1 O rei D. Carlos I (1863-1908) foi a figura ... - Livraria Almedina
1 O rei D. Carlos I (1863-1908) foi a figura ... - Livraria Almedina 1 O rei D. Carlos I (1863-1908) foi a figura ... - Livraria Almedina
1 O rei D. Carlos I (1863-1908) foi a figura central dos últimos anos do regime monárquico. Autoritário e interveniente na política, embora sem persistência, tornou-se uma personagem discutida, atacada e pouco estimada. Dizia que em Portugal não havia monárquicos.
- Page 2 and 3: 2 O rei, com uma visão lúcida das
- Page 4 and 5: 4 João Franco, escolhido por D. Ca
- Page 6 and 7: 6 No final de intervenções provoc
- Page 8 and 9: 8 O aproveitamento propagandístico
- Page 10 and 11: 10 A Universidade de Coimbra era at
- Page 12 and 13: 12 O jornalista João Chagas, figur
- Page 14 and 15: 14 O Dr. António José de Almeida
- Page 16 and 17: 16 A rainha viúva D. Maria Amélia
- Page 18 and 19: 18 O Dr. Brito Camacho, médico mil
- Page 20 and 21: 20 O Zé Povinho descobre que o int
- Page 22 and 23: 22 Padre e escritor de extrema rude
- Page 24 and 25: 24 O príncipe D. Afonso Henriques,
- Page 26 and 27: 26 A campanha eleitoral de Agosto d
- Page 28 and 29: 28 Soldados e civis juntos de uma b
- Page 30 and 31: 30 Auto da proclamação da Repúbl
- Page 32: 13 Jogo arriscado, in Suplemento Hu
1 O <strong>rei</strong> D. <strong>Carlos</strong> I (<strong>1863</strong>-<strong>1908</strong>) <strong>foi</strong> a <strong>figura</strong> central dos últimos anos do regime<br />
monárquico. Autoritário e interveniente na política, embora sem persistência,<br />
tornou-se uma personagem discutida, atacada e pouco estimada. Dizia que em<br />
Portugal não havia monárquicos.
2 O <strong>rei</strong>, com uma visão lúcida das dificuldades nacionais, deixou-se encadear a um<br />
regime que dava sinais de exaustão e cedo <strong>foi</strong> anunciado que se aproximava do fim.
3 A eleição de quatro aguerridos republicanos para a câmara dos deputados em<br />
1906 – Afonso Costa, João de Meneses, António José de Almeida e Alexandre<br />
Braga – fazia prever uma situação política agitada para Portugal.
4 João Franco, escolhido por D. <strong>Carlos</strong> para presidir ao ministério e mudar de<br />
política em 1906, não consegue equilibrar-se na defesa da monarquia por todos<br />
os meios e travar o avanço para um regime democrático que o crescimento<br />
republicano mostrava urgente.
5 Professor e advogado de renome, Afonso Costa destaca-se como deputado pelos<br />
tremendos ataques desferidos contra a monarquia: saberá explorar o grande<br />
escândalo do período final do regime – a questão dos adiantamentos à casa real.
6 No final de intervenções provocadoras sobre os adiantamentos Afonso Costa<br />
e Alexandre Braga foram expulsos da câmara dos deputados pelos soldados da<br />
guarda. A propaganda anti-monárquica logo aproveitou a situação para mostrar<br />
a repressão que crescia, mesmo no interior do parlamento.
7 Os políticos do rotativismo eram cúmplices dos adiantamentos à família<br />
real. O arrependimento mostrado já não colhia na opinião pública: a Pátria<br />
castigava-os.
8 O aproveitamento propagandístico contra os adiantamentos <strong>foi</strong> uma arma de<br />
arremesso dos republicanos, culpando políticos monárquicos. Todos eles tinham<br />
sido cúmplices, todos tinham conjugado o verbo adiantar nas várias pessoas.
9 A propaganda republicana instala-se também na rua, realizando-se comícios<br />
muito concorridos em que os “caudilhos” atacavam as instituições. O mais<br />
querido dos tribunos <strong>foi</strong> o Dr. António José de Almeida.
10 A Universidade de Coimbra era atacada pelo seu tradicionalismo e atraso, dando<br />
origem a protestos como em 1907 a chamada questão académica – aproveitada<br />
pelo governo de João Franco e pelos republicanos.
11 Figura notável de professor da Universidade, político regenerador passado à<br />
República, o Dr. Bernardino Machado demitiu-se de lente da Faculdade de<br />
Filosofia em protesto contra a repressão instalada na Universidade em 1907.
