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Mar Pesca - SAPERJ

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Capa - Fábio Assis GUERRA<br />

<strong>Pesca</strong> <strong>Mar</strong> anos 23<br />

InformatIvo do sIndICato dos armadores de pesCa do estado do rIo de JaneIro - ano XXIII – setemBro/outuBro - nº 141<br />

ETA SORTE<br />

MARVADA!<br />

ILUSTRAÇÕES DOS ATUNS<br />

do atuM<br />

•o <strong>Mar</strong>, a pesca e as <strong>Mar</strong>És da opinião<br />

•uM <strong>Mar</strong> de cinZas<br />

•do MilaGre ao desastre<br />

ARIGATÔ<br />

BLAZIL!


PALAvRA DO PRESIDENTE<br />

Nesta edição comemoramos os 23 anos da nossa<br />

revista <strong>Pesca</strong> & <strong>Mar</strong> e os 64 anos do <strong>SAPERJ</strong>. Os dois<br />

estão juntos, unidos, apesar da diferença de idade.<br />

Estão bem de saúde, e isso é o que importa. Parabéns<br />

para os dois.<br />

O interessante, como se pode ler nas páginas que<br />

seguem, é que existem várias opiniões sobre o mar<br />

e a pesca.<br />

Gostaria de voltar aos meus tempos de jovem.<br />

Podem até não acreditar, mas um dia, há um bom<br />

tempo, eu fui jovem. Acho que posso até dizer que<br />

o mar e a pesca também eram jovens lá no passado.<br />

Naqueles tempos que já lá se vão eu acordava de<br />

madrugada e me aprontava para subir a bordo do<br />

barco, que também era jovem. Saía pela barra afora<br />

e navegava em um mar que não tinha complicação<br />

nenhuma. Era um mar que me encarava olho no<br />

olho, um mar farto, despreocupado quando estava<br />

o mar,<br />

a pesCa<br />

e as marÉs da opInIÃo<br />

São várias, são muitas as opiniões sobre o mar e a pesca. Elas vão e vêm como as<br />

marés. São as marés da opinião. Eu gostaria de fi car com a minha experiência<br />

do mar e dos peixes de antigamente. Mas vão me chamar de ultrapassado, de<br />

reacionário, de saudosista. De saudosista até que podem me chamar. Tenho<br />

saudades do tempo em que o mar era menos complicado e a gente navegava porque<br />

era preciso. É claro que continuamos a navegar, mas hoje tudo é diferente, tudo<br />

é impreciso. Ninguém conhece o futuro. E isso é razão para esperança. A pesca é<br />

uma das artes mais antigas da humanidade. Espero que ela continue forte, rija e<br />

indispensável por muito tempo.<br />

4 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

de bom humor e um pouco violento quando estava<br />

com maus bofes. Mas esse tipo de temperamento<br />

é o mesmo do mar de ontem e do mar de agora.<br />

O certo é que o mar e o barco se entendiam e se<br />

respeitavam. Esse respeito mútuo é o segredo para<br />

quem deseja uma boa pesca. O respeito é a chave da<br />

boa convivência.<br />

Mas o mar de hoje parece um velho rabugento. Está<br />

cheio de leis e de zonas onde se pode e onde não se<br />

pode pescar. Dizem até que ele está agonizando. Sofre<br />

de esgotos despejados sem nenhum tratamento, de<br />

derramamento de petróleo, de aquecimento global.<br />

Os especialistas e os estudiosos (no meu tempo os<br />

especialistas e estudiosos éramos nós, mas ninguém<br />

tirou diploma de coisa nenhuma), pois então, os<br />

estudiosos e os especialistas dizem que em 50 anos<br />

houve uma redução de 80% dos recifes de coral por<br />

diferentes causas, entre elas a extração, a poluição,


a pesca predatória e o aumento da temperatura dos<br />

mares. Dizem (pode-se ler nesta edição) que até a<br />

década de 1980 houve muita extração de corais para<br />

fabricação de cal no país. Essa remoção era feita com<br />

picaretas ou explosivos. Só houve uma redução após<br />

a criação de leis específi cas. Além disso, diz o estudo,<br />

a mudança climática, o aumento da temperatura dos<br />

oceanos e a frequência mais elevada de fenômenos<br />

como “El Niño” estão acabando com o velho mar.<br />

Pois até os barcos andam meio cansados. Eles<br />

estão pesados de impostos e, pelos menos os nossos,<br />

são obrigados a navegar com aparelhos para serem<br />

rastreados por satélite. Isso é novo, o satélite.<br />

Quem poderia imaginar que um dia nós usaríamos<br />

tornozeleiras eletrônicas para confi rmar se estamos<br />

pescando isso ou aquilo, aqui ou acolá. E também<br />

ninguém poderia imaginar que haveria tanta<br />

plataforma de petróleo. Tanta plataforma que o mar<br />

mais parece um paliteiro. E isso também faz o mar<br />

fi car mais velho, pelo menos diferente dos tempos<br />

que lá se foram.<br />

E os peixes? Hoje parece que tem gente que sabe<br />

mais de peixe do que nós, pescadores da antiga.<br />

Pode ser. E alguns desses sábios garantem que os<br />

peixes não estão só diminuindo, mas também estão<br />

PALAvRA DO PRESIDENTE<br />

encolhendo. E a culpa é do tal aquecimento global<br />

dos oceanos.<br />

Como já disse antes, são várias, são muitas as<br />

opiniões sobre o mar e a pesca. Elas vão e vêm como<br />

as marés. São as marés da opinião. Eu gostaria de<br />

fi car com a minha experiência do mar e dos peixes<br />

de antigamente. Mas vão me chamar de ultrapassado,<br />

de reacionário, de saudosista. De saudosista até que<br />

podem me chamar. Tenho saudades do tempo em<br />

que o mar era menos complicado e a gente navegava<br />

porque era preciso. É claro que continuamos a<br />

navegar, mas hoje tudo é diferente, tudo é impreciso.<br />

Por via das dúvidas, fi co por aqui. E aproveito<br />

para dar parabéns a todos os que, antes de mim,<br />

deram o seu melhor para que o <strong>SAPERJ</strong> continuasse<br />

na luta. E também dou parabéns para a revista <strong>Pesca</strong><br />

& <strong>Mar</strong>. Nunca pensei que um dia estaria presidente<br />

de sindicato e com palavra numa revista. Ninguém<br />

conhece o futuro. E isso é razão para esperança. A<br />

pesca é uma das artes mais antigas da humanidade.<br />

Espero que ela continue forte, rija e indispensável<br />

por muito tempo.<br />

Leonardo <strong>Mar</strong>ques Torres<br />

Presidente do <strong>SAPERJ</strong><br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 5


<strong>SAPERJ</strong> EM AÇãO<br />

Ilustração Fábio Assis<br />

O casal 20 da pesca<br />

O <strong>SAPERJ</strong> (Sindicato dos Armadores de <strong>Pesca</strong><br />

do Estado do Rio de Janeiro) está fazendo 64 anos<br />

em outubro. Está lá no nosso site: no dia 8 de junho<br />

de 1948 era fundada a Associação Profi ssional dos<br />

Armadores do Rio de Janeiro, constituída para fi ns<br />

de estudo, coordenação, proteção e representação<br />

legal da categoria dos armadores de pesca na base<br />

territorial do Estado da Guanabara. Em 1973, passa a<br />

se chamar Sindicato dos Armadores de <strong>Pesca</strong> do Rio<br />

de Janeiro. Em 1997, passa a se chamar Sindicato dos<br />

Armadores de <strong>Pesca</strong> do Estado do Rio de Janeiro,<br />

fi liando-se em 1999 à Federação de Agricultura do<br />

Estado do Rio de Janeiro e tendo como objetivos<br />

“estudar, propor, pleitear e adotar medidas cabíveis<br />

aos interesses dos produtores rurais, armadores de<br />

pesca, constituindo-se seu defensor e cooperar em<br />

6 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

tudo quanto possa concorrer para a prosperidade da<br />

categoria que representa”.<br />

O ano do nascimento é muito importante. O que<br />

aconteceu em 1948?<br />

A 30 de Janeiro de 1948, Mahatma Gandhi, líder<br />

espiritual e dirigente da luta pela independência da<br />

Índia, é assassinado por um fanático hindu.<br />

Depois de uma espera de 1.878 anos, os judeus<br />

ganham um país. Mas a independência de Israel não<br />

encerra a longa marcha: a diplomacia fracassa e a<br />

guerra com os árabes continua.<br />

A Coreia é dividida em duas: a Coreia do Sul e a<br />

Coreia do Norte, separadas pelo paralelo 38º N.<br />

Os Jogos Olímpicos que deveriam ter<br />

acontecido em 1940 e em 1944 apenas fi guraram<br />

cronologicamente nos documentos e estatísticas


do COI. Assim, em 1948 acontece a XIV Olimpíada<br />

da Era Moderna, que teve o mérito de homenagear<br />

um país que lutou com tanta bravura, estoicismo e<br />

ficou muito ferido, material e psicologicamente: a<br />

Inglaterra. A mesma que sediou os Jogos Olímpicos<br />

de 2012.<br />

Entre os que nasceram em 1948 está a novelista<br />

Glória Perez. Ela deveria ser a nossa padroeira<br />

feminina, porque a nossa vida é uma novela. São<br />

Pedro, com certeza, aprovaria.<br />

Já a revista <strong>Pesca</strong> & <strong>Mar</strong> está fazendo 23 anos.<br />

Portanto, nasceu em 1989.<br />

Nesse ano o Campeonato Brasileiro de Futebol<br />

foi vencido pelo Vasco.<br />

O petroleiro norte-americano Exxon Valdez<br />

encalha num recife em Prince William Sound,<br />

no Alaska, derramando 40 mil toneladas de óleo<br />

cru que se espalhou ao longo de um raio de 1.770<br />

quilômetros.<br />

Foi o ano da instituição do cruzado novo.<br />

Com certeza o grande acontecimento daquele<br />

ano foi a queda do Muro de Berlim. Considerado um<br />

dos maiores símbolos da Guerra Fria, o muro deixou<br />

de existir em 8 de novembro de 1989. Sua queda<br />

simbolizou o desmoronamento do comunismo na<br />

Europa Central e Oriental, que começou na Polônia<br />

e na Hungria. Confrontado com um êxodo maciço<br />

de sua população para o Ocidente, o Governo da<br />

Alemanha Oriental abriu as suas fronteiras. Foi a<br />

reunificação da Alemanha após mais de 40 anos de<br />

separação.<br />

Para muitos de nós, 1948 e 1989 não têm grande<br />

significado. Nós, da pesca, não somos muito ligados<br />

em datas. Afinal de contas, o passado passou. O<br />

presente, o dia de hoje, está passando. Estamos<br />

de olho no futuro. Quando o <strong>SAPERJ</strong> bater nos<br />

100 anos, a revista terá 59. Continuará a mesma<br />

diferença de 41 anos. Não sabemos se os dois<br />

continuarão juntos. Nem mesmo se existirão. De<br />

qualquer forma, não custa nada dizer que os dois<br />

têm sido bons companheiros de luta até agora, um<br />

Casal 20.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 7


NA BEIRA DO CAIS<br />

Neil Armstrong entrou para a história em 20 de julho de 1969, quando se tornou o<br />

primeiro homem a pisar na Lua. O momento foi imortalizado com uma frase que<br />

fez com que Armstrong aumentasse sua lenda: “Este é um pequeno passo para um<br />

homem, mas um grande salto para a humanidade”.<br />

Estamos esperando outro salto.<br />

Na pesca, estamos marcando passo e com um marca-passo o velho coração.<br />

Do jeito que a coisa está, nós vamos acabar virando cinzas e o mar vai virar sertão.<br />

As cinzas de Neil Armstrong, primeiro homem<br />

a pisar na Lua, foram lançadas no oceano<br />

Atlântico durante cerimônia a bordo do portaaviões<br />

americano USS Philippine Sea, de acordo<br />

com a agência espacial americana (NASA). O<br />

sepultamento com todas as honras militares e<br />

na presença da viúva, Carol Armstrong, ocorreu<br />

no dia seguinte a uma celebração na catedral<br />

nacional de Washington. A NASA não informou o<br />

local exato onde as cinzas foram lançadas no mar,<br />

mas publicou fotos da cerimônia em sua página na<br />

internet.<br />

8 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Por falar em cinzas, as de Osama Bin Laden<br />

também foram lançadas em algum ponto do oceano<br />

para evitar qualquer tipo de peregrinação que,<br />

certamente, faria uma grande concorrência a Meca.<br />

Por outro lado, sua morte ofi cial permitiu<br />

aos Estados Unidos evitar um processo jurídico<br />

que poderia favorecer a Al-Qaeda e gerar graves<br />

problemas para o presidente americano Barack<br />

Obama, estimam analistas. Bin Laden era procurado<br />

“vivo ou morto” e sua cabeça estava avaliada em<br />

US$ 25 milhões. Além disso, a imagem de um Bin<br />

Laden algemado e vestido com roupa de prisioneiro


abriria, segundo analistas, uma “Caixa de Pandora”<br />

no processo jurídico do líder da Al-Qaeda. Se ele<br />

tivesse sido capturado, “o julgamento poderia ter se<br />

transformado em um circo, seu encarceramento teria<br />

se transformado num circo”.<br />

Mas o circo está armado por causa do livro “No<br />

Easy Day” (Um dia difícil, em tradução capenga), sobre<br />

a morte dele. O chefe do Pentágono, Leon Panetta,<br />

denunciou que o livro, escrito por um ex-Seal, é<br />

como uma violação inaceitável da confi dencialidade<br />

que pode colocar em perigo futuras operações e a<br />

segurança das tropas americanas.<br />

Em suas primeiras declarações sobre o livro,<br />

Panetta disse ao programa “CBS This Morning”<br />

que os americanos têm o direito de saber a respeito<br />

do esforço feito para derrotar Bin Laden, mas os<br />

comandos que fi zeram parte da operação devem<br />

seguir as normas que os proíbem de divulgar<br />

informações confi denciais. “Eu não posso, como<br />

secretário, enviar um sinal aos integrantes das<br />

forças Seals que realizam as operações no sentido<br />

de que ‘podem realizar estas operações e depois<br />

escrever um livro sobre elas, ou vender sua história<br />

ao New York Times. Como diabos podemos realizar<br />

operações sensíveis contra inimigos se as pessoas<br />

estão autorizadas a fazer isso?”, disse Panetta, que<br />

supervisionou o ataque contra Bin Laden, como<br />

diretor da CIA na época.<br />

O Pentágono ameaçou processar o ex-soldado<br />

que escreveu “No Easy Day”. Quando soldados dos<br />

Estados Unidos não respeitam seu compromisso<br />

de proteger informações sensíveis, “nós temos que<br />

garantir que cumpram a promessa que fi zeram ao<br />

seu país”, disse Panetta.<br />

Ao revelar segredos do<br />

ataque, “de fato põe em<br />

perigo outras operações e a<br />

vida de outras pessoas que<br />

estão envolvidas nelas”,<br />

acrescentou. Também disse<br />

que o autor, que escreveu<br />

sob um pseudônimo, mas foi<br />

identifi cado pela imprensa<br />

como Matt Bissonnette, pôs<br />

sua própria vida em perigo<br />

ao publicar o livro. Se for<br />

considerado que Bissonnette<br />

violou seu acordo de confi dencialidade, poderá ser<br />

obrigado a renunciar a qualquer ganho com o livro;<br />

além desse lado monetário, tem outro: o de atingir<br />

Barack Obama às vésperas das eleições presidenciais<br />

com um argumento de que Obama (afi nal foi ele<br />

quem ordenou a missão) matou Osama desarmado.<br />

“Como assim?”, perguntaria o bêbado do meu bairro.<br />

Voltando a Neil Armstrong. Ele entrou para a<br />

história em 20 de julho de 1969, quando se tornou<br />

o primeiro homem a pisar na Lua. O momento<br />

foi imortalizado com uma frase que fez com que<br />

Armstrong aumentasse sua lenda: “Este é um<br />

pequeno passo para um homem, mas um grande<br />

salto para a humanidade”.<br />

Estamos esperando outro salto. Na pesca,<br />

estamos marcando passo e com um marca-passo<br />

no velho coração. Do jeito que a coisa está, nós<br />

vamos acabar virando cinzas e o mar vai virar<br />

sertão.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 9


FOLHA DE PAGAMENTO<br />

Governo atende<br />

reivindicação do setor<br />

pesqueiro nacional<br />

O ministro da Fazenda Guido Mantega anunciou benefícios para 25 setores da<br />

economia, entre eles a indústria de pescado. A partir de janeiro de 2013, os 20% de<br />

contribuição do INSS serão substituídos pelo pagamento da alíquota de 1% sobre o<br />

faturamento – isso significa a eliminação da contribuição previdenciária patronal.<br />

