<strong>da</strong>des (em kcal/hora)<br />
Trabalho moderado<br />
Dormindo 85-110<br />
Tomando banho 125-215<br />
Carpintaria 150-180<br />
Caminhando 130-240<br />
Trabalho pesado<br />
Marchando 280-400<br />
An<strong>da</strong>ndo de bicicleta 180-600<br />
Remando 120-600<br />
Na<strong>da</strong>ndo 200-700<br />
Trabalho muito pesado<br />
Pedreiro 350<br />
Correndo 800-1 000<br />
Escalando 400-900<br />
Esquiando 500-950<br />
Subindo esca<strong>da</strong>s 1 000<br />
Fonte: E. Cook. Man, Energy, Society,W. H. Freeman and Co, San Francisco, EUA (1976).<br />
Estágios de desenvolvimento e consumo de energia<br />
Energia total consumi<strong>da</strong> per capita (mil kcal/dia)<br />
230 Homem<br />
tecnológico<br />
77 Homem<br />
industrial<br />
Homem agrícola<br />
20 avançado<br />
Homem agrícola<br />
12<br />
primitivo<br />
6 Homem<br />
caçador<br />
2 Homem<br />
Alimentação Moradia e<br />
comércio<br />
primitivo<br />
Indústria e<br />
agricultura<br />
Transporte<br />
0 50 100 150 200<br />
Consumo diário per capita (mil kcal)
Energia e vi<strong>da</strong><br />
gressivo, acompanhando o refinamento <strong>da</strong> tecnologia desenvolvi<strong>da</strong> pela humani<strong>da</strong>de para modificar o<br />
meio ambiente em seu benefício.<br />
Os recursos energéticos disponíveis na Terra, porém, são limitados. Conciliar esse fato com as necessi<strong>da</strong>des<br />
humanas é, como dissemos, um grande desafio a ser enfrentado pela ciência moderna, independentemente<br />
<strong>da</strong>s administrações e <strong>da</strong>s ideologias.<br />
Além disso, não há como negar que o consumo de energia está relacionado com a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>,<br />
conforme mostram os gráficos ilustrativos (Goldemberg, 1998) abaixo, em que a uni<strong>da</strong>de de energia utiliza<strong>da</strong><br />
é a TEP (tonela<strong>da</strong> equivalente de petróleo), equivalente a10 7 kcal.<br />
Expectativa de vi<strong>da</strong>, mortali<strong>da</strong>de infantil, alfabetização e taxa de fertili<strong>da</strong>de<br />
total como uma função <strong>da</strong> energia comercial consumi<strong>da</strong> per capita<br />
Expectativa de vi<strong>da</strong> (anos)<br />
Analfabetismo (% população adulta)<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
Média de 127 países<br />
para grupos de 10 países<br />
2 4 6<br />
Uso <strong>da</strong> energia TEP per capita por ano<br />
0 2 4 6 8<br />
Uso <strong>da</strong> energia TEP per capita por ano<br />
Concluindo, a energia é essencial à vi<strong>da</strong> e fator de conforto e bem-estar. Democratizar esses bens, distribuindo-a<br />
de modo eqüitativo, é responsabili<strong>da</strong>de de todos.<br />
Mortali<strong>da</strong>de infantil<br />
(mortes por 1000 nascimentos vivos)<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
Média de 127 países<br />
para grupos de 10 países<br />
0 2 4 6 8 0 2 4 6 8<br />
Uso <strong>da</strong> energia TEP per capita por ano<br />
Uso <strong>da</strong> energia TEP per capita por ano<br />
Taxa de fertili<strong>da</strong>de total (TFT)<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
Irã<br />
Omã<br />
Líbia<br />
Arábia Saudita<br />
Gabão<br />
Mongólia<br />
Venezuela Kuwait<br />
Trini<strong>da</strong>d e Tobago<br />
7
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
Energia elétrica<br />
Como vimos, a energia é essencial para to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des dos seres vivos e em particular para a<br />
quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> do homem moderno, a qual é indissociável do consumo energético nos trabalhos<br />
domésticos, comerciais e industriais.<br />
Estes dependem de mecanismos de provimento de energia que variam conforme as formas de organização<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de mas que tratam, igualmente, de converter a energia proveniente de fontes primárias<br />
– como o Sol, movimentos de massas de água e ar, petróleo, carvão e biomassa – em energia utilizável no<br />
cotidiano.<br />
