Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
Poesias líricas - Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Muitas vezes a procuro,<br />
mas <strong>de</strong>bal<strong>de</strong>!... um ponto escuro<br />
no seu lugar se fitou;<br />
conheço e vejo a verda<strong>de</strong>:<br />
Foi a nuvem da sauda<strong>de</strong>,<br />
que a minha estrela apagou.<br />
Sim, meu bem, brilhou a estrela<br />
sem rival nos brilhos seus,<br />
enquanto a luz recebia<br />
do lume dos olhos teus;<br />
quando teus olhos ar<strong>de</strong>ntes,<br />
rutilando <strong>de</strong> contentes<br />
iam-se nela fitar.<br />
Hoje que estão <strong>de</strong>smaiados<br />
por prantos continuados,<br />
com seus sóis quase apagados,<br />
como há <strong>de</strong> a estrela brilhar?<br />
Cada dia que se passa<br />
neste <strong>de</strong>sgosto cruel,<br />
tem novo quadro a <strong>de</strong>sgraça,<br />
tem a ausência novo fel,<br />
mais compunge o peito ansiado<br />
esse espinho envenenado,<br />
que a sauda<strong>de</strong> me cravou;<br />
e a dor me tem convencido<br />
que do espinho introduzido<br />
novo espinho se gerou.<br />
Eu o sinto, quando estreito<br />
nos meus transportes <strong>de</strong> dor,<br />
sobre os lábios, sobre o peito,<br />
o meu talismã <strong>de</strong> amor;<br />
o meu fiel companheiro<br />
e talvez o <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro<br />
<strong>Poesias</strong> completas<br />
95