Essa medida vai beneficiar a indústria pesqueira.<br />

A desoneração da folha de pagamento, aliada ao<br />

controle das importações predatórias, é fundamental<br />

para a recuperação da indústria pesqueira nacional.<br />

Atualmente o setor pesqueiro concorre em condições<br />

desiguais com as importações de origem asiática,<br />

bem como as do Uruguai e Argentina, que pelo longo<br />

período de valorização do Real ganharam mercado<br />

no Brasil, aumentando as dificuldades da indústria<br />

pesqueira nacional.<br />

O vice-presidente setorial de Aquicultura do<br />

CONEPE, Itamar Rocha, que também é presidente<br />

da Associação Brasileira de Criadores de Camarão<br />

(ABCC), acredita que com a desoneração a indústria<br />

da pesca vai poder profissionalizar os processos de<br />

produção. “Essa medida permite a industrialização<br />

do pescado, para um melhor aproveitamento do<br />

produto, que é muito perecível. Necessitamos desse<br />

incentivo porque é muito caro manter a indústria de<br />

processamento. Por isso mesmo ainda precisamos ser<br />

dispensados do pagamento de impostos como PIS e<br />

COFINS, o que já ocorre com indústrias de carne de<br />

boi e de frango”, disse.<br />

Essas reivindicações foram discutidas no Conselho<br />

Nacional de Aquicultura e <strong>Pesca</strong> (CONAPE), órgão<br />

consultivo do Ministério da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura, em<br />

reuniões recentes.<br />

Benefício - Para aproveitar os benefícios fiscais,<br />

10 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

os empresários do setor devem respeitar alguns<br />

condicionantes, como a não demissão de trabalhadores<br />

e o aumento da formalização do trabalho, dos<br />

investimentos, da produção, da produtividade e das<br />

exportações. De acordo com Mantega, a medida<br />

vai incentivar a redução do custo da mão de obra e<br />

tornar as empresas mais competitivas neste momento<br />

de crise internacional. “Lá fora, estão diminuindo<br />

salários e benefícios dos trabalhadores. Aqui, nada<br />

disso acontece. Estamos tirando a contribuição<br />

patronal de modo a preservar os salários”, destacou,<br />

acrescentando que isso implicará também em um<br />

aumento da formalização de trabalhadores.<br />

Essa medida também trará benefícios para o<br />

consumidor, que poderá encontrar produtos mais<br />

baratos e, assim, impulsionar as vendas. Segundo<br />

Mantega, menor carga tributária também contribui<br />

para uma inflação menor, já que os setores se<br />

comprometeram a repassar para os preços essa<br />

redução de custos. “Repassando aos preços, [as<br />

empresas] vão competir com produtos importados<br />

com preços menores”, afirmou. Ainda segundo<br />

o ministro, a medida também é vantajosa para as<br />

empresas exportadoras, pois não têm faturamento e,<br />

consequentemente, não terão de pagar o imposto.<br />

Números - De acordo com o ministro da Fazenda, o<br />

impacto da redução de tributos em 2013 será de R$<br />

12,83 bilhões, que corresponde a 0,26% do PIB de


De acordo com o ministro da Fazenda, o impacto da redução de tributos em 2013 será de R$ 12,83 bilhões.<br />

2013 (R$ 4,9 trilhões). Para 2014, o impacto será de<br />

R$ 14,11 bilhões. Ele explicou que, se considerados<br />

todos os setores já beneficiados pela desoneração,<br />

as empresas deixarão de pagar R$ 21,57 bilhões de<br />

INSS. Com o imposto sobre o faturamento, a despesa<br />

será reduzida a R$ 8,74 bi.<br />

A desoneração da folha de pagamento teve<br />

início em agosto do ano passado, no lançamento do<br />

programa Brasil Maior, que visa fortalecer a indústria<br />

nacional. Desde agosto deste ano, 15 setores de mão<br />

de obra intensiva estão aproveitando o benefício.<br />

Segundo o Ministério da Fazenda, a desoneração<br />

da folha de pagamento visa reduzir o custo da mão<br />

de obra, sem diminuir os salários e os direitos dos<br />

trabalhadores, o custo de produção e exportação;<br />

combater a inflação; aumentar a competitividade do<br />

produto nacional; gerar mais empregos; formalizar<br />

mão de obra; e expandir o Produto Interno Bruto.<br />

Fonte: Ministério da Fazenda (www.fazenda.gov.br) e<br />

Ministério da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura (www.mpa.gov.br).<br />

correiodeuberlandia.com.br<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 11


EMBRAPA<br />

seguranÇa alImentar<br />

A EMBRAPA Agroindústria de Alimentos e a<br />

FIPERJ, com apoio do projeto Monitoramento da<br />

<strong>Pesca</strong> no Estado do Rio de Janeiro – Estatística<br />

Pesqueira, estão desenvolvendo o projeto “Adequação<br />

da segurança alimentar na cadeia produtiva de<br />

pescados no Estado do Rio de Janeiro”. Segundo<br />

os coordenadores Roberto Machado, da EMBRAPA,<br />

e Flávia Calixto, da FIPERJ, “nossa proposta é<br />

contribuir com o setor pesqueiro fl uminense e com<br />

o aumento da confi ança do consumidor”.<br />

O projeto realiza ações de coleta de amostras de<br />

sardinha-verdadeira e corvina, espécies escolhidas<br />

pela importância econômica que representam na<br />

pesca no Estado, em pontos de desembarque de<br />

Angra dos Reis, Cabo Frio, Mangaratiba, Niterói<br />

(Itaipú, Jurujuba e Ponta D’Areia) e São Gonçalo. As<br />

amostras são remetidas para laboratório, onde são<br />

submetidas a análises biométricas e de qualidade<br />

da carne (composição centesimal, determinação do<br />

pH, capacidade de retenção de água, perda de água<br />

por cozimento, força de cisalhamento, determinação<br />

da cor, CMS), que podem indicar a padronização<br />

do pescado para sua industrialização, assim como<br />

fornecer informações úteis para o aperfeiçoamento<br />

da cadeia produtiva.<br />

Neste semestre serão verifi cadas as condições de<br />

embarcações e pontos de desembarque por meio<br />

de observação e aplicação de questionários. Ao fi nal<br />

do projeto, serão encaminhadas recomendações<br />

12 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

técnicas aos órgãos públicos relacionados assim<br />

como para as entidades representativas do setor,<br />

visando políticas públicas para o mesmo.<br />

Laboratório no Japão<br />

Iniciativa é uma parceria entre a entidade brasileira<br />

e o Centro Internacional Japonês para Pesquisas<br />

em Ciências Agrícolas. EMBRAPA e Jircas também<br />

farão estudos estratégicos para desenvolvimento<br />

sustentável de áreas rurais e trabalho na área da<br />

aquicultura.<br />

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

(EMBRAPA) assina acordo com o Centro<br />

Internacional Japonês para Pesquisa em Ciências<br />

Agrícolas (Jircas), para criação do quinto Laboratório<br />

Virtual da EMBRAPA no Exterior (Labex). Localizado<br />

em Tsukuba, cidade tecnológica próxima à Tóquio, o<br />

laboratório terá como piloto das atividades a serem<br />

desenvolvidas o projeto “Tecnologia de engenharia<br />

genética para soja tolerante a estresses ambientais”.<br />

O projeto integra as medidas de desenvolvimento<br />

de tecnologia genética para culturas com tolerância<br />

à degradação do ambiente. Além do uso de genes<br />

específi cos e ferramentas moleculares para o<br />

melhoramento genético, a EMBRAPA e o Jircas<br />

farão estudos estratégicos para desenvolvimento<br />

sustentável de áreas rurais e trabalho na área da<br />

aquicultura.<br />

Segundo o presidente da EMBRAPA, Pedro


Arraes, a criação do Labex Japão reafi rma a<br />

importância da cooperação internacional. Para ele,<br />

programas como o Laboratório Virtual permitem<br />

à Empresa alocar pesquisadores em instituições<br />

internacionalmente renomadas para atuar em áreas<br />

estratégicas para a agricultura nacional.<br />

O que é a EMBRAPA<br />

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

(EMBRAPA) é uma instituição pública de pesquisa<br />

vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento. Criada em 26 de abril de 1973, tem<br />

como objetivo o desenvolvimento de tecnologias,<br />

conhecimentos e informações técnico-científi cas<br />

voltadas para a agricultura e a pecuária brasileiras.<br />

Tem como missão “Viabilizar soluções de pesquisa,<br />

desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade<br />

da agricultura, em benefício da sociedade brasileira”.<br />

A sua atuação junto à sociedade baseia-se numa<br />

estrutura organizacional composta de Unidades de<br />

Pesquisa, Unidades de Serviços e Unidades Centrais,<br />

contando com 9.248 empregados, dos quais 2.215 são<br />

pesquisadores. Suas unidades (centros de pesquisa)<br />

estão distribuídas em quase todos os Estados do<br />

Brasil e suas ações de pesquisa têm abrangência<br />

nacional.<br />

Está sob a sua coordenação o Sistema Nacional<br />

de Pesquisa Agropecuária-SNPA, constituído<br />

por instituições públicas federais, estaduais,<br />

universidades, empresas privadas e fundações que, de<br />

forma cooperada, executam pesquisas nas diferentes<br />

áreas geográfi cas e campos do conhecimento<br />

científi co.<br />

Em termos de cooperação internacional, a<br />

EMBRAPA mantém 78 acordos bilaterais de<br />

cooperação técnica com mais de 56 países e 89<br />

instituições, bem como acordos multilaterais<br />

com 20 organizações internacionais, envolvendo<br />

principalmente a pesquisa em parceria. Mantém<br />

ainda laboratórios virtuais no exterior (Labex) para<br />

o desenvolvimento de pesquisas e prospecção de<br />

tendências em temas na fronteira do conhecimento<br />

nos Estados Unidos, França, Inglaterra, Holanda e<br />

Coreia do Sul. Também estabeleceu um escritório<br />

em Gana para compartilhar conhecimento científi co<br />

e tecnológico junto aos países africanos e, mais<br />

recentemente, no Panamá e Venezuela, visando uma<br />

atuação na América Latina.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 13


RÁDIO PEIXE<br />

superMercados<br />

entram no<br />

debate sobre<br />

comercialização<br />

de<br />

Diante da expansão do setor pesqueiro, o segmento<br />

de supermercados entra na discussão para buscar<br />

soluções para os principais pontos-chave com<br />

relação ao pescado. Na Aquapescabrasil, o Diretor<br />

Comercial de Carnes do Grupo Pão de Açúcar, Pedro<br />

Henrique dos Santos Pereira, e o Vice-presidente<br />

Comercial de Perecíveis do Walmart Brasil, Alain<br />

Benvenuti, participam da mesa redonda que irá<br />

tratar sobre a comercialização de pescado, ao lado<br />

As empresas Camil, Cosan Alimentos e Gávea<br />

Investimentos vão se associar para criar uma nova<br />

companhia. A informação foi confi rmada pela Cosan<br />

em 29 de maio. A associação entre as marcas de<br />

expressão no mercado nacional cria uma empresa líder<br />

nos mercados de açúcar, arroz e pescados.<br />

Em nota, o Vice-presidente de Finanças da Cosan<br />

afi rmou que o negócio representa ainda mais um<br />

passo da Camil em sua estratégia de se tornar uma das<br />

maiores empresas de marcas de alimentos da América<br />

Latina.<br />

Como resultado da associação, a Cosan receberá R$<br />

345 milhões, que serão deduzidos do endividamento<br />

bancário da Docelar. A Cosan fi ca responsável pelo<br />

Ilustração Fábio Assis<br />

de mais representantes do setor, como Associação<br />

Brasileira de Supermercados (ABRAS), Associação<br />

Baiana de Supermercados (ABASE) e Associação<br />

dos Distribuidores e Atacadistas da Bahia (ASDAB),<br />

comprovando a força desta cadeia. Com o crescimento<br />

do consumo de pescado e a profi ssionalização<br />

do setor, aumenta o interesse desse segmento em<br />

discutir parcerias para fortalecer a cadeia produtiva e<br />

incrementar o consumo.<br />

Camil, Cosan e Gávea anunciam união.<br />

A associação cria uma empresa líder nos mercados de açúcar, arroz e pescados.<br />

14 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

pescado<br />

pagamento das dívidas da Docelar no prazo máximo<br />

de três anos. Adicionalmente, a Cosan passará a deter<br />

11,72% da Camil.<br />

Criada em Itaqui, no Rio Grande do Sul, a Camil é<br />

a maior indústria de benefi ciamento de arroz e feijão<br />

da América Latina. Atualmente o grupo tem 12 plantas<br />

produtivas no Brasil, 9 no Uruguai e 4 no Chile. No<br />

fi m de 2011, a empresa gaúcha vendeu participação<br />

equivalente a 31,75% de seu capital social para um fundo<br />

de private equity gerido pela Gávea Investimentos, de<br />

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. A<br />

paulista Cosan Alimentos é líder no mercado varejista<br />

de açúcar no Brasil e detentora das marcas União e Da<br />

Barra. Também atua na área de energia.