Como normalmente as fontes de energia primária se localizam distante <strong>da</strong>s regiões consumidoras,<br />
para transferi-la de um lugar para outro é comum convertê-la em energia num estágio intermediário, que<br />
é distribuí<strong>da</strong> aos diversos pontos de consumo.<br />
Como exemplos desse estágio, podemos citar a energia obti<strong>da</strong> <strong>da</strong> queima de combustíveis e lenha, do<br />
movimento de ro<strong>da</strong>s d’água e de pás de moinhos de vento, <strong>da</strong>s turbinas <strong>da</strong>s usinas hidrelétricas, entre outras.<br />
De to<strong>da</strong>s as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des intermediárias num ciclo energético, a energia elétrica é aquela com que<br />
temos maior familiari<strong>da</strong>de, por ser ela a mais usa<strong>da</strong> – já que é a mais vantajosa. A vantagem vem <strong>da</strong> facili<strong>da</strong>de<br />
de transformação, com poucas per<strong>da</strong>s, de energias primárias em elétrica e <strong>da</strong> facili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> posterior<br />
transferência desta para as regiões consumidoras.<br />
A figura abaixo (Goldemberg, 1998) ilustra um ciclo energético que utiliza o carvão como fonte<br />
primária.<br />
O estudo do <strong>uso</strong> <strong>da</strong> energia elétrica como mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de intermediária costuma ser dividido em três<br />
partes:<br />
■ Geração: transformação <strong>da</strong> energia primária em elétrica por indução eletromagnética, células fotovoltaicas<br />
ou eletrólise;<br />
8<br />
O sistema energético: <strong>da</strong> extração até os serviços energéticos<br />
Modo de extração<br />
Energia primária<br />
Energia primária<br />
Energia secundária<br />
Tecnologias de distribuição<br />
Energia final<br />
Tecnologias de <strong>uso</strong> final<br />
Serviços <strong>da</strong> energia<br />
Mina de carvão<br />
Carvão<br />
Usina elétrica<br />
Eletrici<strong>da</strong>de<br />
Rede de eletrici<strong>da</strong>de<br />
Eletrici<strong>da</strong>de<br />
Lâmpa<strong>da</strong><br />
Iluminação
■ Transmissão: transferência <strong>da</strong> energia elétrica do ponto de <strong>geração</strong> até a região consumidora;<br />
■ Distribuição: transferência <strong>da</strong> energia elétrica ao usuário final.<br />
Geração<br />
Entendemos por <strong>geração</strong> de energia elétrica a transformação<br />
de outra mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de energia em energia elétrica. Esta<br />
pode ser obti<strong>da</strong> a partir:<br />
■ do movimento: indução eletromagnética;<br />
■ <strong>da</strong> luz: células fotovoltaicas;<br />
■ <strong>da</strong> energia química: eletrólise.<br />
Energia elétrica<br />
A maneira mais prática de gerar energia elétrica em quanti<strong>da</strong>des consideráveis para consumo é fazer<br />
<strong>uso</strong> do fenômeno <strong>da</strong> indução eletromagnética. Descoberto por Fara<strong>da</strong>y, ele é objeto de estudo detalhado<br />
no Eletromagnetismo, mas, para o que nos interessa aqui, basta que seja entendido como a capaci<strong>da</strong>de de<br />
produzir diferenças de potencial elétrico (ddp) e correntes elétricas a partir do movimento de peças condutoras,<br />
imersas em campos magnéticos.<br />
Os mecanismos de <strong>geração</strong>, em geral, são em corrente alterna<strong>da</strong>, em freqüências correspondentes às<br />
dos movimentos de rotação dos eixos dos geradores. Isso requer a obtenção de energia de movimento<br />
(cinética) para o eixo de uma turbina, pois o movimento dela é responsável pelo movimento de condutores<br />
em campos magnéticos, gerando a energia elétrica. Essa energia cinética deriva, predominantemente,<br />
de três tipos de energia potencial:<br />
■ <strong>da</strong> água (hidráulica): usinas hidrelétricas;<br />
■ do petróleo e seus derivados, do carvão e do gás natural: usinas termelétricas;<br />
■ dos combustíveis nucleares: usinas termonucleares.<br />
Da energia elétrica gera<strong>da</strong> mundialmente, cerca de 64% provêm de termelétricas, 19% de hidrelétricas<br />