12 O jornalista João Chagas, <strong>figura</strong> central da propaganda. Sofreu cadeia, deportação<br />
e exílio e elevou a grande qualidade a escrita panfletária com as Cartas Politicas<br />
(<strong>1908</strong>-1910). Esteve também envolvido na organização da revolta armada.
13 A ditadura de João Franco (e do <strong>rei</strong>) apoiava-se naturalmente na repressão e na vigilância<br />
da imprensa. Antevia-se perigo numa revolta que essa situação estimulava.
14 O Dr. António José de Almeida <strong>foi</strong> o mais conhecido e estimado tribuno da<br />
propaganda, sendo também o responsável pela ligação do Partido Republicano<br />
à Carbonária para preparar o assalto ao regime.
15 A revolta dos marinheiros do navio Vasco da Gama em 1906 <strong>foi</strong> punida com<br />
extrema severidade pelo regime que não hesitava já em resolver pela força as<br />
dificuldades que se lhe iam levantando.
16 A rainha viúva D. Maria Amélia de Orleães <strong>foi</strong> uma presença determinante junto<br />
do filho, D. Manuel II, influência tida como nefasta. Não era uma pessoa popular.
17 José Luciano de Castro, chefe do partido progressista, <strong>foi</strong> um conselheiro muito<br />
ouvido pelo <strong>rei</strong> D. Manuel II durante o seu curto <strong>rei</strong>nado. As composições<br />
e recomposições ministeriais devem-se em boa parte à sua intervenção.
18 O Dr. Brito Camacho, médico militar e jornalista, director de A Lucta, tornou-<br />
-se uma <strong>figura</strong> central da propaganda republicana, mostrando os desmandos da<br />
governação e do regime monárquico. Seria ministro do Fomento em 1910-1911.
19 O Dr. Teófilo Braga, professor do Curso Superior de Letras, <strong>foi</strong> um político<br />
e teórico do pensamento republicano. Trabalhador incansável era conhecido<br />
pela sua modéstia. Presidiu ao Governo Provisório.
20 O Zé Povinho descobre que o interior do cofre da Companhia de Crédito<br />
Predial se encontra sem valores e que os seus próprios bolsos estão vazios.<br />
Os arrombadores de cartola afastam-se com o dinheiro. José Luciano de Castro,<br />
governador da instituição, está à esp<strong>rei</strong>ta – e deixa roubar.
21 O último presidente do Conselho da monarquia, o Dr. Teixeira de Sousa, pretendeu<br />
ainda salvar a monarquia agonizante com uma política liberal. Entre<br />
outras iniciativas, tentou limitar a acção das congregações religiosas – porém,<br />
já não ia a tempo.
22 Padre e escritor de extrema rudeza, não poupando sequer a família real,<br />
Lourenço de Matos, director de O Portugal, <strong>foi</strong> um defensor agressivo da<br />
monarquia e uma <strong>figura</strong> muito criticada pelos republicanos.
23 O associativismo <strong>foi</strong> aproveitado pelos republicanos para propaganda e para<br />
criarem os organismos que haviam de servir para a defesa da República.<br />
A Federação Portuguesa de Livre Pensamento, ligada à Maçonaria, teve notável<br />
papel agregador contrário à política clerical.
24 O príncipe D. Afonso Henriques, tio e jurado herdeiro de D. Manuel II, <strong>figura</strong><br />
popular e sem papas na língua, espantava-se com a beatice do sobrinho.
25 Luz de Almeida, Machado Santos e António Maria da Silva constituíram a Alta-<br />
Venda da Carbonária, direcção da sociedade secreta que preparou a intervenção<br />
armada popular na revolta contra a monarquia.
26 A campanha eleitoral de Agosto de 1910 <strong>foi</strong> em boa parte polarizada pela intervenção<br />
clerical, fazendo propaganda do bloco conservador e muito em especial<br />
do partido nacionalista.
27 As eleições de 28 de Agosto de 1910 deram um aumento da votação nos<br />
republicanos – embora só elegendo 14 deputados – e numa indecisão quanto<br />
ao equilíbrio dos partidos monárquicos. Em Lisboa, cidade republicana,<br />
e no Porto a vitória <strong>foi</strong> clara.
28 Soldados e civis juntos de uma barricada fingida durante a revolta.
29 Militares e civis junto de um peça de artilharia, durante a revolta de 4 para 5<br />
de Outubro de 1910.