ANúNCIO PRIMYL<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 15


PESCA RJ<br />

Cerca de 600 pessoas se inscreveram para participar dos eixos temáticos e dos<br />

debates propostos no auditório do BNDES<br />

A I Conferência Estadual de Desenvolvimento<br />

Regional aconteceu nos últimos dias 17, 18 e<br />

19/09, e foi etapa preparatória para a Conferência<br />

Nacional de Desenvolvimento Regional (CNDR).<br />

A Secretaria de Desenvolvimento Regional,<br />

Abastecimento e <strong>Pesca</strong> (SEDRAP), que presidiu e<br />

coordenou o Comitê Organizador Estadual (COE),<br />

e a Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG)<br />

foram responsáveis pela realização da Conferência.<br />

O secretário de Estado de Desenvolvimento<br />

16 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

I ConferênCIa estadual<br />

lysIa Bernardes<br />

Regional e presidente da Conferência, Pedro<br />

Cascon, integrou a mesa de abertura e ressaltou<br />

a importância de um evento como este para o<br />

Estado, destacando a importância do primeiro<br />

eixo de debate (Governança, Participação Social e<br />

Diálogo Federativo). ”Esse eixo é estruturante para<br />

todo o processo de planejamento que pretendemos<br />

avançar”, declarou, agradecendo a presença de<br />

todos os componentes da mesa de abertura e<br />

aos presentes na Conferência, dando abertura à


solenidade no auditório do edifício sede do BNDES.<br />

A Conferência, que foi estruturada por meio<br />

da análise e discussão do contexto atual do Estado<br />

do Rio, contou ainda com representantes das<br />

instituições de ensino e pesquisas, com o setor<br />

empresarial, com entidades do poder público e<br />

com a presença da sociedade civil. Está dividida em<br />

quatro eixos de debate e pretende contribuir com o<br />

planejamento e formulação de políticas públicas em<br />

âmbito estadual e na revisão da Política Nacional de<br />

Desenvolvimento Regional – PNDR.<br />

A realização de conferências em nível estadual<br />

e macrorregional é etapa preliminar à nacional,<br />

que ocorrerá em Brasília. É iniciativa do Ministério<br />

da Integração, que visa à revisão da PNDR, por<br />

intermédio da articulação federativa e social,<br />

contando também com o apoio do Instituto de<br />

Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).<br />

Secretaria recebe recebe candidatos candidatos aprovados no<br />

aprovados segundo concurso, no segundo em 20 anos, concurso, da FIPERJ em<br />

20 Primeira anos, da semana FIPERJ foi de Primeira capacitação semana e integração foi<br />

de capacitação ao novo ambiente e integração de trabalho ao novo<br />

ambiente de trabalho<br />

Vinculada à Secretaria de Estado de<br />

Desenvolvimento Regional, a Fundação Instituto<br />

de <strong>Pesca</strong> do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ),<br />

recebeu em sua sede, no dia 03/09, os candidatos<br />

aprovados no concurso público. A reunião foi para<br />

tratar da documentação necessária e da distribuição<br />

das lotações onde os aprovados irão trabalhar.<br />

Realizado 20 anos depois, o 2° concurso da<br />

FIPERJ serviu para somar mais integrantes à<br />

equipe, e o intuito da capacitação foi de prepará-los<br />

para o que vem pela frente.<br />

Para o secretário de Desenvolvimento Regional,<br />

Pedro Cascon, a entrada dos novos concursados irá<br />

ajudar no desenvolvimento dos projetos realizados<br />

pela FIPERJ. Ele acredita que a Fundação precisa<br />

de gente capacitada para dar continuidade ao<br />

trabalho pesqueiro, e que a realização do concurso<br />

e os 25 anos da FIPERJ, que serão completados<br />

ainda nesse ano, são marcos importantes. Para<br />

ele, é preciso aproveitar essa energia e avançar no<br />

processo de construção de uma estrutura pública<br />

profissional.<br />

“Acredito que vocês vieram para acrescentar,<br />

não só à FIPERJ, mas ajudar a pesca em geral.<br />

Queremos continuar trazendo melhorias e<br />

PESCA RJ<br />

condição de trabalho aos pescadores e para a<br />

estrutura pesqueira, e vocês serão fundamentais<br />

nesse processo”, afirmou o secretário.<br />

Os novos técnicos participaram, entre 11 e 14<br />

de setembro, do processo de Capacitação Inicial da<br />

FIPERJ, que foi realizado no auditório da Imprensa<br />

Oficial do RJ. Os técnicos já começaram a ser<br />

preparados para atuar nos municípios para que<br />

foram designados.<br />

Os concursados conheceram os principais<br />

Programas Governo do Estado a cargo da<br />

Secretaria de Desenvolvimento Regional, além dos<br />

projetos de Governo para os setores da Aquicultura<br />

e da <strong>Pesca</strong>. Foram apresentados os programas do<br />

Governo Federal para aquicultura e pesca, a cargo<br />

do Ministério da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura, e o Ministério<br />

do Desenvolvimento Agrário, como é o caso do<br />

PRONAF, além de palestras com o IBAMA sobre as<br />

atividades de licenciamento ambiental, fiscalização<br />

e ordenamento pesqueiro.<br />

Ao longo da semana os novos funcionários<br />

assistiram palestras: da Secretaria de Estado de<br />

Agricultura e Pecuária (SEAPEC), quando houve<br />

a apresentação do Programa de Desenvolvimento<br />

Rural Sustentável em Microbacias Hidrográficas do<br />

Estado do Rio de Janeiro (Rio Rural); da Associação<br />

Pro-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio<br />

Paraíba do Sul (Agevap); da Fundação de Amparo<br />

à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ);<br />

da CONAPE/<strong>SAPERJ</strong>, e dos coordenadores da<br />

FIPERJ.<br />

O presidente da FIPERJ, <strong>Mar</strong>co Botelho,<br />

explicou sobre a importância dessa capacitação,<br />

pois assim os concursados passam a conhecer<br />

melhor seu local de trabalho. “Nosso trabalho é<br />

dar assistência aos pescadores. Inclusive, estamos<br />

fazendo um trabalho de requalificação das colônias,<br />

para tratar os pescadores e que estes passem a<br />

ter boas condições de moradia. Iremos realizar<br />

novamente essa capacitação no final do ano, para<br />

sabermos o feedback sobre as ações realizadas por<br />

vocês”, afirmou o presidente.<br />

Para o diretor de Produção e Pesquisa, esse<br />

concurso foi a realização de um sonho. “A FIPERJ<br />

tem tudo para crescer. Sei que a entrada dos<br />

concursados irá unir forças à nossa equipe para<br />

continuarmos nessa luta, até porque o processo<br />

ainda está em andamento. Temos que nos preocupar<br />

com o nosso público-alvo, pois este foi por muito<br />

tempo esquecido”, disse Augusto Pereira.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 17


AQUICULTURA<br />

semInárIo em BrasílIa Contará Com<br />

espeCIalIstas noruegueses para dIsCutIr<br />

aquICultura sustentável<br />

Em meados de agosto, o ministro <strong>Mar</strong>celo Crivella<br />

esteve na Noruega, um dos países com tecnologia<br />

pesqueira mais avançada do mundo. Ele participou<br />

de uma importante feira de equipamentos do setor,<br />

conheceu unidades de produção e aprofundou<br />

a parceria entre este país e o Brasil na área de<br />

aquicultura e pesca.<br />

Em meados de setembro, o acordo de cooperação<br />

entre os dois países deu um passo assertivo. Por meio<br />

de videoconferência, especialistas em aquicultura do<br />

Ministério da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura agendaram a visita<br />

de técnicos e gestores noruegueses para a realização<br />

de um seminário em Brasília, nos dias 22 e 23 de<br />

novembro. O seminário discutirá as metodologias<br />

utilizadas nos cálculos da capacidade de suporte e o<br />

monitoramento na criação de pescado em cativeiro<br />

nos reservatórios com águas da União, como é o<br />

caso das grandes hidrelétricas. O seminário também<br />

abordará as ferramentas para a prevenção de escapes<br />

de pescado nos criatórios.<br />

Participou da videoconferência, do lado<br />

brasileiro, em Brasília, a secretária de Planejamento<br />

e Ordenamento da Aquicultura do MPA, <strong>Mar</strong>ia<br />

Fernanda Nince Ferreira, acompanhada do<br />

coordenador-geral Rodrigo Roubach. Também<br />

deram contribuições Flávio Hideki Sakatsume, da<br />

Secretaria de Infraestrutura e Fomento da <strong>Pesca</strong><br />

e Aquicultura do MPA, e <strong>Mar</strong>cio de Souza, da<br />

Assessoria Internacional do Ministério. A Noruega<br />

contou com o interlocutor Anders Trømborg,<br />

dirigente do instituto NOFIMA (Norwegian Institute<br />

of Food, Fisheries and Aquaculture).<br />

18 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

A reunião por videoconferência é uma das etapas<br />

previstas nas ações de cooperação entre o governo<br />

brasileiro, por meio do MPA, e da Noruega, por<br />

meio do Ministério da <strong>Pesca</strong> e Assuntos Costeiros<br />

Norueguês e seus institutos científicos, para troca de<br />

experiências e tecnologias voltadas para a aquicultura<br />

sustentável.<br />

EUA decretam condições de<br />

EUA decretam condições de desastre para setor<br />

desastre para setor pesqueiro<br />

pesqueiro<br />

Prejuízos nos Estados do nordeste do país e<br />

prejuízos nos estados do nordeste do país e<br />

no Alasca fizeram com que muitos criadores não<br />

no Alasca fizeram com que muitos criadores não<br />

conseguissem sobreviver na atividade devido à<br />

conseguissem sobreviver na atividade devido à<br />

escassez de animais<br />

escassez de animais<br />

O Departamento de Comércio dos Estados<br />

Unidos declarou condições de desastre para o setor<br />

pesqueiro nos Estados do nordeste do país, no<br />

Alasca e no Rio Mississippi, abrindo a possibilidade<br />

de ajuda do governo federal a essas áreas.<br />

Prejuízos nos Estados do nordeste e no Alasca<br />

fizeram com que muitos criadores não conseguissem<br />

sobreviver da pesca devido à escassez de animais. No<br />

caso do Rio Mississippi, a inundação no ano passado<br />

prejudicou empresas de ostras e caranguejos,<br />

segundo o governo americano.<br />

– Os pescadores do nordeste estão enfrentando<br />

problemas financeiros devido a uma desaceleração<br />

inesperada da recomposição de estoques de peixes –<br />

disse a secretária do departamento, Rebecca Blank,<br />

em nota. As informações são da Dow Jones.


II FestIval<br />

NO MERCADO SãO PEDRO<br />

O II Festival de Gastronomia do <strong>Mar</strong>, no Mercado<br />

São Pedro, em Niterói, é uma realização da Secretaria<br />

de Estado Desenvolvimento Regional, Abastecimento<br />

e <strong>Pesca</strong>, em parceria com a Fundação Instituto <strong>Pesca</strong><br />

do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ), e tem como<br />

objetivo incentivar o consumo de pescado com foco<br />

na alimentação saudável.<br />

Mais de 60 restaurantes da cidade participam<br />

do projeto preparando pratos que têm como<br />

protagonistas peixes, moluscos (polvos e mariscos),<br />

crustáceos (camarão e lagosta), entre outros.<br />

O festival destaca a gastronomia do mar, na<br />

qual seus aspectos positivos e relevantes se fazem<br />

presentes por meio das artes, falas, práticas,<br />

vivências, aprendizagens, simbolismos e referências<br />

da culinária de pescado e sua diversidade.<br />

Os chefs Danio Braga, Fréderic de Mayer, Daniel<br />

Hollanda e Casa Valdugo ministraram oficinas de<br />

culinária gratuitas para o público presente, que pode<br />

aprender sobre pratos com peixes e outras iguarias<br />

do mar.<br />

ANúNCIO<br />

GASTRONOMIA<br />

“Essa é a segunda edição, e devemos incentivar<br />

o consumo do pescado, focando sempre na<br />

alimentação saudável. Esse é o objetivo do evento.<br />

Além disso, ajuda a projetar a nossa cidade no cenário<br />

da gastronomia do mar. Nós temos aqui o maior<br />

mercado de peixe do nosso Estado, que é o Mercado<br />

de São Pedro, varejista, e é fundamental começarmos<br />

esse evento por aqui”, disse o presidente da FIPERJ,<br />

<strong>Mar</strong>co Botelho.<br />

A FIPERJ também participou com um estande com<br />

atividades lúdicas voltadas para as crianças, levando<br />

informação, conhecimento e prática, por meio da<br />

Educação Ambiental, relacionando questão ambiental<br />

com alimentação saudável. O objetivo da ação foi<br />

mostrar às crianças o quão importante é proteger o<br />

ambiente aquático, ter uma alimentação saudável, além<br />

de divulgar informações sobre qualidade do pescado<br />

aos consumidores na hora da compra.<br />

O evento tem o apoio da Prefeitura Municipal de<br />

Niterói, Casas Valduga, Ohayo Visual Merchandisign<br />

e Comunicação.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 19


DO MILAGRE AO DESASTRE<br />

Só FALTA UM POUCO DE<br />

vONTADE<br />

HUMANA<br />

O terrível é que a pesca brasileira tem condições de alimentar milhões sem<br />

necessidade de qualquer milagre. No entanto nós estamos à beira de um desastre.<br />

O litoral brasileiro perdeu cerca de 80% de seus recifes de corais nos últimos 50<br />

anos devido à extração e à poluição doméstica e industrial, segundo um relatório<br />

que alerta que o restante existente está ameaçado pelos efeitos da mudança<br />

climática. Não há mais multiplicação de peixes. Há diminuição. E até encolhimento.<br />

O que antes era milagre pode virar desastre. No entanto, bastaria um pouco de<br />

vontade humana para virar esse jogo.<br />

Multiplicação dos pães e peixes é o termo utilizado<br />

para se referir a dois diferentes milagres de Jesus. O<br />

primeiro é o único milagre (com exceção da própria<br />

ressurreição) que aparece nos quatro evangelhos<br />

canônicos (em Mateus 14:13-21, <strong>Mar</strong>cos 6:31-44,<br />

Lucas 9:10-17 e João 6:5-15). É também conhecido<br />

como milagre dos cinco pães e dois peixes.<br />

De acordo com os evangelhos, quando Jesus<br />

ouviu que João Batista havia sido morto, ele recuou<br />

solitariamente para um local em Betsaida. A<br />

multidão seguiu Jesus a pé a partir das cidades da<br />

região. Quando Jesus desembarcou e viu a grande<br />

quantidade de gente presente, Ele se compadeceu<br />

deles e curou seus doentes. Conforme a noite<br />

se aproximou, os discípulos chegaram até Ele e<br />

disseram: “Este lugar é deserto e a hora é já passada;<br />

despede, pois, as multidões, para que, indo às<br />

aldeias, comprem alguma coisa para comer”. Jesus<br />

respondeu: “Não precisam ir; dai-lhes vós de comer”.<br />

20 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Os discípulos retrucaram: “Não temos aqui senão<br />

cinco pães e dois peixes”, e Jesus pediu-lhes que<br />

lhos trouxessem.<br />

Ele então ordenou ao povo que se sentasse na<br />

grama. Tomando os cinco pães e os dois peixes e<br />

olhando para o céu, Ele agradeceu e partiu os pães.<br />

Então Ele os deu para os discípulos, e eles os deram<br />

para o povo. Todos puderam comer e se satisfizeram,<br />

sobrando ainda aos discípulos doze cestos com<br />

pedaços de pão. O número dos que comeram era<br />

cinco mil homens, além das mulheres e crianças.<br />

O segundo milagre aparece em <strong>Mar</strong>cos 8:1-9 e em<br />

Mateus 15:32-39, mas não em Lucas e em João. Esse<br />

milagre também é conhecido como milagre dos sete<br />

pães e o peixe.<br />

De acordo com os evangelhos, uma multidão se<br />

ajuntara e estava seguindo Jesus. Ele chamou os<br />

discípulos e disse: “Tenho compaixão deste povo,<br />

porque há três dias que estão sempre comigo e nada


têm que comer. Não quero despedi-los em jejum,<br />

para que não desfaleçam no caminho”. Ao que os<br />

discípulos responderam: “Onde encontraremos<br />

neste deserto tantos pães para fartar tão grande<br />

multidão?”.<br />

Jesus então lhes perguntou quantos pães eles<br />

tinham e a resposta foi “Sete, e alguns peixinhos.”<br />

Ele então pediu ao povo que se sentasse, tomou os<br />

pães e peixes e agradeceu por eles, quebrando os<br />

pães e dando-os aos discípulos que, por sua vez,<br />

os distribuíram ao povo. Toda multidão comeu até<br />

estar satisfeita e, depois do milagre, ainda sobraram<br />

aos discípulos sete cestos com pedaços de pão. O<br />

número dos que comeram foi de quatro mil, além<br />

das mulheres e das crianças. Após a multidão ter se<br />

dispersado, Jesus embarcou num barco e partiu para<br />

as proximidades de Magadan.<br />

O terrível é que a pesca brasileira tem condições<br />

de alimentar milhões sem necessidade de qualquer<br />

milagre. No entanto nós estamos à beira de um<br />

desastre. O litoral brasileiro perdeu cerca de 80% de<br />

seus recifes de corais nos últimos 50 anos devido à<br />

extração e à poluição doméstica e industrial, segundo<br />

um relatório que alerta que o restante existente está<br />

ameaçado pelos efeitos da mudança climática.<br />

O estudo “Monitoramento de recifes de corais<br />

no Brasil”, elaborado pela Universidade Federal de<br />

DO MILAGRE AO DESASTRE<br />

Pernambuco e pelo Ministério do Meio Ambiente,<br />

que começou em 2002 e terminou no ano passado,<br />

foi coordenado pela professora Beatrice Padovani,<br />

do Departamento de Oceanografia. O documento,<br />

que foi apresentado no Congresso Brasileiro de<br />

Unidades de Conservação, realizado em Natal pela<br />

Fundação Grupo Boticário, constata a presença de<br />

corais desde a costa nordeste do Rio Grande do<br />

Norte até o sul da Bahia, se espalhando por cerca de<br />

dois mil quilômetros do litoral.<br />

As conclusões do estudo, que se baseiam em<br />

pesquisas realizadas anteriormente, revelam que<br />

em cinco décadas houve uma redução de 80% dos<br />

recifes de coral por diferentes causas, entre elas a<br />

extração, a poluição, a pesca predatória e o aumento<br />

da temperatura dos mares.<br />

“Até a década de 1980, houve muita extração de<br />

corais para fabricação de cal no país. Essa remoção<br />

era feita com picaretas ou explosivos. Só houve uma<br />

redução após a criação de leis específicas”, relatou<br />

Beatrice. Além disso, o relatório destaca a mudança<br />

climática, o aumento da temperatura dos oceanos e<br />

a frequência mais elevada de fenômenos como “El<br />

Niño”, que aquecem a superfície do Pacífico.<br />

Não há mais multiplicação de peixes. Há<br />

diminuição. E até encolhimento. Aquecimento<br />

de oceanos pode fazer peixes encolherem, revela<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 21