e 17% de termonucleares. No Brasil, mais de 90% provêm de hidrelétricas.<br />
Também existem formas de energia alternativas, menos utiliza<strong>da</strong>s, obti<strong>da</strong>s, por exemplo, a partir:<br />
■ do movimento: eólica, oceânica;<br />
■ <strong>da</strong> luz: placas de células fotovoltaicas;<br />
■ de eletrólise: células de combustíveis.<br />
Transmissão<br />
A transmissão de energia elétrica pode ser feita em corrente contínua<br />
(CC) ou alterna<strong>da</strong> (CA).<br />
Como vimos, a <strong>geração</strong> elétrica em usinas é em CA. Porém, se a<br />
distância envolvi<strong>da</strong> na transmissão <strong>da</strong> energia é maior que 700 km, é<br />
mais econômico transmiti-la converti<strong>da</strong> em CC. O gráfico seguinte<br />
(Reis & Silveira, 2000) traz uma comparação dos custos para CC e CA.<br />
9
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
Deve-se considerar, ain<strong>da</strong>, que para transportar grandes quanti<strong>da</strong>des de energia são necessárias<br />
ddps altas, pois o processo envolve per<strong>da</strong>s, principalmente por efeito Joule. Minimizá-las para ddps<br />
menores implicaria utilizar condutores com bitolas enormes.<br />
Assim, de acordo com a distância a ser coberta pela rede, existem tensões de transmissão<br />
padroniza<strong>da</strong>s, sendo as mais utiliza<strong>da</strong>s:<br />
■ Alta Tensão (AT): 138 e 230 kV<br />
■ Extra-Alta Tensão (EAT): 345, 440, 500 e 765 kV<br />
■ Ultra-Alta Tensão (UAT): 1000 e 1200 kV<br />
Distribuição<br />
A distribuição é o estágio final do processamento <strong>da</strong><br />
energia elétrica para atender os usuários residenciais, comerciais<br />
e industriais.Trata-se de um direito do ci<strong>da</strong>dão, que<br />
cabe ao Estado preservar, direta ou indiretamente.<br />
Prover esse serviço implica padronizar equipamentos<br />
elétricos, construir redes nas áreas urbanas, operar e manter<br />
redes e equipamentos, garantir a segurança <strong>da</strong> população e<br />
do pessoal de instalação e manutenção.<br />
Para assegurar a distribuição <strong>da</strong> energia elétrica, é preciso<br />
construir subestações com capaci<strong>da</strong>de para captar a<br />
energia necessária, proveniente <strong>da</strong> rede de transmissão, e<br />
diminuir as tensões para níveis padronizados. Em segui<strong>da</strong>,<br />
para prover seu <strong>uso</strong> aos consumidores, as tensões devem ser diminuí<strong>da</strong>s mais uma vez, para níveis compatíveis<br />
com seus aparelhos.<br />
Quem arca com os custos desse processo, bem como com os <strong>da</strong> exploração dele como negócio, é o<br />
consumidor, de acordo com seu consumo – que, portanto, deve ser medido.<br />
O habitual é medi-lo em kWh, uma uni<strong>da</strong>de de energia que é o produto <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de potência (kW)<br />
pela uni<strong>da</strong>de de tempo (h) – embora a uni<strong>da</strong>de oficial de energia, no Sistema Internacional (SI), seja o joule (J).<br />
10<br />
Custo<br />
Comparação de custo entre CC e CA<br />
Linha em CA<br />
mais econômica<br />
Linha em CC<br />
mais econômica<br />
Corrente alterna<strong>da</strong><br />
Corrente contínua<br />
Comprimento <strong>da</strong> linha (km)
Geração de energia elétrica e meio ambiente<br />
Modelo físico do Sistema Geração/Transmissão/Distribuição<br />
As partes envolvi<strong>da</strong>s no <strong>uso</strong> <strong>da</strong> energia elétrica, que descrevemos brevemente, podem ser representa<strong>da</strong>s<br />
num modelo físico simplificado:<br />
Geração<br />
Transmissão<br />
Visualizando o efeito <strong>da</strong> transmissão como o de uma resistência interna acresci<strong>da</strong> à <strong>geração</strong>, entendemos<br />
que, quanto maior a distância entre a <strong>geração</strong> e o pólo consumidor, maiores as per<strong>da</strong>s envolvi<strong>da</strong>s<br />
no processo.<br />
Geração de energia elétrica e meio ambiente<br />
A necessi<strong>da</strong>de de energia, por efeito do crescimento populacional e do progresso industrial, aumenta<br />