30 Auto da proclamação da República Portuguesa que ocorreu nos Paços do<br />
Concelho da cidade de Lisboa, pelas 8 horas e quarenta e cinco minutos de 5 de<br />
Outubro de 1910. Em nome do Directório do Partido Republicano Português<br />
Eusébio Leão declara abolida a monarquia e proclamada a República. Inocêncio<br />
Camacho anuncia a composição do Governo Provisório. A divisa do novo<br />
regime seria Ordem e Trabalho.
FONTES<br />
1 Caricatura de D. <strong>Carlos</strong> por Leal da Câmara, História da República, Lisboa,<br />
Editorial O Século, p. 208 [1960];<br />
2 D. <strong>Carlos</strong> 1º, O Último, de Rafael Bordalo Pinheiro, in J. A. França, Rafael<br />
Bordalo Pinheiro, O português tal e qual, Lisboa, Bertrand, 1980, p. 308;<br />
Museu Bordalo Pinheiro / Câmara Municipal de Lisboa;<br />
3 A fogueira: O inquilino do primeiro andar – Parece-me que vou aquecendo,<br />
in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 474, de 29 de Novembro de 1906;<br />
foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
4 Exercício difícil, João o Temerário, in Suplemento Humorístico de O Seculo,<br />
nº 453 de 3 de Junho de 1906; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
5 Afonso Costa, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 20, anno<br />
1º, Junho de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
6 Futuro regulamento da câmara dos deputados, in Suplemento Humorístico<br />
de O Seculo, nº 476, de 13 de Dezembro de 1906; foto cedida pela Biblioteca<br />
Nacional de Portugal;<br />
7 O adiantador, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 559, de 16 de Julho<br />
de <strong>1908</strong>; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
8 Um verbo irregular, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 560. de 23 de<br />
Julho de <strong>1908</strong>; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
9 Comício republicano em Lisboa, uma ovação a António José de Almeida,<br />
in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 545 de 9 de Abril de <strong>1908</strong>; foto<br />
cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
10 As Universidades, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 489, de 14 de<br />
Março de 1907; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
11 Bernardino Machado, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 20,<br />
anno 1º, Junho de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
12 João Chagas, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 24, anno 1º,<br />
Agosto de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;
13 Jogo arriscado, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 501 de 5 de Junho<br />
de 1907; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
14 António José de Almeida, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº2,<br />
anno 1º, Setembro de 1909; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
15 Ás mulheres portuguezas, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 482,<br />
de 24 de Janeiro de 1907; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
16 D. Manuel II e a Rainha D. Amélia (viúva), História da República, p. 398;<br />
17 José Luciano por Silva e Souza, in Xuão, nº 58, 2º anno, 6 de Abril de 1909,<br />
“O Vulcano da política. Enquanto eu for vivo não hão de faltar ministros”;<br />
foto cedida pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;<br />
18 Brito Camacho in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 33, anno<br />
2º, Janeiro de 1911; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
19 Theophilo Braga, retrato da presidência da República, História da República,<br />
p. 356 / 357;<br />
20 Crédito Predial, Desenho de Alberto Sousa, n’O Mundo, nº 3414, de 4 de Maio<br />
de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
21 Teixeira de Sousa, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº21, anno<br />
1º, Julho de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
22 Padre Lourenço de Matos: in Xuão, nº 76, 2º anno, “Tem razão.”; foto cedida<br />
pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;<br />
23 Estandarte da Federação Portuguesa de Livre Pensamento, in Museu Maçónico;<br />
24 D. Manuel e o príncipe D. Afonso: por Silva e Souza in Xuão, nº 75, 2º anno, “É sacristão<br />
ou chefe de Estado?...”; foto cedida pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;<br />
25 Luz de Almeida, Machado Santos e António Maria da Silva, in Francisco<br />
Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº29, anno 2º, Novembro de 1910; foto<br />
cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
26 Campanha eleitoral em Agosto de 1910: desenho em O Seculo, nº 10 307,<br />
de 23 de Agosto de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />
27 A eleição de Domingo — Lisboa faz o apuramento, in Suplemento humorístico<br />
de O Seculo, nº de 25 de Agosto de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional<br />
de Portugal;<br />
28 Arquivo Municipal de Lisboa / Arquivo Fotográfico: A Revolução de 5 de<br />
Outubro de 1910, de Anselmo Franco;<br />
29 Arquivo Municipal de Lisboa / Arquivo Fotográfico: Acampamento revolucionário,<br />
de Alberto <strong>Carlos</strong> Lima;<br />
30 Arquivo Municipal de Lisboa / Arquivo Fotográfico: Palácio da Mitra, Antigo<br />
Museu Municipal. Auto da proclamação da República Portuguesa a 5 de<br />
Outubro de 1910, do Estúdio Mário Novais.