DO MILAGRE AO DESASTRE<br />

pesquisa. Sim. Algumas espécies de peixe podem<br />

encolher entre 14% e 24% por causa do aquecimento<br />

global, aponta uma pesquisa recém-publicada no<br />

periódico Nature Climate Change.<br />

Os autores do estudo projetaram o impacto das<br />

temperaturas crescentes em mais de 600 espécies,<br />

entre 2001 e 2050. Segundo eles, águas mais quentes<br />

têm menor nível de oxigênio, o que leva a peixes com<br />

tamanho consideravelmente menor. Sendo assim,<br />

eles concluem, o controle das emissões de gases do<br />

efeito estufa pode impactar mais ecossistemas do<br />

que se pensava.<br />

Pesquisas prévias apontavam que mudanças na<br />

temperatura oceânica afetariam tanto a localização<br />

quanto a procriação de diversas espécies de peixes.<br />

O novo estudo, porém, joga luz sobre o peso dos<br />

peixes.<br />

Para avaliar isso, os cientistas montaram um<br />

modelo que identifica como os animais reagem<br />

à redução do nível de oxigênio na água, usando<br />

dados do Painel Intergovernamental para Mudanças<br />

Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).<br />

Ainda que os dados apontem para uma mudança<br />

pequena na temperatura da água no fundo dos<br />

oceanos, o impacto disso é grande no que diz respeito<br />

ao tamanho dos peixes. “O aumento da temperatura<br />

eleva diretamente a taxa metabólica do corpo dos<br />

peixes”, disse, à BBC News, William Cheung, da<br />

22 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá), autor<br />

da pesquisa. “Isso demanda mais oxigênio para a<br />

realização de funções corporais comuns. Faltará<br />

oxigênio para o crescimento, e o peixe terá um corpo<br />

menor.”<br />

A equipe de pesquisa também usou seu modelo<br />

para tentar prever a migração de peixes por conta do<br />

aquecimento das águas e concluiu que a maioria das<br />

populações irá em direção aos polos. Sendo assim,<br />

alguns mares frios terão peixes pequenos, comuns<br />

em águas tropicais.<br />

Mas a pesquisa faz a ressalva de que há incertezas<br />

nas previsões de mudanças climáticas e oceânicas<br />

e isso pode afetar o modelo apresentado. Sendo<br />

assim, diz Cheung, são necessários novos estudos.<br />

“Precisamos olhar com mais cuidado para a resposta<br />

biológica (dos peixes) no futuro”, diz ele.<br />

Ao mesmo tempo, outros cientistas alertam para<br />

o impacto disso na produção pesqueira. “Indivíduos<br />

menores vão produzir ovos menores e em menor<br />

quantidade, o que afetará o potencial reprodutivo<br />

dos cardumes e reduzirá sua resistência à pesca e à<br />

poluição”, afirma Alan Baudron, da Universidade de<br />

Aberdeen (Grã-Bretanha), estudioso de cardumes no<br />

<strong>Mar</strong> do Norte.<br />

O que antes era milagre pode virar desastre. No<br />

entanto, bastaria um pouco de vontade humana para<br />

virar esse jogo.


GUERRA DO ATUM<br />

uma luta Bem<br />

desIgual<br />

Os modernos navios japoneses medem até 60 m da popa à proa, têm autonomia<br />

para operar por 90 dias sem aportar e armazenam em seus porões frigorífi cos<br />

até 200 toneladas de pescado, a -60 ºC. Já os atuneiros brasileiros têm 15, 20 anos,<br />

foram adaptados de outras modalidades de pesca e chegam, no máximo, a 24 m de<br />

comprimento. Sem frigorífi cos, exigem constante vaivém entre a zona pesqueira e o<br />

porto, para se abastecer de gelo e descarregar o produto.<br />

É como se os japoneses pescassem com jamantas, e os brasileiros, com carrinhos de<br />

feira. Essa é uma luta desigual. Como tem que ser desigual a luta entre um país que<br />

lança seus barcos até o outro lado do mundo e a de um outro país que simplesmente<br />

não quer sair do nevoeiro de leis, portarias e falta de vontade política.<br />

A reportagem “Sermão aos peixes - A Folha<br />

assistiu a um round da luta pelos cobiçados atuns<br />

brasileiros”, publicada na “Ilustríssima”, caderno<br />

de domingo da Folha de São Paulo, colocou o setor<br />

pesqueiro (e o atum) em evidência. É bem provável<br />

que a repórter Laura Capriglione (e a fotógrafa<br />

<strong>Mar</strong>lene Bergamo) tenha feito o melhor trabalho<br />

sobre o atum (e o setor pesqueiro) nos últimos anos.<br />

Vale a pena mostrar aqui os “melhores momentos”.<br />

GUERRA - Com 8.500 km de costa, o Brasil controla<br />

uma faixa oceânica de 3,5 milhões de km² conhecida no<br />

direito internacional como Zona Econômica Exclusiva<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 23


(ZEE), que corresponde às famosas 200 milhas náuticas<br />

(370 km). É bem ali, numa tripa de oceano de 15 km por<br />

200 km (3.000 km², ou 0,09% do total da ZEE), que se<br />

trava a “guerra do sushi” entre brasileiros e japoneses.<br />

Todos atrás do atum. (...)<br />

Nesses tempos de cardumes magros, a piscosa<br />

costa brasileira entra na disputa como uma das<br />

últimas fronteiras ainda inexploradas: em 2011, não<br />

passou de 10 mil toneladas o total de atuns capturados<br />

em nossas águas, ou 0,15% do total apontado pela<br />

FAO, segundo o Ministério da <strong>Pesca</strong>. (...)<br />

Os modernos navios japoneses medem até 60 m da<br />

popa à proa, têm autonomia para operar por 90 dias<br />

sem aportar e armazenam em seus porões frigoríficos<br />

até 200 toneladas de pescado, a -60 ºC. Já os atuneiros<br />

brasileiros têm 15, 20 anos, foram adaptados de outras<br />

modalidades de pesca e chegam, no máximo, a 24 m<br />

de comprimento. Sem frigoríficos, exigem constante<br />

vaivém entre a zona pesqueira e o porto, para se<br />

abastecer de gelo e descarregar o produto. (...)<br />

É como se os japoneses pescassem com jamantas,<br />

e os brasileiros, com carrinhos de feira. (...)<br />

ARRENDAMENTO - O Ministério da <strong>Pesca</strong><br />

promoveu o milagre da multiplicação dos peixes nos<br />

porões dos barcos japoneses ao facilitar o arrendamento<br />

de embarcações estrangeiras por empresas brasileiras.<br />

Uma delas é a Atlântico Tuna, que opera desde março<br />

de 2011, tendo faturado no ano passado US$ 9 milhões<br />

com a exportação de 2.000 toneladas de atum, ou um<br />

quinto do volume que o país pescou.<br />

Ela pertence ao economista paraibano Gabriel<br />

Calzavara de Araújo, dono ainda de outra empresa do<br />

ramo, a Norpeixe, além de ex-diretor do Departamento<br />

de <strong>Pesca</strong> e Aquicultura do Ministério da Agricultura<br />

(1998-2002, no segundo governo FHC).<br />

Com a publicação do decreto 2.840, de 10/11/1998,<br />

sob a gestão de Calzavara, foram relaxadas as<br />

severas restrições ao arrendamento que acabavam<br />

desanimando os postulantes. Segundo o engenheiro<br />

de pesca José Dias Neto, o decreto aboliu o período<br />

máximo de três anos de arrendamento, autorizando-o<br />

por prazo indefinido. (...)<br />

Em 2010, porém, os arrendamentos voltaram com<br />

tudo. Das 17 licenças para pesca de atum distribuídas<br />

naquele ano a embarcações estrangeiras, 16 foram<br />

dadas a barcos japoneses arrendados pela Atlântico<br />

Tuna, de Calzavara. Em troca de 85% a 90% das vendas,<br />

os japoneses entram com o navio, o equipamento, as<br />

iscas, o combustível, a tripulação e o seguro. Cabe<br />

24 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

a Calzavara obter as autorizações oficiais, apurando<br />

pelo menos 10% das vendas.<br />

Para Giovani Genázio Monteiro, presidente do<br />

Sindipi, Sindicato dos Armadores e das Indústrias<br />

de <strong>Pesca</strong> de Itajaí e Região (SC), “o Brasil só tem<br />

prejuízo com o roubo oficializado a nossos estoques.<br />

O arrendamento transforma, num passe de mágica,<br />

navios japoneses em brasileiros”. (...)<br />

OUTRO LADO - Em defesa de seu negócio,<br />

Calzavara diz que está trazendo a melhor tecnologia<br />

de pesca de atum ao Brasil. “Os japoneses estão<br />

ensinando ao país como aproveitar os imensos e ainda<br />

inexplorados recursos pesqueiros”, afirmou à Folha.<br />

“Estamos buscando uma condição de identificar<br />

os recursos e saber onde estão. Temos o controle das<br />

capturas. Temos de pegar a estatística de capturas e<br />

O ritual ganha escala industrial no navio japonês,<br />

uma verdadeira indústria flutuante que pesca,<br />

limpa, processa, congela, armazena e exporta.<br />

Em vez de lançar 800, são 4.000 os anzóis em<br />

seu espinhel. Enquanto os anzóis brasileiros não<br />

passam de 100 m de profundidade, os japoneses se<br />

infiltram no meio do cardume, entre 200 e 400 m<br />

abaixo da linha do mar.<br />

analisá-las profundamente, como está sendo feito.<br />

São dados públicos, acompanhados pelo Ministério da<br />

<strong>Pesca</strong> no desembarque. Estamos vendo que temos um<br />

estoque muito maior, temos o recurso perto da gente. Sou<br />

contra o arrendamento que não agrega informações. O<br />

objetivo do arrendamento é abrir fronteiras”, afirmou o<br />

empresário.<br />

A reportagem obteve registros de pesca de atum<br />

realizados nos anos 50 por um navio japonês de<br />

prospecção, operando na mesma região do Rio Grande<br />

do Sul. E perguntou a Calzavara por que, se o propósito<br />

dos arrendamentos é “identificar os recursos e saber onde<br />

estão”, a pesca do Kinei <strong>Mar</strong>u, por exemplo, estava sendo<br />

realizada em pesqueiro já tão conhecido.<br />

“Os navios japoneses precisam concluir o trabalho de<br />

informação. Quando isso acontecer, talvez nem precisem<br />

vir mais”, disse o empresário. Sobre o porquê de a Atlântico<br />

Tuna ser a única arrendatária, hoje, de barcos estrangeiros,<br />

Calzavara foi lacônico: “Sei lá. Tem de perguntar para eles.<br />

Não para mim. Quem quiser que vá buscar”.


ALTO-MAR - No dia em que os anzóis brasileiros se<br />

enroscaram nos japoneses, a jornada tinha começado<br />

às 2h, com o lançamento ao mar do espinhel, uma<br />

cortina de 800 anzóis de aço inoxidável, espalhados<br />

ao longo de um linhão de 80 km. (...)<br />

Cada anzol foi guarnecido de uma lula<br />

fresquíssima - o atum tem o paladar refinado. “Se ele<br />

perceber que a isca está morta, não come”, explicou<br />

o pescador. (...)<br />

O ritual ganha escala industrial no navio japonês,<br />

uma verdadeira indústria flutuante que pesca, limpa,<br />

processa, congela, armazena e exporta. Em vez de<br />

lançar 800, são 4.000 os anzóis em seu espinhel.<br />

Enquanto os anzóis brasileiros não passam de 100 m<br />

de profundidade, os japoneses se infiltram no meio<br />

do cardume, entre 200 e 400 m abaixo da linha do mar.<br />

De maio até o fim deste mês, três navios japoneses<br />

terão frequentado o pesqueiro de Rio Grande: o<br />

Kinsai <strong>Mar</strong>u 38, o Kinei <strong>Mar</strong>u 108 e o Shoei <strong>Mar</strong>u 7.<br />

No começo de agosto, o Kinsai <strong>Mar</strong>u 38 atracou no<br />

porto de Natal. Com os porões lotados, levava 170<br />

toneladas de rico pescado, boa parte já embarcada<br />

para o Japão em navio. As cinco toneladas de peixes<br />

do Gera 8 foram para o mercado de peixes do<br />

Ceagesp, em São Paulo.<br />

OBSERVADOR - Além dos 30 homens que cuidam<br />

da faina no Kinei <strong>Mar</strong>u 108 (para 9 no Gera 8), há ali<br />

um tripulante que representa o Ministério da <strong>Pesca</strong>,<br />

encarregado de fiscalizar a produção, registrando<br />

espécie, peso, características principais. (...)<br />

A Folha apurou que os observadores de bordo são<br />

pagos pelo armador do barco que devem fiscalizar<br />

- oficialmente, R$ 120 por dia. Extraoficialmente,<br />

recebem parte do pescado, principalmente cações e<br />

tartarugas marinhas. (...)<br />

No dia 15 de julho, o rádio do Gera 8 interceptou<br />

uma conversa entre o observador de bordo do Kinei<br />

<strong>Mar</strong>u e seu colega do Kinsai <strong>Mar</strong>u.<br />

Observador do Kinei <strong>Mar</strong>u: “Meu irmão,<br />

hoje, aqui, o Gera 8, o ilustre Gera 8, deixou<br />

de fazer a pescaria dele para vir engrolhar o<br />

material dele com o da gente. E ainda trouxe<br />

de câimbra [sic] uma repórter por cima do<br />

barco dele, fazendo uma reportagem. A gente<br />

está mais famoso”.<br />

Kinsai <strong>Mar</strong>u: “Não se preocupe. Em caso de<br />

bronca judicial, é o teu relatório que vai estar<br />

na mesa do homem da capa preta”.<br />

O observador do Kinei <strong>Mar</strong>u respondeu<br />

num português dos mais vivos: “Judicial de cu<br />

é rola, meu irmão. O ano que vem eu vou vir<br />

aqui com o Rocky 2 [barco de Calzavara] por<br />

cima do comando e uma trupe de nordestinos<br />

com faca no bucho. Não estou nem aí. A gente<br />

está pondo peixe para cima, mais de cem peças<br />

por lançamento. Por mim, eu quero que esses<br />

caras [os japoneses] pesquem até o peixe voar<br />

pela janela. Eu não tô nem aí, brother. O<br />

oceano não tem dono não, meu compadre”.<br />

Comentário da revista <strong>Pesca</strong> & <strong>Mar</strong> – A reportagem<br />

deu visibilidade à pesca do atum. Se antes não se<br />

tinha ideia, agora pode se ver claramente a prática. A<br />

teoria (o discurso oficial) é que continua tentando se<br />

esconder no nevoeiro.<br />

Ministério esclarece reportagem sobre atum<br />

“Sobre a reportagem ‘Sermão aos peixes’<br />

(“Ilustríssima”, 19/8), o Ministério da <strong>Pesca</strong> e<br />

Aquicultura esclarece o seguinte:<br />

1) O texto não considerou informações passadas<br />

pelo Ministério;<br />

2) O Brasil faz parte da ICCAT [Comissão<br />

Internacional para a Conservação do Atum Atlântico],<br />

que estabelece cotas para captura de atuns. Caso<br />

não as utilize, pode perdê-las. Por isso, empresários<br />

arrendam navios estrangeiros para compor a frota<br />

brasileira e produzir para o país;<br />

3) Por lei, os navios têm parte da tripulação<br />

nacional e são monitorados por satélite;<br />

4) O ministro <strong>Mar</strong>celo Crivella suspendeu o<br />

programa de observador de bordo;<br />

5) O atum azul não é espécie-alvo no Brasil;<br />

6) Para renovar a frota, o Ministério criou o Profrota;<br />

7) O Ministério planeja, ordena e monitora a<br />

pesca oceânica de forma sustentável;<br />

8) A gestão de atuns e afins é feita por meio de<br />

um comitê permanente de gestão que se reunirá em<br />

setembro.”<br />

Resposta da jornalista Laura Capriglione - As<br />

cotas do ICCAT são renegociadas a cada ano, não<br />

tendo o caráter definitivo mencionado na carta. A<br />

legislação sobre os arrendamentos permite menos<br />

brasileiros na tripulação do que o estabelecido na<br />

CLT. Na prática, isso tornou-se a regra. O Profrota foi<br />

criado há oito anos. Até hoje, segundo o Ministério,<br />

entregou apenas três embarcações, de um total de<br />

cem previstas para a pesca oceânica.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 25