a ca<strong>da</strong> dia. Nos países em desenvolvimento, um crescimento populacional total de aproxima<strong>da</strong>mente<br />
2% por ano é responsável por 50% do crescimento anual do consumo global de energia.<br />
Portanto é urgente construir usinas e viabilizar processos alternativos para ampliar a produção de<br />
energia elétrica.<br />
Qualquer processo de <strong>geração</strong> e utilização de energia é, de alguma forma, nocivo à manutenção <strong>da</strong>s<br />
condições <strong>ambientais</strong>. Para o bom exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, é importante conhecermos alguns efeitos dos<br />
principais mecanismos de <strong>geração</strong>, transmissão e distribuição.<br />
Tipos de usinas e <strong>impactos</strong><br />
Distribuição<br />
U = E – ri<br />
Convencionais<br />
■ Usina hidrelétrica: provoca o alagamento de grandes regiões, com conseqüente modificação <strong>da</strong> fauna<br />
e <strong>da</strong> flora, e a inun<strong>da</strong>ção de ci<strong>da</strong>des, ocasionando o deslocamento de populações. Acresce-se a isso o<br />
eventual mau <strong>uso</strong> <strong>da</strong> água, que é um bem de múltipla utilização, e a possibili<strong>da</strong>de de emissão de gás<br />
metano, pela decomposição orgânica gera<strong>da</strong> pelos alagamentos.<br />
■ Usina termelétrica: a queima de combustíveis fósseis na <strong>geração</strong> de energia elétrica produz CO 2, agravando<br />
o efeito estufa e o aquecimento global.Também provoca a contaminação <strong>da</strong> atmosfera, do solo e<br />
<strong>da</strong> água pelas cinzas arrasta<strong>da</strong>s pelo fluxo de gás. Além disso, os óxidos de nitrogênio e enxofre agravam<br />
enfermi<strong>da</strong>des pulmonares, cardiovasculares e renais <strong>da</strong>s populações residentes nas imediações.<br />
11
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
■ Usina termonuclear: além de envolver as questões vitais <strong>da</strong> segurança e do tratamento de resíduos<br />
nucleares, tem como importantes fatores negativos a emissão de CO 2 e o aumento <strong>da</strong> temperatura dos<br />
cursos d’água empregados na refri<strong>geração</strong>, prejudicando a biodiversi<strong>da</strong>de local.<br />
Alternativas<br />
■ Eólica: produz nível elevado de poluição sonora, podendo provocar alterações auditivas na população<br />
<strong>da</strong>s proximi<strong>da</strong>des.<br />
■ Oceânica: a construção de barragens pode mu<strong>da</strong>r as cadeias alimentares locais, prejudicando a fauna<br />
e a flora.<br />
De todos os efeitos nocivos citados, o que parece mais grave é o <strong>da</strong> emissão de CO2 nas termelétricas,<br />
considerando-se que elas são responsáveis por 64% <strong>da</strong> matriz energética mundial. Podemos ter uma idéia <strong>da</strong><br />
intensi<strong>da</strong>de com que a produção de energia agrava o efeito estufa pelo gráfico abaixo (Goldemberg, 1998).<br />
Desenvolvimento sustentável<br />
O fator mais relevante nos problemas <strong>ambientais</strong> decorrentes do <strong>uso</strong> <strong>da</strong> energia é o emprego de<br />
combustíveis fósseis na produção de eletrici<strong>da</strong>de, no setor de transporte e na indústria.<br />
Resolver esse problema eliminando a causa evidentemente é uma tarefa muito difícil, pois os combustíveis<br />
fósseis respondem por mais de 90% do consumo atual de energia mundial. Entretanto não<br />
parece impossível, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as alternativas de fontes renováveis disponíveis hoje.<br />
Usar gás natural nas termelétricas é interessante, pois, em comparação com os combustíveis fósseis,<br />
emite metade do CO 2 por kWh e praticamente não emite óxidos de enxofre e nitrogênio.<br />
Fazen<strong>da</strong>s de produção de energia a partir de biomassa representam outra solução bastante convi<strong>da</strong>tiva,<br />
uma vez que o CO 2 por elas emitido pode ser reabsorvido nos processos de fotossíntese e não há<br />
emissão de óxidos de enxofre e nitrogênio.<br />
Há ain<strong>da</strong> a energia solar, que pode ser utiliza<strong>da</strong> como fonte quente nas termelétricas ou ser diretamente<br />
converti<strong>da</strong> em elétrica, nas células fotovoltaicas.<br />
As desigual<strong>da</strong>des entre os países, no entanto, determinam diferenças não só no volume de energia<br />
consumido (os pobres consomem menos que os ricos), como também na forma de obtê-la: as melhores<br />
12<br />
Contribuição para o efeito estufa<br />
Desmatamento<br />
9%<br />
Agricultura<br />
14%<br />
Indústria<br />
4%<br />
CFCs<br />
17%<br />
Produção<br />
de energia<br />
56%
Conclusão<br />
soluções para a matriz energética dos países desenvolvidos, quando aplica<strong>da</strong>s ao contexto de países em<br />
desenvolvimento, nem sempre serão ótimas.<br />
A questão energética influencia diretamente o desenvolvimento e o meio ambiente. Não podemos<br />
privilegiar o primeiro provocando drásticos <strong>impactos</strong> no segundo. É nisso que se fun<strong>da</strong>menta o conceito<br />
de desenvolvimento sustentável, que defende não só a quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> atual, mas também a herança<br />
a ser deixa<strong>da</strong> para as gerações futuras, propondo a proteção e a manutenção dos sistemas naturais.<br />
Um passo significativo para a concretização desse conceito foi a Conferência de Estocolmo, em 1972,<br />
que enfatizou a questão ambiental e a convivência na Terra.<br />
Outro foi a ECO 92 ou Unced (United Nations Conference on Environment and Development), realiza<strong>da</strong><br />
no Rio de Janeiro, que frisou o problema <strong>da</strong> utilização de combustíveis fósseis na produção de energia<br />
devido à emissão de CO 2 e o conseqüente agravamento do efeito estufa.<br />
Mais recentemente, o Protocolo de Kyoto (1997) procurou restringir a emissão de CO 2 dos países, sugerindo<br />
o emprego de mecanismos para um desenvolvimento limpo.<br />
Para <strong>da</strong>r uma idéia dos reais responsáveis pelo efeito estufa e pela degra<strong>da</strong>ção ambiental, apresentamos<br />
a tabela abaixo, com o volume anual de CO 2 emitido por diversos países.<br />
Os Estados Unidos, um dos maiores emissores de CO 2, posicionaram-se contra as medi<strong>da</strong>s propostas<br />
no Protocolo de Kyoto, alegando que elas acarretariam uma redução drástica na sua economia, podendo<br />
provocar recessão. Esse é um exemplo <strong>da</strong> tentativa suici<strong>da</strong> de manter a economia dos ricos à custa <strong>da</strong><br />
degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> de todos.<br />
Conclusão<br />
Quanti<strong>da</strong>de Países<br />
Emissão de CO 2 (tonela<strong>da</strong>s de CO 2 per capita)<br />
Entre 16 e 36 Estados Unidos e Austrália.<br />
Entre 7 e 16 Japão, Canadá, Rússia, Ucrânia, Polônia e África do Sul.<br />
Entre 2,5 e 7 União Européia, China, México, Chile, Argentina e Venezuela.<br />
Entre 0,8 e 2,5 Brasil, Índia, Indonésia, países <strong>da</strong> América Central e Caribe.<br />
A introdução em larga escala de fontes renováveis de energia, embora desejável, não será fácil, pois os<br />
combustíveis fósseis têm baixo preço de mercado, e essa é a preocupação que, infelizmente, ain<strong>da</strong><br />
prevalece: quando calculamos o custo <strong>da</strong>s diversas alternativas energéticas, não consideramos o custo <strong>da</strong><br />
degra<strong>da</strong>ção ambiental resultante de ca<strong>da</strong> uma delas – exorbitante, no caso dos combustíveis fósseis.<br />
Além disso, alguns problemas <strong>ambientais</strong> devem ser encarados de maneira global, para que se<br />
implantem soluções resultantes de cooperação internacional honesta e eqüitativa, não cabendo às populações<br />
carentes o ônus <strong>da</strong> manutenção <strong>da</strong> riqueza alheia.<br />
Repensar a matriz energética é responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s administrações de todos os países. Fiscalizar as<br />
soluções é tarefa de to<strong>da</strong> a população, que, para isso, necessita de boa informação técnica e de um pouco<br />
de cultura tecnológica.<br />
13