Comentário da revista <strong>Pesca</strong> & <strong>Mar</strong> – O esclarecimento<br />

do Ministério da <strong>Pesca</strong> nada esclarece. O item 5, “O<br />

atum azul não é espécie-alvo no Brasil”, é revelador;<br />

bastaria acrescentar que o principal alvo do Ministério é<br />

a pesca artesanal, em detrimento de outras modalidades.<br />

Quanto ao item 4, o <strong>SAPERJ</strong> criticou, desde sua criação,<br />

a figura do Observador de Bordo, apontando para o fato<br />

de ter que pagar um agente que servia a um Governo<br />

que não repassava nenhuma informação para o setor.<br />

O Observador era um espião a bordo, como se o nosso<br />

setor fosse um inimigo público e não um parceiro na luta<br />

pela dignidade e qualidade da pesca brasileira como um<br />

todo. O <strong>SAPERJ</strong> contestou e continua contestando o<br />

PREPS (monitoramento por satélite): por que só a pesca<br />

industrial costeira é obrigada a utilizar esse programa<br />

como os presidiários usam tornozeleiras eletrônicas? Por<br />

que até hoje não foi atendido o nosso pedido de ampliar<br />

esse programa para toda a cadeia produtiva? Quanto ao<br />

26 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Profrota, ele é uma contradição em termos, pois estamos<br />

ligados a dois senhores: um, o IBAMA, quer reduzir nossa<br />

capacidade de produção, logo não quer saber de renovação<br />

de frota; outro, o Ministério da <strong>Pesca</strong>, diz que quer renovar,<br />

mas não move uma palha para viabilizar tal renovação. No<br />

item 7, “O Ministério planeja, ordena e monitora a pesca<br />

oceânica de forma sustentável”, o verbo “monitorar” e<br />

“ordenar” (dar ordens) são verdadeiros; na beira do cais<br />

alguém diria “planeja, sim, planeja o nosso fim”.<br />

Essa é uma luta desigual. Como tem que ser desigual a<br />

luta entre um país que lança seus barcos até o outro lado<br />

do mundo e a de um outro país que simplesmente não<br />

quer sair do nevoeiro de leis, portarias e falta de vontade<br />

política.<br />

Para ler a reportagem da Folha na íntegra: http://<br />

www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/61539-sermao-aospeixes.shtml


“<strong>Pesca</strong>do. Dá água na boca e faz bem pra saúde.”<br />

Esse foi o slogan da 9ª Edição da Semana do Peixe,<br />

promovida pelo Ministério da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura.<br />

O lançamento nacional da campanha aconteceu<br />

no Mercado de Peixe São Pedro, em Niterói, com<br />

a presença do ministro <strong>Mar</strong>celo Crivella, da <strong>Pesca</strong><br />

e Aquicultura. A Semana do Peixe tem como<br />

objetivo incentivar o brasileiro a consumir pescado<br />

regularmente.<br />

O subsecretário de Desenvolvimento, Agricultura<br />

e <strong>Pesca</strong> de Niterói, Atílio Gulglielmo, ressaltou a<br />

importância de oferecer um pescado de qualidade à<br />

população. “Comercializamos 200 toneladas de peixe<br />

por mês no Mercado São Pedro. Precisamos ter uma<br />

baía mais limpa, barcos mais modernos e profi ssionais<br />

qualifi cados para que tenhamos peixe o ano inteiro,<br />

com um preço menor e mais qualidade”, afi rmou.<br />

Para o presidente da Federação dos <strong>Pesca</strong>dores<br />

do Estado do Rio de Janeiro, José <strong>Mar</strong>ia Pugas, o<br />

SEMANA DO PEIXE<br />

Crivella defende<br />

popularização do pescado<br />

http://www.mpa.gov.br/images/Docs/Noticias/imagens/2012/Imagem_263.jpg<br />

pescado deve chegar ao consumidor fi nal com um<br />

preço mais baixo. “Precisamos reduzir a distância<br />

entre o produtor e o consumidor fi nal e, dessa forma,<br />

baratear o peixe e aumentar o consumo”, disse.<br />

Após visitar o Mercado de Peixe e conversar<br />

com os vendedores, Crivella destacou os benefícios<br />

oferecidos pelo pescado. “O Brasil está despertando<br />

para a necessidade de comer peixe, uma carne<br />

saudável e nutritiva. Popularizar o pescado é a missão<br />

do nosso Ministério. Precisamos assumir a bandeira<br />

da importância do consumo desse nobre alimento<br />

para que o brasileiro possa ter o hábito de comer<br />

peixe”, declarou o ministro.<br />

Durante o discurso, Crivella falou também sobre<br />

o novo Centro Integrado da <strong>Pesca</strong> Artesanal, projeto<br />

que está em fase de fi nalização em Niterói. “O<br />

Ministério vai inaugurar o CIPAR até o fi m do ano<br />

e espero que assim o peixe chegue ao mercado com<br />

um preço menor”, fi nalizou.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 27


As balsas infláveis salva-vidas são dispositivos<br />

flutuantes, inflados por dispositivo interno, acionado<br />

automaticamente e/ou por ação humana, em casos de<br />

naufrágio de embarcação que esteja sujeita ao Certificado<br />

de Segurança da Navegação (CSN).<br />

Para sobrevivência de seus ocupantes, toda balsa, de acordo<br />

com sua classificação, deverá ser dotada dos equipamentos e<br />

acessórios listados na Seção V – Embarcações de Sobrevivência,<br />

Item 0326 – Requisitos para balsas salva-vidas.<br />

A Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida<br />

Humana no <strong>Mar</strong> (SOLAS 1974/1988 e consolidada até 1º/<br />

JAN/2012) regulamenta que todas as balsas salva-vidas<br />

infláveis deverão sofrer uma manutenção em intervalos não<br />

superiores a 12 meses. Essa manutenção deverá ser realizada<br />

em um posto aprovado para tal tarefa, com instalações e<br />

pessoal habilitado.<br />

São obrigadas a utilizar balsas salva-vidas embarcações<br />

que operam ao sul da latitude 22°52’ S (Cabo Frio - RJ), sendo<br />

que as embarcações de pesca com arqueação bruta maior que<br />

10, que operam ao sul da latitude 22°52’ S (Cabo Frio), deverão<br />

ser dotadas de balsas salva-vidas infláveis classe II, a partir da<br />

28 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

segurança não tem preço.<br />

primeira vistoria para renovação do Certificado de Segurança<br />

da Navegação (CSN) que ocorrer após 30/06/2009.<br />

As balsas salva-vidas são obrigadas a fazer a revisão anual.<br />

A estação contratada para esta revisão é obrigada a realizar<br />

uma série de verificações, reguladas pela Autoridade <strong>Mar</strong>ítima.<br />

O dono da balsa deve solicitar a devolução do material<br />

trocado e, quando possível, acompanhar a abertura da mesma,<br />

verificando se o que foi cobrado está de acordo com o serviço<br />

realizado. A balsa salva-vidas não é uma “caixa preta”, podendo<br />

ser aberta, em presença de um técnico habilitado, a qualquer<br />

momento que o dono assim o desejar.<br />

Antes de enviar uma balsa para a manutenção, o dono<br />

da embarcação deve conhecer a estação contratada, suas<br />

habilitações, bem como a homologação do material utilizado<br />

dentro da balsa, pois, em alguns casos, buscando baratear o<br />

preço de uma revisão, acaba-se por comprometer a segurança<br />

da guarnição de uma embarcação.<br />

<strong>Mar</strong>celo Salem – Diretor Comercial<br />

Seasafety Comércio e Serviços <strong>Mar</strong>ítimos Ltda<br />

Estação de Revisão Certificada


Ministério assina termo para melhorar atendimento de pescadores nas colônias<br />

O ministro da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura, <strong>Mar</strong>celo Crivella,<br />

reuniu-se, em Brasília, com o presidente da Confederação<br />

Nacional de <strong>Pesca</strong>dores e Agricultores (CNPA), Abraão<br />

Lincoln, para firmar acordo que facilitará atendimento<br />

aos pescadores nas colônias sem, necessariamente,<br />

precisarem comparecer à superintendência estadual do<br />

Ministério.<br />

Sobre os problemas que os pescadores sofrem em<br />

relação à não legalização da profissão em algumas regiões<br />

do país, Crivella afirmou que mais investimentos serão<br />

feitos com a criação do Programa de Aceleração do<br />

Crescimento (PAC) da <strong>Pesca</strong> e da Aquicultura.<br />

Durante o evento, o ministro assinou portaria que<br />

<strong>Pesca</strong>dores artesanais de várias partes do país<br />

deram início, em Brasília (DF), à campanha Território<br />

Pesqueiro: Biodiversidade, Cultura e Soberania<br />

Alimentar do Povo Brasileiro.<br />

Organizada pelo Movimento dos <strong>Pesca</strong>dores e<br />

<strong>Pesca</strong>doras Artesanais do Brasil (MPPB), a iniciativa<br />

visa recolher, até 2015, 1,3 milhão de assinaturas<br />

favoráveis à aprovação, pelo Congresso Nacional,<br />

de uma lei de iniciativa popular que reconheça<br />

e garanta o direito das comunidades pesqueiras<br />

O ministro da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura, <strong>Mar</strong>celo Crivella,<br />

assinou em 13 de junho duas medidas que tratam da<br />

pesca amadora no país. Além disso, os pescadores<br />

amadores e esportivos ganharam representação no<br />

NOTÍCIAS DO MPA<br />

regulamenta o cartão de identificação profissional dos<br />

pescadores, que poderá ser emitido com a apresentação da<br />

carteira de identidade nos órgãos públicos competentes.<br />

pescadores tradicionais lançam movimento para criação de territórios exclusivos<br />

O Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

Econômico e Social (BNDES) vai discutir com<br />

empresários da pesca e aquicultura e entidades de<br />

pesca artesanal a criação de linhas de financiamento<br />

específicas para o setor, além de um programa de<br />

estímulo à inovação tecnológica. O compromisso<br />

foi assumido pelo presidente do banco, Luciano<br />

Coutinho.<br />

“O Brasil tem um tremendo potencial competitivo,<br />

mas ainda requer a criação de uma base de empresas<br />

e o desenvolvimento da capacitação tecnológica do<br />

setor de pesca e aquicultura”, disse Coutinho ao<br />

tradicionais sobre os territórios onde vivem e de<br />

onde retiram seu sustento.<br />

O movimento espera que, com a aprovação de uma<br />

lei específica, os territórios tradicionais pesqueiros<br />

passem a ser vistos como patrimônio cultural<br />

material e imaterial, estando, portanto, sujeitos à<br />

proteção especial contra especulação imobiliária<br />

e instalação de grandes projetos econômicos que<br />

limitem ou interfiram nas atividades já desenvolvidas<br />

por pescadores artesanais.<br />

Bndes vai estudar criação de linhas de financiamento para a produção de pescado<br />

fim de um encontro com mais de 100 empresários<br />

do ramo, do qual também participou o ministro<br />

<strong>Mar</strong>celo Crivella.<br />

”Falta capilaridade ao BNDES. Precisamos rever<br />

nossas políticas e também vamos ouvir o setor sobre<br />

isso”, disse Coutinho, respondendo a críticas feitas<br />

por empresários como Tito Livio Capobianco Junior.<br />

“É preciso aumentar o valor dos financiamentos<br />

de custeio e de investimento, ampliar as linhas<br />

de financiamento e os prazos, além de adequar as<br />

regras do banco à realidade do setor”, reclamou<br />

Capobianco.<br />

Ministério apresenta medidas regulamentando pesca amadora<br />

Conselho Nacional da <strong>Pesca</strong> (CONAPE). “É importante<br />

que o Ministério tenha dado voz a esse setor da pesca<br />

em que há 300 mil pescadores cadastrados e outros<br />

quase 1 milhão ainda sem registro”, ressaltou Crivella.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 29


vENDAvAL<br />

remédios representam<br />

quase metade dos gastos<br />

familiares com saúde,<br />

diz iBGe.<br />

“Dinheiro na mão é vendaval”, diz a canção.<br />

Se o brasileiro comesse peixe, não sofreria de bolsite, isto é, falta de grana e saúde.<br />