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
Exercícios<br />
1. Obtenha a relação de transformação de kWh para J.<br />
2. Considere uma lâmpa<strong>da</strong> de 60 W, liga<strong>da</strong> 3 horas por dia. Qual seu consumo mensal em kWh? Qual seu<br />
consumo em J?<br />
3. Subir esca<strong>da</strong>s equivale, aproxima<strong>da</strong>mente, a manter acesas quantas lâmpa<strong>da</strong>s de 100 W? (Considere<br />
1cal = 4J).<br />
4. Quantos kWh por dia gasta o homem tecnológico? Quanto gastava o homem agrícola primitivo?<br />
(Considere 1cal = 4J.)<br />
5. Compare, aproxima<strong>da</strong>mente, o consumo anual de energia per capita por ano de um país com mortali<strong>da</strong>de<br />
infantil de 10 mortes por 1 000 nascimentos com outro de 40 mortes a ca<strong>da</strong> 1 000 nascimentos.<br />
6. Considere os seguintes <strong>da</strong>dos a respeito <strong>da</strong> energia elétrica no Brasil, fornecidos pelo IBGE:<br />
Custo por kWh R$ 0,18<br />
Número de chuveiros elétricos 28 000 000<br />
Número médio de pessoas por residência 3,6<br />
Tempo médio para um banho 8 minutos<br />
Potência média do chuveiro 4 kW<br />
a) Considerando que ca<strong>da</strong> pessoa toma um banho por dia, qual o consumo médio mensal de energia<br />
por residência?<br />
b) Compare o valor obtido no item anterior com os 100 kWh <strong>da</strong>dos como limite pelos órgãos governamentais.<br />
c) Qual o consumo nacional anual em kWh, considerando apenas o gasto com banhos?<br />
d) Se uma residência tem, além do chuveiro, 3 lâmpa<strong>da</strong>s de 100 W (1 hora por dia), uma geladeira de<br />
300 W (8 horas por dia) e um ferro de passar roupa de 500 W (1 hora por dia), qual será o custo mensal<br />
<strong>da</strong> conta, considerando que o consumo acima de 200 kWh é sobretaxado em 50%?<br />
e) Considerando que uma termelétrica emite 100 g de CO 2 por kWh, quantas tonela<strong>da</strong>s desse gás seriam<br />
emiti<strong>da</strong>s por ano se to<strong>da</strong> a energia relativa a banhos do Brasil passasse a ser gera<strong>da</strong> dessa maneira?<br />
7. (Simulado-Anglo)<br />
Michael Fara<strong>da</strong>y, em 1831, descobriu uma maneira muito simples de transformar energia mecânica em<br />
energia elétrica: fazer uma espira condutora girar convenientemente num campo magnético. Desde<br />
então, o <strong>uso</strong> <strong>da</strong> energia elétrica tornou mais fácil a arte de sobreviver, como atestam os aparelhos<br />
eletrodomésticos, incorporados ao nosso cotidiano. No Brasil, graças aos imensos recursos hídricos<br />
disponíveis, as que<strong>da</strong>s d’água são as principais fontes de energia. Quando um estu<strong>da</strong>nte liga um liqüidificador<br />
para fazer um suco de frutas, deve saber que a energia cinética forneci<strong>da</strong> pelo aparelho passou<br />
pelos seguintes processos de transformação:<br />
a) potencial gravitacional – cinética – elétrica – cinética<br />
b) cinética – térmica – elétrica – cinética<br />
c) cinética – potencial gravitacional – elétrica – térmica cinética<br />
14
d) potencial gravitacional – térmica – cinética – elétrica<br />
c) potencial gravitacional – cinética – térmica – cinética<br />
15<br />
Exercícios<br />
8. (Simulado-Anglo)<br />
O aumento do <strong>uso</strong> do computador nas ativi<strong>da</strong>des industriais e de serviços, princialmente nos grandes<br />
centros urbanos, gerou uma deman<strong>da</strong> crescente de energia elétrica de boa quali<strong>da</strong>de. Essa quali<strong>da</strong>de<br />
pode ser medi<strong>da</strong>, de modo geral, pelo número médio de interrupções de fornecimento, ao longo do<br />
ano, de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> fonte de distribuição.<br />
As figuras representam diagramas de quali<strong>da</strong>de para diversas fontes de energia ao longo do ano de<br />
2001. Qual delas proporcionaria energia elétrica de melhor quali<strong>da</strong>de?<br />
a) Interrupções<br />
d)<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
b) Interrupções<br />
e)<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
c)<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />
Interrupções<br />
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />
9. (ENEM)<br />
O resultado <strong>da</strong> conversão direta de energia solar é uma<br />
<strong>da</strong>s formas de energia alternativa de que se dispõe. O<br />
aquecimento solar é obtido por uma placa escura Radiação solar<br />
coberta por vidro, pela qual passa um tubo contendo<br />
água. A água circula, conforme mostra o<br />
esquema ao lado.<br />
Vidro<br />
Placa escura<br />
Mês<br />
Mês<br />
Mês<br />
Fonte: A<strong>da</strong>ptado de PALZ,Wolfgang. Energia<br />
solar e fontes alternativas. Hemus, 1981.<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
1<br />
1<br />
Interrupções<br />
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />
Interrupções<br />
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />
Coletor<br />
Reservatório de<br />
água quente<br />
Mês<br />
Mês<br />
Reservatório<br />
de água fria<br />
Água quente<br />
para o consumo
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
São feitas as seguintes afirmações quanto aos materiais utilizados no aquecedor solar:<br />
I. O reservatório de água quente deve ser metálico para conduzir melhor o calor.<br />
II. A cobertura de vidro tem como função reter melhor o calor, de forma semelhante ao que ocorre em<br />
uma estufa.<br />
III. A placa utiliza<strong>da</strong> é escura para absorver melhor a energia radiante do Sol, aquecendo a água com<br />
maior eficência.<br />
Dentre as afirmações acima, pode-se dizer que apenas está(ão) correta(s):<br />
a) I.<br />
b) I e II.<br />
c) II.<br />
d) I e III.<br />
e) II e III.<br />
10. (ENEM)<br />
A energia térmica libera<strong>da</strong> em processos de fissão nuclear pode ser utiza<strong>da</strong> na <strong>geração</strong> de vapor para<br />
produzir energia mecânica que, por sua vez, será converti<strong>da</strong> em energia elétrica. Abaixo está representado<br />
um esquema básico de uma usina de energia nuclear.<br />
Com relação ao impacto ambiental causado pela poluição térmica no processo de refri<strong>geração</strong> <strong>da</strong><br />
usina nuclear, são feitas as seguintes afirmações:<br />
I. O aumento na temperatura reduz, na água do rio, a quanti<strong>da</strong>de de oxigênio nela dissolvido, que é<br />
essencial para a vi<strong>da</strong> aquática e para a decomposição <strong>da</strong> matéria orgânica.<br />
II. O aumento <strong>da</strong> temperatura <strong>da</strong> água modifica o metabolismo dos peixes.<br />
III. O aumento na temperatura <strong>da</strong> água diminui o crescimento de bactérias e de algas, favorecendo o<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> vegetação.<br />
16<br />
Pilhas nucleares<br />
Vapor<br />
Água<br />
Bomba d’água<br />
Turbina<br />
Rio<br />
Gerador<br />
Condensador<br />
Bomba d’água
Dessas afirmativas, somente está(ão) correta(s):<br />
a) I.<br />
b) II.<br />
c) III.<br />
d) I e II.<br />
e) II e III.<br />
17<br />
Exercícios<br />
11. (ENEM)<br />
O esquema abaixo mostra, em termos de potência (energia/tempo), aproxima<strong>da</strong>mente, o fluxo de energia,<br />
a partir de uma certa quanti<strong>da</strong>de de combustível vin<strong>da</strong> do tanque de gasoilina, em um carro viajando<br />
com veloci<strong>da</strong>de constante.<br />
Energia dos hidrocarbonetos não queimados, energia<br />
térmica dos gases de escape e transferi<strong>da</strong> ao ar ambiente<br />
56,8 kW<br />
Evaporação<br />
1 kW<br />
Do tanque de gasolina<br />
72 kW 71 kW<br />
Motor de<br />
combustão<br />
Luzes, ventilador,<br />
gerador, direção,<br />
bomba hidráulica, etc.<br />
2,2 kW<br />
Energia<br />
térmica<br />
3 kW<br />
14,2 kW 12 kW<br />
Transmissão<br />
9 kW<br />
e engrenagens<br />
O esquema mostra que, na queima de gasolina, no motor de combustão, uma parte considerável de<br />
sua energia é dissipa<strong>da</strong>. Essa per<strong>da</strong> é <strong>da</strong> ordem de:<br />
a) 80%.<br />
b) 70%.<br />
c) 50%.<br />
d) 30%.<br />
e) 20%.<br />
12. (ENEM)<br />