Entre 2008 e 2009, os gastos com saúde representaram<br />

7,2% no consumo médio mensal das famílias brasileiras,<br />

em torno de R$ 153,81, segundo estudo Perfi l das<br />

Despesas no Brasil, da Pesquisa de Orçamentos<br />

Familiares do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografi a<br />

e Estatística). O gasto com remédios teve o maior peso,<br />

48,6% do total.<br />

Em seguida, os planos ou seguros de saúde<br />

consumiram 29,8% dos gastos com saúde. Já o item<br />

hospitalização apresentou o menor percentual (0,7%).<br />

Segundo o Instituto, esse número refl ete, provavelmente,<br />

o crescimento, nos últimos anos, do número de famílias<br />

que têm planos ou seguro saúde e do atendimento pelo<br />

serviço público. “A análise das prioridades dos gastos<br />

das famílias aponta para uma possível melhoria nas<br />

condições de saúde da população ou para a hipótese de<br />

que o atendimento do serviço público tenha sido mais<br />

efi ciente”, afi rma.<br />

Nas regiões Norte, Nordeste e Sul o item remédios<br />

também liderou a participação, com destaque para o<br />

Norte (57,5%). Essas regiões apresentaram os menores<br />

pesos de gastos com seguro de saúde, sendo o menor, de<br />

18,7%, também na região Norte.<br />

Entre 2002-2003 e 2008-2009, remédios, plano ou<br />

seguro de saúde e tratamentos médico e ambulatorial<br />

foram os itens que mostraram aumento de participações<br />

no total das despesas com saúde. Observou-se queda de<br />

participação em consulta e tratamento dentário, consulta<br />

médica, serviço de cirurgia e hospitalização.<br />

30 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Na análise das famílias por classes de rendimento<br />

mensal, os remédios tiveram maior peso para as famílias<br />

com menores rendimentos (74,2%) contra 33,6% do<br />

grupo de maiores rendimentos. Por outro lado, as<br />

despesas com plano e seguro saúde representaram<br />

42,3% do total de despesas com saúde no grupo das<br />

famílias com maiores rendas, enquanto, para as de<br />

menores rendas, o item representou apenas 7%.<br />

Outros gastos - Os dados constam da Pesquisa<br />

de Orçamentos Familiares (POF) e se referem aos<br />

anos de 2008 e 2009. Apesar de ter sido fi nalizada há<br />

três anos, a pesquisa só foi divulgada pelo IBGE em<br />

setembro de 2012.<br />

O brasileiro gasta em média 16% de sua renda com<br />

alimentação (dentro e fora de casa) e 7% com compra de<br />

carros. A maior despesa mensal é de 29%, com habitação,<br />

item que inclui aluguel, contas de luz, água, gás, telefone<br />

fi xo e celular, internet e TV por assinatura, entre outros.<br />

Com educação, o brasileiro gasta por mês 2,5% de<br />

seu rendimento. Com plano de saúde, 1,7%. Recreação e<br />

cultura consomem 1,6%. A despesa com aluguel atinge<br />

quase 13% do orçamento mensal. O transporte público<br />

representa 2,2% dos gastos mensais.<br />

Esta é a segunda vez em que a POF é realizada<br />

em todo o país. A primeira com essa abrangência<br />

ocorreu em 2002-2003. Segundo o IBGE, a Pesquisa<br />

de Orçamentos Familiares tem o objetivo de medir os<br />

gastos e os rendimentos das famílias, além de permitir<br />

traçar um perfi l das condições de vida da população


Saúde<br />

7%<br />

Higiene Pessoal e<br />

limpeza<br />

5%<br />

Lazer<br />

4%<br />

Contas de água, luz,<br />

condomínio etc<br />

10%<br />

Educação<br />

4%<br />

Outros gastos<br />

13%<br />

brasileira a partir da análise de seus orçamentos<br />

domésticos.<br />

Doações - A religião interfere na quantidade gasta<br />

mensalmente com pensões, mesadas e doações. Os<br />

percentuais são significativamente maiores nas famílias<br />

de evangélicos de missão (20,2%), evangélicos de<br />

origem pentecostal (19,2%) e outros evangélicos (13,3%),<br />

enquanto representam apenas 7,6% para as de espíritas,<br />

9,2% para as de católicos e 9,5% para as sem religião e<br />

não determinadas.<br />

Viagens - A POF mostrou que a despesa média<br />

mensal familiar com viagens foi de R$ 50,16. Para as<br />

famílias com rendimentos de mais de R$ 3.015,00<br />

mensais, a despesa média foi de R$ 147,63, quase o<br />

triplo da média nacional.<br />

Nas viagens, o peso do transporte foi de 48,7%<br />

na média nacional para todas as classes de renda. O<br />

segundo item com maior peso foi alimentação, com<br />

22,6%. Para quem ganha acima de R$ 3.015,00, os<br />

itens pacotes turísticos (12,8%) e alojamento e aluguel<br />

de imóveis por temporada (11,6%) tiveram participação<br />

bem mais significativa.<br />

Quanto maior o nível escolar, maior os gastos com<br />

viagem. Se a pessoa tem pelo menos o nível médio<br />

incompleto, a estimativa de despesa média mensal<br />

familiar com viagem foi de R$ 187,61, quase quatro<br />

vezes a estimativa nacional (R$ 50,16).<br />

A maior parte das viagens é motivada por férias:<br />

lazer, recreio e férias compõem 37,9% das razões<br />

Alimentação dentro da<br />

residência<br />

19%<br />

Transporte<br />

13%<br />

Vestuário<br />

7%<br />

Alimentação fora da<br />

residência<br />

5%<br />

Habitação<br />

13%<br />

para viajar. Depois vêm: visita a parentes e amigos<br />

(22,3%), negócios e motivos profissionais (15,8%) e<br />

tratamentos médicos (8%).<br />

Coma peixe – “O consumo de peixe torna as<br />

pessoas mais inteligentes”, sustenta um estudo sueco,<br />

que estabelece uma ligação entre adolescentes com<br />

um quociente de inteligência (QI) mais elevado e o<br />

fato de comerem peixe em quantidade suficiente.<br />

“Descobrimos uma relação clara entre o fato de se<br />

comer frequentemente peixe e resultados (de QI de<br />

adolescentes) elevados”, comentou Kjell Torén, que<br />

conduziu o estudo para o Hospital Universitário<br />

Sahlgrenska de Gotemburgo.<br />

“O ômega-3 estimula a produção de novos neurônios,<br />

participa do desenvolvimento e da manutenção do<br />

sistema nervoso e serve de matéria-prima para a produção<br />

de substâncias protetoras do cérebro”, enumera Cícero<br />

Galli Coimbra, neurologista da Universidade Federal de<br />

São Paulo.<br />

Estudos realizados nos últimos anos em todo o<br />

mundo revelam que o ômega 3 diminui o risco de<br />

doenças cardíacas, arteriosclerose (endurecimento das<br />

artérias) e ajuda nas inflamações, no desenvolvimento<br />

cerebral e na regeneração das células nervosas. E, por<br />

agir nas células nervosas, o ômega-3, encontrado no<br />

peixe, ainda pode ajudar no tratamento da depressão,<br />

ansiedade e problemas de sono.<br />

Resumo da ópera: se o brasileiro comesse peixe, não<br />

sofreria de bolsite, isto é, falta de grana e saúde.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 31


QUEM vIGIA O vIGIA?<br />

Governo quer estimular<br />

pescadores artesanais a combater<br />

pesca predatória<br />

Quem vigia o vigia? Quem combate o combatente? Quem vai fiscalizar a pesca<br />

artesanal? Não é função do Governo ordenar e fiscalizar todas as modalidades de<br />

pesca, sem exceção? Ao dar um papel de fiscal à pesca artesanal, as autoridades<br />

estão revelando de forma clara e definitiva seu despreparo diante do desafio de<br />

encarar a pesca brasileira como um todo. A lei deve valer para todos e não apenas<br />

para um determinado setor. <strong>Pesca</strong>r exige tanto de um pescador que parece demais<br />

pedir a ele para brincar de polícia. Que outros agentes – treinados, preparados,<br />

bem pagos – trabalhem no combate à pesca predatória.<br />

O Ministério da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura quer<br />

estimular a organização de pescadores artesanais<br />

para que eles melhorem a renda e ajudem no<br />

combate à pesca predatória. “O pescador vende<br />

muito barato seu produto por não ter condições de<br />

armazená-lo. O produto é vendido a preço alto na<br />

ponta, porque a cadeia da pesca tem alto nível de<br />

intermediação”, disse <strong>Mar</strong>celo Crivella ao participar<br />

do programa “Bom Dia, Ministro”, produzido pela<br />

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da<br />

República em parceria com a EBC Serviços.<br />

Crivella explicou que o Ministério estuda um<br />

Plano Nacional de Prevenção e Combate à <strong>Pesca</strong><br />

Ilegal. Vão participar os comandos da <strong>Mar</strong>inha, do<br />

Exército, da Aeronáutica e de órgãos ambientais. O<br />

objetivo é conter a exploração ilegal e predatória nas<br />

águas do litoral brasileiro, que já estão com cardumes<br />

reduzidos. Ele explicou que, além de proteger a fauna<br />

marítima na área litorânea, o<br />

Ministério quer estimular a criação de peixes em rios,<br />

lagos, lagoas, reservatórios “para que o brasileiro<br />

possa consumi-lo a preço mais acessível”.<br />

De acordo com o ministro da pasta, <strong>Mar</strong>celo<br />

Crivella, está em estudo a implantação do Plano<br />

32 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Safra para a pesca, que deverá ser anunciado nas<br />

próximas semanas pela presidente Dilma Rousseff.<br />

O plano vai destinar R$ 6 bilhões ao setor, dentro<br />

do Programa Nacional da Agricultura Familiar<br />

(PRONAF). Vai também incorporar R$ 300 milhões<br />

ao orçamento do Ministério da <strong>Pesca</strong> para Assistência<br />

Técnica e Extensão Rural e R$ 100 milhões para a<br />

área de pesquisa.<br />

Para Crivella, esses investimentos são importantes<br />

para frear o processo de extinção de espécies de<br />

peixes e, para isso, o país precisa criar bancos<br />

genéticos com a finalidade de repovoar os rios e<br />

lagoas. Há 37 espécies em processo de extinção que<br />

deverão ser priorizadas nos programas do Ministério,<br />

segundo ele.<br />

As 45 mil marisqueiras – mulheres que pescam<br />

siri e caranguejo nos mangues – vão poder tomar<br />

empréstimo de R$ 2,5 mil dentro do Plano Safra para<br />

a pesca. Assim, segundo o ministro, elas vão poder<br />

comprar fogão e panelas e cozinhar seu pescado para<br />

vender pronto.<br />

O Ministério da <strong>Pesca</strong> pretende também estimular<br />

os pescadores a obter a carteira de pescador nas<br />

superintendências regionais. A carteira tem chip e


Ilustração Fábio Assis<br />

será uma forma de eles serem conhecidos e ajudados<br />

pelo governo. “Antes, eles tinham que procurar<br />

o governo, agora nós queremos chegar a eles para<br />

que tenham melhores condições de vida”, disse<br />

o ministro, em entrevista, depois de participar do<br />

programa.<br />

A questão em foco – Muito bom. Muito bonito.<br />

As medidas de melhoramento da vida do pescador<br />

são sempre bem-vindas. Mas vale a pena repetir:<br />

“Crivella explicou que o Ministério estuda um<br />

Plano Nacional de Prevenção e Combate à <strong>Pesca</strong><br />

Ilegal. Vão participar os comandos da <strong>Mar</strong>inha, do<br />

Exército, da Aeronáutica e de órgãos ambientais”.<br />

Isso não é o sufi ciente? Para que dar poder de polícia<br />

à pesca artesanal? Estarão os pescadores artesanais<br />

preparados para cumprir essa função?<br />

Se alguém tem dúvida basta ler a seguinte notícia.<br />

“O IBAMA, juntamente com a Polícia Militar do<br />

Cipoma, fi scalizou o uso de apetrechos ilegais nos<br />

açudes públicos da bacia hidrográfi ca do rio São<br />

Francisco, nos municípios de Ibimirim, Parnamirim,<br />

Ouricurí e Serra Talhada entre os dias 13 e 19/08. A<br />

Operação Açude Legal apreendeu aproximadamente<br />

13 mil metros de rede e, das 121 canoas vistoriadas,<br />

NÓS, ER...<br />

VOCÊ, HUM...<br />

TÁ PRESO!<br />

8 foram apreendidas. Cerca de 50 peixes foram<br />

capturados, sendo que 35 foram doados a hospitais<br />

e 15 devolvidos aos açudes. Os municípios foram<br />

atendidos depois de denúncias, que indicavam que<br />

pescadores realizavam a pesca utilizando o método<br />

da batição, no qual varas são batidas na água para<br />

levar os peixes à rede.”<br />

Quem vigia o vigia? Quem combate o combatente?<br />

Quem vai fi scalizar a pesca artesanal? Não é função<br />

do Governo ordenar e fi scalizar todas as modalidades<br />

de pesca, sem exceção? Ao dar um papel de fi scal à<br />

pesca artesanal, as autoridades estão revelando de<br />

forma clara e defi nitiva seu despreparo diante do<br />

desafi o de encarar a pesca brasileira como um todo.<br />

A lei deve valer para todos e não apenas para um<br />

determinado setor.<br />

Os pescadores artesanais, assim como os<br />

pescadores industriais, já têm muito que fazer<br />

cuidando de sua vida. E é uma vida tão dura e tão<br />

difícil que muitos deles não desejam tanto sacrifício<br />

para os seus fi lhos. <strong>Pesca</strong>r exige tanto de um pescador<br />

que parece demais pedir a ele para brincar de polícia.<br />

Que outros agentes – treinados, preparados, bem<br />

pagos – trabalhem no combate à pesca predatória.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 33


AMEAÇAS NATURAIS<br />

Mapa da Defesa Civil<br />

revela principais<br />

ameaças naturais<br />

Segundo o estudo, deslizamento é o risco mais frequente<br />

nas cidades fluminenses<br />

Tornados na Baixada Fluminense, ciclone<br />

extratropical no Norte Fluminense, chuva de granizo<br />

na Região Serrana e enchentes na capital. Esses<br />

fenômenos, por mais incomuns, são perigos reais,<br />

juntamente com outros, a que o estado do Rio está<br />

suscetível, de acordo com a Defesa Civil estadual.<br />

Com a ajuda da maioria das prefeituras, a Escola de<br />

Defesa Civil do Estado do Rio (Esdec) elaborou, no<br />

primeiro semestre deste ano, o “Mapa de Ameaças<br />

Naturais do Estado do Rio de Janeiro”, trabalho<br />

inédito no país que aponta as cinco principais<br />

ameaças de cada um dos 92 municípios fluminenses.<br />

Dos 19 riscos citados, o que mais se repete são os<br />

deslizamentos, que representam 18% de todas as<br />

ameaças somadas — 460 no total, considerando que<br />

o estudo identifica cinco para cada cidade.<br />

O problema ganha o primeiro lugar na cidade do<br />

Rio e em outras cinco regiões do Estado, de acordo<br />

com a divisão utilizada pela pesquisa. São elas, além da<br />

capital, as regiões Metropolitana (excluindo a cidade do<br />

Rio), Sul, Serrana, Baixada Fluminense e Costa Verde.<br />

A Baixada Litorânea, que inclui a Região dos Lagos, tem<br />

como principal risco os alagamentos, enquanto Norte e<br />

Noroeste sofrem principalmente com as enchentes.<br />

“O Norte e o Noroeste contam com apenas 1,5%<br />

de cobertura vegetal e sofrem o ano inteiro: no verão,<br />

com as enchentes; no inverno, com as estiagens”, diz<br />

o tenente-coronel Paulo Renato Vaz, diretor da Esdec<br />

e autor da pesquisa que deu origem ao trabalho.<br />

Na semana passada, o mapa foi selecionado pela<br />

ONU como uma das experiências mais significativas<br />

para a redução de riscos de desastres nas Américas<br />

e no Caribe. O trabalho vai concorrer entre as<br />

34 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

melhores práticas de defesa civil no continente. O<br />

resultado sai em outubro, na Argentina.<br />

“É um mapa simples, porém abrangente e<br />

capaz de orientar as políticas públicas e os planos<br />

de contingência já para o próximo verão”, diz<br />

o tenente-coronel, acrescentando que, a partir<br />

de outubro, a Esdec vai oferecer oficinas para<br />

estimular as prefeituras a elaborarem seus planos<br />

de contingência. “Os municípios devem não só<br />

divulgar o trabalho, como aprofundá-lo, criando seus<br />

próprios mapas, protocolos de prevenção e sistemas<br />

de alarmes, e fazendo exercícios simulados dos<br />

planos de contingência”, acrescentou.<br />

Depois de deslizamentos, as enchentes são a<br />

ameaça que mais prevalece no estado, com 15,4%<br />

do total. Em seguida vêm alagamentos (14,6%),<br />

enxurradas (13%), incêndios florestais (10,2%),<br />

vendavais ou tempestades (8,7%) e estiagens (6,5%).<br />

Há ainda outros 12 riscos citados, sendo que alguns


chamam a atenção pela violência ou por serem<br />

mais comuns no noticiário internacional, como os<br />

tornados, que entraram no mapa de Magé, Nova<br />

Iguaçu e Seropédica como o quarto maior perigo.<br />

O coronel Acácio Perez, secretário de Defesa<br />

Civil de Nova Iguaçu, lembra que a cidade registrou<br />

a passagem de um tornado em janeiro do ano<br />

passado. Vários bairros foram atingidos. Pela fúria do<br />

fenômeno, que arrancou do chão sete casas e destruiu<br />

parcialmente outras, acabou sendo incluído no mapa.<br />

“Em 43 anos de Corpo de Bombeiros, nunca<br />

tinha visto um tornado, e nem sabia o que era direito.<br />

Ele vinha do céu e descia igual a um pião, com sua<br />

ponta puxando tudo. Levantou a uns 20 metros uma<br />

vaca, que depois caiu, quebrando as pernas”, lembra<br />

o coronel, acrescentando que não houve mortes.<br />

Paulo Vaz demonstra preocupação com a<br />

prevalência dos deslizamentos, gerados pela<br />

ocupação caótica das encostas, e das enchentes,<br />

causadas pela inexistência de rede de drenagem<br />

suficiente e também por sua obstrução.<br />

Das 92 prefeituras, 12 não colaboraram com<br />

a pesquisa, sendo sete da Região Serrana, onde<br />

enxurradas provocaram, em janeiro do ano passado,<br />

a maior catástrofe natural da história do país.<br />

Teresópolis, uma das cidades mais atingidas, por<br />

exemplo, não enviou o ranking de ameaças. Para essas<br />

cidades, a Defesa Civil estadual estabeleceu os riscos.<br />

As áreas com ameaça de deslizamentos na cidade<br />

do Rio fazem parte de um mapa geológico elaborado<br />

pela prefeitura, que identificou 18 mil moradias em<br />

situação de alto risco, localizadas em 117 comunidades.<br />

Desse total, 103 contam com sistemas de alarme por<br />

sirenes, instalados a partir de 2011. O coronel Márcio<br />

Motta, subsecretário municipal de Defesa Civil, afirma<br />

que todas as comunidades passaram por exercícios<br />

simulados de desocupação dos locais.<br />

Fonte: O Globo<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 35


ROYALTIES<br />

ONU MORdE<br />

pré-sal brasileiro<br />

Assim como ocorre com os royalties brasileiros, os debates estão abertos na ONU.<br />

Uma nova rodada está prevista para acontecer antes deste ano, em um seminário<br />

na China. Há divergências quanto à base de onde será cobrada a taxa e para onde<br />

iria o dinheiro arrecadado dos países costeiros envolvidos: distribuição equitativa?<br />

As nações que não têm mar ficariam de fora? À frente do tema está a Convenção<br />

das Nações Unidas sobre o Direito do <strong>Mar</strong> (CNUDM).<br />

A Organização das Nações Unidas (ONU) se prepara<br />

para abocanhar uma parte da produção brasileira de<br />

petróleo, que pode chegar a 7% do que for explorado<br />

entre 200 e 350 milhas náuticas (370,8 km a 648,2 km<br />

da costa) - considerada uma extensão do mar brasileiro,<br />

já obtida no órgão. O novo tributo internacional, que<br />

funciona como royalties e será aplicado a toda atividade<br />

econômica nesta área, começa a ser discutido em outros<br />

países e já preocupa o governo.<br />

O Brasil ainda não explora petróleo nessa região<br />

- chamada de Extensão da Plataforma Continental,<br />

onde o país terá o controle de recursos não vivos<br />

-, mas a própria Agência Nacional de Petróleo<br />

(ANP) confirma que parte do pré-sal está nessa<br />

região, embora não entre na discussão sobre esta<br />

cobrança. Segundo a agência, a área do pré-sal nesta<br />

extensão marítima soma 542 km², ou 0,37% do total<br />

já descoberto. Entretanto, especialistas acreditam<br />

que o potencial desta área de extensão é muito<br />

maior, pois se trata da região menos pesquisada. A<br />

bacia de Pelotas, por exemplo, que ainda está sendo<br />

analisada, fica nesta região. Assim, não há estimativas<br />

dos valores que serão pagos à ONU.<br />

36 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Canadá discute cobrança<br />

Segundo a advogada Andressa Torquato, especialista<br />

em energia, petróleo e gás do Silveira, Athias, Soriano<br />

de Mello, Guimarães, Pinheiro & Scaff - Advogados,<br />

este debate já está em alta no Canadá, que possui uma<br />

expansão marítima semelhante à vivida pelo Brasil.<br />

Ela explica que a solicitação da ONU se baseia em<br />

uma permissão contida no artigo 76 da Convenção<br />

de Montego Bay para que, atendidos determinados<br />

requisitos, os Estados possam ampliar sua plataforma<br />

continental de 200 para até 350 milhas. Ela conta que<br />

isso ainda não está regulamentado, mas já gera diversas<br />

dúvidas.<br />

“Ao tratar de uma possível extração de petróleo na<br />

plataforma estendida do Canadá, surgiram questões<br />

como: quem irá arcar com o pagamento de tais royalties?<br />

Governo central, companhias petrolíferas, ou os entes<br />

subnacionais (no caso do Brasil, Estados e Municípios)?<br />

Qual seria a base de cálculo desses royalties? O valor total<br />

da produção? Caberia a dedução de algum valor?”, afirma.<br />

A advogada acredita que o tema ainda não está sendo<br />

muito debatido no Brasil, pois a cobrança deve demorar<br />

para começar - esta região do pré-sal sequer foi leiloada


pelo governo. O valor será crescente, começando em 1%<br />

da produção do sexto ano da atividade na região, até<br />

chegar a 7% do total, no 12º ano da exploração. Além do<br />

petróleo, esta região é rica em outros minerais, como<br />

cobalto, níquel, cobre e manganês, entre outros.<br />

Assim como ocorre com os royalties brasileiros,<br />

os debates estão abertos na ONU. Uma nova rodada<br />

está prevista para acontecer ainda neste ano em um<br />

seminário na China. Há divergências quanto à base de<br />

onde será cobrada a taxa e para onde iria o dinheiro<br />

arrecadado dos países costeiros envolvidos: distribuição<br />

equitativa? As nações que não têm mar ficariam de<br />

fora? À frente do tema está a Convenção das Nações<br />

Unidas sobre o Direito do <strong>Mar</strong> (CNUDM), a Uncles na<br />

sigla em inglês. Estarão sujeitos ao tributo os países<br />

que conseguirem autorização para explorar recursos<br />

naturais além das 200 milhas. Isto porque, pela Uncles,<br />

tudo o que estiver de fora é considerado patrimônio da<br />

humanidade.<br />

Depois da Rússia, o Brasil foi o segundo país a pedir<br />

a ampliação para 350 milhas, em 2004. A comissão<br />

encarregada de analisar as solicitações respondeu, em<br />

2007, que tinha dúvidas em relação a alguns pontos de<br />

ROYALTIES<br />

19% de área pleiteada. O Brasil apresentou o pedido à<br />

comissão. O governo brasileiro apresentará uma nova<br />

proposta até 2014. Segundo uma fonte do governo que<br />

trata diretamente do assunto, do total de 156 países<br />

que ratificaram a Uncles, 70 deles têm potencial para<br />

reivindicar a extensão. Essa fonte destacou que o Brasil<br />

tem a seu favor o fato de ter sido um dos primeiros a pedir.<br />

Complexidade técnica e legal<br />

Alexandre Szklo, professor de planejamento<br />

energético da Coppe/UFRJ, afirma que ainda não tem<br />

conhecimento desta discussão no Brasil, mas teme<br />

que o assunto acabe complicando ainda mais o setor.<br />

Hoje, lembra o professor, já são três sistemas tributários<br />

diferentes para o pré-sal: alguns campos foram<br />

concedidos, houve a cessão onerosa para a Petrobras e,<br />

nos novos campos, haverá o sistema de partilha.<br />

A Petrobras não quis comentar o tema. O<br />

Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão do<br />

Ministério de Minas e Energia, lembra que o governo<br />

está realizando pesquisas na área de extensão marítima,<br />

próximas ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina.<br />

Fonte: O Globo<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 37


AMAzôNIA AzUL<br />

<strong>Mar</strong>inha recebe lanchas-patrulha para<br />

combate à pesca ilegal<br />

O Ministro da <strong>Pesca</strong>, <strong>Mar</strong>celo Crivella, e o Comandante da <strong>Mar</strong>inha, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto.<br />

Já foi assinado o Termo de Entrega de Lanchas-<br />

Patrulha do Ministério da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura (MPA)<br />

para a <strong>Mar</strong>inha do Brasil (MB). Ao todo, o MPA está<br />

transferindo para a MB, por meio de cessão em<br />

caráter permanente, 16 embarcações, de acordo<br />

com os Termos de Cessão e Aditivo celebrados pelas<br />

referidas instituições.<br />

As unidades serão utilizadas pelas Organizações<br />

Militares da <strong>Mar</strong>inha, componentes da estrutura da<br />

Autoridade <strong>Mar</strong>ítima Brasileira e responsáveis pela<br />

implementação da Lei de Segurança do Tráfego<br />

38 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Aquaviário (LESTA), na realização de Inspeção<br />

Naval. De forma prioritária, as embarcações serão<br />

empregadas na fiscalização da atividade pesqueira e<br />

no combate à pesca ilegal, em conjunto com o MPA e<br />

o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos<br />

Naturais Renováveis (IBAMA).<br />

A solenidade contou com a presença do Ministro<br />

de Estado da <strong>Pesca</strong> e Aquicultura, <strong>Mar</strong>celo Crivella, e<br />

do Comandante da <strong>Mar</strong>inha, Almirante-de-Esquadra<br />

Julio Soares de Moura Neto, representando o Ministro<br />

de Estado da Defesa.


AMAzôNIA AzUL<br />

Centro de Instrução Almirante Alexandrino<br />

recebe a visita do Ministério da Defesa<br />

Acompanhado de uma comitiva e com o intuito<br />

de conhecer o trabalho de instrução do Serviço<br />

Militar e o Projeto <strong>Mar</strong>inheiro Cidadão, visitou o<br />

Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA) o<br />

Subchefe de Mobilização da Chefia de Logística do<br />

Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Contra-<br />

Almirante Roberto Koncke Fiuza de Oliveira, no dia<br />

23 de agosto. Os convidados foram recepcionados<br />

pelo Comandante do CIAA, o Contra-Almirante<br />

Afrânio de Paiva Moreira Junior.<br />

O Projeto <strong>Mar</strong>inheiro Cidadão, coordenado<br />

Comitiva do Ministério da<br />

Defesa com o Subchefe de<br />

Mobilização. Ao centro:<br />

C Alte Fiúza (D) e o<br />

Comandante do CIAA – C<br />

Alte Afrânio (E)<br />

pela Superintendência do Quartel de <strong>Mar</strong>inheiros,<br />

acontece desde 2004. Durante três meses, os<br />

<strong>Mar</strong>inheiros Recrutas da segunda turma de cada ano<br />

são capacitados para executar diversas profissões,<br />

entre elas: informática, eletricidade, mecânica de<br />

refrigeração residencial, marcenaria, barbearia,<br />

garçom, padeiro e cozinheiro.<br />

O CIAA forma 600 jovens anualmente e as<br />

qualificações foram escolhidas para inserir os<br />

<strong>Mar</strong>inheiros Recrutas no Programa “Meu primeiro<br />

emprego”.<br />

Banda do Corpo de Fuzileiros Navais no show de André Rieu<br />

Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais em apresentação com<br />

o violinista holandês André Rieu e a Orquestra Johann Strauss<br />

Foi realizada em São Paulo, na segunda semana<br />

de setembro, no Ginásio do Ibirapuera, a segunda<br />

temporada de apresentações do violinista holandês<br />

André Rieu e Orquestra Johann Strauss. Nessa<br />

temporada, o show contou com a participação<br />

especial dos músicos da Banda Sinfônica do Corpo<br />

de Fuzileiros Navais, em que seis integrantes<br />

participaram da apresentação tocando Gaitas de Fole.<br />

As Gaitas de Fole foram presentes da Rainha<br />

da Inglaterra para o navio “USS Saint Louis”, em<br />

1951, pertencente à <strong>Mar</strong>inha norte-americana. No<br />

ano seguinte, quando esse navio foi incorporado<br />

à <strong>Mar</strong>inha do Brasil, com o nome de “Cruzador<br />

Tamandaré”, as gaitas foram doadas pela tripulação<br />

ao Corpo de Fuzileiros Navais e, hoje, abrilhantam<br />

as apresentações das Bandas Sinfônica e <strong>Mar</strong>cial do<br />

Corpo de Fuzileiros Navais.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 39


CURIOSIDADE<br />

o aniMal mais longo do mundo pode chegar aos 50 Metros<br />

Chamam-se sifonóforos, são da família das<br />

medusas e dos corais, e serão os animais mais<br />

longos do mundo, podendo chegar a assombrosos<br />

50 metros – metade de um campo de futebol, para<br />

se ter uma ideia.<br />

Os sifonóforos (ou Siphonophora) constituem<br />

uma ordem de hidrozoários, classe de invertebrados<br />

marinhos do fi lo Cnidaria. Segundo a Wikipédia,<br />

e apesar de terem, à primeira vista, a aparência<br />

de medusas, são, de fato, colônias de vários<br />

membros – os zooides – que podem ser polipoides<br />

ou medusoides, morfológica e funcionalmente<br />

especializados.<br />

No dia 26 de setembro, uma equipe de pesquisa da<br />

Tara apresentou, no Museu de Ciências de Londres,<br />

os resultados de dois anos e meio de investigação<br />

marinha, que cobriu 110 mil quilômetros de viagem<br />

entre o Atlântico, Pacífi co, Antártida e Oceano Índico.<br />

A equipe investigou os ecossistemas marinhos<br />

e a biodiversidade – e o impacto das alterações<br />

40 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

ANUNCIE NA REVISTA QUE, HÁ 23 ANOS,<br />

ACOMPANHA A PESCA ONDE QUER QUE ELA VÁ.<br />

climáticas. É uma das mais temidas criaturas que se<br />

pode encontrar fl utuando na superfície da água nos<br />

mares quentes. É, sem dúvida, a responsável pelo<br />

maior número e pelos mais graves acidentes com<br />

celenterados no Brasil. Sua maior incidência, em<br />

nosso litoral, ocorre no verão, quando podem atingir<br />

algumas praias em grande número. Apenas no<br />

verão de 1994, foram registrados cerca de trezentos<br />

acidentes com estes animais nos litorais de São<br />

Paulo e Rio de Janeiro. Destes, muitos necessitaram<br />

de atendimento médico e duas crianças tiveram<br />

parada respiratória (felizmente responderam bem<br />

às manobras de reanimação).<br />

Seus tentáculos, que usualmente se aderem à<br />

vítima, são capazes de provocar sérias lesões - grande<br />

irritação e intensa dor - e ter uma ação neurotóxica<br />

que pode causar sintomas sistêmicos severos, como<br />

ansiedade, dor nas costas, câimbras, náuseas, vômitos,<br />

desmaios, convulsões, arritmias cardíacas e problemas<br />

respiratórios.<br />

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Setembro Outubro 2012 P&M - 41


CINEMA & LITERATURA<br />

uma ideia e<br />

dois autores<br />

Há dez anos uma controvérsia cercou a premiação de A vida de Pi (2001) com o<br />

Booker Prize, o mais prestigiado da língua inglesa: o livro de Yann <strong>Mar</strong>tel plagiara<br />