O Brasil, em 1997, com cerca de 160 10 6 habitantes, apresentou um consumo de energia <strong>da</strong> ordem<br />
de 250 000 TEP (tonela<strong>da</strong> equivalente de petróleo), proveniente de diversas fontes primárias.<br />
O grupo com ren<strong>da</strong> familiar de mais de vinte mínimos representa 5% <strong>da</strong> população brasileira e utiliza<br />
cerca de 10% <strong>da</strong> energia total consumi<strong>da</strong> no país. O grupo com ren<strong>da</strong> familiar de até três salários mínimos<br />
representa 50% <strong>da</strong> população e consome 30% do total de energia.<br />
Com base nessas informações, pode-se concluir que o consumo médio de energia para um indivíduo<br />
do grupo de ren<strong>da</strong> superior é x vezes maior do que para um indivíduo do grupo de ren<strong>da</strong> inferior. O<br />
valor aproximado de x é:<br />
a) 2,1.<br />
b) 3,3.<br />
c) 6,3.<br />
d) 10,5.<br />
e) 12,7.<br />
Ro<strong>da</strong>s
Energia: <strong>uso</strong>, <strong>geração</strong> e <strong>impactos</strong> <strong>ambientais</strong><br />
13. (ENEM)<br />
As socie<strong>da</strong>des modernas necessitam ca<strong>da</strong> vez mais de energia. Para entender melhor a relação entre<br />
desenvolvimento e consumo de energia, procurou-se relacionar o Índice de Desenvolvimento<br />
Humano (IDH) de vários países com o consumo de energia nesses países.<br />
O IDH é um indicador social que considera a longevi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> população, o grau de escolari<strong>da</strong>de, o PIB<br />
(Produto Interno Bruto) per capita e o poder de compra. Sua variação é de 0 a 1. Valores do IDH próximos<br />
de 1 indicam melhores condições de vi<strong>da</strong>.<br />
Tentando-se estabelecer uma relação entre o IDH e o consumo de energia per capita nos diversos<br />
países, no biênio 1991-1992, obteve-se o gráfico abaixo, em que ca<strong>da</strong> ponto isolado representa um<br />
país, e a linha cheia, uma curva de aproximação.<br />
Com base no gráfico, é correto afirmar que:<br />
a) quanto maior o consumo de energia per capita, menor é o IDH.<br />
b) os países onde o consumo de energia per capita é menor que 1 TEP não apresentam bons índices<br />
de desenvolvimento humano.<br />
c) existem países com IDH entre 0,1 e 0,3 com consumo de energia per capita superior a 8 TEP.<br />
d) existem países com consumo de energia per capita de 1 TEP e de 5 TEP que apresentam aproxima<strong>da</strong>mente<br />
o mesmo IDH, cerca de 0,7.<br />
e) os países com altos valores de IDH apresentam um grande consumo de energia per capita (acima<br />
de 7 TEP).<br />
18<br />
IDH<br />
1,0<br />
0,9<br />
0,8<br />
0,7<br />
0,6<br />
0,5<br />
0,4<br />
0,3<br />
0,2<br />
0,1<br />
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />
Consumo de energia per capita (TEP/capita)*<br />
*TEP: tonela<strong>da</strong> equivalente de petróleo<br />
Fonte: GOLDEMBERG, J.Energia Meio Ambiente e<br />
Desenvolvimento. São Paulo, Edusp, 1998.
Bibliografia<br />
Goldemberg, J. Energia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. São Paulo, Edusp, 1998.<br />
Reis, L. B. e Silveira, S. Energia Elétrica para o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo, Edusp, 2000.<br />
Jornal O Estado de S. Paulo – edições de 26/5/01, 27/5/01 e 22/7/01.<br />
Revista Época – edição de 14/2/2001.<br />
Revista Engenharia – edição nº- 545/2001, ano 58.<br />
Respostas dos Exercícios<br />
Bibliografia<br />
1. 1kWh = 3,6 10 6 J.<br />
2. 5,4 kWh ; 19,44 10 6 J.<br />
3. 11 lâmpa<strong>da</strong>s.<br />
4. Homem tecnológico: 255 kWh; homem agrícola primitivo: 13,3 kWh.<br />
5. A energia gasta, per capita, em um país de 10 mortes por 1000 nascimentos é três vezes maior que a<br />
gasta por um de 40 mortes por 1000 nascimentos.<br />
6. a) 57,6 kWh.<br />
b) 57,6% do total proposto são gastos só com banhos,sobrando 42,4 kWh para o restante <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des.<br />
c) 1,9 10 10 kWh.<br />
d) R$ 27,65, desconsiderando-se os impostos.<br />
e) 1,9 10 6 tonela<strong>da</strong>s.<br />
7. A<br />
8. E<br />
9. E<br />
10. D<br />
11. A<br />
12. B<br />
13. D<br />
19