Max e os felinos (1981), de Moacyr Scliar?<br />

O best-seller de Yann <strong>Mar</strong>tel, que muitos julgavam<br />

ser inadaptável para a tela grande, vai chegar finalmente<br />

ao cinema pela mão do realizador Ang Lee, o mesmo<br />

de “O Segredo de Brokeback Mountain”, entre outros.<br />

A Vida de Pi estreia em novembro e o novo trailer está<br />

pipocando na internet.<br />

Publicado em setembro de 2001, o romance de<br />

Yann <strong>Mar</strong>tel tornou-se um enorme sucesso de crítica<br />

e público, tendo até sido publicamente elogiado por<br />

Barack Obama. A adaptação ao cinema foi, durante<br />

muito tempo, considerada quase impossível: antes de<br />

Ang Lee conseguir finalmente levar o projeto a bom<br />

porto, realizadores como M. Night Shyamalan, Alfonso<br />

Cuarón e Jean-Pierre Jeunet também tentaram a sua<br />

sorte e acabaram por desistir.<br />

Há dez anos, uma controvérsia cercou a premiação<br />

de A vida de Pi (Life of Pi, 2001) com o Booker Prize, o<br />

mais prestigiado da língua inglesa: o livro de Yann <strong>Mar</strong>tel<br />

plagiara Max e os felinos (1981), de Moacyr Scliar? Em<br />

ambos, o jovem sobrevivente (um alemão fugindo do<br />

nazismo rumo ao Brasil, em Scliar; um indiano, cuja<br />

família administrava um zoológico e que resolve emigrar<br />

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42 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

para o Canadá, em <strong>Mar</strong>tel) de um naufrágio, protagonista<br />

do relato, tinha de conviver num bote salva-vidas com<br />

um felino imponente (um jaguar, no autor brasileiro; um<br />

tigre-de-Bengala, no canadense).<br />

Scliar procurou afastar a embaraçosa acusação de<br />

plágio e revelou-se melindrado mais porque <strong>Mar</strong>tel o<br />

citara entre as pessoas a quem agradecia numa nota<br />

(“a centelha de inspiração devo-a ao sr. Moacyr Scliar”),<br />

sem explicar o porquê e nem citar Max e os felinos.<br />

<strong>Mar</strong>tel afirmava não ter lido o texto e apenas conhecer<br />

seu enredo por meio de uma resenha negativa do<br />

escritor John Upkike. E considerava um desperdício<br />

ideia tão boa e tão mal aproveitada.<br />

Scliar escreveu sobre o embaraçoso assunto.<br />

“Embaraçoso não para mim, devo dizer logo. Na<br />

verdade, e como disse antes, o fato de <strong>Mar</strong>tel ter usado<br />

a ideia não chegava a me incomodar. Incomodava-me a<br />

suposta resenha e também a maneira pela qual tomei<br />

conhecimento do livro. De fato, não fosse o prêmio, eu<br />

talvez nem ficasse sabendo da existência da obra. No<br />

lugar de <strong>Mar</strong>tel eu procuraria avisar o autor. Aliás, foi<br />

o que fiz, em outra circunstância. Meu livro A mulher


A Vida de Pi chega ao cinema com direção de Ang Lee, o mesmo de “O<br />

Segredo de Brokeback Mountain” - Foto: Peter Sorel<br />

que escreveu a Bíblia teve como ponto de partida<br />

uma hipótese levantada pelo famoso scholar norteamericano<br />

Harold Bloom, segundo a qual uma parte<br />

do Antigo Testamento poderia ter sido escrita por uma<br />

mulher, à época do rei Salomão. Tratava-se, contudo, de<br />

um trabalho teórico. Mesmo assim, coloquei o trecho<br />

de Bloom como epígrafe do livro ― que enviei a ele<br />

(nunca respondeu ― nem sei se recebeu ―, mas eu<br />

cumpri minha obrigação). <strong>Mar</strong>tel agiu de maneira<br />

diferente. No prefácio, em que agradece a muitas<br />

pessoas, atribui a “fagulha da vida” (“the spark of life“)<br />

que o motivou a mim. Mas não entra em detalhes, não<br />

fala em Max e os felinos”.<br />

Scliar continua: “Nada se cria, tudo se copia, é um<br />

dito frequente nos meios acadêmicos. Escrevendo a<br />

respeito do incidente (prefiro este termo), Luis Fernando<br />

Verissimo observou que Shakespeare baseou numerosas<br />

obras em trabalhos de contemporâneos menores”.<br />

Para algumas pessoas mais próximas, Scliar não<br />

era assim tão diplomático. Ele acreditava que A Vida<br />

de Pi era uma cópia floreada e alongada do seu Max<br />

e os felinos, escrito mais de duas décadas antes. E<br />

alfinetava o canadense apenas no momento em que<br />

dizia que, se tivesse sido plagiado, não seria o primeiro<br />

brasileiro a passar por isso. Nunca processou <strong>Mar</strong>tel,<br />

que assumia ter lido Max e os felinos (o livro foi editado<br />

no Canadá, na Inglaterra e nos Estados Unidos) e<br />

havia construído a trama central de seu livro à<br />

imagem e semelhança da criada pelo brasileiro.<br />

Diante da polêmica, passou a diminuir a obra de<br />

Scliar, desclassificando-a de todas as maneiras. O<br />

plagiado, vítima, continuou pacífico, mas<br />

Judeu-gaúcho, Scliar reuniu na prosa<br />

o humor agridoce e autorreferente que<br />

permeia essas duas culturas.<br />

CINEMA & LITERATURA<br />

seu editor nacional nem tanto – e com razão: diante dos<br />

comentários grosseiros de <strong>Mar</strong>tel, Luiz Schwarcz, da<br />

Companhia das Letras, desistiu de representar o autor<br />

canadense no Brasil.<br />

Moacyr Scliar, formado em medicina, trabalhou<br />

como médico especialista em saúde pública e professor<br />

universitário. Sua obra consiste de contos, romances,<br />

ensaios, literatura infanto-juvenil e crônicas. Partiu<br />

deste mundo (plágio de um outro mundo muito melhor)<br />

em 2011, aos 74 anos de idade. Deveria ter esperado<br />

mais um pouco para testemunhar a enrascada em que<br />

Yann <strong>Mar</strong>tel se meteu.<br />

O autor (ou coautor) de A Vida de Pi decidiu escrever<br />

um livro que tem como protagonista um escritor que<br />

tenta criar uma obra de ficção sobre o Holocausto,<br />

o assassinato de cerca de 6 milhões de judeus pelos<br />

nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele<br />

é acometido por um bloqueio criativo e começa a<br />

trocar correspondências com um embalsamador. Os<br />

dois discutem uma fábula em que Beatriz e Virgílio,<br />

personagens da Divina comédia, de Dante, dão nome a<br />

uma mula e a um macaco vítimas de torturas. Segundo<br />

alguns críticos, em algumas passagens do livro, <strong>Mar</strong>tel<br />

consegue provocar o sentimento de horror que, segundo<br />

ele, os relatos objetivos do Holocausto não seriam mais<br />

capazes de evocar. Outras passagens receberam críticas<br />

por cortejarem a banalidade e a grosseria.<br />

O canadense <strong>Mar</strong>tel, que não é judeu, mais<br />

uma vez está mexendo com o judeu-gaúcho<br />

Scliar. É provável que, se estivesse vivo, Scliar<br />

sorriria como a Mona Lisa, uma das obras mais<br />

copiadas do planeta.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 43


NAvEGAR COM SAúDE<br />

aZia<br />

Entenda por que cigarro, álcool e jejum prolongado pioram<br />

a queimação no estômago<br />

O prazer da refeição dura pouco para os 20 milhões<br />

de brasileiros que, segundo a Organização Mundial<br />

de Saúde, são obrigados a lidar com a queimação no<br />

estômago causada pela azia. O número levantado já é<br />

alto, mas tende a aumentar, já que a maioria das pessoas<br />

que convive com o problema difi cilmente busca um<br />

especialista na tentativa de resolvê-lo. “A maioria dos<br />

pacientes procura, por conta própria, medicamentos<br />

ou soluções naturais para amenizar o desconforto”,<br />

afi rma o gastroenterologista Luiz Eduardo Rossi<br />

Campedelli, do Hospital Albert Einstein. “Os sintomas<br />

acabam melhorando temporariamente, mas voltam a<br />

incomodar em pouco tempo sem tratamento médico”.<br />

A azia é causada pelo refl uxo de ácido gástrico<br />

(responsável pela digestão dos alimentos): ele segue<br />

do estômago para o esôfago, como se fosse retornar à<br />

boca. “Esse refl uxo, por sua vez, é causado pelo mau<br />

funcionamento de uma espécie de válvula, chamada<br />

esfíncter: ela se abre para o alimento passar do esôfago<br />

para o estômago e, em seguida, deve se fechar para<br />

reter o que foi ingerido e também os sucos gástricos<br />

que circulam por ali”, explica o gastroenterologista<br />

Ricardo Blanc, membro da Sociedade Brasileira de<br />

Gastroenterologia.<br />

44 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Ilustração Fábio Assis<br />

O tratamento do problema pode até incluir o uso<br />

de medicamentos, mas os especialistas garantem que<br />

só isso não funciona. O método mais efi ciente contra<br />

a queimação no estômago é a mudança de hábitos<br />

tanto em relação a sua dieta quanto à forma como os<br />

alimentos são consumidos.<br />

Cardápio selecionado - Controlar o consumo de<br />

alguns alimentos ajuda a evitar crises de azia. De<br />

acordo com o gastroenterologista Luiz Eduardo Rossi<br />

Campedelli, do Hospital Albert Einstein, frituras e<br />

alimentos muito gordurosos devem fi car longe do prato<br />

de quem sofre com azia. Frutas ácidas, condimentos,<br />

embutidos e alguns tipos de verduras, como couve,<br />

couve fl or, brócolis, repolho, nabo, rabanete, pepino e<br />

tomate também devem ser evitados, porque têm PH<br />

ácido.<br />

Refeições na hora certa - Passar longos períodos<br />

em jejum aumenta as chances de azia. Isso acontece<br />

porque, quando uma pessoa fi ca sem comer, o ácido<br />

gástrico se acumula e pode refl uir, irritando o fi nal do<br />

esôfago. Comer a cada três horas mantém o sistema<br />

digestivo em funcionamento, sem sobrecarga na<br />

produção de ácido gástrico.<br />

Pratos que transbordam - Quem exagera no prato


também corre maior risco de ter azia. Quanto maior o<br />

volume de alimentos ingeridos de uma vez, maior será<br />

o risco de que o suco gástrico atinja o esôfago, já que<br />

o estômago estará superlotado.<br />

Exercícios após a refeição - Segundo o<br />

gastroenterologista Ricardo Blanc, muita<br />

movimentação física aumenta as chances de refluxo.<br />

Até duas horas após uma grande refeição o estômago<br />

ainda acumula ácidos gástricos em maior quantidade<br />

e os movimentos podem fazer com que esses<br />

líquidos retornem em direção ao esôfago, causando a<br />

queimação.<br />

Leite gelado durante uma crise - Tomar um copo de<br />

leite gelado pode até piorar a queimação. O alívio que<br />

você sente ao tomar um copo de leite é momentâneo.<br />

A bebida tem PH baixo (o que neutraliza a acidez<br />

estomacal). No entanto, é rica em cálcio, mineral que<br />

estimula a produção de ácido gástrico pelo estômago.<br />

Além disso, o leite, em sua versão integral, é rico em<br />

gorduras, outro componente que aumenta as chances<br />

de azia. O mesmo processo não acontece com o leite<br />

de soja, que não possui grandes quantidades de cálcio<br />

e é livre de gorduras.<br />

Café depois do almoço - Outro hábito bastante<br />

comum que deve ser evitado por pessoas que sofrem<br />

com azia é tomar café após a refeição. A cafeína<br />

provoca um relaxamento demasiado no esfíncter,<br />

causando o refluxo de ácido digestivo para o esôfago.<br />

Duas xícaras diárias é o máximo recomendado para<br />

uma pessoa que sofre com crises de azia.<br />

Tomar chá preto - Assim como o café, o chá preto<br />

e o chá mate provocam o relaxamento do esfíncter,<br />

facilitando o refluxo e aumentando as chances de azia.<br />

Chás mais claros ou o chá verde não causam o mesmo<br />

efeito, podendo ser consumidos sem preocupação. O<br />

chá de camomila, por sua vez, possui características<br />

calmantes que diminuem a irritação da parede do<br />

esôfago atingida pelo refluxo gástrico.<br />

Sono após comer - Deitar-se após as refeições<br />

deixa o corpo em uma posição que facilita o refluxo<br />

dos ácidos digestivos que provocam a azia. Caso você<br />

seja vítima do problema, o ideal é permanecer sentado<br />

por pelo menos meia hora após o término da refeição<br />

e, só após esse intervalo, dar um cochilo.<br />

Riscos do álcool - Além de irritar naturalmente o<br />

sistema gástrico, o álcool também estimula a produção<br />

de ácido pelo estômago e diminui a capacidade de<br />

contração da válvula que impede o refluxo. Por isso,<br />

evite esse tipo de bebida durante as refeições como<br />

medida preventiva. Também não é recomendável<br />

beber com o estômago vazio, prevenindo o acúmulo<br />

de ainda mais ácidos digestivos.<br />

Mais uma do cigarro - A azia é mais um incômodo<br />

que pode ser colocado na lista de malefícios que o<br />

fumo traz ao corpo. Além de causar problemas sérios<br />

no pulmão, o cigarro também diminui a proteção da<br />

mucosa do estômago, deixando o órgão mais sensível<br />

à irritação causada pelo ácido gástrico. É por esse<br />

motivo também que o cigarro aumenta as chances de<br />

úlcera no estômago.<br />

Excesso de peso - Pessoas que sofrem com o<br />

sobrepeso ou com obesidade têm mais probabilidade<br />

de serem incomodadas com a azia, já que a pressão<br />

sobre o estômago (causada pelo excesso de peso)<br />

aumenta as chances dos ácidos gástricos sofrerem<br />

refluxo em direção ao esôfago.<br />

Líquidos durante a refeição - Bebidas gaseificadas<br />

aumentam a pressão dentro do estômago, forçando<br />

os ácidos digestivos a seguirem em sentido inverso<br />

(refluxo gástrico). Outras bebidas, em excesso, acabam<br />

diluindo o ácido gástrico e obrigando o estômago<br />

a produzi-lo em maior quantidade. Ardência e<br />

queimação são resultados possíveis quando há<br />

consumo exagerado de bebidas junto às refeições.<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 45


http://guiadacozinha.uol.com.br/receitas/3835-Receita-de-Peixe-com-molho-picante<br />

COM ÁGUA NA BOCA<br />

Peixe com<br />

molho picante<br />

46 - P&M Setembro Outubro 2012<br />

Tempo: 15 min<br />

Rendimento: 6 porções<br />

Difi culdade: fácil<br />

Ingredientes<br />

1 colher (sopa) de margarina light<br />

2 colheres (sopa) de molho de soja<br />

1 colher (chá) de páprica<br />

1 colher (sopa) de vinagre de maçã<br />

1 dente de alho amassado<br />

1/2 xícara (chá) de gengibre ralado<br />

6 fi lés de linguado ou badejo<br />

Modo de preparo<br />

Em uma forma refratária coloque a margarina e<br />

leve ao microondas por 30 segundos em potência<br />

alta para derreter. À parte, misture o molho de<br />

soja, a páprica, o vinagre, o alho e o gengibre.<br />

Passe os fi lés nessa mistura. Coloque-os lado a<br />

lado na forma e leve ao micro-ondas por 5 a 7<br />

minutos, em potência alta, para cozinhar. Deixe<br />

descansar por 3 minutos, antes de servir.


Apoio:<br />

NEGÓCIOS – PRODUTOS E SERVIÇOS<br />

INFORMAÇÃO – PALESTRAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS,<br />

TRABALHOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS<br />

TUDO EM UM SÓ LUGAR! PARTICIPE!<br />

SALVADOR – BA<br />

7, 8 e 9 de<br />

novembro de 2012<br />

CENTRO DE CONVENÇÕES DA BAHIA<br />

Agência Oficial: Cia. Aérea Oficial: Parceria: Patrocínio: Realização:<br />

ASSOCIA«√O DOS DISTRIBUIDORES E ATACADISTAS DA BAHIA<br />

F E P E S C<br />

Federação dos <strong>Pesca</strong>dores do Estado de Santa Catarina<br />

(Filiada à Confederação Nacional dos <strong>Pesca</strong>dores e Aquicultores)<br />

Setembro Outubro 2012 P&M - 47

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